Quebrando promessas? - Degust...

By adrianaramosbrasil

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Ela é a filha do amigo e sócio dele. Ele é um médico. Ela odeia médicos. Ele se apaixonou à primeira vista. E... More

Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 22
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo

Capítulo 23

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By adrianaramosbrasil

  Bati na porta e esperei como qualquer funcionária faria. Não que eu fosse realmente agir como um empregado normal, pois usaria do privilégio de ser filha do chefe para conseguir aprovação em algo que eu desejava muito. Sabia que estava agindo de forma errada. Só não daria o gostinho para ninguém dizer que eu tinha privilégios por ser filha do chefe. Eu estava me esforçando muito, diga-se de passagem. Além do mais, nunca fiz algo parecido antes.

— Entre.

— Oi, pai, posso falar com o senhor?

Fechei a porta atrás de mim aguardando a sua resposta.

— Claro, filha, em que posso ajudar?

Abri um sorriso e me aproximei da sua mesa. Ele estava com o semblante cansado e isso me fez ter vontade de abraçá-lo e perguntar se estava tudo bem, mas me contive. Balancei a cabeça para espantar o pensamento estranho.

— Preciso da sua aprovação e assinatura destes documentos. Como foi a sua viagem?

— Foi boa. Estranho é você se importar com isso. — Pegou o envelope e observou o conteúdo atentamente.

— Nossa, claro que me importo. Não tem que estranhar isso.

Meu pai era um homem bonito, quando ficava concentrado formava um vinco em sua testa e ele mordia o canto direito do lábio inferior. Notei que eu tinha a mesma mania e um sorriso ameaçou se formar.

— Você precisa ver isso com o Fernando.

— Pai, eu sei que o senhor pode aprovar, também é o chefe.

— Qual o problema em ir falar com ele? Sim, de fato sou o chefe, mas essa parte é ele quem cuida.

— Eu prefiro falar com o senhor. Por favor, só dessa vez.

Ele soltou um suspiro profundo e começou a assinar os documentos.

— Pensei que vocês dois estivessem se dando bem.

— E estamos... quer dizer, eu só... deixa pra lá. O senhor vai levar alguém para a festa amanhã? — perguntei para mudar de assunto.

— Por que a pergunta? — inquiriu franzindo o cenho.

Ele terminou de assinar e me entregou os papéis.

— Por nada, só quero deixar claro que não vejo problema nenhum se o senhor quiser se relacionar com alguém. Digo, se quiser levar alguém para a festa. Na verdade, seria bom que levasse uma acompanhante.

— Eu irei com uma pessoa, Suellen.

— E não me falou nada?

— Não sabia que precisava.

Pisquei diversas vezes e abri um sorriso sem graça.

— Não precisa, eu só... gostaria que seguisse em frente. Já faz muito tempo que a mamãe morreu e... esquece. Obrigada por assinar.

Ele estava paralisado me encarando como se eu estivesse dizendo algum absurdo. Estava indo para a minha sala quando vi Fernando caminhando ao lado da irmã. Ele ria de algo que ela disse e fiquei paralisada naquele sorriso. Como se estivesse sendo atraído por meu olhar, ele virou em minha direção fazendo com que a irmã fizesse o mesmo. Ela ergueu a mão cumprimentando-me com um sorriso franco. Eu retribuí o cumprimento, eles voltaram a caminhar na direção oposta. Suspirei fundo sem entender por que meu coração estava batendo tão acelerado.

Fiquei trabalhando até mais tarde para ter certeza que o evento seria um sucesso. Marquei com as meninas para nos arrumarmos lá em casa e irmos juntas. Liziane estava encarregada de fazer a maquiagem, ela já fez diversos cursos e por ser modelo está acostumada com os pincéis.

Fui para casa sentindo frio na barriga por conta da ansiedade do dia seguinte. Só naquele momento percebi o quanto esse evento era importante, a possibilidade de dar errado mexia comigo. Enquanto caminhava até o prédio em que morava fui repassando cada coisa que tinha feito e o que ainda precisava fazer. A porta do elevador abriu e fui recebida pelo sorriso enorme da Tatiane.

— ...mas hoje senti sua falta.

Fernando estava encostado no espelho com as mãos nos bolsos da calça. Olhei de um para o outro tentando entender o teor da conversa que peguei pela metade.

— Boa noite! — cumprimentei os dois, de forma mais rude do que gostaria.

— Boa noite, Sue. Tudo bem?

— Sim, estou ótima, e você?

— Cogitando demitir meu personal e aproveitar as dicas do Dr. Fernando.

Ela estava toda sedutora jogando seu charme para ele.

— É mesmo? Dicas de quê?

— Malhamos juntos outro dia e ele me deu algumas dicas de como usar o aparelho de forma correta. Com a ajuda dele nem precisaria de um personal. Depois me deu alguns toques sobre postura e alimentação.

— Pensei que ele fosse um homem ocupado, que trabalhasse muito para ficar de conversinha na academia do prédio.

Virei para ele e apertei os olhos sem esconder o desdém. Uma raiva crescendo dentro de mim que não conseguia controlar.

— Suellen — Fernando começou a me repreender.

— Suellen o quê? — virei na direção da Tatiane. — Deixe-me te dizer uma coisa, Tatiane, pare de ficar dando em cima do namorado dos outros, ok? — avisei passando a mão no braço do Fernando de forma possessiva. — Fernando é um homem comprometido.

Ela piscou algumas vezes olhando de um para o outro sem esconder a surpresa. Mais surpresa ainda fiquei com a minha atitude ridícula, indo para cima da mulher quando o homem também era culpado.

— Sue... oh meu Deus, sinto muito, não sabia que estavam juntos. Eu não estava... quer dizer, não...

— Está tudo bem, Tatiane, além do mais não aconteceu nada de mais na academia — Fernando tentou ajudar a mulher que parecia estar tendo um princípio de ataque cardíaco.

A porta se abriu e ela saiu colocando a mão para segurar.

— Sue, realmente não fazia ideia de que vocês estivessem namorando, mas quero deixar claro que ele não... em momento algum ele me incentivou. Peço mil desculpas se foi o que pareceu...

— Relaxe, Tatiane — Fernando começou a falar e eu o impedi dando um beliscão na cintura dele.

— Boa noite, Tatiane. Deixe que com o meu namorado eu me entendo.

Ela tirou a mão liberando o elevador. Fernando puxou o braço do meu e me encarou seriamente.

— Que porra foi essa? Uma hora você me esculacha dizendo que não quer nada comigo. Outra fica cheia de ciúme com qualquer mulher que se aproxime de mim?

Abri e fechei a boca como se tivesse voltado de um transe assim que a ficha caiu da besteira que fiz.

— Fernando eu... me desculpa, mas não aguentei ver a Tatiane toda derretida para o seu lado. É isso. E você precisava ficar todo galante? Ela dando em cima e você dando corda. Está a fim dela, é isso?

— Galante? Eu não devo satisfação da minha vida a você. Pronto, é isso.

— Claro que não, uma hora está me dizendo que quer um compromisso sério comigo, outra fica de gracinha com a vizinha oferecida. Quem é inconstante agora?

Saímos do elevador e ele me encurralou na parede ao lado da minha porta. Uma mão de cada lado do meu rosto. Seu olhar intenso penetrando o meu.

— Você tem que parar, Suellen, precisa decidir o que quer. Ou assume que quer ficar comigo, ou se afasta de uma vez. Apesar de que estou pronto para continuar correndo atrás de você, devo admitir, apesar de ser humilhante pra caralho.

Minha respiração se tornou errática quando ele se aproximou um pouco mais. Eu queria grudar minha boca na sua, ao mesmo tempo que queria mandá-lo se afastar.

— Eu quero — sussurrei deixando a minha bolsa cair pelo braço indo direto para o chão com um baque surdo. Ergui as mãos para o seu rosto sentindo a barba por fazer arranhar de leve as palmas das mãos.

— Quer, mas não pode. É isso que vai dizer?

— Não, já me decidi. Eu quero você, Fernando.

O canto esquerdo de sua boca se ergueu em um meio sorriso.

— Isso eu já sei. Não é o suficiente.

— Não apenas quero, eu vou ficar com você. Se você ainda quiser...

— Isso foi um pedido de namoro? — perguntou se aproximando mais um pouco, até podia sentir seu hálito em meu rosto me tentando.

— Não, isso foi eu aceitando o seu pedido de namoro. Agora pare de me torturar e me beije.

Ele sorriu sem esperar nem mais um segundo para tomar a minha boca na sua. Fernando me agarrou pela cintura e me levantou um pouco, tomando minha boca com desespero. Puxei seu cabelo, talvez um pouco mais forte do que pretendia, e nosso beijo se tornou cada vez mais voraz.

Ele me pressionou contra a parede.

Eu apertei o corpo contra o dele.

Ele gemeu contra os meus lábios.

Eu me deliciei com seu gosto.

Como se não estivesse perto o bastante. Ele me apertou ainda mais contra a parede. Passei as pernas ao redor de sua cintura e pude sentir cada centímetro rígido do seu corpo pressionando cada pedacinho do meu.

O gosto, o cheiro, o beijo, tudo parecia tão certo, como se tivéssemos sido feitos para isso. Uma das mãos puxou meu cabelo e inclinou minha cabeça para o lado, conforme o beijo se aprofundou. Fernando se tornou mais agressivo, como se quisesse me possuir ali mesmo. E era o que eu mais desejava, o que mais queria. Eu teria deixado ele me possuir, se o barulho do elevador parando no andar não tivesse feito ele deixar a minha boca e colar a testa na minha respirando com dificuldade.

— Ai, meu Deus, procurem um quarto! — Talita exclamou saindo do elevador.

Fernando me colocou de volta no chão.

— Que antiquada, irmã. Não é só no quarto que fazemos esse tipo de coisa — Fernando brincou se afastando de mim.

— Experimenta ter três filhos, vai me dizer se pode ficar se agarrando assim em qualquer lugar. Oi, Sue. Estou esperando você para o jantar. Vou fazer o prato favorito do Fernando.

— Oi, é... ok.

— Agora, Fernando, deixe a moça entrar e venha me ajudar com o jantar.

— Está brincando, não é? E aquela conversa de que você só iria curtir o ócio?

— Estou curtindo, deixei quase tudo pronto, desci para a academia, agora vou terminar o jantar enquanto converso com o meu irmão e espero a doce vizinha dele.

Ela digitou a senha da porta e olhou para nós dois de forma curiosa.

— Está bem, pode ir — Fernando cedeu contrariado —, eu preciso só falar uma coisa com a Sue e já vou te ajudar.

— De jeito nenhum, e estragar o meu prazer de ser estraga prazeres? Essa "conversa" pode ficar para depois — ordenou fazendo movimento de aspas na palavra conversa.

Fernando suspirou fundo e deixou um beijo rápido em meus lábios.

— Mais tarde a gente termina essa conversa. E não se esqueça de que agora é oficialmente a minha namorada.

— Não vou esquecer.


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