𝙇𝙐𝙏𝘼 𝙋𝙀𝙇𝙊 𝙏𝙀𝙈𝙋𝙊...

By CPaesz

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Semanas antes da Tokyo Manji VS Valhalla acontecer, Takemichi descobre a existência de uma pessoa misteriosa... More

𝕻𝖗𝖊𝖋𝖆́𝖈𝖎𝖔
𝕺𝖓𝖊
𝕿𝖜𝖔
𝕿𝖍𝖗𝖊𝖊
𝕱𝖔𝖚𝖗
𝕱𝖎𝖛𝖊
𝕾𝖎𝖝
𝕾𝖊𝖛𝖊𝖓
𝕰𝖎𝖌𝖍𝖙
𝕹𝖎𝖓𝖊
𝕿𝖊𝖓
𝕰𝖑𝖊𝖛𝖊𝖓
𝕿𝖜𝖊𝖑𝖛𝖊
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖊𝖊𝖓
𝕱𝖔𝖚𝖗𝖙𝖊𝖊𝖓
𝕱𝖎𝖋𝖙𝖊𝖊𝖓
𝕾𝖎𝖝𝖙𝖊𝖊𝖓
𝕾𝖊𝖛𝖊𝖓𝖙𝖊𝖊𝖓
𝕰𝖎𝖌𝖙𝖍𝖊𝖊𝖓
𝕹𝖎𝖓𝖊𝖙𝖊𝖊𝖓
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖔𝖓𝖊
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖙𝖜𝖔
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖙𝖍𝖗𝖊𝖊
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖋𝖔𝖚𝖗
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖋𝖎𝖛𝖊
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖘𝖎𝖝
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖊𝖎𝖌𝖍𝖙
𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖓𝖎𝖓𝖊
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖔𝖓𝖊
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖙𝖜𝖔
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖙𝖍𝖗𝖊𝖊
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖋𝖔𝖚𝖗
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖋𝖎𝖛𝖊
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖘𝖎𝖝
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖘𝖊𝖛𝖊𝖓
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖊𝖎𝖌𝖍𝖙
𝕿𝖍𝖎𝖗𝖙𝖞-𝖓𝖎𝖓𝖊

𝕿𝖜𝖊𝖓𝖙𝖞-𝖘𝖊𝖛𝖊𝖓

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By CPaesz

O quê? Mas que porra é essa? O que aquele arrombado da Valhalla tá fazendo aqui na reunião da Toman? Shuji Hanma, aquele cara mandou matar a Hina no futuro! De quem foi a ideia absurda de juntar as duas gangues, afinal?

- APESAR DA DESVANTAGEM DE 100 DOS TOMAN E 300 DA VALHALLA, CONSEGUIMOS ALCANÇAR A VITÓRIA. O VICE-COMANDANTE DA VALHALLA, SHUJI HANMA, VEIO DAR A VOCÊS OS CUMPRIMENTOS! - Mikey anuncia

Hanma se aproxima da multidão, dá pra ouvir os passos do seu sapato ecoar no chão da escada. Um barulho bem alto na verdade, pareciam até mesmo os barulhos da sapatilha de tamanco da Hina... O Hanma tá usando tamancos femininos?

Me estico tentando ver, é paranóia da minha cabeça, só pode. Assim que consegui ver, percebi que não era ele a usar sapatilhas com tamancos, mas sim uma criança, Miha, que se escondia por trás dele calada e imitando Hanma com as mãos para trás como se estivesse no exército.

Nem prestei atenção direito no que Hanma estava dizendo. Que ideia de girico foi essa de trazer uma criança pra reunião?

- Nós decidimos nos render a Toman - Hanma anuncia a decisão - AGORA A VALHALLA VAI SE AFILIAR A GANGUE MANJI DE TOKYO!

A Valhalla vai se juntar a Toman? Mas, o Mikey não matou o Kazutora, não era pra isso acontecer, desse jeito as coisas continuam andando pra Toman maligna do futuro.

Escuto uma risadinha atrás de mim. Era a Hikari. Não estava sorrindo pra notícia, mas pra criança lá na frente junto aos comandantes e vice-comandantes que acenava de volta pra ela. É verdade, Hikari e Miha dividem o mesmo quarto no orfanato em que moram. Mas se elas são amigas, por que Miha estava na Valhalla e não na Toman? Por que ela não voltou pra Toman junto com a Hikari depois do Halloween Sangrento?

Olho pra quem está na frente dela como se estivesse protegendo ela e minhas perguntas recebem uma resposta. Miha ficou pelo Hanma... Aquele cara se importa com alguém além dele mesmo?

Os delinquentes começam a vibrar com a notícia de que a Toman está crescendo, afinal, agora que a Valhalla se uniu com a Toman, nossa gangue terá 450 membros. Tudo está caminhando pro crescimento estrondoso da gangue futura.

- Dessa vez teve um cara que fez a união entre mim e o Mikey. VEM AQUI EM CIMA, TETTA KISAKI!

Tá de sacanagem. Esse cara? Não pode ser, é por culpa dele que a Toman vai cair em matança e a Hina vai... Meu coração começa a perder a noção do ritmo e parece querer sair pela boca enquanto vejo o Kisaki subindo as escadas até o topo.

Mikey se virou para Hanma estendendo a mão para simbolizar a união, mas ele não apertou sua mão deixando todos confusos. Fez um gesto de "vem" para a Miha que correu até ele. Hanma esperou ela se aproximar, pegou sua mão, uniu a dele como uma só e apertaram a de Mikey.

Todos ficaram boquiabertos em silêncio e de olhos arregalados, como se estivessem presenciando um crime horrível - Cê não tá entendendo nada, né? - Pey-Han me pergunta. Seus olhos já eram arregalados, mas agora pareciam sair para fora.

- Não... Por que todo mundo ficou espantado de repente?

- O vice-comandante da Valhalla, Shuji Hanma, acabou de fazer um nomeação sutil. Ele colocou a menina pra representar a Valhalla junto dele no aperto de mãos da união de gangues.

- Isso quer dizer que, a Miha não é só um membro da Valhalla?

- Nunca deve ter sido, cara, pra colocar alguém como representante junto com o vice-comandante a pessoa já tem que ter uma função especial interna na gangue.

Uma função especial? Que função uma criança poderia ter dentro de uma gangue como a Valhalla? Puxo das memórias qualquer coisa que possa me dar alguma dica sobre o que está acontecendo e me recordo. Desde que o Halloween Sangrento acabou e a Hikari voltou pra Toman, levou a Miha pra alguns passeios com a galera e ela costumava fazer algumas perguntas um tanto invasivas sobre as nossas vidas.

"Quem são as pessoas importantes pra vocês?"
"Vocês morreriam por alguém?"
"Onde vocês moram?"
"Já brigaram com alguém da gangue?"

Por que ela estaria fazendo aquelas perguntas logo quando começou a ter amizade com Hanma e frequentar a Valhalla? Espera, quem comanda tudo na Valhalla é o Kisaki... Não, seria possível a Miha ser uma espiã?

Não tem outra lógica, não acredito que o Kisaki foi tão baixo a ponto de usar uma criança nos seus planos.

Se Miha é uma soldada espiã do Kisaki, isso significa que agora ele tem acesso a várias informações pessoais dos membros da Toman.

Tenho de admitir que ele foi esperto, ninguém desconfiaria de uma criança curiosa fazendo perguntas.

Quando Kisaki pôs sua mão sob as de Mikey, Hanma e Miha, o silêncio se transformou na vibração de diversos gritos dos membros comemorando a união das gangues. Apenas eu estou em silêncio, ou era o que eu achava até me virar de costas e ver que Hikari também está quieta encarando fixamente Kisaki de um jeito assustador.

- TEM MAIS UMA COISA QUE QUERO DIZER - Mikey chama a atenção pra ele - Assim como ganhamos coisas no Halloween Sangrento, perdemos temporariamente o capião da primeira divisão para o coma.

Um grupo de aproximadamente cinquenta pessoas do outro lado da multidão suspiraram ao mesmo tempo, era a divisão do Baji, estavam preocupados com o capitão deles. Chifuyu principalmente.

- E enquanto ele não acordar, a sua divisão não vai ficar sem um capitão no comando - Chifuyu se posicionou logo atrás do Mikey e ajeitou a sua coluna discretamente - Você pode assumir daqui, vice-capitão da primeira divisão, Chifuyu Matsuno.

Vão escolher um capitão temporário? Isso é bom. Chifuyu deve estar se sentindo pressionado em ter que cuidar da divisão sozinho e lidar com o coma do melhor amigo ao mesmo tempo.

- Eu cheguei a pensar em abandonar a Toman, voltar só depois que Baji acordasse. Mas o capitão me disse: Você vai mesmo apagar a chama da primeira divisão?... Mas aceitar a posição de capitão, mesmo que temporariamente, seria um cargo pesado demais pra mim.

Chifuyu baixou a cabeça com sua confissão e se calou por alguns segundos. Foi mal, Chifuyu, o cara que mais sofreu com isso tudo foi você.

- Eu e o comandante conversamos por muitos dias, ficamos na dúvida entre duas pessoas até chegarmos numa conclusão, e eu já sei quem eu quero seguir nesse meio tempo. - Chifuyu levantou a cabeça de volta, encarou com determinação a multidão - EU QUERO QUE A CAPITÃ TEMPORÁRIA SEJA HIKA----

- PERMISSÃO PARA FALAR, COMANDANTE! - Hikari levantou a mão interrompendo.

Todos se viraram pra ela. Por que ela fez isso? Chifuyu ia convidar ela pra comandar a primeira divisão. Mikey tirou as mãos do bolso estreitando os olhos em confusão - Permissão concedida.

- Agradeço por me receberem de volta mesmo após  eu e Keisuke Baji, o meu irmão... Temos o traído.

"Ela falou 'meu irmão' ou escutei errado?"
"O capitão tem uma irmã?"
"Por isso os dois são do caralho!"

Não querendo colocar esteriótipos mas, ela não era órfã? Se a Hikari tem família, porque cresceu num orfanato? Estou tão chocado quanto toda galera, não esperava por nada assim.

Então foi por isso que o Baji levou ela junto com ele quando saiu da Toman...

Draken, Mitsuya e Mikey não pareceram surpresos. Mikey jogou os ombros pra trás - Sabemos que se infiltraram na Valhalla pra proteger nossa gangue, não são traídores.

- Mesmo assim... - Hikari se curvou com as mãos para trás, seus cabelos caíram diante do rosto - Anuncio a minha saída da gangue, permanentemente.

Então foi por isso que ela interrompeu o Chifuyu. Mas, por quê? Não pode ser permanente, afinal, em todos os futuros, ela está na Toman como número dois.

Será que agora, ela não vai mais estar? Se é a Fênix quem passa os comandos no futuro, então isso significa que... A Hina não vai...

Mikey ficou em silêncio por alguns segundos antes de chamar ela pra conversar atrás do santuário - Kenzinho, toma conta de tudo aí - Draken assentiu e os dois saíram.

Depois daqui eu vou direto pro futuro, porque agora eu estou certo de que eu consegui. E dessa vez, a Hina vai estar viva!

⏤͟͟͞͞ ✯࿏ ᴹᶦᵏᵉʸ ࿏✯⏤͟͟͟͞

-Não.

- Você não pode dizer não pra uma decisão que é minha.

- Tô nem aí, você não sai.

- Meu Deus, quanta infantilidade... - Ela cruzou os braços e virou o rosto bufando de raiva. Se vira de costas pra mim e começa a andar - Você não manda em mim, Manjiro.

Nem me dei conta de quando dei alguns passos e peguei sua mão, puxando-a de volta - Eu disse que você não sai.

- Qual é o seu problema? Por que tá sendo tão criança?

- Não quero perder você também - Não era a intenção, mas minha voz sai com um tom de preocupação e raiva.

- Eu não tô saindo da sua vida, Manjiro. Nem de ninguém com quem fiz amizade nesse tempo. Eu só não quero mais fazer parte da gangue.

- Então eu vou sair com você!

- Para com essa bobagem, você é o líder. A gangue é o seu sonho, lembra? Sua nova era de delinquentes.

Baixo minha cabeça ainda sem soltar da sua mão, quentinha. Meus dedos começam a se mover sozinhos e a acariciar sua mão enquanto penso. Não dá. Sem ela do meu lado, meu sonho não vai estar completo - Por favor, não saia, não é mais a mesma coisa sem você...

Escuto seu suspiro. Não estava irritada comigo nem nada do tipo, só parecia...cansada. Levanto levemente meu olhar e a vejo um pouco ruborizada, não consigo deixar de sorrir ao vê-la assim - Olha, Manjiro, a gente ainda vai se encontrar, tá...?

Abri um sorriso enorme, ainda maior do que eu imaginava ser capaz ao escutar que mesmo que ela saia, ainda vamos nos ver.

Isso é quase uma confirmação de casamento, né?

Seus brilho nos olhos ficava ainda mais bonito de noite. Queria dizer o quanto a amo, não espero nenhuma reação, só queria soltar esse sentimento dentro de mim mundo afora. Estava na ponta da língua, eu só precisava dizer a ela.

- Se cuida, luzinha.

- Prometo que vou.

POR QUE EU NÃO DISSE? POR QUÊ? O QUE TEM DE ERRADO COMIGO?!

Ela abriu aquele sorriso de novo e eu sorri junto. Se for pra manter esse sorriso sempre no seu rosto, está tudo bem sair da gangue. Eu sei que vamos estar sempre lado a lado. Independente das circunstâncias, ela sempre volta. Sempre.

Me inclino na sua direção e ela não se afasta. Seus lábios estão contra os meus, suaves e doces. Todos os meus sentidos estão em voltagem máxima. Chego mais perto, ela abre a boca e passa a língua entre meus lábios, é ousada, mas não vou me arrepender.

Viro delicadamente seu rosto para aprofundar o beijo.  Nossas línguas brincam de se roçassem uma na outra. Minha mão desliza pela sua nuca enquanto a outra segura sua cintura que arfa quando a aperto firme.

Ela se torna ainda mais ousada e se aproxima, correndo os dedos pelo meu cabelo. Faço o mesmo, é mais mácio do que eu imaginava. Sinto cada contato da sua pele contra a minha e me sinto incrível. Absolutamente vivo!

Quando ela se afasta, olhamos um para o outro, ela está ofegando e percebo que eu também, mas nitidamente consigo segurar mais ar em meus pulmões. Começamos a nos aproximar outra vez.

Seus lábios estão quentes nos meus novamentes quando um barulho de pigarreio se faz presente atrás da gente estragando o momento.

- Caralho, cheguei bem na hora da merenda! - Nahoya...

- Sai daqui, Smiley!

- Vai dar não, chefia. A reunião já acabou. Escolheram o Hanagaki pra ser o novo capitão temporário no lugar da Hikari.

Apontou pra trás dele e vimos toda galera começando a sair, todos eles olhavam pra mim e ela surpresos e rindo. Não deu tempo de mais alguém além do Nahoya ter visto o beijo então qual é o problema? Não podemos estar perto um do outro?

O ruivo saiu rindo quando Draken e Mitsuya chegaram, também nos olhando surpresos. Sem dizer nada Draken apontou pra gente, segui na direção que ele apontava e então vi que minha mão ainda estava firme na cintura dela e uma de suas mãos ainda estava entre meus cabelos. Rapidamente ela baixou a mão até meu ombro e se pendurou como se estivesse caindo - Nossa, valeu Mikey. Eu podia ter caído feio.

Entendi sua ideia - Que bom que te segurei, né.

- É, pois é! - Ela riu nervosa, se afastando.

Mitsuya começa a gargalhar - Que queda é essa que a pessoa só percebe que tá caindo meia-hora depois?

- Você gosta de viver, não gosta, Mitsuya?

Ele coloca as mãos para o alto em sinal de rendinção - Já não tá mais aqui quem falou! - Ainda rindo.

- É porque ele é um tapado e demora pra entender as coisas - Hikari afirma apontando pra mim.

- EU SOU TAPADO?

- Claro! - Ela confirma a fala piscando pra mim, na esperança de que eu fizesse o mesmo.

Mas eu me senti ofendido - Por que eu que sou o tapado? Tapada é Você!

- Eu não sou tapada, não!

- Cês se gostam, né? - Mitsuya pergunta

- NÃO! - Ela grita fazendo todo mundo calar a boca.

- Não? - Pergunto só de pirraça. Suas bochechas ficam vermelhas novamente, mas dessa vez de raiva. De qualquer forma, a deixa bonita.

- Claro que não

- Mas como assim, não? Não gosta de mim?

- Não, eu gosto...

- Ah bom!

- Mas não do jeito que Mitsuya está falando, né, Manjiro! - Ela diz grave, se forçando a não gritar comigo.

Linda demais.

- Então... Vocês não tão ficando? - Mitsuya volta a perguntar, querendo ter a certeza.

- NÃO! - Hikari grita mais uma vez.

- Pelo jeito, não.

Ela me olha furiosa e eu sinto vontade de rir, mas me contenho. Se eu rir agora eu sou morto por ela.

Do meio do nada surge Hanma cutucando o ombro dela e apontando pra Miha. Ainda não entendi a lógica por trás dele ter trazido a menina pra reunião, mas ele parecia saber bem o que estava fazendo - Tem alguém querendo falar com você - Ele diz pra Hikari.

- Tchau, loirinho! - Hikari me dá um selar na bochecha e rapidamente começa a caminhar até Miha sem pensar duas vezes. Mas para no meio do caminho e me olha de volta - Vai me ver amanhã, não é?

Sorrio - Sempre!

Ela sorri antes de se virar novamente e indo até a menina. Não gostava dela perto de Hanma, na real, não gosto daquele cara. Suspiro relaxando os ombros (ou tentando, pois ainda estou inquieto com ela perto do Hanma) e saio dali indo até minha moto assobiando uma melodia qualquer.

- Loirinho? Beijinho na bochecha? - Mitsuya pergunta a si mesmo confuso - Mas eu achei que... Pensei que eles não... Ué...

- Desiste, só desiste, eu já parei de tentar entender esses dois - Draken sugere ao amigo e indo atrás do Mikey.

Mitsuya aceita o conselho, sacudindo a cabeça e desistindo - E eu achando que não tinha como complicar ainda mais...

⏤͟͟͞͞ ✯࿏ ᴴᶦᵏᵃʳᶦ ࿏✯⏤͟͟͟͞

Miha tinha me chamado para pedir desculpas por ter dito que não gostava mais de mim. Eu aceitei as desculpas, é claro. É apenas uma criança que teve uma crise de raiva momentânea. Ela nunca tinha feito nada igual e está tudo bem deslizar às vezes.

Estou caminhando com ela de volta ao orfanato na companhia de Hanma. Ela está entre nós dois contando sobre o dia maluco que teve depois que fugiu da escola com ajuda do Hanma e junto do Naoto. Sinceramente, não apoio a forma como ele está cuidando dela, mas não posso dizer muito.

Hanma pelo menos esteve com ela enquanto eu cometi o erro de trocá-la por uma aventura de gangue. Graças a isso, não protegi Miha como deveria e falhei.

Tive exemplos de criminosos dentro de casa e na família. Ran, Rindou, Kakucho, e principalmente Izana. Pensei que queria ser como eles e confesso que gostei dos meses que passei ao lado da Toman, mas não era meu lugar, a delinquência não é o meu lugar.

- Aí a gente se beijou - Miha conta numa naturalidade. Ela sempre tem essa mania de falar com normalidade, coisas não muito normais ou chocantes.

- Pera aí, como é a história? - Hanma parou de andar e se intrometeu - Você e o Naoto, o quê??!

- Foi só um selinho, assim oh - Ela faz biquinho e simula como foi.

Dou risada. Quem nunca teve um crushzinho de infância? Mas Hanma não parecia nada sorridente.

- Não quero mais você perto desse moleque, tá me entendendo bem?

Miha arregala os olhos jogando os braços pra frente e gaguejando indignada - Quê? Mas por quê?

- Como por quê, por quê, porque eu falei que não é mais pra ver ele e acabou. Não tem que questionar não.

Ela me olhou suplicando ajuda. Sorri acariciando seus cabelos e me virei pra Hanma - Deixa a menina, Hanma. Você não é um ótimo exemplo.

- Cala a boca. Não se mete na forma que eu crio ela.

Ele diz num tom de grosseria. Estou prestes a dizer algo quando Miha puxa os próprios cabelos pela franjinha e rosna - De novo isso. Vocês não cansam nunca? - É verdade, no caminho até aqui eu e Hanma já nos desentendemos umas cinco vezes. Suspiro alto e Hanma dá de ombros. Miha pega nossas mãos e as segura com as suas - Façam as pazes!

- Ah não, Miha. Aí já é pedir demais

- Tá doida, piveta?

Ela parecia estar falando sério. Me aproximo dela pra tentar falar, mas assim que dou um passo à frente ela retira uma arma do bolso e mira em mim.

- Eu pedi pra fazerem as pazes, poxa - Ela diz num tom suave e calmo, sequer deve estar entendendo a gravidade da situação.

Me afasto calmamente enquanto ela me olha neutra, como se o fato de estar segurando uma arma fosse algo normal - Florzinha, abaixa isso...

- Não é florzinha, é Fênix.

Mas que porra é essa de Fênix? Da onde ela tirou isso? Olho pra Hanma confusa esperando que ele me explicasse.

- Ela ouviu me chamarem de Zumbi e quis um apelido pra ela também. Que que tem?

Ele explica sem mover um dedo pra tirar a arma das mãos dela - Você não vai fazer nada?!

- Tá travada, ela tá só brincando.

Miha destrava a arma facilmente num movimento leve e rápido. Seus dedos estão no encaixe perfeito do gatilho prestes a disparar. Mais uma vez olho pra Hanma em choque - VOCÊ ENSINOU ISSO PRA ELA?!

- Tá descarregada, relaxa. A munição tá comigo.

- RELAXAR? VOCÊ ENSINA UMA CRIANÇA A USAR ARMAS, DEIXA ANDAR COM UMA NA MÃO COMO SE FOSSE UM BRINQUEDO E SÓ DIZ "RELAXA"?!

- Não briga com o tio Hanma, fui eu que pedi pra aprender.

- ESSA NÃO É A QUESTÃO, MIHA. E LARGA ISSO AÍ!

- Não - Ela faz uma cara emburrada. Desde quando se tornou desobediente?

Hanma solta uma risada anasalada e estica a mão pra ela - Entrega pro tio, vai - Miha se estica até ele e lhe entrega diretamente na mão, sem rodeios.

Hanma guarda o revólver na cintura e volta a agir como se nada tivesse acontecido - VOCÊ TEM PROBLEMA?

Começo a gritar mais alto e ele me rebate. Sequer estou escutando quando ele para de me responder e olha pra Miha, confuso. Olho pra ela e a vejo colocar uma mão na garganta e respirar fundo de maneira ofegante.

- Que porra é essa, piveta?

- É um ataque de asma, seu idiota! Tem uma bombinha com você, Miha?

Ela nega com a cabeça. Hanma pega ela no colo e começa a correr pro lado contrário do orfanato. Provavelmente indo pro hospital.

- EI! TÁ INDO PRA ONDE? O ORFANATO É NA PRÓXIMA RUA! TEM BOMBINHA DELA LÁ!

Ele balança a cabeça, confuso pra que lado seguir. Não entendi sua relutância em seguir na direção do orfanato, já que era três vezes mais próximo do que o hospital - Mas que porra... - Ele sussurra irritado. Dá meia volta e começa a correr - Bora logo pra essa merda.

Corri ao lado deles. Miha se agarrou no pescoço dele, começando a tossir e respirar cada vez mais pesado. Hanma não expressava nada enquanto corria, mas dava pra sentir seu desespero pelo olhar.

Assim que viro a esquina eu paraliso em choque. O orfanato inteiro estava em chamas, incendiado. Olho ao redor e vejo que todas as crianças estão do lado de fora junto com a "bruxa" assistindo o fogo queimar cada pedaço da arquitetura.

Como vamos entrar pra buscar as bombinhas agora?

Hanma estica os braços me entregando Miha, pronto para entrar. Mas ele não conhece nada do orfanato e se perderia entre tantas portas e escadas. Antes que ele a me entregasse, eu corro para dentro do local. Conheço esse lugar melhor que ninguém, vou conseguir sair.

Comecei a correr pelos corredores, a fumaça era muita e precisei me abaixar para não inalar aquele ar tóxico, mas assim que me abaixo sinto algo líquido molhar meu casaco e o cheiro da gasolina sobe.

Não tinha gasolina dentro do orfanato, veio de fora. Não foi um acidente.

Me levantei de novo e retiro o casaco antes que ele seja incendiado por ter ficado molhado pela gasolina. Sou forçada a ficar de pé, inalando toda aquela fumaça. Cubro meu nariz com a fina blusa que estava por baixo do casaco e continuo correndo até chegar no quarto das meninas. A porta estava trancada por dentro, mas como? Não tinha mais ninguém aqui. Arrombei a porta no chute e comecei a revirar as gavetas em busca das bombinhas.

Minha visão começou a ficar embaçada pelas chamas e o ar parecia pesar cada vez que entrava pelos meus pulmões. Não tem mais oxigênio.

Se torna mais difícil ainda enxergar onde estou mexendo e passo a procurar as bombinhas apenas pelo tato das mãos. Não estão aqui. Nunca as tirei desse quarto e agora não estão em lugar algum.

Paro de mexer nas gavetas e passo a bater nos colchões e travesseiros. Quando bati em uma cama específica senti o plástico duro das bombinhas juntas no meio das cobertas molhadas por gasolina. Se eu colocar minha mão ali, vou me queimar gravemente.

Todas as bombinhas que Miha tinha, juntas em um só lugar e enroladas nas cobertas ensopada do mesmo líquido usado pra causar esse incêndio. Porém, a gasolina estava concentrada exatamente na cama em que Miha dorme.

O incêndio começou na cama dela, tacaram gasolina e tentaram queimar suas bombinhas. Se não fosse pelo incêndio, seria pela asma. Alguém tentou matar Miha.

Fechei meus olhos e coloquei minha mão no fogo. Sinto o calor me queimar seguida por uma dor intensa. Mordo meus lábios, mas não adianta e acabo gritando de dor. As lágrimas descem pelo meu rosto à medida que a sensação de queimação aumenta.

Finalmente pego uma das bombinhas, a única que ainda não estava derretida por completo. Volto a correr em direção a saída assoprando minhas mãos, mas até mesmo o ar chegava a doer.

Finalmente saí. Vi Miha e Hanma sentados no chão, ele estava a inclinando ligeiramente para a frente, colocando os cotovelos repousados nos braços dele. Ela os apertava enquanto ele mantinha sua cabeça erguida, para facilitar a respiração; obviamente estava ansioso, mas se esforçava para ficar calmo e não a espantar ainda mais.

Corri até eles e entreguei. Hanma segurou a bombinha no ar e disparava o jato enquanto Miha fazia a inspiração pela boca.

Me pareceu estranho, estranho demais como Hanma não ficou surpreso ao ver o incêndio. Mas não consegui dizer nada. Miha voltar a respirar foi a última coisa que vi antes de desmaiar.

Minhas pálpebras estão pesadas e sinto meus dedos formigando, além de palpitações. Abro meus olhos e sou cegada pela luz branca do hospital. Por que estou aqui? Tento me sentar e então alguém me impede.

- Se aquieta aí, cê ainda tá mal - Hanma.

Assim que o vejo me lembro do porquê estou aqui. Volto a ficar deitada, levemente inclinada como qualquer maca de hospital - Cadê a Miha?

- Sendo atendida. Os bombeiros chegaram logo depois do seu desmaio e levaram vocês duas direto pro hospital.

- Quanto tempo eu dormi?

Ele suspira - Algumas horas...

- Horas? Por que estão demorando tanto pra atender ela?

- Já atenderam... - Ele colocou as mãos nos bolsos da calça e virou o rosto - Ela tá fazendo uns exames de imagem do pulmão.

- Exames de imagens? Mas, por quê?

- Depois que você desmaiou, ela cuspiu sangue. Falaram que pode ser só Hemoptise, uma irritação por causa da crise asmática, mas por precaução tão fazendo exames.

Já ouvi falar sobre isso, não é algo raro e nem perigoso, então me tranquilizei. Mas Hanma parecia inquieto, estalava os dedos por dentro dos bolsos e rangia os dentes sem parar.

- Sei que gosta dela também, mas não precisa de todo esse nervosismo. Ela vai ficar bem.

- Se você visse o tanto de sangue que saiu da boca dela... - Ele estala todos os dedos de uma vez e se levanta da cadeira - Vou fumar um pouco.

Sua reação me lembrou do Rindou. O fato de sempre beber pra relaxar.

O jeito como Hanma engoliu em seco quando contou que Miha cuspiu muito sangue me deixou preocupada. Por favor, que esteja tudo bem.

Olho pras minhas mãos e as vejo enfaixadas com gaze. Movo meus dedos normalmente, mas não os sinto. Apenas fica formigando com dormência.

Me lembro de como o incêndio tinha sido instaurado de forma certeira para prejudicar Miha. De como Hanma não estava surpreso o incêndio. Será que ele... Não. Ele não estava surpreso, mas sua preocupação era genuína. Dá pra perceber como ele nunca faria nada de mal para ela.

Tenho certeza de que não foi ele, mas então, quem tentou matar a Miha, e por quê?

Eu tenho que descobrir.

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