• Principe cruel.
━━ TEMOS QUE TEMÊ-LO.– FOI TUDO o que escutou ao adentrar a sala, fazendo Shin Ga-ram dar um salto devido ao susto.
A de máscara havia se atrasado naquele dia.
━━ Ai meu coração!– Suspirou encarando Ju-kyung a sua frente.
━━ Ele é um monstro frio, Ga-ram.– A mais alta abraçou a amiga, sussurrando.– Ele quer acabar comigo.
━━ O que aconteceu enquanto eu não chegava?– Perguntou preocupada enquanto deixava sua mochila em seu lugar.
━━ Eu disse que não deveríamos temer, eu menti!– Limju se abaixou para alcançar a amiga que estava sentada.– Eu tenho que fazer tudo que ele pedir, ou então..– A morena passou uma de suas mãos pelo pescoço, simbolizando algo afiado.
━━ Isso não é demais?– A Shin a encarou indignada.
Tudo bem! Ele havia descoberto um segredo, mas e daí?
Manipular alguém desesperado era cruel.
No fim, crueldade combinava com Lee Su-ho.
━━ Quer que eu dê um chute nele?
━━ Não, ele vai ficar ainda mais bravo.– Suspirou Ju-kyung.– Vamos ver até onde consigo ir.
━━ Pode me pedir ajuda se precisar.– A Shin envolveu a mão da amiga em forma de conforto.– Com sorte ele desiste desse joguinho em pouco tempo.
━━ Tomara, Ga-ram.– Com isso ela se afastou, caminhando até seu lugar.
A morena soltou um suspiro preso.
Quando sua vida havia ficado assim?
Até a um tempo atrás era conhecida por centenas de pessoas no seu antigo colégio por sua inteligência e habilidades sociais. Mas então, um homem doente estragou tudo.
Não culpava sua mãe, apesar da mulher achar que tinha sua parcela de culpa. Mas como podia evitar? Era uma adulta solitária com uma adolescente passando pela puberdade, se sentiria sozinha em algum momento.
Shin Ga-ram só esperava que ela fosse o suficiente para que a mãe não se sentisse tão só.
Mas como?
Agora tentava mudar, ser mais calada e invisível, coisa essa a qual nunca havia sido. E de quebra seus planos pareciam ser sempre atrapalhados por alguém.
Não podem simplesmente me evitar de vez enquanto?
Assim ninguém lembraria que Ga-ram existia, e ela gostaria muito que se esquecessem dela.
As aulas se passaram de forma lenta naquela manhã, e Ga-ram se sentia em um programa de tv barato vendo a amiga passar por coisas bobas para que não tivesse seu segredo revelado.
E cada vez mais ela podia assumir, Lee Su-ho era cruel.
━━ Ga-ram!– Ju-kyung se aproximou vendo a amiga com a cabeça deitada na carteira. Ela não havia almoçado novamente, bom na verdade, Shin Ga-ram nunca comia na escola.– Pode me ajudar em uma coisa.
Sua cabeça levantou de forma lenta, apenas para assistir Limju tentar equilibrar uma caixa cheia de papéis.
━━ Do que precisa?– Se levantou ajudando a mais alta a se equilibrar, e colocando a caixa sobre sua mesa.
━━ Ele me deu duas missões ao mesmo tempo.– A garota suspirou ao tirarem o peso de seus braços.– Tenho que levar isso até a sala dos professores, mas também tenho que comprar umas coisas no refeitório. Pode me ajudar com alguma delas?
━━ Bom, a caixa já está aqui.– Posicionou a caixa em seus braços.– Só tenho que entregar, certo?
━━ Isso, na mesa do Professor Han.– Continuou a amiga, ainda ofegante a acompanhando até a porta.– Obrigada, Ga-ram.
━━ Não tem problema.– Se virou para caminhar em direção aos corredores que dariam até a sala que precisava ir.– Corra para não perder o horário.
Dito isso, a Shin se pôs a caminhar, desviando de um ou dois alunos no trajeto.
━━ É difícil ver a frente segurando essa coisa.– Comentou consigo mesma através de um suspiro.
Sentiu uma forte colisão com seu braço.
━━ Ai!– Seus olhos se fecharam devido à dor repentina adquirida pelo impacto.
━━ Caramba.– Escutou a reclamação da pessoa na qual tinha esbarrado, fazendo seus olhos se abrirem se supetão.
Droga!
━━ Garota mascarada?– Han Seo-jun observou a morena à sua frente que tinha a cabeça baixa.
━━ Desculpa.– Foi tudo que disse e voltou a caminhar, logo sendo parada por um corpo se pondo em sua frente.
━━ Ei, sua amiga não devolveu meu capacete.– A voz do Han estava próxima, e claramente intimidadora.
━━ Droga, Limju.– Sussurrou para si mesma. Quando ele se aproximou um pouco mais acabou tocando em seu braço, o que o fez a garota sentir uma pequena pontada em seu braço.– Ela estava muito ocupada, deve ter se esquecido.
━━ Esqueceu? Vocês perderam o juízo?– O tom de indignação deixou os lábios do mais alto.– E por que não lembrou ela?
━━ Eu sinto muito.– No momento tudo que Ga-ram queria era que o rapaz saísse de perto e esquecesse da sua existência.
Ah! E que seu braço parasse de doer.
━━ Você acha que eu sou mole porque fui legal uma vez, não é?– Han Seo-jun se afastou um pouco, fazendo a pressão em seu braço diminuir.
Quando ele tinha sido legal? A Shin se perguntou.
━━ Não, não acho.– Por que ele não podia simplesmente desistir disso?– Olha, trago o capacete amanhã sem falta.
━━ Ótimo, você vai me entregar ele.– Se aproximou novamente fazendo a morena prender o suspiro.– Se não trouxer amanhã, vai ter problemas comigo.
━━ Entendi.– Um grito de alívio quase saiu pelos lábios de Ga-ram quando o garoto fez um gesto com a cabeça indicando que ela podia voltar ao seu caminho.
Ela logo se abaixou passando pelo braço do Han que se escorava na parede, caminhando o mais rápido possível até a sala.
━━ Uau!– Seo-jun pôde escutar as exclamações dos amigos assim que assistiu a garota deixar o corredor.
━━ Por que foi tão cruel?– Cho-rong perguntou ajustando o espelho que segurava.– Nem foi ela quem pegou o capacete.
━━ Mas ela estava lá, isso me irrita.– Han arrumava seu cabelo enquanto falava.– E a amiga dela o pegou, alguém tem que devolver.
━━ Por que uma deusa roubaria de um plebeu?– Perguntou o amigo indignado.– E outra, a garota máscara é melhor amiga dela, e se ela destruir seu capacete por ter ameaçado a amiga?
━━ Ela não teria essa coragem, além disso..– Sua frase foi interrompida por um empurrão, o fazendo se desequilibrar.– Quem foi o idio..!
━━ Fui eu, o idiota.– O inspetor o encarava com um grande sorriso, assistindo os mais novos arrumando o uniforme.– Estão achando que estão em uma sauna?
Seus passos eram lentos e desanimados, havia passado no centro da cidade para comprar algumas coisas que precisava, mas já estava escuro quando terminou.
Havia enviado uma mensagem para Ju-kyung lhe avisando do capacete mais cedo, e pediu que lhe entregasse amanhã antes da aula para que pudesse devolver antes do período escolar.
Se sentiu perdida quando a amiga a enviou uma mensagem desesperada dizendo que seu irmão havia vendido on-line, e tudo que a garota respondeu foi um:
"Vou tentar resolver isso, foque nas ameaças de Su-ho.
Obs: Diga a seu irmão que ele tem que conseguir o capacete de volta, ou eu mesma acabo com ele."
Nesses momentos agradecia por ser filha única.
Seu estômago roncou, fazendo-se lembrar que ela não havia comido nada durante todo o dia.
Havia dormido bem naquela noite, e por ironia do destino foi justo o dia que seu despertador resolveu não tocar. O resultado foi Shin Ga-ram saindo de casa às pressas e não tomando café da manhã. Ela nunca comia na escola, precisaria tirar a máscara para isso, e estava fora de cogitação.
Então, vivia todos os dias com um café da manhã reforçado e a janta, mas até então não havia feito nenhuma das refeições.
Ela se sentia fraca ao caminhar pelas ruas escuras, mais alguns minutos e estaria em casa. O fato de viver em um bairro familiar lhe deixava mais tranquila para transitar, contudo ainda assim tentava se manter atenta a tudo, mas era complicado quando estava se sentindo tão enfraquecida.
Seu corpo lhe pedia para que parasse um pouco, implorando por descanso.
━━ Talvez ter ido..ao centro depois de um dia sem..comer não tenha sido..uma boa ideia.– Sua voz saiu sussurrada.
Foi quando ela decidiu parar, se agachando em um dos lugares com luz, enquanto deixava o corpo descansar. Sentia que tudo girava, e podia sentir-se cambaleando.
Levantou a cabeça levemente para encarar o lugar que estava, logo notando ser um parque. Mas a frente ela avistou alguém lhe encarando, mas sua visão estava embaçada demais para focar naquilo.
━━ Preciso..de um banco.– Sua voz soou, mas foi só tentar levantar para se desequilibrar novamente.
Shin Ga-ram sentiu-se ser amparada por alguém mais alto que a guiou até um banco, a ajudando a se sentar.
━━ Senhor..– Tentava continuar a frase mas sua voz não saia como queria.
━━ O que houve com você?– A pergunta chegou aos seus ouvidos, fazendo seus olhos irem em direção ao dono da voz.– Você almoçou hoje?
A garota ainda encarava a pessoa embaçada a sua frente. Não sabia como, considerando seu estado no momento, mas conseguiu reconhecer a voz.
━━ Su-ho..?– O sussurro saiu da sua boca antes que pudesse pensar.
━━ Você comeu algo hoje, Ga-ram?– Sua voz voltou a se repetir de forma autoritária.
A Shin não se sentiu capaz de falar naquele momento, então ainda o encarando acenou negativamente, escutando um longo suspiro vindo do mais alto.
━━ Vou tirar sua máscara para que possa respirar com mais facilidade.– Avisou levando a mão até seu rosto, mas parando alguns centímetros antes.– Eu posso? Não tem mais ninguém aqui.
Ga-ram pensou um pouco antes de acenar a cabeça em concordância.
Logo sentiu a mão do garoto tocar sua pele, fazendo-a se arrepiar, já que sua mão estava fria.
Respirou lentamente, sentindo o vento em todo o seu rosto. O ar que entrava em seus pulmões era limpo, e tinha cheiro de flores, talvez devido ao parque bem arborizado.
Deu um pulo leve devido ao susto de uma mão em sua nuca, foi quando notou Lee Su-ho levando uma garrafa de água em direção a sua boca.
Ela deixou que o rapaz a ajudasse, mas alguns minutos depois, quando sentiu que tinha forças para fazer por conta própria. Tomou a garrafa da mão do garoto de forma delicada.
A tontura não estava mais presente, mas ainda sentia certa moleza.
━━ Consegue ficar aqui sozinha por um minuto?– Escutou a voz de Su-ho depois de um tempo em silêncio.
━━ Sim.– Foi tudo o que disse, seu olhar agora estava em uma das árvores do parque, enquanto respirava lentamente.
Ao escutar passos apressados ela desviou o olhar para assistir o Lee se distanciando de forma apressada.
━━ Que grande noite.– Murmurou dando um longo suspiro.
Não estava nos seus planos passar mal, e muito menos ser ajudada por Lee Su-ho, o coração de gelo.
Não sabia exatamente como se sentia sobre isso, mas torcia para que não se repetisse.
Não demorou mais que cinco minutos para que Su-ho voltasse, agora com uma sacola nas mãos.
━━ Tome isso, vai ajudar seu estômago.– Se sentando ao lado da garota, ele logo retirou da sacola um pequeno frasco de bebida, o abrindo e entregando para Ga-ram.– Tem que tomar tudo.
A morena permaneceu em silêncio enquanto bebia o líquido do frasco fazendo uma careta logo em seguida.
Eca, que amargo.
━━ Eu não sabia qual preferia, então trouxe os dois.– Sua fala ganhou a atenção da mais baixa, que o observou retirar dois sanduíches da sacola, estendendo para que ela pudesse escolher um deles.
Ela logo observou dois grandes sanduíches naturais, eles eram iguais.
Ovo, salada de batata, um pedaço de presunto e salada de alface.
A única diferença era que em um deles o presunto era apimentado.
Ga-ram logo pegou a outra opção antes de comentar de forma baixa.━━ Eu não posso comer pimenta.
Su-ho concordou, e por algum motivo, fez questão de anotar aquela informação na sua cabeça.
Shin Ga-ram não podia comer pimenta.
Ela deu uma grande mordida no sanduíche, mastigando de forma calma.
Talvez fosse a fome falando, mas aquele era o melhor sanduíche que tinha comido em toda sua vida.
Seus olhos fecharam em apreciação, mas logo foram abertos ao sentir uma aproximação de seu rosto. Seus olhos ficaram na mão do colega de classe que segurava uma garrafa com suco, o qual ela logo notou ser de pêssego.
Aceitou de bom grado.
━━ Por que não comeu na escola?– A voz de Su-ho quebrou o silêncio depois de alguns minutos.
Ga-ram já tinha terminado de comer, e agora segurava a garrafa de suco pela metade em suas mãos.
━━ Preciso tirar a máscara para comer, não me sinto confortável fazendo isso na frente de toda a escola.– Respondeu a Shin.
Um vento forte fez com que sua fanja saisse de seu rosto, dando total visão dele.
Su-ho o observou por um momento, em silêncio. ━━ Não entendo por que querem tanto esconder seus rostos.– Disse ao ver a garota arrumar a franja com rapidez, ele logo escutou um suspiro.
━━ Claro que não entende.
Ele nem ao menos precisava entender.
Se afundaria mais ao pensar isso, mas a verdade era. Grande parte das pessoas estavam vivendo suas vidas sem nem se lembrarem do sofrimento de outras.
Por que nada era sério demais até que acontece consigo mesmo, e no fim, ninguém está livre de sofrer.
━━ Portanto, não faça nada cruel com a Ju-kyung.– Sua voz se tornou tristonha, o que chamou a atenção de Lee.– Ela já se preocupa demais com muita coisa, não seja outra preocupação.
━━ Eu não..
━━ Sei que parece bobo, e talvez de fato seja para você, mas não é para ela.– Ela continuou.– Não se aproveite do sofrimento de outro alguém, é cruel.
O garoto estatístico encarava Shin Ga-ram com surpresa, mas ao mesmo tempo se lembrava de Ju-kyung correndo em sua direção para lhe trazer um quadrinho poucas horas atrás.
Ele estava sendo cruel?
━━ Obrigada pela ajuda Lee Su-ho.– O estudante assistiu a garota, que ainda usava seu uniforme, se levantar.– Obrigada de verdade.
Com isso, ele assistiu Shin Ga-ram partir, o deixando sozinho e com pensamentos demais na cabeça.
01| um capitulo de leves interações..
02| Gostaria de agradecer aos 500 view, e também a todos que interagem <3 obrigadaa de coração!
03| Aliaaas, no meu perfil no tik tok tem algumas edições de futuras fanfics que pretendo trazer aqui no perfil..vão lá dar uma olhadaaa <3
04| Não seja um leitor fantasma! Comente, vote, interaja..mas lembre-se, todos aqui tem sentimentos. Seja legal com o coleguinha.