Eu e Bella nos levantamos e ela ainda me abraçava, eu abracei de volta e uma multidão se acumula ao nosso redor, eu não consegui prestar atenção em nada. Só ouvia meu nome e o de Bella ser falado várias vezes. Uma ambulância chegou e fomos levadas ao hospital.
Bella não queria sair de perto de mim e nem eu de perto dela, ficamos de mãos dadas o caminho e o tempo todo, estávamos sentadas na mesma maca e Tyler pedia desculpas a cada dois minutos, se ele não calar a boca eu vou chutar a cara dele com a minha bota.
Pouco tempo depois Tio Charlie chegou preocupado perguntando se estamos bem e dizendo que ia conversar com Tyler depois, e minutos depois disso meus pais chegam quase arrombando a porta e vem até nós duas, eles me checam e vão checar Bela.
— Me desculpem Bella e Zahara, eu tentei parar! — Ele pede desculpas de novo e eu e Bella falamos que está tudo bem, mais uma vez.
— Não, não está tudo bem, fique feliz por não tomar um processo! — Minha mãe fala, meu pai e tio Charlie concordam.
— Pai, tios, não foi culpa dele. — A hamster fala.
— Poderiam estar mortas. — O xerife fala.
— Tá, mas não estamos, então... — Bella diz e eu acenei com a cabeça mesmo não concordando completamente, minha vida é essencial para o mundo.
— Pode dar adeus a sua carteira! — Charlie fala e o menino concorda de cabeça baixa.
Logo a porta se abre novamente e um médico lindo, repito, lindo, repetindo mais uma vez, muito lindo. Passa por ela e vem até nós.
— Fiquei sabendo que a filha do chefe e a dos novos moradores de Forks estavam aqui. — Ele fala e eu automaticamente melhorei, eita glória!
Ele e tio Charlie se cumprimentam e ele dispensa a enfermeira fofinha que estava aqui com a gente.
— Isabella e Zahara! — Ele olha nossas fichas.
— Bella. — A menina corrige.
— Então meninas, levaram um belo susto. Como se sentem? — Obviamente assustadas.
— Estamos bem. — Eu e ela falamos ao mesmo tempo e ele deu uma risadinha, ai morri.
— Olha aqui. — Ele levanta um dedo na frente dos olhos de Bella e liga uma lanterninha, depois faz o mesmo comigo. — Vocês podem sentir estresse pós traumático ou tontura, mas os sinais vitais estão bons. Nenhum trauma na cabeça. — Ele fala olhando para nossos pais. Sabe de nada, o que mais tem nessa cabecinha é trauma. — É, eu acho que vocês vão ficar bem.
Minha mãe suspira aliviada e meu pai murmura um "graças a Deus". Tyler volta a dizer que sentia muito e tio Charlie fecha a cortina na cara dele, obrigada!
— Teria sido pior se o Edward não estivesse lá, eu abracei a Z e ele nos empurrou pro lado. — Bella fala, cala a boca menina!
— Quem é Edward, me lembre de agradecê-lo! — Ouço a voz da minha mãe falando baixinho.
— Edward, seu filho? — Tio Charlie pergunta.
— É, foi incrível. Ele chegou e nos pegou tão depressa, ele não tava perto de nós, não é Z?
Eu concordei com a cabeça olhando para baixo, me mete nisso não.
— Pois é, parece que tiveram sorte. — O doutor Cullen fala finalizando o assunto sem dar outra opção. — Charlie, senhor e senhora Moreau! — Ele se despede, acho que foi delírio meu, mas ele ficou meio estranho quando falou o meu sobrenome.
Ele sai andando. Eu e Bells descemos e ela solta minha mão indo junto com o pai, saímos da sala e nossos pais vão assinar uns papéis e nos pedem para esperar.
— Meu pai contou para minha mãe, ela deve estar surtando, que raiva. — Bells reclama e saímos andando até ouvir sussuros de uma discussão entre Edward, a irmã loira perfeita e o pai. Eles notam nossa presença e Bella pede para conversar com Edward. Eu dei indícios de que ia sair mas, ela segura minha mão apertando.
— Que foi? — Nossa grosso, me engole. — Desculpem. Podem falar.
— Como... como chegou perto de nós duas tão depressa? — Ela pergunta.
— Eu estava em pé ao lado de vocês duas. — Ele fala, poxa, era mais fácil nos chamar de burras.
— Não, você não estava? — Bella insiste.
— Que? — Ele solta uma risada zombando da afirmação da minha amiga. — Eu estava perto de vocês duas!
— Não, você estava perto do seu carro, do outro lado do estacionamento, mas ok, nós agradecemos por nos salvar, não precisa iniciar uma discussão que não vai a lugar nenhum. — Falei segurando a mão do meu hamster e afastando ela para trás devagar.
— Não vão esquecer isso não é? — Ele pergunta e Isabella fala que não.
— Espero que gostem de ser desapontadas. — Ele fala e sai, fala sério, ele não é ninguém para mim, então não pode me desapontar. Ele rapidamente olha pra mim com as sobrancelhas franzidas, revirei os olhos e saí puxando Bella.
Minha mãe me esperava ao lado de Tio Charlie que esperava por Bella, meu pai foi buscar o meu carro. Me despedi da minha amiga com um abraço e fui até minha mãe. No caminho não conversamos e quando chegamos em casa também não, ela pareceu notar que eu não queria papo.
Subi para o meu quarto e tomei um banho, vesti um pijama fofinho e deitei com um livro para ler, Prada estava deitado em meus pés todo espalhado na cama de casal.
Minha mãe me trouxe o jantar na cama e me desejou boa noite, eu desci para levar o prato e lavar, voltei indo me preparar para dormir, Bela me ligou para desejar boa noite e eu tentei dormir.
Eu corria desesperada fugindo dos homens com máscaras que apontavam armas para mim, meus pais tinham sumido e só restava eu naquele lugar com aqueles homens, no meio deles ele surgiu e então, uma chuva de tiros foi jogada em minha direção.
Eu acordei assustada, Prada rosnava para alguma coisa perto da janela que mais uma vez estava aberta, eu só vi um vulto e me estiquei para ligar meu abajur e quando olhei para lá novamente não tinha nada, Prada pareceu relaxar e deitou a cabeça na minha perna coberta pelo edredom. Essa foi a primeira noite que sonhei com Edward Cullen. Trovões se fizeram presentes no céu, o barulho me trouxe angústia e conforto ao mesmo tempo, o que é tecnicamente impossível.
Fiquei fazendo carinho em Prada até amanhecer e meu despertador tocar, lembrei que tinha que pedir para um dos meus pais assinar a autorização para uma aula de campo em uma estufa. Desci para que algum deles assine, voltei para meu quarto, eu preciso de um banho para essa sensação de cansaço passar, não é só uma sensação.
Depois de um banho quentinho eu vesti um conjunto de terninho e saia, meia calça preta e uma blusa de manga longa que vai até o pescoço, uma gravatinha de laço com um pingente de pérolas, fiz um rabo de cavalo com minhas tranças e coloquei um brinco de pérolas, saltos fechados pretos, peguei uma bolsa que combinava e coloquei tudo que eu precisava dentro dela. Fiz uma maquiagem leve que escondesse minha cara de panda cansado e passei meu gloss.
Maldita hora que eu passei o gloss antes de comer, agora vou ter que arrumar a maquiagem que eu borrei, escovei meus dentes e corri pra fora, já estava atrasada. Me despedi dos meus pais aos gritos já que eles estavam no andar de cima e entrei no carro.
Foi um caminho tranquilo e quando cheguei os ônibus já estavam lá esperando os alunos, estacionei ao lado do carro de Bella e fui entregar minha autorização, assim que Bells me viu veio me abraçar, o que é estranho já que ela parece sempre evitar contato humano. Ela ficou quieta e já sei o que está pensando, olhei para meu carro e... MAIS QUE DROGA É ESSA??
Tinha um pequeno amassado na parte de porta de trás do meu carro. Eu vou atropelar aquela criatura pálida, não a Bella, o Edward.
— Ai, meu bebê. — Resmunguei chorosa me abaixando na frente do local amassado, me virei para ver os Cullen e Edward já me olhava, lancei meu pior olhar para ele e comecei a xingar ele mentalmente, ah se ele soubesse o que eu penso, ele me olha surpreso e devia o olhar.
Me levantei ainda encarando eles e Bells segurou minha mão, minha visão foi atrapalhada por ninguém mais ninguém menos que Mike Newton.
— Olha só para vocês, estão vivas! — Ele levanta os braços dramaticamente, revirei os olhos, daqui a pouco eles não voltam mais.
— É sabemos, foi alarme falso. — Ela fala e ele volta a falar, infelizmente.
— Eu tava pensando, é, eu sei que ainda falta um mês para acontecer... — Não ouvi mais nada que ele tava falando porque tinha um par de olhos negros me encarando fixamente. — Então, o que vocês duas acham?
— Sobre o que? — Bella pergunta tão confusa quanto eu.
— Algumas das duas quer ir ao baile, comigo, topa? — Ele pergunta todo nervoso, peraí, ele tá chamando as duas? Que ridículo.
Bella nega desconversando e diz que vai para uma cidade que é a que a mãe dela tá pensando em morar e diz que as passagens são sem reembolso.
— Ah, bom, hum, certo. E você Zahara? — Ah pronto, agora foi que eu vi.
— Sabe o que é? Não vai dar, eu tenho que ir para a Venezuela porquê meu cachorro engoliu um peixe que cantava ópera, aí agora meu cachorro não para de miar em ritmo de Jazz. Não vou poder! — Sorri simpática no final de tudo e ele ficou completamente confuso. Bella olha pra mim tentando segurar o riso e eu continuo com o rosto sereno.
— Devia chamar a Jéssica, sabemos que ela quer ir com você. — Minha amiga fala e ele vira para olhar a menina que estava perto do ônibus, ela acena pra ele.
O professor legal começa a implorar para que todos fossem logo para o ônibus, eu gosto dele. Bella rapidamente segura minha mão e sai nos puxando para longe de Mike, passamos pelos Cullen e não me dei o trabalho de olhar para ele.
Durante o pequeno percurso eu dividi o meu fone com Bella, ela batia os dedos no ritmo da música em meu joelho e eu tava quase cochilando no ombro dela.
Chegamos na estufa e fomos entrando no lugar que adivinha? Tem tanto mato quanto o resto da cidade. Bella se separou de mim em algum momento e eu estava olhando uma samambaia. O professor falava um monte de coisa que não me dei o trabalho de ouvir.
— O que tem na Venezuela? — Uma alma surge do nada do meu lado e eu me assusto, como que esse ser sabe sobre isso?
— Ok, como você sabe sobre isso? — Perguntei me apoiando na mesa e fechando os olhos por alguns segundos para me recuperar do susto, sustos, não preciso de mais deles.
— Ah. — Ele divaga. — Você não respondeu minha pergunta.
— E você não responde nenhuma das minhas, então não cobra o que nem você tá pagando. Você é sempre tão mal educado? Nem me disse oi. — Eu falei pegando uma plantinha em um vaso pequeno. Ele murmura um "oi" eu mereço! — Não vai me dizer como parou a van e machucou o meu bebê?
— Vou, e me desculpe pelo seu carro. Eu tive um surto de adrenalina, isso é muito comum. Pode olhar no Google. — Ele acha que eu sou burra não é? Um surto de adrenalina não te faz correr mais rápido que um papa-léguas, faz seu coração bombear sangue super rápido e coisa do tipo. Suspirei deixando essa palhaçada pra lá.
— Venezuelanos, é isso que tem na Venezuela. — Respondi e acabei enganchando meu salto em um buraco no chão quase me fazendo cair, ele me segura pelo braço.
— Da pra olhar por onde anda? — Ele resmunga irritado, por que? Não sei, quem quase caiu foi eu e não ele, grosso estúpido. — Obrigado. Olha, me desculpa se eu sou grosso as vezes, mas, acho que assim é melhor.
— Melhor pra quem exatamente?
Antes que ele pudesse responder Jéssica chega em nós dois animada. — Zahara, adivinha quem me convidou para o baile?
Edward sai andando e ela olha pra ele e pra mim.
— Quem? — Ai minha nossa como eu tô interessada!
— Ah, é, hum, na verdade eu achei que o Mike ia te convidar, ou convidar a Bella. Mas não vai ficar estranho né? — Ela pergunta pra mim, estranho é tu gostar dele, mas tudo bem.
— Não, nai vai ficar não, vocês ficam bem juntos.— Pior que não é mentira, uma fofoqueira e um cara que se joga para todo rabo de saia que aparece.
— Eu sei né! — Ela fala orgulhosa, ela é até bonitinha se não fosse insuportável, merece
coisa melhor.
Saí da estufa indo em direção ao ônibus, passei por Tyler e Eric que brincavam com minhocas. Eric segura uma com um ganho e tenta me fazer medo com ela, essa criança nunca pescou com o avô, certeza.
Continuei andando com meus saltos fazendo barulhinho e mais uma vez sou surpreendida pelo Cullen chegando do nada perto de mim.
— Zahara nós... não podemos ser amigos. — Ele fala e me encara. Garoto você não tem nada mais interessante para fazer não?
— Tá bom! — Continuei andando e ele me para novamente, dessa vez intrigado. — Olha, se você não quer ser meu amigo, tudo bem, não precisa ser. Eu já agradeci por ter salvado a minha vida e a de Bela, mas não precisava fazer isso se ia ficar nessa frescura toda.
— Acha que eu me arrependo?
— Aparentemente sim, e se não se arrepende talvez queira uma medalha. — Falei com raiva, tinha pisado em uma poça de água com meus saltos maravilhosos.
— Você não sabe de nada! — Ele fala chegando o rosto perto do meu e fala como se fosse o ser mais enigmático do mundo.
— Oi, você vai junto com a gente? — A linda pessoinha chamada Alice me pergunta com um jeitinho tão fofo que eu queria carregar ela pra mim.
— Não, nosso ônibus tá cheio! — O Cullen fala sério me olhando, e ala, eu nem queria ir. Ele bate na porta do ônibus e entra.
Eu entrei no ônibus que eu vim e Bella chega logo depois.
— Eu vi a tensão entre você e o Edward... ele parecia querer te comer com os olhos, e você parecia querer comer ele na porrada. — Bella fala rindo e eu arregalo meus olhos virando pra ela.
— Oh menina! Onde é que tu aprendeu a falar assim? — Fiquei em choque.
— Eu passei uma semana te vendo todos os dias, alguma coisa eu tinha que aprender. Mas me fala aí o que tava acontecendo.
Peguei uma barrinha de cereal que eu carrego na bolsa e enfiei na boca dela, ela resmunga rindo e desistiu de perguntar novamente. Voltamos para a escola e eu me despedi de Bella, marcamos de assitir um filme a noite, mesmo sabendo que nenhuma de nós duas vai querer sair de casa pra ir na casa da outra assistir.
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