Charlotte: Okay... Maggie em casa... segurando o bebê e a Sara não está aqui...
Charlotte comentou ao abrir a porta de casa e se deparar com Maggie na poltrona, segurando o filho de Sara e dando mamadeira para ele.
M: Sh...
Maggie pediu silêncio pois o bebê estava de olhos fechados, mas ela mesma não tinha certeza se ele estava dormindo ou não, ela simplesmente está imóvel há quase 15 minutos, com medo de fazê-lo chorar.
W: MAMÃE!!
Winnie entrou agora gritando, mas foi contida por Charlotte que tampou a boca dela. Winnie ia morder a mão de Charlotte, mas viu para onde ela apontava e viu Maggie e o bebê, então entendeu o motivo de ter sido calada.
Charlotte destampou a boca de Winnie, mas o bebê despertou da mesma forma, resmungou, o que fez Maggie se levantar com ele e tentar acalmá-lo.
Ch: Já era... você é muito barulhenta, Winnie.
W: Eu não sabia que ele estava dormindo.
Ch: Era para imaginar que poderia estar.
W: Como ia saber que ele estava aqui na sala??
Ch: Não ia, ia usar o bom senso.
M: Mas olha, sinceramente, Charlotte... não vai entrar numa discussão com uma criança.
Charlotte cruzou os braços.
M: Não é como se você tivesse sido um anjo quando tinha a idade dela.
W: Aonde está a minha mãe, tia Maggie?
M: Ela está lá em cima.
Ch: Deve estar dormindo, não vai lá.
W: Vou sim!
Ch: Não vai.
W: Eu vou!
M: Gente!
Maggie se irritou, ela olhou para Winnie e indicou a escada com a cabeça. Winnie subiu correndo.
Ch: Que ótimo! Agora eu digo que não pode e você vai lá e deixa ela fazer!
Charlotte acusou Maggie.
Ch: Eu não sou criança!
M: Eu sei que não.
Ch: Não parece que sabe! Eu estive aqui mais para ela do que você, o James e o Azari juntos! Então você passar por cima do que eu falo, só porque é mais velha é absolutamente ridículo.
Maggie fez positivo com a cabeça, ela se aproximou de Charlotte e segurou no pulso dela, a fazendo descruzar os braços.
M: Me desculpe. Eu sei.
Maggie continuou fazendo positivo com a cabeça.
M: Lotte... eu não queria passar por cima das suas ordens. Winnie sabe bem que você é uma tia presente, ela te adora.
Ch: Ela me trocou por você num piscar de olhos. Até parece que a via sempre.
M: Ela não trocou, eu sou apenas uma novidade para ela. Em breve ela vai se acostumar com a minha presença.
Ch: Ou com a sua ausência.
Maggie respirou fundo e resolveu ter paciência.
M: Pois é... eu não vou tomar o seu lugar. Eu realmente lamento ter passado por cima do que disse, mas não foi para desrespeitar você ou a sua idade ou autoridade, é que eu e Sara conversamos e ela me relatou sobre o ciúme que a Winnie tem sentido e o quanto ela lamenta não estar conseguindo dar uma atenção a Winnie que seja exclusiva. Ela está exausta e preocupada que a Winnie esteja se sentindo rejeitada, então mesmo que a Sara esteja dormindo, é bom para as duas que fiquem juntas.
Charlotte respirou fundo duas vezes, também tentando se acalmar, chegou a revirar os olhos e ficar a olhando para o teto, mas entendeu o que Maggie fez.
Ch: A Winnie está bem. Ela fica de boas se está distraída, eu faço atividades com ela e o Nick também. Ele reclama, mas faz.
Maggie fez positivo com a cabeça.
M: E cadê ele?
Ch: Ele nos trouxe em casa e logo saiu com a namorada insuportável dele.
Charlotte pareceu mais calma e agora preocupada.
Ch: A Sara está bem?
M: Sim, ela só está cansada... essa fase de recém nascido é bem puxada. Mas é só isso.
Ch: Segredos de irmãs...
Charlotte comentou com certo deboche e Maggie franziu a testa de leve.
M: Como é??
Ch: Há mais nisso do que quer me dizer...
M: Eu não posso falar de assuntos particulares que tive com a Sara e que ela se sentiu confortável em compartilhar comigo, se está preocupada com ela, converse com ela... pergunte.
Ch: A Sara não me diria. Eu não sou você.
M: Eu já ouvi isso antes.
Charlotte franziu a testa.
M: Sara já me disse também que ela não sou eu... eu acho engraçado o jeito que vocês pensam que sou perfeita, quando sou a mais perturbada mentalmente dos irmãos.
Charlotte franziu a testa.
M: Esqueceu das bebedeiras? Das drogas e etc?
Charlotte olhou para baixo.
M: Pois é... não estamos competindo, Lotte. Eu sou sua irmã e eu te amo tanto quanto eu amo a Sara. Eu queria que entendesse que tinha uma diferença de idade considerável entre você e nós duas, éramos adolescentes enquanto você era uma criança. E eu entendo que queria ser mais incluída e que deve ter sido chato nos ver fazendo tudo juntas e fugindo de você...
Charlotte cruzou os braços novamente e olhou para a janela.
M: Que adolescente gosta de ficar com crianças?
Ch: Eu só...
Charlotte se silenciou.
M: Diga...
Charlotte negou com a cabeça.
Ch: Eu... queria me sentir amiga de vocês também. Eu não sofro mais por isso, não há como mudar o passado.
M: Não mesmo. Você quer ser minha amiga agora?
Ch: Que pergunta ridícula. Me recuso a responder isso.
Maggie começou a rir.
M: Eu sabia que reagiria assim. Eu espero que não seja muito tarde para nós.
Charlotte olhou para o bebê.
Ch: Se a Sara precisa descansar, o melhor que faz é leva-lo para o seu quarto.
M: Me quarto?
Ch: Aqui toda hora vai ter alguém chegando, a Winnie sobe e desce... lá tem silêncio e se ele chorar, a Sara não ouvirá e assim ela vai descansar mais ou dar atenção para a Winnie.
Charlotte revirou os olhos com o olhar orgulhoso que Maggie deu para ela, ela só está dizendo o óbvio.
M: Você me ajuda? Ele não tomou nem um dedo de mamadeira.
Ch: Ele não está com fome, então.
M: Putz... e o que ele quer então?
Ch: Talvez conversar... só ser balançado... ele se acalmou agora.
M: É... melhor a gente ir para o quarto mesmo. Por favor, venha junto.
Ch: Você me quer lá?
M: Eu preciso de você lá!!
Ch: Se eu puder segurá-lo...
M: Isso não está sendo negociado!
Maggie protegeu a cabeça do bebê com a mão e correu com ele para o quarto dela. Charlotte riu e a seguiu até lá.
...
Winnie: Mamãe?
Sara: Meu amor...
Sara sorriu e estendeu os braços para a filha. Winnie correu até a cama, aproveitando o momento que o bebê não estava no colo agora, ela deitou alinhada com a mãe que lhe abraçou e beijou o rosto.
Sara: Você se divertiu?
W: Sim.
Sara: Aprendeu a andar de skate?
W: Só um pouco. Nick disse que preciso treinar, mas ele disse que sou boa.
Sara: Ele disse?? Que incrível. Ele brigou?
W: Não... mas a namorada dele chegou e ele e Charlotte brigaram um pouco.
Sara: Hum. E a namorada dele está lá embaixo?
W: Não, eles saíram juntos.
Sara: Ave... eu espero que ele volte.
W: Você brigava com seus irmãos também?
Sara: Sim.
Sara sorriu.
Sara: Principalmente com o James e a Charlotte.
W: Mas o tio James é tão legal!
Sara: Quando mais novo ele era um pestinha. Pensando bem... eu o acho um peste até hoje.
W: A tia Lina é muito legal também, mas você disse que a vovó não gostava dela.
Sara: Ela gostava sim, mas ela implicava muito com a Lina... e a Lina não era nenhuma santa, ela gostava de provocar. No fundo, a mamãe só tinha ciúmes do James.
W: Era o favorito dela, né?
Sara: Não...
Sara franziu a testa.
Sara: Quer dizer... quem te disse isso?
W: O tio James.
Sara: Ah, é claro que ele disse!
W: E o meu avô?
Sara: O que tem ele?
W: Ele gostava da Lina?
Sara: Ah sim, sim. Ele gostava de todo mundo. E todo mundo gostava dele. Ele era muito gentil.
W: Queria ter conhecido ele.
Sara: Eu também queria tivesse conhecido ele. Ele te amaria tanto, minha filha, mas tanto...
Winnie sorriu.
W: Maria me contou que ele amava muito a vovó...
Sara concordou com a cabeça.
Sara: De fato, eles se amavam muito.
W: Ela me disse que o amor deles era muito grande, como filmes de cinema.
Sara: É...
W: Eles tentaram ficar longe um do outro, sabia?? Sabia que eles chegaram a se separar??
Sara: Sim... eu fui feita quando estavam separados.
Winnie ficou boquiaberta.
Sara: Mas isso foi necessário, porque foi aí que ele fez a Maggie também.
Winnie franziu a testa.
Sara: Você já sabe que a tia Maggie não é filha da minha mãe.
W: É... você disse. Mas a Maria disse que o vô e a vó não conseguiam ficar muito tempo longe.
Sara: Ah, isso é verdade. Eles eram loucos um pelo outro.
Winnie sorriu e depois franziu a testa.
W: Tia Lina e James também, né?
Sara: Sim.
W: Mãe...
Winnie se sentou na cama.
W: Você e papai ficam muito tempo longe... o que isso quer dizer?
Sara ergueu as sobrancelhas.
Sara: Você acha isso?
Winnie deu de ombros.
W: Ele nunca está aqui. Vocês não se amam tanto assim? Como o vô Steve e a vó Natasha?
Sara: Eu amo o seu pai, Winnie. Por que a comparação?
Winnie deu de ombros de novo.
Sara: Está só curiosa... eu também era, mas mantinha as perguntas na minha cabeça, então obrigada por me dizer e por perguntar a mim. Eu quero que saiba que sempre pode me contar qualquer coisa, Winnie, qualquer coisa mesmo. Eu não vou julgar ou brigar... eu prometo.
Winnie fez positivo com a cabeça.
Sara: Sobre seu pai e eu... nós nos amamos, só não podemos ficar juntos o tempo todo porque o seu pai é responsável por um trono de uma nação, então eu tenho que dividir a atenção dele com um povo inteiro. Eu acho que... agora que disse em voz alta... me incomoda um pouco, mas isso não diminui o meu amor... fico feliz que você esteja aqui comigo. Você sente saudades dele?
W: Sim. E você?
Sara: Eu também.
W: Se o papai ficasse mais aqui, eu acho que você ficaria mais feliz.
Sara: Claro...
W: E não ia chorar mais... nem chamar pelo Alexei.
Sara: O que??
W: Você chama por ele quando você está dormindo.
Sara franziu a testa.
W: Quem é ele?
Sara fez negativo com a cabeça.
Sara: Alguém que eu pensei existir... mas não comente sobre isso.
W: Por que? Você fala muito dele.
Sara: Só porque... ele aparece nos meus sonhos... nada demais.
W: Mas sonhos bons ou ruins?
Sara: Eu não sei, Winnie. Eu prefiro não falar disso.
Sara ficou séria.
W: Talvez você esteja sonhando com um personagem de algum livro seu... que você ainda vai escrever!
Sara: Quem sabe... Winnie...
W: Você devia dar o nome dele a algum personagem, assim ele vai ser real, mamãe!
Winnie sugeriu, interrompendo Sara.
Sara: Winnie...
W: E ele pode ter poderes... como Harry Potter.
Winnie se empolgou.
W: E ele...
Sara: NATALIA!!!
Winnie ergueu as sobrancelhas quando Sara gritou, a chamando pelo segundo nome.
Sara: Eu disse que não quero falar sobre isso!
Winnie fez menção de responder, mas Sara franziu a testa ainda mais, deixando claro que mais alguma insistência, Winnie a veria muito brava.
Winnie fechou a boca e olhou para baixo. Sara respirou fundo e as duas ficaram em silêncio por alguns segundos. Sara conseguiu se acalmar, não tem o costume de ficar com raiva por muito tempo, ainda mais da filha.
Sara: Ei... e se nós duas fôssemos ao shopping para comer um hamburger ou uma pizza?? Com direito a pretzel de sobremesa? Você gostaria disso?
Winnie não respondeu.
Sara: Só eu e você... sem o bebê.
Winnie olhou para a mãe, com desconfiança.
W: Só eu e você??
Sara: Sim.
W: A tia Maggie pode ir?
Sara: Ela não pode ir porque alguém precisa ficar com o bebê.
W: Okay... e o tio Pym?
Sara: Tio Pym? Eu não sei se ele estará disponível, mas nós podemos convidá-lo sim. Já faz um tempo que não saímos com ele.
W: Eba! Ele pode me levar para andar de kart de novo!
Sara: Vocês dois amam isso mesmo, mas eu não vou pilotar.
W: Por isso que o tio Pym precisa ir!
Sara: Devemos ligar para ele?
W: SIM!!!
...
- Alexei??
Alexei ouviu o chamado, mas permaneceu deitado. Em seguida, ele ouviu o som das cortinas correndo no trilho, ao serem abertas.
Alexei: Não!
- Esse quarto precisa pegar um pouco de sol. Assim como você... está aqui dentro há muitas horas.
A: Não quero sair daqui, me deixem!
- Eu entendo que esteja se sentindo triste.
A: Eu matei a minha avó...
- Alexei... vamos dar uma volta.
A: Eu disse que não quero sair daqui!!!!
Alexei foi mais agressivo, o que fez a dama de ferro suspirar, mas não recuou ou desistiu.
- Não gostaria de ver a sua avó?
A: O que??
Alexei ergueu o rosto para fitar a dama de ferro.
A: Como assim? O corpo dela?
- Vamos dar uma volta.
Alexei franziu a testa, parecia contrariado, mas se levantou e seguiu a dama de ferro para fora do quarto dele. Como sempre, Alexei andou pelos corredores e quem estivesse passando, sejam funcionários ou guardas, sempre param o que estão fazendo até que ele passe, só então voltam às suas atividades anteriores.
Alexei nunca olho nos olhos de nenhum subordinado de esfera baixa, é como se eles não existissem, como se não tivessem importância, ele foi ensinado que ele é o único que importa porque era herdeiro de Alexei e deveria dar sequencia ao legado dele e conforme instruído pelo Alexei pai, ele só deveria ser preparado para assumir o legado na idade em que está agora, logo ele não tem muita noção de realidade.
Apesar disso, Alexei aprendeu cerca de 5 línguas e sabe boa parte da história dos países do mundo, e do próprio mundo, mas de acordo com a versão que Alexei queria que ele soubesse. Contos de fadas, desenhos e etc, sempre foram proibidos para Alexei, mas como falavam de impérios e muito pouco da família dele, ele passou boa parte da infância imaginando ser imperador, mas principalmente sobre ter uma família. Ele se perguntava como seria se o pai estivesse vivo... e para ele, ele seria tratado com mais afeto por ele do que por serviçais que sempre o trataram de maneira fria, por mais respeitosos que fossem.
Alexei também imaginava como seria a mãe dele, a noção que ele tinha de tratamento entre pais e filhos eram dos livros de biologia, quando via imagens sobre os animais e as cenas em que as fêmeas tomavam conta dos seus filhotes. Então apesar de não ter sentimentos e apegos por aqueles que o cercava, quando Natasha foi apresentada a ele como sendo sua avó, ele achou que iria experimentar o que viu nos livros ou saberia mais a respeito disso, então ele realmente lamenta ter perdido o controle a ponto de atirar contra ela, já que para ele, ela é a única família que ele tem e ele a matou.
Ao menos é o que ele pensava.
A: Que lugar é esse? Estava aqui antes?
- Sempre esteve, mas você não circulava por aqui.
Esclareceu a dama de ferro, abrindo a porta que dava acesso a um corredor estreito, mais bem iluminado que os demais corredores desse lar subterrâneo em que ele tem sido criado.
- Estamos no hospital.
A: Hospital?? Aqui?
- Sim. Essa é a área de observação. Venha...
A Dama de Ferro segurou nos ombros de Alexei e o fez andar até a metade do corredor, aonde tinha uma janela de vidro bem extensa, ela apontou para a janela e quando Alexei olhou, viu uma sala, sendo usada como quarto de hospital, havia uma cama hospitalar e nessa cama, estava quem ele menos esperava.
A: É a minha avó... É ela, não é?
Alexei olhou para a Dama de Ferro, que confirmou com a cabeça.
A: Ela sobreviveu?!
Alexei olhou Natasha pela janela, totalmente intacta, sem nenhum arranhão, nem tinha ataduras, parecia tranquila, parecia nova em folha.
A: Ela está viva?
- Pode-se dizer que sim.
A: São os poderes do nosso sangue!!!
Alexei sorriu, animado.
A: É o soro! É o soro!
Alexei correu até a janela e encostou as mãos no vidro, olhando encantado para Natasha.
A: Nós somos imortais! Nós somos como deuses!
Alexei sorriu de uma forma sinistra.