Juiz
Júri e Carrasco
Narrador| Point of View
Aos poucos, a força de seus músculos voltam ao seu lugar e por um momento ela olha para o ferimento limpo enrolado em um curativo em sua cintura, ela olha para a mulher, parecendo perdida e sentada na ponta da cama com as mãos ensanguentadas e ao lado dos restos de pano. úmidos e vermelhos.
- Não por favor. - o movimento da cama chamou a atenção de Camila, ela olhou para a mulher que se aproximava e fechou os olhos aterrorizada.
Ela imediatamente recebeu um toque em seu cabelo e as mãos de Lauren passaram pelos fios. Sim, ela gostava de cabelos castanhos, era algo fascinante e difícil de evitar tocar.
- O que você vai fazer comigo?.- ela sussurrou, com medo de provocar uma reação negativa na mulher, que no momento estava apenas admirando silenciosamente seus traços latinos.
Camila achou melhor não confrontar Lauren e viu que seu nível de força comparado ao da mulher era menor. E por um momento Lauren quis mantê-la naquele porão um pouco mais, mas ela sabia que não poderia ficar lá por muito mais tempo.
Havia duas pessoas inconscientes na mansão e ela precisava agir rapidamente antes que as coisas saíssem de seu controle novamente.
- Sótão...- De repente isso não pareceu fazer sentido para Camila, mas aos poucos ela soube a que a mulher se referia.
Ela conduziu Camila até seu quarto mesmo com passos lentos devido ao ferimento, o sótão foi aberto e Lauren se posicionou ao lado da escada em silêncio, Camila ainda tentou resistir mas viu dentro daqueles olhos verdes que era inútil lutar contra aquele destino.
Sem dizer uma palavra, ela apenas subiu as escadas e ouviu a escada sendo subida, a preendendo naquele lugar escuro e empoeirado.
Camila teria tempo para si naquele lugar e Lauren optou por não deixá-la em seu quarto ou no porão, pois havia muitas passagens secretas e a mulher poderia acabar fugindo. E o sótão não era muito grande, era mais largo e só tinha uma passagem, essa passagem também foi fechada por Lauren para que Camila não pensasse na possibilidade de fuga.
- Austin...
Austin. O homem do mercado que trazia as caixas de compras na hora marcada e ela não olhava a um tempo para aquele rosto que conhecia desde a infância.
Ele parece mais velho e maior do que lembra, não havia muitas lembranças de infância e após o acidente na mansão acabou perdendo parte de suas memórias. A avó pensou que Lauren tivesse batido forte a cabeça ou que o trauma do incêndio tivesse causado algum bloqueio em suas memórias.
Ela poderia ter tido alguma consideração pelo homem por estar sempre com a família, mas a partir do momento em que seus olhos egoístas pousaram em Camila, as coisas saíram do controle.
Ela agarrou as pernas do homem para arrastá-lo para algum lugar fechado e daria um jeito de mantê-lo inconsciente por um tempo até que pensasse em algo para fazer com ele.
- Você...
Shawn. O homem que Camila temia antes de conhecer a verdadeira Lauren, a mulher que se escondia atrás das paredes.
Ele agiu de forma desrespeitosa na presença de Camila e Lauren a viu agir como um animal indefeso perto desse homem e após ouvi-la pedir ajuda enquanto abraçava a boneca com força, ela soube que Shawn não era um bom homem para Camila.
Ela se sentiu ameaçada pela presença dele.
Ao contrário do que aconteceu com Austin, o corpo de Shawn foi arrastado para fora da casa, onde Lauren seguiu o caminho do jardim até a floresta, passando pelos portões da mansão.
- Hum... o quê?....- O homem desorientado começava a recuperar a consciência, a única coisa que ele via era o céu azul.
As nuvens estavam um pouco cinzentas e era como se o dia começasse a amanhecer, o frio estava presente naquele local e seu corpo começava a balançar.
- Ah...você!....- De repente ele viu aquela presença reconhecida da última noite que passou na mansão.- O que você pretende...
E ele sentiu seu corpo balançar para a lateral de um barco, caiu na água com os membros amarrados e com sacos de pesos presos nas cordas para que o corpo não subisse.
Ela viu a silhueta do cabelo de Shawn afundar no lago e aos poucos a imagem do homem desapareceu, não havia mais bolhas subindo e ela viu o fim dele.
Shawn. Ele morreu.
Naquele momento, enquanto Lauren trazia o barco de volta para a margem do lago, Camila vasculhava o sótão em busca de uma saída e não encontrou nada que pudesse ajudá-la a escapar. Naquele local havia poucas aberturas de ventilação e dava para ver alguma luz, o amanhecer estava acontecendo e logo Lauren subiria para vê-la.
Seu destino não estava previsto e ela temia acabar desaparecendo sem ninguém a procurar, aos poucos ela se lembrou de Normani e torceu para que sua amiga ligasse ou talvez com a demora em retornar a ligação Normani pudesse achar isso um ato estranho vindo de Camila .
No momento, seu telefone estava nas mãos de Lauren, que tentava escrever um texto coerente e convincente para que a amiga de Camila entendesse e não desconfiasse das intenções daquelas palavras.
Ela iria manter a amiga de Camila sob sua supervisão por um tempo, atualmente se comunicando através de mensagens e esperando que a amiga de Camila não estranhasse.
~~ & ~~
- Não chegue perto de mim. - Encolheu-se um pouco mais no canto dos empacotamentos, viu a silhueta da mulher subindo os degraus e ela era tão grande que era impossível a latina tentar evitar e ultrapassar seu corpo até descer as escadas.
Mas diferentemente do que Camila imaginava que aconteceria, a responsável pelo seu cativeiro colocou uma bandeja no chão, deixou a comida ali e desceu novamente.
Lauren queria alimentar sua atual tutora e preparou uma pequena refeição para que Camila pudesse comer, ela não queria ver a mulher fraca e desidratada.
E o tempo foi passando nessa rotina frequente de comer em bandejas e subidas ao sótão, as fugas da latina foram reduzidas por enquanto e ela se limitou apenas a reunir forças para um último ato de sobrevivência.
Ela só precisava de uma oportunidade.
- Você não pode me trancar aqui como um animal. Eu sou um ser humano, preciso ver o sol.
Na descida a mulher parou de costas para Camila digerindo aquelas palavras, no momento ela não achava que a latina estava pronta para sair do sótão. Ela tentaria escapar novamente e mesmo que não conseguisse, não queria vê-la tentar.
- Claro...- ela não apenas olhou para Camila. Queria poder expressar mais suas intenções em palavras, falar nunca foi seu forte.
Naquele espaço escuro Camila consegue encontrar algo útil dentro das caixas embaladas, uma lanterna. As caixas guardam discos, roupas velhas e às vezes móveis quebrados, nada muito pontiagudo ou ameaçador que intimide a sequestradora.
Lá embaixo Lauren prepara uma dosagem sugando na injeção, ela viu o nível certo para aplicar no pescoço de Austin.
Ela não poderia bater na cabeça dele para fazê-lo perder a consciência, isso poderia machucar ou acabar matando o homem. E mesmo que naquele momento ela tivesse alguns contras para não mantê-lo vivo, ela ainda não o via como uma grande ameaça para ela ou para Camila.
- Não é possível que não tenha algo útil...
No meio da busca dos registros, Camila acabou encontrando um álbum de fotos, parecia tão antigo com aquele filtro preto e branco. Lauren não aparecia com frequência, os jaureguis eram formados apenas pelo casal na juventude e a mansão sempre aparecia ao fundo.
A mansão era enorme e dava para ver pelas fotos que ainda não estava terminada, eles construíram a casa deles.
O Sr. Jauregui parece gostar de tirar fotos de qualquer momento que achar interessante, como uma abelha voando sobre as flores ou a Sra. Jauregui conversando distraidamente com um encarregado da construção.
- Você....- Ela passou os dedos sobre aquela foto, tirando um pouco de poeira, ela visualizou Lauren mesmo estando longe da fotografia. A menina era tímida, não gostava muito de ser vista.
As aparições de Lauren nas fotos eram quase inexistentes, às vezes ela aparece de relance ou por acidente e muitas vezes ela se escondia atrás dos avós, mas houve uma em especial que chamou a atenção de Camila.
Era impossível para uma aniversariante se esconder dos holofotes em seu próprio aniversário.
Camila segurou o retrato antigo com delicadeza, seus olhos percorrendo cada detalhe daquela cena congelada no tempo. A criança pálida, com olhos grandes e expressão tímida, parecia emanar um ar de mistério que cativou a atenção de Camila.
Ao lado dela, contrastando com a garota misteriosa, estava outra criança extrovertida e animada. Seu cabelo bagunçado e seu sorriso brilhante denotavam uma personalidade vibrante e alegre, o oposto da outra garota retratada na foto.
Camila sentia-se intrigada com a dualidade das duas crianças, cada uma representando um aspecto distinto da personalidade humana. Enquanto a pálida e tímida parecia esconder segredos profundos, a extrovertida exalava energia e alegria.
Era como se o retrato contasse uma história silenciosa, um contraste entre luz e sombra, mistério e alegria. Camila sentia-se atraída por essa dualidade, tentando decifrar os segredos por trás daquelas expressões congeladas no tempo.