Austin
Narrador| Point of View
- Quem é você? O que está fazendo aqui?. Camila perguntou, sua voz tremendo de medo.
O desconhecido apenas continuou a sorrir, seu olhar fixo e perturbador. Ele não disse uma palavra, apenas se aproximou lentamente de Camila, fazendo-a recuar ainda mais, sentindo-se encurralada naquele corredor sombrio e silencioso.
Camila gritou por ajuda, tentando recuar ainda mais, mas parecia que o corredor se estreitava ao seu redor.
Camila acordou de repente, com o coração acelerado, suando frio após ter um pesadelo assustador. Ela olhou ao redor de seu quarto escuro, tentando se acalmar e percebeu uma figura parada no canto do quarto. Seu medo só aumentou quando ela percebeu que era Lauren, sua sequestradora que estava a vigiando há semanas.
- O que você está fazendo aqui? Como entrou no meu quarto?. Camila perguntou, sua voz trêmula.
Lauren ignorar a pergunta e se aproximou de Camila.
- Eu vim ver como você estava depois de ter ouvido você gritar. Eu entrei pela janela, você sempre deixa aberta.- Lauren explicou, tentando acalmá-la.
Depois de voltar para a mansão Lauren também ficou sabendo da incerteza de Camila, à noite ela sabia que a latina costuma trancar a porta. Nada impedia Lauren de entrar em qualquer cômodo desta casa, mas só que dessa vez ela respeitou o espaço de Camila.
Ela também havia colocado um armário na passagem secreta de seu quarto, era cômico o quanto Camila ainda mantinha aquela incerteza de ser atacada a qualquer momento.
Mesmo assim, Camilla não conseguiu se tranquilizar. A presença de Lauren em seu quarto no meio da noite, depois de um pesadelo, a deixou ainda mais nervosa. Ela respirou fundo e testou as emoções do coração.
- Eu só queria ter certeza de que você estava bem. Lauren disse, colocando a mão no ombro de Camila.- Vista-se.
Depois de estender um casaco sobre o corpo da mulher e se distanciar, ela aguardou minutos de silêncio na tentativa de tranquilizar a babá, Camila finalmente se sentiu calma o suficiente para questionar Lauren pela sua aparição.
A sensação de medo e desconforto permaneceu com Camila pelo restante da noite, deixando-a com a certeza de que aquele sonho não havia sido apenas fruto de sua imaginação perturbada pelo pesadelo.
Aquele desconhecido era o adolescente da fotografia. Após esse pesadelo ela prometeu a si mesma que nunca mais subiria no sótão ou se atreveria a olhar aquelas fotografias.
- As portas do meu quarto têm fechaduras e aviso de silêncio para você não ter acesso.
- Vestir-se!
- Pra onde? É madrugada e você quer que eu levante dessa cama para te acompanhar em algum lugar que, te conhecendo muito bem, sei que não vai revelar de imediato. Faça-me um favor Lauren e volte a dormir para que depois do amanhecer possamos conversar sobre isso.
Lauren era uma mulher alta e magra, com cabelos escuros e olhos frios e calculistas. Ela não demonstrava nenhum sinal de obediência ou paciência, apenas determinação em cumprir seu objetivo. Com mãos firmes, ela agarrou Camila e a arrancou da cama com força, ignorando os gritos de terror da jovem.
Sem dizer uma palavra, a sequestradora arrastou Camila para fora do quarto e a levou até um carro estacionado em frente à mansão. Ela abriu a porta traseira e empurrou a garota para dentro, antes de entrar no banco do motorista e acelerar rumo ao local onde o Austin estava preso.
Durante todo o trajeto, a Lauren permaneceu em silêncio, mas sua expressão determinada deixava claro que não havia espaço para negociações. Ela sabia o que estava fazendo e não hesitaria em ir até o fim para alcançar seu objetivo.
Ao chegar ao local da prisão, a sequestradora arrastou Camila para fora do carro e a levou para a cela onde seu amigo estava detido. Com as mãos ágeis, ela abriu a porta e empurrou a garota para dentro, antes de fechar a porta com um estrondo.
- Dou-lhe uma hora.
Camila estava agora presa junto com seu amigo, à mercê da perseguidora sem paciência que havia realizado a arriscada ação. A tensão no ar era palpável, e a jovem sabia que teria que reunir toda a coragem e determinação que possuía para enfrentar o desafio que se apresentava diante dela.
- Austin...
Camila entrou naquele lugar que parecia uma delegacia abandonada com o coração na boca, preocupada com o que poderia encontrar. Ela caminhou sendo arrastada pela perseguidora pelos corredores escuros e empoeirados, até finalmente chegar à cela onde Austin estava detido. Seu coração se partiu ao ver o estado em que ele se encontrava.
Austin estava deitado no chão, desacordado e pálido. Sua pele estava mais opaca do que o normal, e seus olhos estavam fechados, trazendo à tona uma expressão de sofrimento. Ele havia perdido peso e sua aparência era descuidada, como se tivesse passado dias sem comer ou dormir adequadamente.
Camila se ajoelhou ao lado dele, com preocupação nos olhos, tocando seu rosto frio e clamando por ele para acordar. Ela sentiu um aperto no peito ao ver o homem em tal estado de vulnerabilidade e desamparo.
Com todo o cuidado e carinho, Camila tentou reanimá-lo, aguardando ansiosamente que ele recuperasse a consciência. Ela não conseguia imaginar o que ele havia passado nas mãos da sua perseguidora, mas estava determinada a ajudá-lo a se recuperar.
Infelizmente, após alguns minutos agonizantes, Austin não abriu os olhos, olhando para Lauren com uma mistura de confusão, não obteve respostas.
- Diga-me que ele não está morto.
Camila o abraçou com força, prometendo estar ao seu lado e cuidar dele até que estivesse completamente bem novamente.
- Ele não está morto.
Ela sabia que a batalha pela liberdade de Austin estava apenas começando, mas estava determinada a enfrentá-la juntos, custasse o que custasse.
- E por que ele não acordou?
Lauren estava observando de longe a cena de Camila cuidando de Austin na delegacia abandonada, e seu coração estava consumido pela raiva.
- Eu não permito.
Ela não conseguia suportar ver a mulher se preocupando com outro homem, mesmo que fosse apenas por compaixão.
- Você prometeu que não iria machucá-lo!
Os olhos de Lauren faiscavam de inveja enquanto ela via Camila tocando o rosto de Austin com tanto cuidado e carinho.
- Não. Eu disse que não ia matá-lo.
Ela podia sentir seu sangue ferver de raiva, desejando profundamente que aquela atenção e afeto fossem direcionados apenas para ela.
- Ele não parece bem. Ele está pálido e desidratado. Não podemos deixá-lo nesse local sem os cuidados necessários.
A cada gesto de conforto e apoio que Camila demonstrava a Austin, o ciúmes de Lauren crescia ainda mais, tornando seu desejo de machucá-lo quase insuportável.
- Eu sei. Eu não sou idiota. O tempo dele está se esgotando e logo não poderei mais vir aqui, simplesmente porque não quero mais monitorar esse homem. Você terá uma escolha.
- Não! Não há mais escolhas. Por favor, vamos seguir nosso acordo e sem acréscimos. Ele precisa de orientação sobre bem-estar.
Lauren lutava internamente para controlar seus impulsos violentos, mas a sensação de ser deixada de lado e substituída por outro homem era devastadora.
- Ele não vai ficar aqui! Quero-o longe de mim, de você e da residência. Aproveite esse tempo para vê-lo e depois você não poderá mais. Seu tempo aqui acabou.
Lauren se aproximou lentamente da cena, ocultando a fúria que ardia dentro dela. Seus olhos escuros e gélidos fixaram-se em Austin, desejando do fundo de sua alma que ele desaparecesse daquele lugar para sempre.
- Não! Por que você está fazendo isso? Se for por minha causa, fique comigo, mas poupe a vida dele. Por favor, faça isso por mim, eu realmente apreciaria isso.
- Essa distância de você é de outra pessoa é necessária. Você é uma mulher escorregadia. Eu não posso arriscar. É a melhor coisa a fazer.
- O melhor para quem, para mim ou para você?
Um arrepio percorreu a espinha de Camila ao perceber a intensidade do olhar da outra mulher. Ela tentou explicar que estavam apenas querendo cuidar de Austin, mas Lauren não queria ouvir desculpas.
- Ouça com atenção. Austin está com o laço no pescoço e não é você quem vai me impedir de acabar com a vida dele. Não seja uma barreira no meu caminho, ele terá que ir embora e não quero que ele se intrometa em nossos assuntos.
- O que você pretende fazer com ele, matá-lo ou não?
Sem dizer uma palavra, Lauren se afastou abruptamente, com um sorriso falso nos lábios, mas um turbilhão de emoções tóxicas dentro de si. Ela sabia que deveria controlar seus impulsos destrutivos, mas a sensação de ter seu coração partido por ciúmes era avassaladora.
- Espere! Tenho algo em mente, mas você terá que colaborar para que tudo aconteça como planejado e depois disso seremos só nós duas.
Naquela noite, enquanto Camila acalentava Austin em seus braços, Lauren se encontrava sozinha em um canto escuro, lutando contra seus demônios internos e a intensa vontade de fazer o mal ao homem que parecia ser seu rival no coração de Camila.
- Estou ouvindo.- Camila suspirou reunindo seus pensamentos, pensando rapidamente em uma hipótese mais arriscada que poderia ajudar Austin a não perder a vida.