Quebrando promessas? - Degust...

By adrianaramosbrasil

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Ela é a filha do amigo e sócio dele. Ele é um médico. Ela odeia médicos. Ele se apaixonou à primeira vista. E... More

Nota da autora
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo

Capítulo 22

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By adrianaramosbrasil

Bora de mais um? 

Entrei no elevador do hospital pelo estacionamento onde ficava a vaga do meu pai. Estava com sono, tinha ficado até muito tarde conversando com as meninas. Provamos os vestidos que ficaram perfeitos. Lizie sabia nossas medidas e o que combinava com cada uma de nós. Abri um sorriso quando lembrei das histórias dela com os dois caras. Alguém segurou a porta do elevador impedindo de fechar fazendo meu sorriso morrer na hora. Precisava ser tão bonito?

— Bom dia!

Tentei não ficar encarando. Ele estava usando uma camisa de manga curta azul-claro que parecia deixar seus olhos mais brilhantes. Uma calça jeans grudada no corpo realçando suas coxas grossas e o volume entre as pernas. E seu cheiro, esse era um aditivo para deixar uma pessoa louca.

— Você me deu o bolo — acusei desviando o olhar para o metal do elevador.

— Eu fiquei preso em uma cirurgia, não foi de propósito — falou com aquela voz macia que me deixava de pernas bambas, ele se aproximou de mim.

Seja forte, Sue. Prenda a respiração, não sinta esse cheiro de macho gostoso. Inferno.

— Não ouse chegar perto. — Ergui a mão impedindo que ele se aproximasse mais.

— Não podia deixar uma pessoa morrer só porque falei que passaria na sua casa. Além do mais eu liguei e você não atendeu, por isso passei a mensagem avisando.

Ergui a cabeça desafiadoramente. Seu olhar parecia implorar para ser desculpado, mas eu não estava nem aí.

— Eu fiz até um jantar para você, sabe o que significa quando uma mulher faz algo assim? Eu fui para a cozinha e fiz um jantar para te esperar, coloquei uma lingerie sexy e fiquei feito uma idiota aguardando você chegar. Até espalhei velas aromáticas pela casa, preparei uma playlist.

— Sue...

O elevador parou no quarto andar e três pessoas entraram fazendo com que Fernando se calasse e chegasse mais perto de mim. Todos dissemos bom-dia ao mesmo tempo.

— Eu sinto muito — sussurrou.

— É bom mesmo sentir, pois perdeu a sua chance comigo, doutor.

A porta se abriu e todos desceram no mesmo andar e cada um seguiu caminhos diferentes, exceto eu e Fernando.

— O que significa isso?

— Significa que serviu para abrir os meus olhos para o fato de que você não é o que eu preciso para a minha vida. Não quero um homem que vai me deixar esperando. É exatamente por isso que não namoro médicos. Eu gosto de ser prioridade quando estou com alguém. Tenha um bom dia, Doutor Fernando.

Caminhei para a minha sala com ele atrás de mim.

— Sue, deixe de besteira, vamos conversar.

— Não, não temos o que conversar, a não ser que seja sobre trabalho, no mais, fiquei bem longe de mim.

Entrei em minha sala e fui para fechar a porta, mas ele colocou o pé impedindo. Larguei a porta e me afastei. Joguei a minha bolsa sobre a mesa e tirei o casaco que estava vestindo.

— Você é uma pessoa muito irritante, frustrante, egoísta, mimada do...

— Olha lá como fala comigo. Posso muito bem denunciar você por assédio já que aqui você é o meu chefe, esqueceu? Eu só tomei uma decisão, não quero mais nada com você. Fim de conversa.

Ele fechou os olhos e inspirou fundo.

— Você deveria crescer, Suellen. Eu posso me cansar dessa sua inconstância e infantilidade.

Sentei na minha cadeira fuzilando com o olhar a porta que ele tinha fechado.

— Não sou infantil, muito menos inconstante — bradei para o nada. — Babaca, idiota.

***

O dia foi uma loucura. Não vi Fernando e nem o meu pai. Saí do trabalho e fui para o apartamento da Júlia para ajudar com o resto da mudança, como tínhamos combinado. Era sempre divertido passar momentos com as minhas amigas. Pedimos comida japonesa, lamentei com elas mais uma vez, e acabei dormindo por lá mesmo.

No dia seguinte, fiquei sabendo pela secretária do meu pai que ele e Fernando haviam viajado para fazer uma cirurgia que já estava agendada no hospital de São Paulo e voltariam na sexta pela manhã. Fui para casa morta de cansada. Estava distraída mexendo no celular quando o elevador parou no meu andar. Quase derrubei alguém que estava digitando a senha na porta do apartamento do Fernando.

— Desculpe, estava distraída.

— Oi, não tem problema. — A mulher de olhos azuis sorriu e estendeu a mão para mim. — Você deve ser a vizinha do Fernando, Sue?

Apertei a sua mão um pouco incerta.

— Sim, sou eu.

— É um prazer te conhecer, sou Talita. Fernando falou muito de você.

Meu sorriso morreu na hora e instintivamente puxei a minha mão. Como ele se atrevia a falar de mim para a ex? Senti o ar faltar e uma vontade imensa de sair correndo. O que ela estava fazendo ali?

— Falou é? — Tentei soar despreocupada, mas percebi que estava fuzilando a mulher com os olhos.

Ela era mais alta do que eu. Tinha cabelos avermelhados e olhos muito azuis, daqueles que é impossível parar de olhar. Deveria ter a mesma idade do Fernando. Claro que a ex dele tinha que ser uma mulher linda de morrer, e madura, ao contrário de mim que fui chamada de infantil e inconstante por ele no dia anterior.

— Sim. Bem, estou apanhando aqui com esta porta. Eu queria fazer uma surpresa para ele, mas acabou que teve que viajar e não estava aqui para me receber. Então tive que ligar para ele que me passou a senha, mas devo estar fazendo algo errado. Já tentei falar com ele, mas não consegui.

— Entendo, aperte o quadrado antes de digitar a senha. Boa noite.

Virei as costas para ir para o meu apartamento. Fiz uma careta pela forma que falei, não quis ser mal-educada nem nada. A mulher não tinha culpa se o ex, ou sei lá o que, era um safado. Fechei a porta xingando o filho da mãe mentalmente.

— Ela veio fazer uma surpresa para ele. Filho da puta, safado, estava voltando com a ex e me ludibriando, eu vou matar o... — O som da campainha tocando me fez calar.

Nando veio correndo passando entre as minhas pernas. Respirei fundo e abri a porta.

— Não deu certo a senha? — perguntei.

— Ah sim, consegui, a porta se abriu feito mágica, obrigada pela dica. Só queria esclarecer uma coisinha, por isso chamei. Falei o meu nome e você me olhou como se quisesse me fuzilar. Eu sou Talita, a irmã do Fernando. É isso, eu sou a irmã mais velha dele. Só para deixar claro que não precisa querer arrancar a minha cabeça, nem nada do tipo... bom, é isso.

Abri a boca surpresa, depois comecei a rir descontroladamente. Irmã? Fala sério.

— Desculpa, é... é um prazer te conhecer, Talita. E eu não estava te olhando como quem queria arrancar a sua cabeça.

— Ah, estava sim. Por um momento tive medo de você — falou fazendo uma tentativa de imitar o meu olhar, o que a deixou ainda mais bonita. — Sei que é estranho ter o mesmo nome da ex do meu irmão. Enfim, estou aqui do lado e sozinha por hoje, se quiser sair para jantar, ou pedir alguma coisa, porque estou de folga dos afazeres domésticos e não pretendo fazer nada além de aproveitar esse momento de ócio total, aparece lá. Vou adorar te conhecer melhor.

Ela virou as costas e saiu me deixando parada com um sorriso bobo no rosto. Abaixei e peguei Nando que estava se embrenhando em minhas pernas desde que cheguei.

— Oi, gatinho. Viu a vergonha que acabei de passar? Essas coisas só acontecem comigo. Mas como eu iria imaginar uma coisa dessas, concorda?

Segui para o meu quarto para tomar um banho. Estava tão cansada que não teria mesmo coragem de fazer nada para comer, mas achei tentadora a ideia de conhecer melhor a irmã do Fernando. Não demorou muito, estava tocando a campainha da porta ao lado.

— Oi, que bom que você veio. Entre, pedi uma pizza para nós, espero que goste de quatro queijos. A pizzaria é aqui pertinho, já deve estar chegando.

— É a minha favorita, mas como sabia que eu viria?

— Intuição feminina. — Ela subiu a escada para o terraço e segui atrás dela. — Adorei esse lugar. Ficaria aqui o dia todo. Você não sabe como é estranho ficar sem os filhos e marido, mas precisava desse tempo sozinha. Aceita beber alguma coisa? Estou tomando vinho.

— Vou acompanhar você.

— Fernando deve ter falado que tenho três filhos...

Abri um sorriso sem graça e percebi mais uma vez que sei pouco sobre a vida do Fernando. Ela contou como conheceu o marido, quando teve o primeiro filho e quando decidiram morar no Canadá. O interfone tocou anunciando a chegada da comida. Ela desceu para buscar enquanto eu arrumava a mesa no terraço.

— Prontinho, o cheiro está divino. Sue, estou aqui só falando, quero saber mais sobre você. Meu irmão me contou como se conheceram no Rio, achei hilário, ainda mais a coincidência de você ser a filha do Saulo, mundo pequeno.

— Sim, muito pequeno.

Ficamos conversando até mais tarde. Talita acabou se mostrando uma pessoa incrível, alegre e muito apegada ao irmão e à família. Já era quase meia-noite quando fui para casa. Troquei de roupa e caí na cama e dormi. Isso depois de tomar relaxante muscular.

Naquela noite, tive um pesadelo horrível com a minha mãe. Acordei suada e chorando muito. Sonhei que tinha levantado e me arrumado para ir trabalhar, quando passei pela sala, minha mãe estava sentada no sofá segurando os diários que a minha avó tinha me dado. Ela me olhou cheia de reprovação.

— Não acredita em mim, não é? Vai ler o que tem aqui?

Senti todo meu corpo se arrepiar, um medo excruciante tomar conta, me aproximei dela, mas a sala parecia estar se alargando. Cada passo que eu dava, ela ficava mais distante de mim.

— Sinto tanto a sua falta, filha.

— Eu só queria respostas.

— Pode perguntar, o que deseja saber?

Minha mente ficou turva e tudo começou a rodar, como se eu estivesse em um daqueles brinquedos de parque de diversão que gira cada segundo mais rápido.

— Eu... não sei.

— Você prometeu, você prometeu, prometeu... você quebrou a sua promessa.

Seus olhos começaram a ficar vermelhos e sangue sair de seu nariz.

— Mamãe! — gritei desesperada.

Corri em sua direção, mas ela estava cada vez mais longe.

— Eu já estou morta, não me mate outra vez, vai me matar dentro do seu coração?

Tudo desapareceu, de repente eu estava diante do túmulo dela no cemitério onde ela foi enterrada. Eu estava ajoelhada no meio da terra e chorava deitada diante de sua sepultura.

Acordei assustada, chorando muito. Depois custei voltar a dormir. Levantei, peguei os diários e coloquei dentro de um baú pequeno, passei o cadeado e guardei a chave dentro do meu porta-joias. Eu não iria violar a privacidade da minha mãe.

Acordei antes de o dia raiar. Tomei um banho e me arrumei como de costume. Quando passei pela sala me lembrei do sonho e corri em direção à porta com medo.

— Deixe de ser ridícula, Sue.

Fui direto para o cemitério onde minha mãe estava enterrada. Comprei flores na entrada e deixei no túmulo dela. Não falei nada, pois não acreditava que estivesse mesmo falando com ela. Não sabia explicar o que tinha me levado até ali.

Uma hora depois eu estava no trabalho, cheia de tarefas para cumprir. Liguei para a secretária do meu pai e pedi que me avisasse quando ele chegasse. Por volta das onze horas ela ligou.

A sala do meu pai ficava ao lado da sala do Fernando. Ele estava encostado no balcão da recepção quando me aproximei.

— Sue, aqui está a lista que você me pediu — Rizia falou me entregando um envelope pardo.

— Bom dia, Doutor Fernando! — cumprimentei parando ao seu lado e pegando o envelope. — Obrigada, Rizia.

— Não está mais com raiva de mim? — Fernando perguntou enquanto eu verificava os documentos.

Tive vontade de dizer que havia conhecido a irmã dele e que ela era uma pessoa incrível, mas me contive.

— Sim, estou. Só sou educada o suficiente e profissional também para saber que aqui no ambiente de trabalho devo ser educada e respeitar você que é meu superior, assim como a qualquer outra pessoa. Com licença.

Caminhei até a sala do meu pai, muito irritada em ouvir sua risada atrás de mim.


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