Coloquei a mão na maçaneta e a virei.
— Se ela não for a garota… — A voz de Augusto me fez tirar a mão da maçaneta e encarei ele.
— Já falei que eu sonho com ela a séculos. — Falei me encostando na parede e cruzando os braços — Ela é.
Meu amigo balançou a cabeça negativamente e colocou suas mãos dentro dos bolsos das calças.
— Você pode está enganado. — Disse me encarando.
— Não estou. — Afirmei confiante.
Aquela mulher… Fiquei intrigado com ela, não por ser a garota que a famosa profecia falou que iria aparecer, tem algo nela que me fascina.
— Alice não quer amiga dela envolvida nisso Hn e você deveria respeitar isso.
Analisei as suas palavras e alguns segundos depois me desencostei da parede e caminhei lentamente até ele.
— Tenho que agradecer você. — Falei parando ao seu lado olhando para frente, pela visão periférica consigo ver ele engolir a seco — Se você não tivesse transado com Alice eu não teria conhecido a minha esposa.
Ele abre a boca pronto para rebater, porém sou mais rápido.
— Não se torne o meu inimigo Augusto. — Meu timbre está mais sombrio e sério de alguns segundos atrás — Você sabe o que eu faço com meus inimigos.
— Me ameaçando por causa dela? — Augusto me encarou — Somos amigos há séculos…
— Por isso eu estou avisando. — Interrompi ele — Por causa dessa amizade eu não te matei por ter questionado a minha palavra. Não se esqueça que eu ainda mando em você.
Ele está pronto para dizer algo, porém logo desisti.
— Ela é minha há séculos e eu espero que você não interferir nisso ou acabará se tornará o meu inimigo. — Digo me afastando dele. — Tenha uma boa noite, amigo.
YOUR NAMES
— Eu não sei. — Digo — Podemos deixar para outro dia?
Hn se encostou na porta e me encarou como se tivesse tentando me decifrar.
— Alice é o motivo. — Hn afirmou soltando um suspiro frustado — O que ela disse?
Ergui uma sobrancelha.
— Ela não disse nada. — Digo cruzando os braços — O que fez você achar que ela disse…
— Ela foi no meu escritório e falou algumas coisas. — Disse não dando muita importância — O que ela disse para você?
— Nada. — Minto.
Alice surtou quando falei sobre o passeio noturno com ele. Ela começou a falar várias coisas dele, tipo como ele é mulherengo, grosseiro, que só quer uma noite e depois mais nada entre outras coisas.
Eu falei para ela que talvez eu também quisesse uma noite com ele e depois mais nada. Não posso jogar essa oportunidade que caiu do céu.
Se o meu ídolo se interessou por mim, o que eu posso fazer se não aproveitar isso?
Depois que falei isso, ela surtou ainda mais e disse que aquele canalha tinha feito alguma coisa comigo e que eu estava possuída.
No meio disso tudo ela falou sobre o meu ex namorado, que eu estava traindo ele pensando em outro e várias coisas.
Não tive coragem de falar que terminei com ele e que estava sendo perseguida por ele não aceitar muito bem o nosso término.
Lembrar disso tudo só aumenta a minha dor de cabeça.
Ele me ignorou e passou por mim entrando na casa de Alice. Fechei a porta e segui ele.
— Posso ficar aqui à noite inteira estrangeira. — Disse se sentando no sofá — ou você poderia me falar o que aquela desgraçada falou.
— Não chame ela assim. — Digo o encarando sério.
— Isso é uma ordem? — Perguntou com um pequeno sorriso.
— E se for?
Ele balançou a cabeça e sorriu.
— Você precisa me falar se é ou não. — Ele falou tombando a cabeça pro lado — Mesmo eu sabendo que é, prefiro ouvi da sua boca com as suas palavras.
A coragem surgiu magicamente e me aproximei dele bem devagar.
— E se for? O que irá fazer? — Perguntei parando em sua frente. — Obedecerá ou…
Num movimento rápido me puxou para perto dele. Com as suas mãos em minha cintura eu cruzei os braços com uma sobrancelha erguida.
— Gosto de contato físico. — Ele sussurrou me olhando maliciosamente fazendo a minha calcinha se molhar por completo.
Mexo uma perna contra outra pigarreando.
— Iria ou não obedece? — A minha voz saiu rouca.
— Iria. — Ele murmurou abraçando a minha cintura.
Me arrepio ao sentir a sua respiração quente na minha barriga.
— Então, isso é uma ordem. — Falei — Eu tenho outra ordem.
— Não abusa. — Hn roçou seu rosto na minhas barriga.
Merda. Por que eu estou deixando? Eu e ele não nos conhecemos nem uma semana e eu já estou deixando ele me tocar.
Porém, o jeito que ele me tocar, parece que ele me conhece há muito tempo.
Soltei um suspiro colocando as minhas mãos em cada lado do ombro dele.
— Vai embora. — Isso saiu mais num suplico do que uma ordem.
— Isso não. — Hn falou me encarando — Ordena outra coisa.
— Alice vai chegar a qualquer hora e não vai gostar de ver você aqui. — Expliquei.
— Podemos ir ao encontro que estava planejado para essa noite.
— Não era um encontro. — Afirmei — Você iria ser o meu mapa para conhecer lugares e isso fazia parte do seu pedido de desculpas.
— Eu posso fazer você conhecer outros lugares. — Ele falou evitando me olhar.
— Esquece isso. Alice está grávida e não pode se estressar. É melhor você ir embora. — Falei tentando me afastar, porém ele me segura de uma maneira possessiva.
— Vamos conversar e eu prometo ir embora. — Declarou.
Isso é melhor do que ele ficar aqui à noite inteira e acabar sendo pego pela Alice.
— Promete?
— Prometo.
Ergui o dedinho mindinho para ele, que me encara estranho.
— Sério ? — Perguntou alternando o olhar entre mim e o dedo.
Balancei a cabeça. Ele bufou e logo ergueu o dedo entrelaçando no meu.
— Vamos conversar sobre o que? — Perguntei pensando em vários assuntos.
— Sexo? — Olhei rapidamente para ele com olhar de repreensão — Não me interessa o assunto, apenas quero ouvir a sua voz… porém, iria adorar ouvir você falando sobre o que gosta de fazer durante o ato.
Dei um tapa em seu ombro. Ele solta uma risada voltando a ficar com rosto no meu abdômen.
— Eu não iria falar nada. — Declarei.
Hn não falou nada, apenas continuou agarrado ao meu corpo. Os segundos foram se transformando em minutos e logo comecei a ficar cansada de ficar em pé.
— Acredita em profecia? — Hn murmurou me puxando para sentar em sua perna.
Murmurei pensando nisso.
— Acho que sim. — Falei — E você?
— Não acreditava. — Falou dando de ombros — Quando criança, meus pais contavam sobre a mesma profecia todas as noites.
— Como era? — Perguntei me ajeitando na sua perna e o encarei.
— Um dia iria aparecer a mulher certa para mim e pros meus futuros filhos. — Hn parecia está se lembrando de algo.
— Isso não parece uma profecia. — Admiti atraindo atenção dele.
— Não é. — Falou — Apenas os membros da minha família sabem sobre a profecia.
— Poderia abrir uma sessão para mim? — questionei curiosa
— Um dia irá saber. — Uma de suas mãos veio ao encontro do meu rosto.
Nunca irei saber. Já que só os membros da família dele sabem e eu não sou — nunca vou — ser membro da família dele.
Agora o meu lado fofoqueiro está decepcionado.
— Você disse que não acreditava. — Falei lembrando do que ele disse alguns minutos atrás — Então, ela se realizou?
— Ainda está no início… — Explicou.
Murmurei um “Uhum” e logo o silêncio reinou no ambiente.
Acho que a nossa conversa acabou por aqui. Não esperava dura muito mesmo.
Meus olhos vão para a porta onde está a funcionária que encara nós como se estivesse presenciando um milagre? Ou um assassinato? Não sei qual dos dois está presente em seu rosto.
— Phoebe? — Falei.
— ah, eu vim perguntar sobre esse vestido. — Ela apontou para o vestido que estava dentro de um saco preto.
Me levantei e Hn não me impediu.
— Obrigado. — Falei pegando o vestido de suas mãos e me virei para Hn. — Não irei usar ele, então pode levar ele de volta para a dona.
Hn se levantou e veio na minha direção.
— Porém, ele já está com a dona. — Falou me fazendo ficar surpresa — Parte do pedido de desculpas.
— Eu…
— Melhor eu ir. — Me interrompeu parando na minha frente — Espero nos ver amanhã, estrangeira.
Ele segurou o meu rosto e depositou um beijo na minha têmpora.
— Boa noite, Sn.
Ele se afastou indo em direção à saída. Após ouvir a porta sendo fechada eu me senti um pouco aliviada.
Pelo menos Alice não vai ver ele aqui em sua casa.
— Ele gostou de você. — Me assustou ao ouvir a voz feminina. — Oh! Me desculpas senhora Sn.
Me virei vendo a Phoebe e balancei a cabeça.
— É que eu nunca vi ele tendo contato físico com outra pessoa. — Ela falou pegando o vestido da minha mão — Tem boatos falando que uma garota tocou nele e ele colocou ela na cadeia.
Eu soube disso. Porém, sempre fiquei com um pé atrás nessa fofoca, a internet pode ter inventado essa história só para ganhar visualizações ou algo do tipo.
⁴⁴⁴
Ainda não acordei totalmente. Acabei de colocar o suco na café, era para ter sido leite!
A minha amiga surgiu na cozinha e começou a rir ao ver que eu tinha feito.
— Esses fusos horários vão acaba comigo. — Falei esfregando as minhas mãos no meu rosto.
— Você irá se acostumar. — Alice falou colocando o leite num novo café e botou na minha frente — Toma o café para acordar.
Murmurei um “ok” e dei um gole no café.
O dia já começou errado…
Ouço a campainha ser tocada e alguns segundos depois aparece Phoebe com…
— Minhas malas? — Falei com os olhos arregalados.
Eu estou imaginando? Isso só deve ser fruto da minha imaginação.
— Tocaram a campainha e quando fui atender não tinha nada, além dessas malas. — Explicou a funcionária.
Me levantei e caminhei até elas e toque. Não é fruta da minha imaginação. Porém, só para ter certeza.
Me belisquei, ao sentir a pequena dor eu percebi que não estava sonhando.
— Pensei que nunca mais veria elas. — Digo desacreditada.
Eles tinham perdido as minhas malas e falaram que não tinha jeito.
— Parece que o dia já começou bem. —A minha amiga falou parando ao meu lado.
Concordei com ela. Logo peguei as minhas malas e subi para o andar de cima, onde fica o meu quarto.
Demorou alguns minutos até finalmente eu terminar de arrumar as minhas roupas. Antes de fazer a mala vejo um bilhete.
O peguei e o abri. Meu coração acelera e sinto o desespero.
“ achou mesmo que iria fugir de mim vadia? “
Me sentei no chão não sentindo as minhas pernas. O papel que antes estava em minhas mãos, agora ele está no chão.
Ele me achou.
Não posso ficar aqui. Ele pode acabar tentando fazer alguma coisa e… Deus! Alice está grávida, ela não pode passar por estresse ou pior, se ele tentar fazer algo com ela para me punir?
O que faço? O que eu faço?
Lágrimas descem pelo meu rosto imaginando mil tragédias que podem acontecer se eu continuar aqui.
Vou morrer.
Ele vai acabar me matando.
E se eu não for embora, ele vai acabar matando as pessoas ao meu redor.
Enfiei as minhas unhas nas minhas coxas tentando me controlar.
O que eu faço?