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By Tha95rg

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By Tha95rg

CAPÍTULO DEZENOVE
Interrogações


  𝐀pós um dia tão conturbado, Rory se acomodou próxima à janela de seu quarto, de onde era possível ver qualquer chegada ao casarão e decidiu que só sairia dali quando sua mãe voltasse com notícias.

  Tentar dormir seria perda de tempo, apesar de todo o cansaço psicológico que também afetava seu corpo. Não conseguia parar de pensar em Eric, do quanto o estado atual dele deixava Mike e Angela tão devastados, assim como todo o grupo escolar deles.

  Sobrava espaço em sua mente também para pensar em Vincent, na forma amedrontada como ele foi embora logo após resgatar Eric. Parecia até mesmo repentinamente doente, como se a situação como um todo tivesse sugado grande parte de sua energia vital.

  O pior era lembrar que ele vivia sozinho, não tinha ninguém para certificar de que ele estava bem e seguro. Era ele por ele.

  Apesar de ter jurado manter uma distância segura do garoto para não aflorar ainda mais os sentimentos inexplicáveis dele, Rory sentiu que naquele ocasião não poderia simplesmente ignorá-lo. Prometeu a si mesma que no dia seguinte procuraria o Cullen, seja na escola, na livraria em que ele trabalha ou até mesmo em casa. Não sabia onde ele morava, mas daria um jeito. Viviam em uma cidade minúscula, não deveria ser tão difícil assim achar uma casa que você não tem a mínima noção de onde fica.

  Os devaneios da Newton, de repente, foram desviados para batidinhas discretas na porta, seguida pela abertura da mesma e a revelação da chegada de um outro Newton. Mike parou na soleira da porta, ainda tendo a mesma postura caída que de manhã, e não adentrou completamente de imediato.

— Mike... — o silêncio do garoto fez com que um frio percorresse pela coluna da mais nova, que interpretou como notícia ruim.

— Minha mãe em complô com a sua me obrigaram a sair do hospital para descansar, como se fosse possível... — o citado quebrou o silêncio e foi possível notar seus olhos umedecidos — Elas não entendem que me sinto melhor ficando lá. — suspirou, fragilizado.

— Ah, primo, vem cá. — sensibilizada e tentando conter o impulso das próprias lágrimas, Rory estendeu os braços para o mais velho, que avançou em sua direção no mesmo instante.

— Eric não pode morrer! — repetiu com firmeza, enquanto acomodava a cabeça no colo da parente — Ele é tosco, insuportável de se conviver algumas vezes, tem as piores piadas do mundo, mas apesar disso tudo ele é meu melhor amigo... — murmurou, sua voz falhando no final.

— Ele não vai morrer. A equipe do hospital está cuidando disso. Dou menos de uma semana para que ele volte a nos irritar com toda sua intensidade. Ele vai ficar bem. — rebateu com confiança enquanto secava a primeira lágrima que escorreu dos olhos do primo.

— Eu espero. — Mike fungou e apertou as mãos em frente aos olhos — Eu estou um caco, mas não consigo desligar minha mente. Toda vez que tento, algo me faz lembrar de novo... — suspirou alto.

  Ver alguém de personalidade tão golden retriever quanto Mike com tamanha sensibilidade deixava Rory em desespero. Queria tirar o mais rápido possível a angústia que ele estava sentindo, mas aquela foi uma das raras ocasiões em que não sabia mais o que falar, porque sabia que nada adiantaria a não ser Eric pessoalmente dizendo com todas as letras que estava bem. E não sabia quando esse momento aconteceria.

  Enquanto focava toda sua atenção no primo, onde acariciava com cuidado os fios loiros do cabelo dele, a caçula dos Newton tentou pensar em alguma coisa que fosse capaz de desviar a atenção dele, pelo menos momentaneamente. Focou seu olhar no novo móvel do quarto e suspirou pesadamente ao ter seu orgulho remexido de forma incômoda.

— Mike, se lembra daquele seriado de ratos que nós dois adorávamos assistir quando éramos crianças? — perguntou e puxou o garoto para que saísse de seu colo, depois caminhou para longe do assento.

— Hum... Os Camundongos Aventureiros? — com uma expressão um pouco confusa no rosto abatido, Mike respondeu e se sentou.

— Isso. — Rory assentiu enquanto ia para a cômoda que sustentava a tv e aparelhos, passando a remexer nas caixinhas de mídia parecendo à procura de algo — Você não vai acreditar... — falou de forma empolgada e ergueu o título selecionado.

— Mentira! — o garoto ficou boquiaberto ao notar que se tratava do título citado minutos atrás — O vovô realmente pensou em tudo! — finalmente sorriu, apesar de logo em seguida reprimi-lo ao se lembrar do relacionamento conturbado entre Arnold e Rory.

— É bem legal que ele tem memória tão boa. — a garota desviou seu rosto e focou em colocar a mídia para rodar, aproveitando também para disfarçar seu desconforto ao falar do outro parente com naturalidade.

— Não tinha como esquecer. Nós dois assistíamos isso todo santo dia depois da aula, repetidas vezes e cantávamos a abertura aos berros! — a nostalgia conseguiu arrancar uma breve risada de Mike.

  O pequeno gesto causou certo alívio no peito de Rory, mas só se sentiria totalmente em paz quando conseguisse colocar o garoto para dormir. Ela, ansiosa como sempre foi, sabia bem que era difícil se render ao inconsciente quando tinha tanto a pensar e tanto a se preocupar.


Eu adoro o campo!
E eu prefiro a cidade!
E quando nós pensamos juntos
Tudo se resolve melhor...


  Quando a canção familiar começou a ecoar pela tv, Rory e Mike buscaram o olhar um do outro e soltaram uma risadinha divertida. Os dois correram ao mesmo tempo para a cama e se acomodaram na ponta, a atenção totalmente voltada para a tv.

Emily e Alexander, formamos uma dupla legal... e onde quer que haja aventura, estaremos combatendo o mal! — os dois cantaram alto junto com o desenho e, terminando a estrofe, começaram a gargalhar como duas crianças bobas.

  Com o início do primeiro episódio e vendo a atenção de Mike aparentemente toda voltada para uma outra coisa se não o acidente de Eric, Rory conseguiu sentir alguma paz finalmente a envolvendo naquele dia tão pesado. Ela se agarrou a esse sentimento de tal forma que não se deu ao trabalho de se incomodar em ter dado algum crédito a Arnold pelo "presente" que lhe deu. A vontade de fazer Mike se sentir melhor era muito maior do que seu orgulho naquele momento.

・🌲彡

  Algumas horas mais tarde, Rory notou que Mike enfim havia se rendido ao sono, um sono aparentemente tranquilo e sem sinais de que tão cedo acordaria. A sensação de dever cumprido a fez sorrir genuinamente.

  Tomando cuidado para não acordá-lo, a garota saiu da cama e foi para a frente da cômoda, onde desligou os aparelhos para fazer com que o quarto ficasse mais escuro e silencioso para o descanso total do primo. Depois, seguiu de volta para a janela, sentando-se perto e abraçando os joelhos enquanto observava lá fora.

  Sua atenção logo foi atraída pela aproximação de alguém, que pela distância e pouca iluminação não era possível identificar. Precisou que o recém-chegado ficasse na mesma reta que a janela, para que a presença de Jared Cameron fosse reconhecida.

  Apesar de ter vindo até ali, o Quileute não fez mais nada além de parar em frente a casa e ficar alheio a qualquer tentativa de ser anunciado ali. Parecia apenas querer estar ali ou simplesmente ter decidido, meio em cima da hora, que aparecer na casa de alguém no meio da madrugada não era uma ideia muito boa.

  Curiosa com aquela vinda, Rory se apressou para calçar os chinelos e pegar um casaco, tudo ainda mantendo precauções para não despertar Mike. Quando estava devidamente agasalhada, saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

  Assim como muito provavelmente Jared, ela também não sabia bem o que falaria para ele depois de mal terem se despedido quando ele a trouxe de volta do hospital, depois de negar tirar as interrogações dele e o clima entre os dois ter ficado estranho; só não podia deixá-lo lá fora sem explicações.

  Quando a porta principal foi aberta, o rosto do visitante variou entre surpresa e certo alívio. Rory fechou a porta atrás de si e foi caminhando devagar para diminuir parte da distância entre os dois, ao mesmo tempo em que se encolhia do frio congelante da noite que a envolvia apesar do casaco e pijama de tecidos grossos.

— Oi. — foi ela quem tomou a atitude de falar primeiro, apesar de se tratar apenas de um oi quase em sussurro.

— Oi. — Jared retribuiu — Me desculpe por vir essa hora... — se justificou rapidamente, parecendo um pouco constrangido ao ser descoberto ali.

— Realmente está bem tarde. Aconteceu alguma coisa? — a Newton perguntou e esperou.

— Eu não consegui parar de pensar no que aconteceu no estacionamento do hospital. — despejou sem rodeios — Não, eu não vim te pressionar a me falar, eu só não gostei do jeito que as coisas ficaram depois, da forma como nós mal nos despedimos. Eu não quero que você pense que eu não sei te compreender, foi só minha a preocupação falando mais alto. — explicou-se.

— Está tudo bem. O dia foi bem difícil, já era de se esperar que fosse terminar da mesma forma. Não é sua culpa. E eu fui bem egoísta em desabar diante de você e não explicar nada depois. — Rory abraçou o próprio corpo e apoiou o corpo em uma coluna da varanda.

— Não, você tem todo o direito. Eu já disse antes que estou disposto a sempre te apoiar nesses momentos, mesmo quando você não quiser me dizer nada. — o visitante apoiou a mão naquela mesma coluna, mas ainda manteve alguma distância respeitosa.

— Não é que eu não quero, é que eu não posso. Alguns problemas eu preciso resolver por conta própria. — desviou brevemente seu olhar para o escuro.

— Até mesmo quando não pode? Quando não tem forças para isso? — ele perguntou, o tom de voz quase incrédulo.

— Não posso simplesmente sentar e esperar que as coisas milagrosamente melhorem. Então vou continuar a tentar sim. — Rory voltou a focar seu olhar no garoto, que parecia ainda mais preocupado e angustiado do que antes.

— Francamente, Rory, você sabe que não pode. Vai acabar se machucando! — dessa vez a mão saiu da coluna para um lado dos ombros da garota, que encarou o toque e depois subiu o olhar de volta para o rosto.

— Antes eu, do que alguém que eu amo. — falou com certeza, apesar da voz ter saído baixa e um pouco trêmula por alguma sensibilidade recente.

— Ah, claro, porque é muito melhor ter a segurança deles, mas deixá-los sofrendo por perder você, pouco importa, não é? — Jared questionou com amargura e se afastou, dando as costas para a garota.

— Você disse que não tinha vindo aqui me pressionar. — relembrou, mas sem sinal algum de irritação em sua voz pois conseguia se colocar no lugar do Quileute e entender a preocupação.

— Não estou te pressionando, eu só quero que entenda que não precisa resolver tudo sozinha, eu estou bem aqui! — ele voltou a se virar e a se aproximar, ficando tão próximo que a ponta do nariz dos dois quase se tocaram.

  A forma firme como Jared falou, sua aproximação tão urgente e sensível acabaram por diminuir significativamente a firmeza de decisão de Rory. Ela sentiu um incômodo no peito e na garganta, para em seguida sentir uma queimação nos olhos e notar que estava prestes a chorar. De novo.

— Não posso te incluir nisso, porque eu também não suportaria se te machucassem. — disse ela e em seguida fugiu da aproximação, indo para alguns passos de distância — Sei que estou aqui há pouco tempo, mas cada pessoa que conheci e me apeguei, me importam muito. Você é uma delas, Jared! — aproveitou o afastamento para se recompor, pois não queria chorar.

  Um silêncio desconfortável aconteceu durante alguns minutos, tempo suficiente para a Newton suspeitar que Jared havia ido embora sem se despedir, e com razão; mas ao se virar para conferir, foi surpreendida pela aproximação rápida do garoto, que a segurou pelo rosto e em seguida juntou os lábios dos dois, em um selinho apertado e demorado.

— Não pense, nem por um segundo, que eu vou permitir que algo de ruim te aconteça, garota. — Jared sussurrou com lábios ainda muito próximos, porém com os olhos abertos, encarando-a.

  Apesar da teimosia do garoto, que a preocupava, Rory não conseguiu não achar a situação um tanto fofa. Depois, foi sua vez de puxá-lo em sua direção e beijá-lo de fato.

・🌲彡

  Os olhos de Rory se abriram e o mar entrou em foco. Mas não sentiu a mesma sensação reconfortante de sempre, sentiu-se intrigada. Não se lembrava em que momento fora até ali, então provavelmente não tinha ido. O sonho estava de volta.

Faz tempo desde a última vez aqui. — a mesma voz desconhecida e masculina falou de repente, assustando a garota.

  Rory olhou em uma direção e depois em outra, até perceber a silhueta masculina não tão longe dali. Mas diferente das outras vezes, a distorção da identidade parecia ligeiramente menor, sendo possível notar que seu cabelo era escuro e curto. Apenas isso. Nada que chegasse a ser relevante para uma identificação completa ou pelo menos uma associação. Ele continuava sendo apenas um desconhecido e isso a intrigava cada vez mais.

Deve ser porque nossos corações estão em lugares diferentes agora. Era muito mais fácil quando não estavam em lugar algum. — ele acrescentou.

— Deve ser porque você é um desconhecido e sua presença me assusta. — Rory resmungou e abriu um pequeno sorriso ácido.

Eu não sou um desconhecido. — inabalado, o masculino negou.

— Então prove. Me diga seu nome! — desafiou e girou o corpo todo na direção da silhueta, para focar toda sua atenção ali.

Boa tentativa, mocinha. Mas ainda não é a hora. — ele soltou um risinho divertido, causando um revirar de olhos na garota contrariada.

— Por que uma simples informação tem data certa? É só um nome. — a Newton protestou e cruzou os braços em frente ao corpo.

Porque não é uma simples informação. — negou ele — Quando você souber quem eu sou, tudo o que nos envolve vai mudar. Você não está pronta ainda para isso. — explicou, calmamente.

— Isso é uma loucura! — irritada com tantos enigmas, a garota girou para o lado oposto e começou a se afastar dali.

Não é. Isso é o destino, só acontece quando tem que acontecer. Tenha paciência, Rory. — apesar de já ter se afastado muitos passos dele, a voz ainda era audível.

— Eu nasci com total ausência de paciência. Sendo assim, desapareça e só volte quando estiver disposto a parar com os enigmas idiotas! — falou a Newton, perdendo totalmente o controle de sua rispidez e pouco se importando com isso.

Cuidado com o que você deseja. — apesar da grosseria no qual foi tratado, ele soltou um risinho baixo antes de se silenciar outra vez.

  Um vento forte soprou o rosto da Newton de forma incômoda o suficiente para que precisasse fechar os olhos. Ao abri-los outra vez, a silhueta havia sumido. Olhou para outras direções e não encontrou nada. Ele havia ido embora, conforme seu pedido. E tal afastamento a deixou angustiada, apesar de ser só um sonho e de se tratar de alguém sem identidade.

  Pensou estar ficando louca por sentir aquilo e ficou inquieta o suficiente para sair daquele inconsciente.

  Com a mente de volta ao seu quarto, ela abriu os olhos e olhou para a janela, notando que parecia ainda faltar algumas horas para o amanhecer completo.

  Ouviu Mike ainda ressonar completamente exausto ao seu lado e decidiu tomar todos os cuidados possíveis para não trazer insônia para ele também. Ela calçou os chinelos e saiu do cômodo, fechando a porta atrás de si e se apressando pelo corredor. Passou em frente a porta entreaberta do quarto de Isobel e notou que ela já estava ali, também apagada de exaustão.

  Ao descer as escadas, Rory notou que a luz da cozinha já estava acesa, alguém provavelmente estava tão sem sono quanto ela. Por um momento quase deu meia volta para seu quarto, temendo algum encontro desagradável, mas logo em seguida desistiu disso e optou por enfrentar a situação.

  Em silêncio, adentrou a cozinha e de primeira viu Meryl, que sorriu de forma doce para sua hóspede e foi retribuída. Mas o sorriso da adolescente logo se desfez ao notar a outra figura presente à mesa, mas tendo o rosto e atenção totalmente voltados para o jornal matinal.

— Acordou tão cedo, querida. — Meryl resgatou a atenção para si rapidamente, parecendo querer evitar a partida precoce da garota.

— Ontem a noite eu estava com a cabeça cheia, então meu sono foi meio inquieto. Sai do quarto para não acordar o Mike, ele custou para conseguir dormir também. — apesar de estar desconfortável ali, a caçula dos Newton decidiu não fugir tão rapidamente como de costume.

— Eu imagino. As coisas foram bem difíceis para vocês ontem. Mas espero que fique tudo bem. — a adulta falou sinceramente e desviou sua atenção por um momento para sua xícara de café.

  O jornal de Arnold se abaixou naquele instante e os olhares de avô e neta se cruzaram brevemente, causando um desconforto como se ambos estivessem cometendo um crime, tratando logo de desviar-se para outra direção quase que simultaneamente.

  O mais velho pareceu prestes a se levantar, mas a adolescente o fez mais rápido por ter uma estrutura corporal mais ágil.

— Eu volto depois. — Rory falou enquanto seguia em direção a porta da cozinha.

— Não... fique aqui com Meryl, eu já vou voltar para o quarto. — Arnold tomou coragem de falar, apesar de não ter expectativa alguma em ter suas palavras atendidas.

— Eu não pretendia tomar café agora. — foi tudo o que a garota disse antes de sair completamente do cômodo.

  Assim que saiu, seguiu direto para a porta principal da casa e em largos passos logo chegou à varanda.

  O ar gelado de início de manhã a envolveu e a fez se encolher, a temperatura baixa sempre a fazendo xingar baixinho e sentir tanta, tanta saudade da Califórnia e seus raios solares diários. Era fato que estava se adaptando bem a sua nova moradia, mas tinha dúvidas se algum dia voltaria a se sentir totalmente em casa tanto quanto em sua antiga cidade.

  A caminhada, que era para ser breve, acabou se estendendo até a parte comercial do Haras, onde já podia se notar alguns cavalos sendo retirados dos estábulos para ficarem soltos pelos campos, lugar que ficavam em grande parte do dia.

  Avançando um pouco mais, a Newton avistou um homem rechonchudo e com cabelos grisalhos. Tais características, apesar de não serem incomuns, identificavam exatamente Harry Clearwater. O homem no momento terminava de selar um cavalo, estando já dentro de um dos campos. A atividade, apesar de não aparentar exigir excesso de esforço físico, a ofegância e a quantidade de suor visível na camiseta dele fazia parecer que era algo semelhante a algum tempo na academia.

— Bom dia, Harry. — Rory se anunciou ali e atraiu a atenção do mais velho.

— Ah, Rory, olá. Pulou da cama cedo hoje? — o mais velho abriu um largo sorriso e pausou por um momento o seu trabalho.

— Não pulei, foi a cama que me expulsou. — deu de ombros e sorriu de volta, parando à uma distância significativa da cerca que a separava de Harry e os cavalos.

— Crueldade da parte dela, pois o dia hoje está tão convidativo a uma boa soneca. — o Clearwater desviou um pouco sua atenção de volta ao trabalho, para terminar de prender a sela ao corpo do animal.

  Rory aproveitou a falta de assunto para dar uma olhada em volta, para focar no estábulo onde geralmente os funcionários sempre iam e vinham. Observou a porta aberta e a aparente ausência de qualquer outra pessoa além de Harry.

— Você sempre vem tão cedo para cá? — a garota voltou sua atenção ao adulto.

— Sim, Meryl e eu que sempre começamos a rotina por aqui até que os outros funcionários cheguem. — ele respondeu e passou um braço pela testa, tirando um excesso de suor que fazia uma mecha de seu cabelo se prender de forma incômoda à testa.

— E eles geralmente demoram? — outra pergunta e a Newton encarou as cutículas para manter uma pose despretensiosa.

— Supondo o que te interessa saber, Jared só vai chegar mais tarde. Ele estuda no horário matinal, só aparece mais cedo aqui quando não tem ou não vai à aula. — Harry a encarou, claramente desconfiado sobre aquela dúvida repentina.

— Ninguém em específico nem passou pela minha cabeça. — ela usou o zíper do casaco como pretexto para não encarar, focando em fechá-lo até os limites em uma tentativa de espantar o vento frio que vinha ao seu encontro vez ou outra.

— Sei. — duvidou, malicioso.

— Eu só perguntei porque o serviço me parece meio pesado para um senhor de idade fazer sozinho. Olhe para você, está ofegante e transpirando como se tivesse corrido uma maratona! — a garota optou por se desvencilhar usando seu humor, debochando do mais velho.

— Obrigado por me chamar de sedentário. — ele riu e ergueu o polegar fazendo um sinal de joia.

— Como se isso te ofendesse. Me contaram que quanto mais uma comida tem grandes chances de triplicar o colesterol, mais elas se tornam suas favoritas! — deu de ombros e acrescentou um sorriso divertido ao seu deboche.

— Diga-me, Rory, quando é que vou te ver curtindo um pouco o Haras? — Harry perguntou repentinamente — Soube que você adora esportes e adrenalina, tenho certeza que se daria muito bem com hipismo. — acrescentou.

— Não tenho muito tempo. — a adolescente sorriu um pouco para conseguir esconder o horror da sugestão que recebeu.

— Não tomaria muito do seu tempo. Pelo menos seria mais uma atividade para te manter em forma e te impedir de ficar uma velha sedentária e com colesterol alto, como eu. — o Clearwater falou em um falso tom de preocupação, tão falso que revelou suas intenções — Anda, aproveite que tenho um tempo agora, eu te ensino os primeiros passos. — dito isso, aproximou a mão da porteira e abriu o trinco.

— NÃO OUSE ABRIR ESSA PORTEIRA! — Rory se assustou e recuou para trás, deixando visível sua fobia que poucos sabiam.

— Espera... Você está com medo? Medo de uma coisinha linda e doce como este cavalo aqui? — ele afastou a mão da porteira e a usou para apontar para a direção onde a maioria dos cavalos corriam de um lado para outro.

— Só está longe de ser meu animal favorito. — apesar de ter se exposto minutos atrás, a adolescente tentou contornar a situação, mesmo não acreditando no sucesso disso.

— Então me desculpe por te acusar de ser uma medrosa, eu me precipitei. — lamentou o mais velho; depois, de forma falsamente despretensiosa, ele foi alongar um braço e esbarrou na porteira, fazendo com que a mesma começasse a abrir lentamente.

— Harry! — a garota gritou e ameaçou correr, dessa vez deixando ainda mais óbvio o seu pavor.

— Tudo bem, desculpe. — se desculpou em meio a um riso — Acho que meu sedentarismo não está me comprometendo completamente, eu ainda consigo ter disposição para causar. — deu de ombros, debochado.

— Espera, você se afetou ao ser chamado de sedentário? — agora foi a vez de Rory em rir, logo após notar a pequena vingança do mais velho — Isso é tão simples de se resolver, é só ir na bendita consulta que minha mãe te pediu e provar para todos que sua saúde está ótima! — acrescentou.

— Eu me sinto bem. Mas se vai fazer com que vocês larguem do meu pé, eu juro que na primeira dorzinha na ponta da unha que eu sentir, vou ao hospital imediatamente. Satisfeita? — o assunto despertou o lado ranzinza de Harry, que ficou com uma expressão emburrada enquanto voltava a puxar e fechar a porteira depois de passar por ela.

— Por enquanto. — sorriu, inabalada.

— Agora me diz, por que não gosta de cavalos? — o adulto mudou outra vez o rumo da conversa.

— Eu não os detesto, só não quero perto de mim. — respondeu Rory.

— Você tem medo. — concluiu Harry.

— Me sinto melhor mantendo distância. Eles no canto deles e eu no meu canto. — ela tentou corrigi-lo, mas sabia que já havia dado sinais suficientes de que aquilo era mentira.

— Isso é medo. — insistiu.

— Que seja então! — a Newton jogou os braços para os lados em uma pose impaciente — Apesar de ter sido obrigada a morar em um Haras, eu nunca tive mesmo intenção em interagir com as atividades daqui. — explicou.

— É uma grande perda para você. Eu acredito que antes de ter amado um cavalo, parte da nossa alma permanece desacordada. Sabe, eles são uma das melhores escolhas da minha vida. — abriu um sorriso bobo e admirado — Depois da minha esposa, é claro. — acrescentou brincalhão, arrancando um risinho da adolescente.

— Apesar de ter me chamado de desalmada, achei bonito a paixão como você se refere aos cavalos. — Rory diminuiu o riso até se resumir a um sorriso, passando a sorrir gentil e sinceramente para o mais velho.

— Eu realmente sou muito feliz aqui. — confessou, sorrindo ainda mais abertamente.

  Pouco segundos depois, por alguma razão desconhecida, o sorriso de Harry se desfez na mesma velocidade em que surgiu.

  Algo pareceu incomodá-lo a ponto de ser impossível controlar qualquer expressão corporal. Ele desviou o olhar para algumas direções, olhar muito semelhante ao que Jared tinha no estacionamento do hospital, parecendo ter ânsia e também receio em encontrar algo tão específico.

— Acabei de me lembrar que Arnold me pediu para buscar uns documentos para ele no casarão. E como não sou nada bobo, vou aproveitar para me convidar para tomar café. Você já vai voltar também, não é? — a expressão corporal de Harry mudou outra vez, voltando ao típico bom humor e risada solta.

— Eu vou. — apesar de intrigada com o ocorrido de segundos atrás, a Newton desistiu de questionar.

  Em uma conversa simples e despretensiosa àquela manhã, ela havia percebido que Harry era ótimo em desviar de assuntos que o pressionavam. Tentar tirar algo dele seria perda de tempo.

・🌲彡

  De volta ao casarão, Rory acompanhou Harry até a cozinha e encontrou os anfitriões ainda no cômodo, onde Arnold pausou uma risada de imediato ao ver que a neta estava de volta e ele ainda estava ali, apesar de ter prometido que iria voltar ao seu quarto. Mas sua presença perdeu o destaque quando a garota notou que Isobel também estava ali, mas de primeiro momento havia passado despercebida por estar mexendo em algo na geladeira, sendo ocultada pela porta da mesma.

— Mãe, você acordou! — Rory constatou o óbvio e correu para perto dela, a expressão corporal transbordando expectativa e muita ansiedade.

— Eu sei exatamente o que você quer. — falou Isobel, o rosto um pouco abatido e não tão animado como de costume.

— Então não me torture com suspenses, diga logo! — implorou e encarou a mais velha atentamente, ao mesmo tempo em que torcia para seu coração tão acelerado não furasse seu tórax e caísse no meio da cozinha.

— Eric está se recuperando muito bem. — relevou e ela própria não conseguiu evitar um sorrisinho emocionado.

— Ah, meu Deus... Eu nem sei... Eu... Obrigada! Vocês do hospital são todos incríveis! — Rory começou a dar pulinhos de alegria, pouco se importando com seus telespectadores, e em seguida agarrou a mãe em um abraço bem apertado — Obrigada em especial a você, mãe. Grande parte do mérito é seu! — elogiou, emocionada.

— Fico feliz que pelo menos em seu conceito eu ainda não caí. — Isobel tomou a atitude de desapertar o abraço, mas antes de se afastar totalmente passou o polegar em um lado da bochecha da mais nova e finalizou com um beijo rápido na testa.

— Isso nunca vai acontecer. — a caçula falou com firmeza, o ar um pouco indignado pela suposição da mãe — Eu tenho muito orgulho de você, mãe. Nunca se esqueça disso, por favor! — elogiou.

— Todos nós temos. — Arnold ousou se meter no assunto para reforçar as palavras da neta, que se surpreendeu ao não levar uma patada instantânea.

  Tais palavras causaram um suspiro alto em Isobel, como se estivesse estivesse algum tempo sem respirar e enfim pudesse voltar a fazê-la. Parecia claramente aliviada, como se não possuísse mais expectativa alguma de ouvir algo do tipo e ser surpreendida. E aquele alívio a emocionou.

— Ainda são 6h30 da manhã e vocês já me fizeram chorar. — Isobel falou em tom humorado, mas acabou rindo e chorando ao mesmo tempo.

— Merecidamente. — a caçula dos Newton falou — Agora com licença, que eu tenho um primo para acordar com boas notícias. — anunciou pouco antes de sair correndo e saltitante dali.

  Rory correu escada acima a toda velocidade, o peso que saiu de cima de seus ombros com a chegada da ótima notícia trouxe um tanto a mais de vitalidade para seu corpo, tornando-o muito mais ágil do que de costume.

  Chegou no corredor de quartos em poucos passos, mas controlou toda sua euforia ainda na porta do seu, pois não queria acordar Mike de uma forma tão abrupta. Então abriu a porta com cuidado, observou o silêncio que o envolvia e notou que o primo ainda estava adormecido.

  O primeiro passo para acordá-lo foi acender a luz, mas conhecendo o quanto o garoto tinha sono pesado, Rory sabia que precisaria de mais para conseguir seu objetivo. Ela se aproximou da cama ainda controlando sua euforia e estava prestes a se sentar em um pedaço do colchão próximo ao corpo adormecido do mais velho, quando seu corpo paralisou a alguns poucos centímetros de distância.

  Sentiu toda sua estrutura ficar dormente e a respiração lhe faltou por alguns segundos, ao mesmo tempo em que um frio assustador percorria sua nuca. Sentiu um grito prestes a escapar de sua garganta e se calou ao apertar as próprias mãos em frente aos lábios.

  Seu ataque de pânico atual tinha motivo, o pior deles.

  A roupa que a ruiva desconhecida havia roubado de Isobel, agora estava depositada aos pés da cama, mais precisamente em cima do edredom, muito perto dos pés de Mike, estando totalmente amassada e visivelmente suja.

  Dando passos receosos na direção da cama, Rory analisou melhor os estragos no tecido e um cheiro forte e reconhecível de ferrugem piorou seu pânico. Sangue.

  Temendo que o primo acordasse de repente e flagrasse aquilo, a Newton se forçou a sair do torpor causado pelo medo e afastou o tecido segurando-o de pontas de dedos. Ela prendeu a respiração para não sentir o cheiro ruim outra vez e se apressou para escondê-lo em algum lugar do quarto, até que tivesse a oportunidade de jogar fora, o mais longe possível de sua casa. Escolheu uma de suas malas vazias e estava terminando de fechar o zíper quando sua atenção foi desviada outra vez.

— Rory? — a voz sonolenta de Mike ecoou pelo quarto, paralisando a garota que ainda não estava recuperada para conseguir falar normalmente com ele.

— Bom dia, primo. — falou sem virar o rosto, mas sua voz entregou completamente seu estado de nervosismo.

— O que foi? — a sensibilidade da garota assustou o Newton mais velho, que pulou da cama e se apressou para perto dela — Lorelai, não me esconda nada, por favor! — ele a encarava em um misto de pavor e sensibilidade.

— Fique calmo. — Rory se virou para ele e desfez qualquer expressão ruim, conseguindo manter um pequeno sorriso para não fazê-lo sofrer com antecedência e de forma errônea — Minha mãe disse que o Eric está bem. — informou de uma vez e aumentou a intensidade de seu sorriso.

— O Eric está bem? — os olhos azuis de Mike se arregalaram de surpresa enquanto ele pedia uma confirmação do que havia acabado de ouvir.

— Sim, está! — a garota confirmou, manteve o mesmo sorriso no rosto e em seguida puxou o primo para um abraço apertado.

  Usou esse pretexto para reprimir seu sorriso e expressar em seu rosto seus sentimentos atuais. Seu coração estava cheio de ódio e isso transpareceu em seu rosto, que até mesmo umedeceu seus olhos.

  Mas diferente das outras vezes, ela não se permitiu chorar.

  Estava cansada de agir sempre com a mesma fraqueza. Estava cansada de ser fraca. Ter se permitido fragilidade por tanto tempo a colocou naquela situação horrível, onde uma desconhecida a estava ameaçando e ameaçando a segurança de sua família por um motivo também desconhecido, que tudo o que sabia, e não informava muito, era que envolvia Bella Swan.

  A nova invasão ao casarão, entrar naquele quarto e devolver a roupa de Isobel cheia de manchas de sangue ainda frescas claramente intensificava a ameaça. Rory não era burra, havia entendido claramente que a ruiva desconhecida estava em seus resquícios finais de paciência para que seu problema fosse resolvido. O que ela não imaginava era que aquela ameaça não causaria mais medo, e sim revolta. Ódio.

  Rory não estava mais disposta a se esconder do problema, e sim enfrentá-lo. Ainda naquele dia pretendia rodar Forks inteiro, se possível, e só sossegaria quando conseguisse encontrar a ruiva. Também pretendia não ser machucada de novo sem retribuir tal gentileza. Colocaria um fim naquela perseguição, nem que fosse a última coisa que faria.

・🌲彡

— Rory, o que você está fazendo aí deitada? Nós já estamos de saída para o hospital e você ainda nem trocou de roupas! — Eric entrou outra vez no quarto e se surpreendeu ao ver a prima deitada e completamente coberta.

— Meu corpo inteiro dói e eu estou morrendo de frio. — a citada colocou a cabeça para fora das muitas camadas de tecido enquanto possuía uma voz terrivelmente fraca.

— Isso não é bom. Eu vou chamar sua mãe aqui. — dito isso, o mais velho virou para a saída.

— Não precisa. — ela negou rapidamente, tendo a voz ainda fraca — Eu saí para caminhar hoje cedo, estava bem frio e isso provavelmente me causou febre. Eu tomei uma dipirona, agora vou dormir um pouco e vou melhorar. Não é nada grave, mas se você chamar minha mãe ela vai fazer um drama nível novela mexicana e vai me arrastar para o hospital. Não a chame, por favor. — pediu quase em suplica.

— Se você quiser, eu fico aqui e deixo para visitar o Eric outro dia. — Mike se aproximou da cama, se sentou e tocou um lado da bochecha da prima — Você está queimando! — constatou, preocupado.

— Eu já estou medicada. Só preciso de um tempo para dormir e o remédio fazer efeito. — disse Rory, afastando a mão fria do primo de seu rosto — Mande um abraço para o Eric e diga que visito ele muito em breve. — sorriu fraco.

— Tudo bem. Vê se melhora logo, tampinha. — o mais velho alinhou melhor os cobertores que cobriam a parente, depois seguiu para a saída do cômodo e fechou a porta atrás de si.

  Sozinha outra vez, Rory desfez sua pose de enferma e se sentou na cama, virou-se para o travesseiro e puxou debaixo dele uma bolsa de água quente, objeto que fora usado para aumentar sua temperatura artificialmente.

  A primeira parte de seu plano tendo dado certo, a caçula dos Newton contou alguns minutos de precaução ainda envolvida nos cobertores e após tempo suficiente, saiu de fininho em direção à janela do quarto. Com cuidado para não ser vista, observou lá embaixo Mike e Isobel caminhando lado a lado e logo depois entrando no carro do garoto, prestes a irem ao Hospital de Forks.

  Quando o carro de Mike sumiu de vista, Rory se apressou pelo quarto, pegou sua mochila, a esvaziou e em seguida substituiu o espaço pelas roupas ensanguentadas que havia escondido em sua mala. Também se agasalhou, optou por seu tênis de educação física em vez dos coturnos de sempre, amarrou o cabelo em um coque apertado e em seguida saiu de fininho do quarto.

  Por sorte aquele era o horário em que Meryl já estava ocupada com os trabalhos do Haras, então a casa estava praticamente vazia, tornando totalmente fácil não só sua saída como também em pegar o carro que até então estava emprestado para Isobel usar no dia-a-dia.

  Em pouco tempo Rory estava na estrada, sem destino ao certo, mas com a certeza de que só sossegaria depois de olhar cada parte de Forks em busca da ruiva, pretendia olhar até mesmo debaixo das pedras. Mas sabia que não seria tarefa difícil, visto que a outra parecia sempre estar por perto, pois sempre aparecia em lugares improváveis.

  A Newton começou sua procura colocando sua saída em risco, indo vasculhar os arredores do Hospital. Ela parou em uma distância segura do estacionamento e perdeu longos minutos enquanto esperava a ruiva aparecer de repente, tal qual fora na noite anterior.

  Esperou em vão. Ninguém apareceu.

  Impaciente, ela voltou a dirigir enquanto pensava em outras possibilidades. Até que outra ideia de destino surgiu e ela acelerou para chegar logo. Pouco tempo depois, estava estacionando em uma rua próxima ao espaço onde havia sido realizado o Festival de aniversário de Forks.

  Dessa vez, Rory desembarcou, pegou a mochila e colocou nas costas enquanto iniciava uma caminhada mais à fundo. Caminhou por todo o espaço enquanto, vez ou outra, perdia alguns segundos olhando à sua volta com precisão, mas nunca encontrando nada do que procurava.

  Ousando um pouco mais, a garota seguiu para a trilha onde aconteceu a Corrida Assombrada. As lembranças conturbadas daquela noite fizeram as pernas da Newton travarem por um momento, não conseguindo prosseguir durante alguns minutos. Se lembrar do susto que tomou naquela noite ainda lhe causava arrepios; não saber exatamente de qual animal era o rosnado assustador que escutou naquela noite a intrigava muito.

  Ainda assim, um pouco atordoada pelas lembranças ruins, Rory adentrou trilha à dentro.

  Em um certo ponto, após minutos de uma caminhada solitária, o fim da trilha aconteceu e ainda assim a garota continuou a andar, avançando devagar pelo denso bosque. Ela andou e andou, sempre seguindo o mesmo padrão de parar algumas vezes e olhar à sua volta, procurando qualquer resquício de companhia.

  Quando estava longe o suficiente, percebeu que sua ida até ali havia sido inútil e soltou alguns palavrões em voz alta. Então decidiu ir embora imediatamente e girou o corpo na mesma direção que havia vindo.

— Confesso que achei sua coragem admirável e poucas coisas me admiram em anos de existência. — a ruiva surgiu de repente, seus passos sendo tão silenciosos que teria sido impossível percebê-los previamente.

— Que bom que apareceu. — Rory abriu um sorriso claramente forçado.

— Suponho que você me procurou para colocar um fim em nossa situação delicada. — ela assumiu uma expressão falsamente doce, tombando a cabeça para o lado como uma criança inocente.

— Exatamente. — a Newton concordou, ainda mantendo suas expressões neutras.

— Eu sabia que você era uma garota inteligente, esse foi um dos motivos que te escolhi. — dito isso, a ruiva deu alguns passos para o lado, iniciando uma caminhada despretensiosa enquanto mantinha os olhos fixos na outra garota.

— Um dos? E quais seriam os outros? Que eu tenho um grande número de pessoas queridas para você usar em uma chantagem emocional com ameaças? — Rory cuspiu sarcasmo enquanto devolvia o mesmo olhar atento para os movimentos da outra, pois não pretendia ser pega de surpresa como nas outras vezes.

— Esse não é o motivo mais relevante. — negou e parou sua caminhada.

— E qual seria o maior? — perguntou, deixando transparente sua falta de interesse naquela conversa.

— O seu cheiro me intriga, porque ele consegue facilmente me confundir com o cheiro da Bella. — ela respondeu e seus olhos desceram da direção do rosto da outra, mantendo em seu rosto um sorrisinho misterioso.

— O meu cheiro? Caramba, eu fui escolhida por um perfume em comum! — Rory cuspiu uma risada indignada; depois tirou uma das alças da mochila das costas e a virou para frente do corpo.

— Não um perfume, sua tola. O seu cheiro humano. — a corrigiu, impaciente; soltou um suspiro mais impaciente ainda ao perceber a expressão confusa da outra — O cheiro do sangue de vocês duas é muito semelhante. — acrescentou.

  Se a expressão de Rory já era de confusão, triplicou ao ouvir as palavras da ruiva. Seu cérebro deu um nó tentando entender alguma coerência naquela informação e isso a irritou.

— Bem, eu não vim até aqui para ficar de papo furado. Não estou mais disposta a gastar tanto tempo com alguém tão insignificante e pretendo que essa seja a última vez. Eu só vim te devolver algo que agora é seu por consequência. — enquanto falava, a Newton abriu a mochila e retirou as roupas sujas de sangue — Me deixe e deixe minha família em paz. Isso não é um pedido, é uma ameaça! — dito isso, jogou com força as peças aos pés da ruiva.

  A jovem desviou o olhar para seus pés, onde as roupas estavam caídas, depois voltou a encarar a outra enquanto assumia uma expressão aparentemente serena e um sorriso doce, que a deixava ainda mais a aparência rejuvenescida.

  Depois, tão rápido quanto surgiu, seu rosto se tornou nublado e ela se moveu do lugar, chegando tão rápido perto de Rory que as duas quase se esbarraram.

  Quase.

  O toque foi evitado quando o som de um galho seco se partindo ao meio ao ser pisoteado aconteceu, atraindo a atenção das duas em direção ao som.

  Acabando de surgir naquela clareira, Bella Swan e Jacob Black encaravam as duas com espanto, tal qual elas os encaravam com surpresa, nenhum dos quatro esperando por aquele encontro. 

゚・*:.。*:゚・𝕹𝖔𝖙𝖆𝖘.

• (𝟎𝟏) | Confesso que não consegui gostar de nada nesse capítulo, mas achei melhor postar ele do que não postar nada nem tão cedo. Minha meta ultimamente tá sendo não parar de escrever, porque se eu parar acho que o bloqueio volta com força e eu quero evitar isso. Espero que me perdoem por esse capítulo tão aleatório. <3 rs

• (𝟎𝟐) | Por favor, não esqueçam de deixar um voto antes de passar para um próximo capítulo. É importante pra mim! ❤

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