Quebrando promessas? - Degust...

By adrianaramosbrasil

6.4K 1.1K 200

Ela é a filha do amigo e sócio dele. Ele é um médico. Ela odeia médicos. Ele se apaixonou à primeira vista. E... More

Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo

Capítulo 35

119 53 6
By adrianaramosbrasil


Eu havia passado a noite de sábado e o domingo olhando para aquela maldita caixa azul aberta sobre a mesa de centro sem tocar nela. Fernando tinha deixado antes de sair, eu a abri por curiosidade e encontrei o anel mais lindo que já tinha visto na vida. Tinha uma enorme pedra de diamante amarelo rodeada de pequenas pedras de brilhante.

Era perfeito.

A caixa pareceu queimar na minha mão, rapidamente a coloquei de volta na mesa, sentei-me e fiquei encarando por horas enquanto lamentava e chorava. No fundo eu queria mesmo era nunca ter descoberto o que meu pai fez. Estava tão chateada com tudo que não queria falar com ele, olhar para ele. Confrontar o meu pai naquele momento não seria uma decisão sábia. Por isso, não atendi a sua ligação.

Mais tarde, levantei e peguei uma garrafa de vinho, depois uma de gin. Não demorou para ficar completamente embriagada. Estava fora de mim quando resolvi ir procurar briga no apartamento do vizinho.

Apertei a campainha, mas ele não atendeu. Bati com o punho com força até lembrar que sabia a senha. Abri a porta depois de errar umas três vezes e entrei no apartamento. Caminhei segurando nas coisas, tudo estava girando, balançando e escorregadio.

— Doutor Fernando Ris... sei?

Ele não respondeu. Depois de perambular por todo apartamento, percebi que ele não estava em casa. Sentei-me no corredor esperando que a porta do elevador se abrisse. Não tentei conter as lágrimas, não chorar estava sendo mais difícil bêbada do que sóbria. Estava me levantando para voltar para o meu apartamento quando o elevador abriu. Eu já não estava lá no meu juízo perfeito.

— Sue? — Ele se aproximou segurando-me para não cair.

— Mão... tira essa... quero dizer as duas... mãos de mim. — Eu me endireitei e tentei ficar em pé, mas minhas pernas pareciam duas marias-moles.

— Sue, se te soltar, você vai cair e se machucar.

— Meu coração já tá os... fredaços — dei de ombros empurrando seu peito com força — te odeio tanto, tanto por fazer... isso.

Ele me encarava com uma expressão séria, seu rosto dançava diante dos meus olhos e percebi que seu queixo estava machucado. Ele me soltou e eu fui parar direto no chão, de quatro, feito um cachorrinho. Comecei a rir feito uma doida e deixei meu corpo escorregar sem forças para o piso frio. Depois disso minha mente teve um enorme apagão.

***

Acordei com a cabeça latejando de dor. Levantei um pouco e percebi que estava deitada sobre o peito nu do Fernando e que havia babado nele deixando uma poça gosmenta sobre a pele e em meu rosto. Limpei a face com a manga do roupão atoalhado azul-marinho dele e depois passei por seu peito tirando a piscina de baba. Cobri o rosto com as mãos tentando lembrar o que tinha acontecido, mas minha mente era um nada confuso e desequilibrado.

Levantei bem devagar e saí da cama, meu cérebro não estava funcionando bem, meus miolos balançando a cada passo que dava quando corri para casa.

Merda.

Entrei em casa e corri para o chuveiro para tentar amenizar o mal-estar que estava sentindo. Depois tomei alguns remédios que me ajudariam com a dor de cabeça e ressaca. Deitei na minha cama e dormi.

Quando acordei, Nando estava deitado do meu lado me encarando.

— Bom dia, gatinho, o que acha de mudar o seu nome? — brinquei afagando sua cabeça. — Gato? Tom? João, o que prefere?

Minha boca estava com um gosto horrível e sentia muita sede. Levantei e fui para a cozinha. Encontrei Júlia sentada na sala lendo no Kindle.

— Bom dia! O que faz aqui tão cedo? — perguntei mal-humorada indo pegar a água.

— Bom dia? São duas da tarde, não é nada cedo. Você passou uma mensagem ontem, não lembra?

Balancei a cabeça sentindo meu estômago embrulhar. Peguei uma garrafa de suco de laranja dentro da geladeira. Ela me estendeu o celular para ouvir o áudio onde comecei falando e depois cantei um trecho de uma música antiga da Wanessa Camargo, que eu odiava, diga-se de passagem.

Meninas, queria tanto que estivessem aqui. O universo desmoronou na minha... cabeça, meu mundo caiu. O mundo caiu no instante em que eu / Me vi sem você / Eu não me toquei, eu só acreditei / Que o amor fosse fácil... não é fácil. Meu pai, meu próprio pai, ele ofereceu a parte dele no hospital, tudo que ele tinha, para Fernando casar comigo. Yuri veio aqui e me contou tudo...

Interrompi o áudio que mais parecia um podcast de tão grande, além do mais, a minha voz estava chata, fanhosa e minha fala embolada, típica de uma bêbada sem noção.

Wanessa Camargo? Que vergonha, Sue.

— Não vai ouvir o resto?

— Não, obrigada.

Comecei a chorar e ela me estendeu os braços.

— Oh, amiga, sinto muito. Vocês pareciam tão felizes. Não acho que ele tenha levado em consideração o que Saulo disse. Fernando te ama, isso tá na cara. E quanto ao seu pai, você sabe que ele não estava batendo bem das bolas. Ele achou que fosse morrer, só queria garantir que você seria feliz.

Levantei a cabeça do seu ombro e fui para o sofá com a garrafa na mão.

— Claro, eu ia ser muito feliz sendo vendida.

— Ele foi meio sem noção, mas quanto ao Fernando...

— Não fale o nome dele.

— Ele veio aqui saber como você estava.

— Não quero saber. Não quero saber nada sobre ele, nada.

— Ok, não está mais aqui quem falou.

Peguei meu celular e comecei a ouvir as mensagens do grupo. Lizie achava que eu deveria fazer Fernando sofrer, e quanto ao meu pai, nunca mais falar com ele na vida. Júlia disse que nem sabia o que dizer.

— Não vai falar com o Saulo?

— Não.

— Certo. Deveria comer alguma coisa, fiz uma sopa de capelete, sei que você adora, e vai ser bom para a ressaca.

— Obrigada, amiga — agradeci enquanto digitava uma mensagem para o Dr. Saulo, meu pai.

Não tem como expressar o quanto estou triste e decepcionada. Não quero falar do assunto, não fale comigo, não venha aqui, não quero ver você.

Ele visualizou e demorou a responder.

Pai: Sinto muito, filha, só não esqueça que eu te amo. Esse foi o único motivo, só queria o melhor para você.

***

Na segunda-feira, tive vontade de continuar na cama. Não dormi nada a noite toda, sentia falta do corpo que me abraçava pela cintura durante a noite, do peito que servia de travesseiro. Quando acordei do pouco que dormi, senti falta do beijo de bom-dia. Na hora do café da manhã, senti falta do cheiro de café na minha cozinha. Estava tudo uma merda.

Quando estava indo trabalhar, olhei pela fresta da porta para não encontrar com ele ao sair. Quando vi que estava livre, corri para as escadas para não ter perigo de ele aparecer de repente. Caminhei para o trabalho sentindo que o mundo estava estranho. O dia estava lindo, e isso me irritava pra caralho.

Durante três dias, se Fernando vinha na minha direção no trabalho, eu logo tratava de correr para o lado oposto. Ele também não parecia querer falar comigo, percebi isso quando entramos no elevador do hospital, ele estava no andar de baixo, não me deu boa-tarde, nem olhou na minha direção, isso me irritou da mesma forma que me magoou. Eu o observei vestido em uma camisa social no tom azul-escuro e calça clara, sapato social, e parecia tão calmo e relaxado que cheguei a sentir raiva porque eu estava nervosa, minhas mãos suavam, meu coração estava quase saindo pela boca.

Ele estava lindo enquanto eu estava acabada, com olheiras por falta de dormir e chorar o tempo todo. Apertei o botão do andar seguinte e desci nele. Corri para as escadas e fui para o terraço em busca de um pouco de ar. Isso depois de tropeçar nos meus pés e jogar o scarpin rosa para longe. Uma pessoa me ajudou a levantar. Peguei os sapatos e subi com ele entre os dedos. Era meio da tarde ainda e eu precisava voltar para o trabalho, mas não consegui. Sentei-me no lado mais afastado onde tinha uma árvore e me deixava meio escondida. Três enfermeiras sentaram à mesa perto da entrada e começaram a conversar.

— Fiquei sabendo que ele foi demitido.

Não estava interessada na conversa, até a frase que veio a seguir.

— Gente, a filha do chefe com aquela cara de santa, hein?

Franzi o cenho e me escondi mais ainda, porque certamente estavam falando de mim. Quem foi demitido?

— Oi, qual é a fofoca da vez? Vocês não sabem fazer nada além de fofocar? — perguntou uma moça que tinha acabado de chegar.

— Você reclama, mas sempre quer saber.

— Sue, a filha do Dr. Saulo, traiu o Dr. Fernando com o Dr. Yuri. Doutor Fernando descobriu e veio tirar satisfação com o Dr. Yuri, ele já chegou metendo a porrada no bonitinho. Precisava ver, Doutor Yuri manja das artes marciais, baixou o Jackie Chan nele e foi uma briga feia. Ai, eu estava falando que a filhinha do chefe só tem cara de santa, maior safada.

Senti meu rosto queimar, até me movi para avançar nela, mas parei, queria ver até onde elas iriam. Todo mundo estava sabendo, menos eu?

— Gente, vocês não têm o que fazer não? Sue é tão gente boa, mesmo que ela tenha feito isso, não é da conta de ninguém.

— Doutor Yuri disse que vai processar o hospital.

— Tem certeza que esse foi o motivo da briga?

— Na minha opinião, vocês não deveriam ficar fofocando sobre isso. Esse é o nosso local de trabalho, gente, se isso vazar por aí estamos ferradas. Vocês não têm medo de serem demitidas por espalhar fofoca sobre a filha do chefe? — perguntou a menina que estava me defendendo. Puxei um galho da árvore para ver quem era.

— Só se você for dar com a língua nos dentes e contar que estamos falando. Eu lá tenho culpa se a mulher dá pra todo mundo? Se o corno ficou bravo e veio ao local de trabalho procurar briga com funcionário? Acho que é pouco se rolar processo.

— Também acho. Olha, eu até gravei o quebra-pau — falou sorrindo mostrando a tela do celular.

Antes que falassem mais alguma coisa, saí do esconderijo e me aproximei de braços cruzados. Fiquei por trás vendo a cena dos dois médicos brigando no meio do corredor.

— Marcela, se eu fosse você apagava isso.

— Ela já espalhou pra todo mundo.

— Vou atualizar o que realmente aconteceu — falei fazendo uma delas bater a mão no celular da outra pelo susto que foi parar longe, provavelmente destruído, como eu gostaria de ter feito —, eu odiava médicos, enfermeiros e todo mundo que veste jaleco branco. Comecei a namorar um cara que mentiu para mim dizendo que era cantor quando descobri que ele era médico e que mentiu para mim, dei um pé na bunda dele. Aí conheci um tal de Fernando em uma viagem, ele não sabia quem eu era, e nem eu a ele, foi coincidência que ele fosse o novo sócio do meu pai, mas aí eu já estava apaixonada e abri uma exceção para ele. O Dr. Mentiroso se sentiu ofendido e foi fazer fofoca, assim como vocês estão fazendo agora. Fim. — A dona do celular correu para pegar o falecido no chão. — Estão todas convidadas a passarem no RH, menos você — falei apontando para a não fofoqueira. — Obrigada por me defender, toda empresa deve valorizar pessoas como você.

Saí do terraço sem olhar para trás.


Continue Reading

You'll Also Like

160K 24.5K 40
AGE GAP - STRANGERS TO LOVERS - CIDADE PEQUENA - CONVIVÊNCIA FORÇADA SINOPSE Ela foi vendida! Ele se apaixona primeiro! Alexander Cantieri é um magna...
129K 18.9K 73
O LIVRO 1 E 2 SERÃO POSTADOS AQUI! A história de Bruno Rodriguez e Pamela De La Torre Sinopse livro 1: Bruno Rodriguez é o braço direito do chefe da...
529K 24.2K 25
Completo até dia 30 de agosto de 2023 Honre a máfia e ela te honrará. Traia a máfia e será seu fim.
10.1K 760 39
Luiza Tíllys é uma jovem que sofreu bastante no passado nas mãos de seu namorado. Depois que conseguiu se livrar dele,foi morar com seu irmão e sua c...