O SUSSURRO DAS LETRAS

By Josygracy

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UMA COLETÂNEA DE CONTOS PARA ADULTOS E CRIANÇAS. CONTOS DE GÊNEROS VARIADOS: ROMANCE, AVENTURA, FANTASIA, ETC... More

1- A RAINHA DO NORTE
2- GHOULISH
4- CONFISSÃO DE AMOR

3- REINO DE SORA

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By Josygracy

PRÓLOGO

O Legado da Coroa

A noite caiu sobre o Reino de Sora, trazendo consigo uma densa neblina que parecia esconder segredos sombrios. Nas sombras do palácio real, sussurros ameaçadores ecoavam pelos corredores, enquanto os guardas mantinham uma vigilância redobrada.

O velho Rei jazia em seu leito de morte, seus olhos cansados fitando o retrato de seu único filho, o Príncipe Sora. Sabia que seu tempo estava chegando ao fim e deixaria um legado pesado para seu herdeiro. A traição e a violência tinham assolado seu reino, deixando suas terras manchadas de sangue.

Com a última gota de forças, o Rei convocou seu filho ao quarto. Sora aproximou-se do leito, seu coração acelerado pela preocupação. Seu pai agarrou sua mão, a voz fraca e tremula.

_ Meu filho, você é o único a quem posso confiar o futuro do Reino de Sora. Inimigos poderosos ameaçam tomar o trono, e sua vida corre perigo. Você deve partir e se esconder até que seja o momento certo de reivindicar seu lugar.

Sora sentiu seu mundo desmoronar. Como poderia assumir tal fardo?

Após a brutal decapitação do Rei durante a sangrenta invasão do Norte, o Príncipe Sora se viu acuado e forçado a fugir do Império de Sora, que agora estava nas mãos de homens cruéis e violentos. Na confusão da batalha final, Sora conseguiu escapar do palácio real com a ajuda de um grupo leal de guardas. Eles o levaram pelas passagens secretas até as portas da cidade, onde um cavalo o aguardava.

_ Vá, meu príncipe!_ gritou o capitão da guarda, enquanto os invasores se aproximavam. _ Encontre um lugar seguro e aguarde seu momento de retornar e reclamar o que é seu por direito!

Sora relutou, seu coração dilacerado ao deixar seu amado reino nas mãos dos usurpadores. Mas ele sabia que sua vida era a única esperança para o futuro do Império de Sora. Com lágrimas nos olhos, ele esporeou o cavalo e partiu, adentrando a escuridão da noite, fugindo para o desconhecido.

Após sua fuga desesperada do palácio, o Príncipe Sora passou anos vivendo no exílio, sempre às sombras, constantemente temendo ser descoberto pelos assassinos de seu pai. Ele encontrou refúgio em uma remota cabana nas montanhas, onde tentava sobreviver com o mínimo necessário. Dia após dia, o Príncipe vivia atormentado pela memória da brutal decapitação do Rei e pela culpa de não ter lutado para defender seu reino. Ele sabia que seu lugar era no trono, mas a qualquer movimento em falso poderia ser capturado e morto.

Conforme os anos se passaram, Sora começou a criar uma rede secreta de aliados leais, espalhados pelas terras de Sora. Eles o mantinham informado sobre os abusos e a tirania dos usurpadores que agora comandavam o Império. Sora ouvia com angústia sobre as atrocidades cometidas em seu nome, ansiando pelo momento de retornar e restaurar a justiça. Mas, a espera era dolorosa. Viveu anos nessa solidão angustiante, rezando para que seu povo não o esquecesse e que um dia pudesse reunir forças suficientes para reclamar seu trono de volta. Ele sabia que precisaria de paciência, astúcia e determinação para derrotar os inimigos que o separam de seu legítimo lugar como governante de Sora.

Finalmente, após quase uma década no exílio, Sora sentiu que chegara o momento de agir. Ele começou a reunir seus aliados e a traçar os primeiros planos para uma arriscada investida de retomada do Império.

Mas, apesar de tentar manter um perfil baixo durante seus anos de exílio, o Príncipe Sora eventualmente se viu envolvido em um confronto perigoso que ameaçou expor seu paradeiro.

Uma noite, enquanto ele recolhia lenha para a lareira de sua cabana isolada, ele ouviu o galope de cavalos se aproximando. Escondendo-se rapidamente entre as árvores, ele observou com horror quando um grupo de cavaleiros armados parou diante de sua morada, vasculhando o local.

_ O príncipe deve estar por aqui em algum lugar!_ gritou o líder do bando. _ Não podem tê-lo mandado para muito longe. Encontrem-no a qualquer custo!

O Príncipe sentiu seu coração acelerar. Sua identidade havia sido descoberta, e agora seus inimigos o caçavam sem trégua. Ele sabia que não poderia ficar escondido por muito tempo. Com extremo cuidado, ele começou a se afastar lentamente, rezando para não ser visto. Mas em um momento de descuido, ele pisou em um graveto, quebrando-o com um estalo alto. Os guardas imediatamente se viraram em sua direção, empunhando suas espadas.

_ Lá está ele!_ gritaram, partindo em sua perseguição.

O Príncipe correu desesperadamente pelas encostas acidentadas, sua única chance de escapar. Ele saltava por cima de rochas e troncos caídos, tentando despistar seus implacáveis perseguidores. Mas eles eram muitos e determinados. Quando Sora já sentia que suas forças falhavam, ele avistou uma pequena ravina à frente. Sem hesitar, ele saltou corajosamente, caindo com um baque no fundo do desfiladeiro. Seus perseguidores pararam na beira, incapazes de prosseguir. Ferido e exausto, o Príncipe ficou ali, escondido, rezando para que seus inimigos desistissem da busca. Finalmente, quando a noite caiu, ele conseguiu retornar lentamente à sua cabana, sabendo que sua identidade havia sido revelada. Seu exílio agora se tornaria ainda mais perigoso...

Apesar da solidão e do medo constante de ser descoberto, o Príncipe Sora eventualmente encontrou alguns aliados inesperados que o ajudaram a preparar seu retorno ao trono.

Um desses encontros aconteceu em uma pequena taverna na cidade vizinha. Sora, sempre disfarçado e desconfiado, notou um grupo de mercenários que parecia discutir animadamente. Curioso, ele se aproximou discretamente e ouviu uma conversa que mudaria seu destino.

_ Ouvi dizer que o Império de Sora está oferecendo uma fortuna por aquele príncipe foragido!_ exclamou um dos homens, rindo e mostrando os dentes feios e amarelados. _ Acabaram de dobrar a recompensa por sua captura.

Sora sentiu seu coração gelar. Seus inimigos haviam intensificado a busca por ele.

Porém, para sua surpresa, outro mercenário respondeu:

_ Bem, eu digo que deixemos o homem em paz. Não tenho interesse em me meter com essa gente cruel.

O grupo então começou a discutir formas de ajudar o príncipe a escapar, sem saber que ele os observava atentamente. Quando a conversa terminou, o Príncipe abordou cautelosamente os homens.

_ Peço desculpas por escutar sua conversa, mas ouvi que vocês não pretendem me entregar aos meus inimigos. Será que posso contar com sua ajuda?_ ele indagou, esperançoso.

Os homens ficaram surpreendidos por encontrá-lo ali em uma zona muito perigosa, onde qualquer mercenário poderia entregá-lo sem dó ou piedade e receber gorda recompensa pela sua cabeça. Porém, para alegria do Príncipe, os mercenários concordaram em se aliar a ele. Eles se tornaram seus guarda-costas secretos, protegendo-o em suas viagens e obtendo informações valiosas sobre os movimentos do Império.

Com essa inesperada aliança, o Príncipe pôde fortalecer sua rede de contatos e planejar com mais segurança seu retorno triunfal ao trono. Talvez, finalmente, ele tivesse uma chance de recuperar seu reino das mãos daqueles que o haviam tirado de seu legítimo lugar. Ou estará condenado a vagar pelas terras distantes para sempre?

Esta é uma das perguntas que se faz ao ser levado cativo.

A maldição rodeia o Reino de Sora. Escuridão e morte estão às portas do palácio real e um segredo terá que ser guardado a todo custo, ainda que para isso o leve à tumba.


CAPÍTULO I

A Retomada do Trono

Cinquenta anos depois da invasão do Norte, o império Sora tinha em suas ruas cruzes, estátuas de madeira, hastes contendo restos de roupas velhas e rasgadas pelo tempo e o medo estampado nos rostos das pessoas, como se os fantasmas do passado voltassem a assolar aquelas terras. Sora tinha vivido dias de terror, medo e angústia como nunca houve na face da terra. Foi uma época em que os mais de cento e trinta mil soldados do reino do Norte, comandados por Dako Ki; enquanto o príncipe Shin - Hwa Sora tinha consigo cinquenta mil soldados, se juntaram na sangrenta batalha no Vale da Morte.

Dako Ki e seus homens invadiram o Sul trazendo morte e horror, superando os poderes militares de Sora, considerado o melhor e mais imbatível exército, fazendo-o cair como se fossem vacas no abatedouro, deixando Sora devastada e desprotegida. O jovem príncipe se lembrou de que, ao ver o pai sendo levado prisioneiro, prometeu que um dia reescreveria a história do seu povo. O Rei Seung Ji Sora, mais conhecido como o rei So, foi derrubado com todos os membros de sua linhagem, incluindo o único filho, ele, o príncipe Shin - Hwa Sora.

As tristes e dolorosas lembranças daquele momento encheram o coração do Príncipe de dor. Lembrou-se quando o pai, o Rei, foi levado para a praça pública para ser decapitado pelos inimigos. Ao ver o pai sendo brutalmente arrastado, Sora começou a gritar que era traição, que não poderiam fazer aquilo com o rei, mas ninguém o ouvia. O Príncipe fugiu, mas foi levado prisioneiro e anos mais tarde estava de volta.

Dako Ki tinha tomado a coroa, o reino e todo o povo. O príncipe Shin - Hwa Sora passou a ser um simples cidadão, sem direito ao trono, sem amigos e sem ninguém em quem confiar. A Rainha Mãe, a avó do Príncipe, faleceu logo após a morte do filho e da esposa do falecido Rei, a Rainha foi levada prisioneira e morreu de desgosto e tristeza um ano depois. Sem pai, sem mãe, sem ninguém, Sora jurou que recuperaria o trono e a honra da família real.

O Rei Sora observava com satisfação e determinação enquanto seus homens traziam o odiado usurpador Dako Ki acorrentado diante dele. Finalmente, chegara o momento do acerto de contas.

_ Olhe ao seu redor, Dako Ki_ Sora disse, a voz carregada de raiva contida. _ Tudo o que você roubou de mim agora me pertence novamente. O povo de Sora está do meu lado, e meus aliados fiéis me ajudaram a derrotá-lo.

Dako Ki encarou o Rei com desafio, os olhos vermelhos de ódio e cólera, mas um leve tremor em seu olhar traía seu medo.

_ Você acha que pode me intimidar, Sora?_ ele cuspiu no rosto do Rei. Os guardas correram ao seu encontro e colocaram a espada em seu pescoço, pronto para matá-lo, mas o rei levantou uma das mãos, impedindo-os. Limpando o rosto com um lenço, olhou bem dentro dos olhos do traidor e disse:

_ Eu reinarei sobre este reino por décadas. Você não tem o que é preciso para me derrubar.

Sora se aproximou lentamente, seus olhos ardendo com a memória de tudo o que aquele homem lhe arrancara: o trono, a honra de sua família, e até mesmo a vida de seus amados pais e a avó.

_ Você matou meu pai de forma brutal e covarde_ Sora disse, a voz tremendo de emoção. _ Agora chegou sua hora de pagar por seus crimes. _ Pelos meus pais e pela minha querida avó.

Com um gesto, Sora ordenou que seus guardas amarrassem Dako a um poste no pátio do palácio. A multidão se reuniu, gritando impropérios e clamando por justiça.

Sora empunhou uma adaga, seu rosto uma máscara de fria determinação.

_ Dako Ki, por seus atos de tirania e assassinato, eu, Rei Sora, sentencio você à morte.

Com um movimento rápido e preciso, Sora enfiou a lâmina no coração do traidor, apertou e torceu a adaga com força. Dako Ki se contorceu em agonia por alguns instantes, o sangue começou a descer pela boca e logo vieram os espasmos antes de cair morto aos pés do Rei. A multidão irrompeu em gritos de alívio e triunfo, enquanto outros tiveram temor do que poderia acontecer se traíssem o Trono.

Finalmente, a justiça foi feita. O reino de Sora havia sido liberto da sombra do usurpador, e seu legítimo governante estava de volta em seu devido lugar.

***

Cinco décadas depois, sentado em seu jardim privado, o Rei Shin-Hwa Sora observava as belas flores em silêncio, perdido em suas dolorosas memórias. Os acontecimentos daquele trágico dia ainda o assombravam, como um pesadelo eterno. Relembrava a triste história do seu povo; o massacre de Dako e sua morte cruel e sangrenta. Aquele que lhe tinha roubado tudo, recebera o pagamento em vida.

O príncipe Sora, com muito esforço, conquistou a confiança do povo, dos oficiais e militares que tinham sido fiéis ao pai, o falecido Rei toda a vida. Armaram uma emboscada e pegaram Dako Ki. Sora teve seu poder restaurado e a paz voltou a reinar.

_ Não lembro muito bem como foi aquele dia tão triste, o pior dia da minha vida. _ Disse Sora melancolicamente, enquanto seu fiel ministro e amigo íntimo Yuki Riu se aproximava.

Riu sabia bem da angústia que atormentava o Rei. Ele havia testemunhado o horror daquele dia fatídico, quando o falecido Rei, pai de Sora, fora cruelmente assassinado pelo usurpador Dako Ki.

_ É bom não se lembrar dos momentos tristes, Majestade. _ Riu, disse com pesar. _Recordo-me bem de como o falecido Rei foi morto e até hoje este episódio assombra as minhas noites. Todo o povo estava em aflição e tentaram impedir aquele massacre, mas Dako Ki tinha estudado minuciosamente cada um de nós, preparado tudo e ninguém pôde fazer nada para impedir aquele massacre. Foi realmente lamentável.

_ Queria ter boas recordações do meu pai, _ Sora assentiu, os olhos brilhando com lágrimas contidas _ e tudo que vem à memória são apenas imagens finais de sua vida. _ Sora disse, os punhos cerrados com raiva contida.

_ Lembro-me de que havia cinquenta soldados armados preparados para qualquer ataque, no caso de que os oficiais do Rei interferissem. _ Riu, baixou a cabeça, sentindo-se culpado.

_ Onde você estava Riu? _ Sora perguntou com um olhar triste _ Sabia que o Rei confiava somente em ti.

_ Naquele momento, Riu se prostrou diante do Rei.

_ Sinto muito alteza! Falhei e mereço a morte! Não tinha ideia de que o general Dako Ki iria conspirar e armar a destituição do Rei em segredo. Deveria ter sido mais atencioso neste sentido. _ ele tirou a espada da cintura e levantou em direção ao Rei. _ Podes tirar-me a vida!

_ Levante-se! _ O rei ordenou. _ Tudo o que aconteceu faz parte do passado. Você não teve culpa pela morte do meu pai.

_ Sinto muito alteza! Lamentarei pelo resto da minha vida não ter protegido sua Majestade, o Rei! _ disse, se curvando mais ainda com o rosto no chão.

_ Levante-se, Riu! É uma ordem real!

O ministro não se levantou.

_ Vai desobedecer ao seu rei?

O Rei Sora se levantou lentamente do banco do jardim, com a ajuda firme do ministro Yuki Riu. Seus passos eram cansados, a idade tornando-se cada vez mais evidente.

_ Já estou ficando muito velho, meu amigo,_ Sora suspirou, a voz carregada de melancolia.

Riu o observou com preocupação, notando o esforço que o Rei fazia para se manter ereto.

_ Majestade, parece que não se sente bem, melhor entrar. O vento frio não vai te fazer bem. _ Riu sugeriu, apoiando Sora com cuidado.

Nesse momento, Riu chamou pelas criadas que serviam no palácio.

_ Criadas! _ Riu, gritou para as moças que serviam ao Rei e estavam a uns dez metros deles.

Elas caminharam a passos ligeiros, chegando junto do Rei, fizeram uma reverência sutil, inclinando o tronco levemente para a frente com os joelhos flexionados, e cabeça baixa em sinal de respeito.

_ Tragam a rainha! _ O ministro Yuki Riu ordenou, sua voz assumindo um tom urgente.

As moças se entreolharam, surpresas com a repentina demanda.

_ O que aconteceu que estão aí paradas? Apressem-se! _ Riu, gritou, sua paciência se esgotando.

_ Sim, meu senhor. _ Respondeu uma delas, saindo apressadamente, seguida pelas outras criadas.

Sora olhou para Riu, a preocupação evidente em seu rosto cansado.

_ O que está acontecendo, meu velho amigo?_ o Rei perguntou, sua voz fraca.

Riu segurou firmemente o braço de Sora, guiando-o de volta para dentro do palácio.

_ Não se preocupe, Majestade. Preciso apenas ter certeza de que a rainha esteja ao seu lado neste momento. _ Riu respondeu, sua expressão séria.

Conforme caminhavam pelos corredores, Sora sentia seu coração acelerar. Havia algo na urgência de Riu que o inquietava. Será que algum novo perigo ameaçava seu reino?

O Rei, que outrora lutara bravamente para reconquistar seu trono, agora se via fragilizado pelo tempo. Mas Riu, seu leal conselheiro, estava ali para protegê-lo, mesmo que isso significasse invocar a presença da rainha às pressas.

O que aguardava Sora naquele momento tão delicado? Suas memórias dolorosas logo seriam confrontadas com uma nova realidade que exigiria toda a sua força e sabedoria de governante.

Sentada em meio a um mar de almofadas douradas e tecidos vermelhos, a Rainha Yuri Yoon Mei saboreava uma taça de chá. Com seus longos cabelos negros, pele alva e olhos profundos, a rainha emanava uma beleza e graça majestosas. Estava no salão principal da casa de chá sentada sobre um grande tapete vermelho felpudo.

_ Majestade! A Sra. Haneul Ji gostaria de vê-la. _ disse um guarda que estava parado na porta

Haneul Ji, a dama de companhia, entrou no salão com passos apressados, porém leves, e se curvou respeitosamente diante de Yuri.

Haneul Ji era a criada responsável pelas demais servas que atendiam e cuidavam da rainha, além de ser a dama de companhia.

_ Entre!

A criada entrou, se curvou diante da Rainha e com a cabeça baixa disse:

_ Majestade, o Rei gostaria de vê-la_ Haneul anunciou, com voz suave._ dizendo isso, se colocou de lado.

Yuri assentiu, seus lábios se curvando em um breve sorriso.

_ Obrigada Haneul. Pode se retirar.

A dama de companhia se retirou, deixando a rainha sozinha com seus pensamentos. Ela sabia que estar na presença do Rei naquele momento significava algo importante.

Haneul Ji saiu e ficou do lado de fora esperando enquanto dava instruções às demais criadas para prepararem o banho para Sua Majestade, o Rei. Seis delas saíram logo que receberam a instrução, enquanto outras três permaneceram.

O que estaria acontecendo para que o Rei a chamasse com tanta urgência? A rainha se perguntava, seu coração se enchendo de apreensão e expectativa.

Enquanto isso, a rainha Yuri observou suas damas de serviço se apressarem pelos corredores do palácio. Elas pareciam agitadas, provavelmente pelo fato de escoltá-la em seguida para os aposentos do Rei.

De repente, um som ecoou pelo corredor - o som de passos apressados seguido de um baque. Yuri franziu o cenho, preocupada, e se levantou graciosamente, se aproximando da porta.

Enquanto aguardavam a saída da rainha, a princesa herdeira vinha correndo pelo corredor do outro lado do palácio e tropeçou caindo em seguida. Algumas criadas que a acompanhavam correram para levantá-la.

Lá, viu a filha do Rei, a princesa herdeira, caída no chão, sendo amparada por suas criadas. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao ver a vitalidade e energia da jovem. Mesmo com a queda, ela parecia ilesa.

_ Não é necessário. _ disse a segunda esposa do Rei que chegava naquele momento para socorrer a filha.

Lady Loona Cho, a segunda esposa do Rei Sora, era uma mulher imponente e intimidadora. Com seus cabelos negros e lisos e olhos afiados como lâminas, ela exalava uma presença poderosa e ameaçadora.

Quando Sora recuperou o trono do pai, ele ainda não possuía muitas posses. Foi então que o Rei fez um acordo com o Lorde Han Cho, o senhor da maior e mais fértil região do reino, a terra de Norton. Em troca das terras, Sora se casaria com a única filha do Lorde, Loona. Aos vinte e cinco anos, Loona se tornou a segunda esposa do Rei. Mas esse não foi um casamento por amor. Ela havia sido praticamente forçada a se unir a Sora, trocada como moeda de barganha para obter as valiosas terras de Norton.

Nas primeiras semanas no palácio, Loona se apresentou como uma mulher doce e obediente, ganhando a confiança de Sora. Porém, logo sua verdadeira natureza começou a emergir. Ela era maliciosa, vingativa e falsa - tudo o que as criadas do palácio não suportavam.

Enquanto a Rainha Yuri Yoon Mei era adorada por todos, Loona era temida e desprezada. As servas cochichavam sobre sua crueldade e a maneira fria e calculista com que tratava a todos, inclusive a própria filha, a Princesa Herdeira.

Loona enxergava no casamento com o Rei uma oportunidade de obter poder e influência. Ela ansiava por ocupar o lugar de Yuri, tornando-se a única e verdadeira rainha. Seu coração era consumido pela ambição e ciúme, dispostos a qualquer manobra para alcançar seus objetivos.Agora, com a saúde do Rei Sora aparentemente debilitada, as tensões no palácio certamente iriam se intensificar. Loona certamente não hesitaria em aproveitar essa fragilidade para tentar conquistar o trono para si.

Ela está sempre atenta, escutando cada sussurro, cada boato que possa lhe dar alguma vantagem. Seus olhos perscrutam cada canto, procurando qualquer sinal de fraqueza que possa ser explorado.

Quando cruza pelos corredores, Loona adota uma postura serena e graciosa, sorrindo delicadamente para quem a vê. Mas por baixo dessa máscara, sua mente trabalha incansavelmente, tramando sua próxima jogada. Ela sabe usar seu charme e sedução para manipular aqueles que a cercam. Alguns servos sucumbem a seus encantos, tornando-se leais informantes. Outros, porém, permanecem desconfiados e hostis, sentindo o veneno em suas palavras doces.

Mesmo com a Rainha Yuri, Loona mantém uma aparência submissa e respeitosa. Mas, no íntimo, ela a detesta, vendo Yuri como o único obstáculo em seu caminho para o poder supremo. E quanto à Princesa Herdeira? Loona a observa com um misto de ressentimento e cálculo frio. Sabe que, enquanto a menina viver, suas chances de ascender ao trono serão cada vez mais remotas. Portanto, a segunda esposa do Rei não hesitará em agir, mesmo que isso signifique derramar sangue inocente.

Tudo o que Loona quer é o trono. E ela não permitirá que nada, nem ninguém, nem a própria filha, fique em seu caminho. Apesar de a menina ser sua própria herdeira, Loona não a vê como tal - ela a vê apenas como uma ameaça a seus planos ambiciosos.

É uma situação muito delicada e perigosa. A ambição e o desejo de poder de Loona não têm limites, e ela não hesitará em usar quaisquer meios para alcançar seus objetivos, mesmo que isso signifique trair seu próprio sangue.

A princesa Eun - Ji começou a chorar muito alto, chamando a atenção de todos.

_ Está bem, filha, deixe de chorar. A mamãe está aqui. _ Falou Loona Cho, pegando-a no colo.

A princesa, de cinco anos, abraçou o pescoço da mãe e olhou feio para as criadas que deveriam cuidá-la. As criadas baixaram a cabeça com medo da rainha.

Neste momento, a primeira esposa de Sua Majestade, a Rainha Yuri Yoon Mei avançou graciosamente pelo corredor, seguida por seu séquito de criadas particulares. Seu rosto exibia uma expressão serena e gentil.

_ Tenho unguento para a princesa. _ disse amavelmente.

_ Como vou saber se você não colocou nenhum veneno mortal nele? _ Loona questionou, sua voz carregada de veneno.

As criadas presentes se entreolharam, mas nenhuma ousou levantar a cabeça ou encarar diretamente as duas mulheres. Era um grande insulto olhar fixamente para as rainhas quando convocadas em sua presença - algo que poderia até lhes custar a vida.

O ar ficou pesado com a tensão palpável entre Yuri e Loona. A disputa pelo poder e influência sobre o Rei e o reino era evidente em cada palavra e gesto. As leais servas do palácio observavam apreensivas, temendo serem arrastadas para o perigoso jogo político que se desenrolava.

Yuri manteve sua calma e dignidade, recusando-se a se deixar provocar pelas acusações de Loona. Ela sabia que precisava se manter forte e vigilante, pois sua rival certamente não hesitaria em usar qualquer meio para enfraquecer sua posição.

_ Levem a princesa para os seus aposentos. Vou em seguida. _ disse a rainha Loona Cho de maneira áspera para uma criada que estava ao seu lado, a criada de sua confiança, Goon Hwang. Ela saiu com a criança enquanto a rainha permanecia ali.

As palavras de Loona Cho atingiram Yuri como flechas envenenadas. A Rainha sentiu seu coração se contrair com a crueldade daqueles ataques pessoais.

_ Jamais faria algo tão atroz contra a vida da princesa. _ Yuri Yoon Mei respondeu, sua voz firme, negando veementemente as acusações.

Porém, Loona não se deixou intimidar. Ela estreitou os olhos, levantando uma sobrancelha em um gesto desafiador.

_ Não sei, não, tenho lá minhas dúvidas. _ Loona retrucou levantando uma das sobrancelhas, sua expressão repleta de desconfiança.

_ Que classe de pessoa você acredita que eu sou? E por que tem este conceito sobre mim?_ Yuri franziu o cenho, indignada.

A segunda esposa deixou escapar uma risada debochada.

_ Você com certeza tem inveja e ciúmes de mim. - ela afirmou, erguendo o queixo com arrogância.

Yuri balançou a cabeça, um sorriso breve brotando em seus lábios.

_ Eu? Com inveja de você? Por que estaria? Não tenho nenhuma necessidade de ser possuída por tão mau sentimento.

_ Você pode ter o coração do rei, ser a preferida dele, mas não tem o que ele mais deseja.

O deboche de Loona ecoou pelos corredores. As palavras dela atingiram Yuri como uma punhalada. A Rainha ergueu o queixo, sua voz serena, porém firme.

_ O amor do Rei é suficiente para mim.

_ Até quando? Quando ele se cansar de ti? Sabe que você é descartável neste sentido. Ou pensou que isso não aconteceria? _ Loona deu um sorriso maldoso.

_ Não pense que porque me dizes tais palavras, me convencerá do contrário.

Yuri manteve sua compostura, recusando-se a ser abalada pelas provocações.

_ Não é necessário. _ Loona rebateu, seu olhar penetrante _ Você mesma sabe que não é suficiente para o rei. Ele quer filhos, se você não os dá, não é uma mulher completa, e mulheres incompletas como você não servem para ser rainha.

As criadas presentes se entreolharam, horrorizadas com as cruéis palavras de Loona. Nenhuma delas ousava emitir qualquer som, temendo as consequências de se intrometer naquela disputa mortal entre as rainhas.

O ar do palácio era pesado com a tensão palpável. Yuri precisava encontrar forças para enfrentar aquela mulher implacável, cuja ambição não conhecia limites. Seu próprio lugar como Rainha, e até mesmo a vida da princesa, estavam em perigo.

As palavras cruéis de Loona penetraram fundo no coração da Rainha Yuri Yoon Mei, por mais que ela tentasse manter sua compostura inabalável. Aquelas verdades dolorosas eram algo que ela constantemente lutava para esconder, mesmo de si mesma.

Desde que aquela mulher pusera os pés naquele palácio, a vida de Yuri se transformara em um inferno constante. Loona não escondia sua ambição de se tornar a rainha principal, disposta a usar qualquer meio para alcançar seu objetivo.

Apesar de todos os seus esforços, Loona sabia que, aos olhos de muitos, ela era vista mais como uma amante do que uma verdadeira esposa e governante do palácio. Ela não hesitava em tecer intrigas e manobras para tentar roubar o lugar de Yuri, a primeira rainha, prejudicando seus direitos e privilégios.

Desesperadamente, Loona tentava conquistar a confiança do Rei Sora. Porém, o coração do monarca permanecia trancado a sete chaves, acessível apenas à Rainha Mei. E ela tinha plena consciência de que a única forma de assegurar seu lugar seria dando um filho a Sora.

Caso contrário, Yuri sabia que arriscava perder tudo - seu posto, seu reinado, tudo o que conquistara.

Loona aguardava pacientemente, pronta para aproveitar qualquer fraqueza, qualquer oportunidade para derrubá-la e tomar seu lugar.

_ Sua Majestade, o Rei aguarda a sua presença. _ disse a criada Haneul Ji, aproximando-se e se curvando em reverência, tirando-a dos seus devaneios.

_ Claro. _ disse sem olhar para a outra, acompanhando-a seguida de outras quatro criadas mais.

Enquanto elas iam à frente, a rainha Mei tinha ao seu lado a Haneul Ji que durante todos aqueles anos a serviu com toda a gratidão. Elas tinham uma a outra como amigas e confidentes. Haneul Ji, tinha servido a mãe da Rainha e a conhecia desde o ventre.


CAPÍTULO II

O Peso da Coroa

Haneul Ji olhou para a Rainha com preocupação evidente em seus olhos. Enquanto caminhavam em direção aos aposentos do Rei, deixando para trás a arrogante Loona, ela não conseguiu conter sua indignação.

_ Com todo o respeito, Sua Majestade, por que permite que ela te trate assim? _ Haneul Ji indagou, sua voz carregada de zanga.

_ Todo cuidado é pouco Haneul Ji, alguém pode te escutar. _ Yuri lançou um olhar apreensivo ao redor.

_ Perdão Sua Majestade. _ a criada se desculpou prontamente. _ É que fico zangada com a maneira que te trata sem o menor respeito.

_ Não se preocupe por mim. O que ela diz não é de todo mentira. _ Yuri suspirou, seu olhar tornando-se melancólico.

_ Majestade! – Haneul Ji exclamou, chocada.

A Rainha assentiu tristemente.

_ Necessito dar um herdeiro ao Rei, mas como deve ser possível se eu não consigo engravidar? Acredito que não nasci para ser mãe.

Haneul Ji ficou em silêncio por alguns instantes, seu coração se apertando com a dor evidente em sua soberana. Ela sabia que Yuri carregava um fardo tão pesado, pressionada pela necessidade de produzir um herdeiro.

As duas caminhavam e conversavam baixinho. Ocasionalmente, as criadas paravam quando percebiam estarem muito longe delas, quando se aproximavam, voltavam a caminhar.

_ Majestade, não perca a esperança, _ a criada disse suavemente. _ Talvez ainda haja tempo. O Rei ama a senhora de verdade, disso não tenho dúvidas. Ele não a descartaria tão facilmente como Loona sugere.

Yuri esboçou um breve sorriso triste.

_ Mesmo assim, Haneul Ji, não posso ignorar a ameaça que Loona representa. Ela está disposta a tudo para ocupar meu lugar. Preciso me manter forte e vigilante, pelo bem do reino e de sua própria filha.

As duas mulheres continuaram a caminhar em silêncio, carregando o peso daquela conversa. Estavam percorrendo todo o lado norte do palácio para ir ao encontro do Rei que estava no lado leste.

Haneul Ji hesitou por um momento, então se animou ao ter uma ideia.

_ Majestade, tenho uma sugestão, _ ela disse com cautela.

A Rainha Yuri a olhou com atenção diminuindo o passo.

- Qual?

- Porque não busca um curandeiro?_ Haneul Ji propôs.

Naquele instante, Yuri parou em seu caminho, seus olhos fixos na criada. Haneul Ji sentiu o coração disparar, temendo ter ido longe demais com sua ousadia.

- Perdoe esta pobre insolente majestade! - Disse curvando-se ao dar-se conta do que tinha dito profundamente arrependida.

As outras criadas que iam à frente se voltaram, assustadas com a cena. O medo estava estampado em seus rostos - o que Haneul Ji teria feito para estar implorando o perdão da Rainha?

Para a surpresa de todos, Yuri começou a rir. Ela olhava para Haneul Ji e ria novamente, Haneul Ji levantou a cabeça devagar, olhando para a Rainha sem entender o motivo daquela reação. Ela havia se atrevido a fazer tal sugestão, com base na amizade e confiança que construíram desde que Yuri a trouxera para o palácio, tornando-a sua dama de companhia e, posteriormente, chefe das criadas.

— Levante-se Haneul Ji, _ Yuri disse, ainda sorrindo_ o que você disse foi tão engraçado que não consegui segurar o riso.

As servas presentes se entreolharam, aliviadas por ver que a Rainha não parecia estar zangada. Haneul Ji, por sua vez, sentiu o alívio invadir seu peito, satisfeita por conseguir arrancar um sorriso daquela mulher tão mergulhada em preocupações.

Ela se levantou, ajeitou o vestido e se colocou em posição ereta ao lado da rainha. Caminharam um pouco mais e por vezes a rainha olhava para ela de soslaio.

Yuri pousou a mão carinhosamente no ombro da criada.

- Algum problema majestade?- Ela perguntou incomodada.

- O que você disse era serio?

Ela moveu a cabeça em confirmação.

— É tão absurdo, mas, ao mesmo tempo, não é. Sua sugestão não é de todo absurda, minha querida. Talvez eu realmente deva buscar a ajuda de um curandeiro experiente. Quem sabe ele não possa me ajudar a resolver esse impasse.

A Rainha retomou seu caminho, com Haneul Ji ao seu lado. A tensão que antes pairava no ar parecia ter se dissipado, ao menos por ora. Talvez aquela conversa tenha sido exatamente o que Yuri precisava para encontrar um novo rumo em meio à tormenta que se aproximava.

— Então quer dizer que ficou tentada?

— Pode ser. Nunca tinha pensado nisso realmente.

Chegaram diante da grande porta de madeira dos aposentos do Rei.

Yuki Riu anunciou a presença da rainha.

— Sua Majestade, a rainha Yuri Yoon Mei está aqui.

A rainha entrou após ser anunciada.

O Rei estava sentado em cima de grandes almofadas. Com sua vestimenta real vermelha e dourada mostrava um ar imponente. A rainha fez uma leve reverência e se sentou ao lado de maneira que ele pudesse vê-la de frente.

— Como está majestade? — ela perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

— Não me sinto muito bem hoje, estou cansado e sinto palpitar o coração._ O Rei suspirou.

Yuri examinou seu semblante, notando o quão pálido ele parecia.

_Vejo que está abatido. Vou pedir ao médico real que o examine, e o senhor precisa descansar um pouco. Não tem nenhuma reunião hoje, verdade?

— Sim, tenho que me reunir com os governadores. O assunto é urgente e não posso cancelar._ Sora respondeu, sua voz soando determinada.

A Rainha franziu o cenho levemente.

- A reunião é mais importante que a sua saúde? Peça a Dong Lee, ele é um funcionário de alto escalão e pode cancelar seus compromissos hoje.

Sora balançou a cabeça.

- Sabe que a palavra do Rei não retrocede. Vou me reunir com os governadores assim como estava previsto. Os ladrões estão roubando no mercado e várias reclamações foram feitas de que os governadores estão envolvidos.

Ela assentiu, compreendendo a urgência da situação.

- Sei que precisa resolver este assunto quanto antes. Ainda assim, vou pedir que o médico real, o Dr. Bora Han, venha atendê-lo logo após a reunião.

Então, Sora segurou as mãos de Yuri, seus olhos transbordando amor e ternura.

_ E a sua saúde como está?- Ele perguntou tomando suas mãos.

Diante daquele gesto carinhoso, Yuri sentiu seu coração se aquecer. Ela sabia que, apesar de todas as provações, o amor de Sora por ela era genuíno. Aquele momento de intimidade era como um bálsamo em meio à tempestade que estava enfrentando diariamente.

— Sinto-me muito bem, majestade. _ ela respondeu, tentando mostrar firmeza na voz.

O olhar gentil do Rei pousaram sobre os dela.

Porém, Sora a conhecia tão bem que não pôde ser enganado.

_ Conheço minha amada muito bem. Algo te perturba, _ ele disse, sua voz carregada de preocupação.

Yuri hesitou por um momento, mas sabia que não poderia esconder a verdade de seu marido.

_ Não tem que se preocupar por mim, _ ela tentou, mas Sora a interrompeu.

_ É devido à Loona Cho?_ ele perguntou diretamente.

Diante dessa pergunta, Yuri ficou em silêncio, confirmando as suspeitas do Rei.

Finalmente, ela reuniu coragem para falar.

_ Sinto-me triste porque não posso te dar um herdeiro. É tudo o que mais desejo nesta vida, _ declarou, sua voz carregada de tristeza.

Sora apertou com delicadeza as mãos dela.

_ Você é tudo o que preciso, e se me der um herdeiro, serei o rei mais feliz, _ ele disse com carinho.

Yuri sentiu seu coração se aquecer com as palavras gentis de seu amado. Ela sabia que, apesar de todas as dificuldades, o amor de Sora por ela era verdadeiro e incondicional.

_ Majestade, prometo que não vou parar de tentar. Farei de tudo para dar-lhe o herdeiro que tanto deseja, _ Yuri disse, com determinação em seu olhar.

Sora sorriu e, com cuidado, levou a mão de Yuri aos lábios, beijando-a suavemente.

_ Eu sei, minha amada. Sei que você faria qualquer coisa por mim e pelo nosso reino.

Uma semana se passou desde que Haneul Ji sugerira que Yuri buscasse a ajuda de um curandeiro. O clima no palácio tornava-se cada vez mais sufocante e carregado de tensão.

A atmosfera era sombria, com nuvens escuras se acumulando no céu, ameaçando despejar uma chuva torrencial a qualquer momento. Um vento gelado soprava pelos corredores, parecendo refletir a inquietação que permeava os aposentos reais. O calor opressivo do verão havia dado lugar a uma frieza que parecia se insinuar pelos cantos, deixando todos com um leve arrepio. Até mesmo os pássaros, outrora cantando alegremente, agora emitiam sons mais sombrios, como se pressentissem a tormenta que se aproximava.

Yuri sentia o peso daquele clima carregado sobre seus ombros. Seus dias eram marcados por uma angústia constante, à medida que Loona intensificava suas manobras e ataques verbais contra ela. A segunda esposa parecia sugar toda a alegria e tranquilidade do palácio, deixando em seu lugar uma sensação de medo e apreensão.

As criadas andavam pelas dependências reais com passos apressados, lançando olhares furtivos ao redor, temerosas de serem pegos no meio das intrigas. Até mesmo o Rei Sora parecia mais tenso e distante, provavelmente preocupado com as crescentes tensões em seu reino. Naquele ambiente sufocante, a Rainha Yuri sentia-se como se estivesse caminhando em meio a uma floresta sombria, sem saber ao certo o que a aguardava à frente. Ela sabia que precisava encontrar forças para enfrentar aquela tempestade, pois sua posição, seu reino e seu futuro dependiam disso. Durante esse tempo, a vida da Rainha tornara-se ainda mais difícil graças às constantes provocações e maquinações de Loona Cho.

Com a ajuda discreta de sua dama de companhia, Yuri conseguiu escapar sorrateiramente do palácio e seguir para as redondezas, em busca do curandeiro que Haneul Ji lhe indicara. Após uma jornada até o alto de uma montanha, elas encontraram a singela casa de palha onde morava o ancião.

Ao ouvir o relato da Rainha, o curandeiro lhe entregou algumas ervas especiais, orientando-a a prepará-las em chá e ingeri-las diariamente, por um período de três meses. Yuri aceitou as instruções com gratidão, esperançosa de que finalmente poderia engravidar e dar o tão desejado herdeiro a Sora.

De volta ao palácio, Yuri começou a seguir rigorosamente as recomendações do curandeiro, tomando o chá com as ervas todas as manhãs, às escondidas de todos, inclusive de Loona. Ela rezava para que aquele tratamento fosse eficaz e lhe permitisse cumprir seu dever de gerar um filho.

Porém, o que Yuri não sabia era que sua rival, a ambiciosa segunda esposa, desconfiava do que ela estava fazendo e começou a vigiar seus movimentos. Loona tinha seus olhos e ouvidos por todo o palácio, e não deixara escapar nem mesmo aquelas escapadas suspeitas da Rainha. Ela só não sabia o que verdadeiramente Yuri estava planejando fazer.

Um sorriso maldoso brotou nos lábios de Loona enquanto ela observava discretamente Yuri preparar seu chá todas as manhãs.

_ Então, minha cara Rainha, você acredita que pode me enganar, não é?_ ela murmurou para si mesma, seus olhos brilhando com um arquejo de triunfo. _ Veremos o que estás maquinando porque se descubro o que é, não deixarei barato!

O clima no palácio tornava-se cada vez mais tenso e opressivo. Yuri sabia que precisava manter-se vigilante, pois Loona não hesitaria em usar qualquer fragilidade sua a seu favor. Mas, por ora, ela continuava a seguir à risca as orientações do curandeiro, rezando para que seus esforços finalmente dessem frutos.

Por três meses ela fez o que o curandeiro pediu às escondidas do Rei e sem que a segunda rainha soubesse. Bem, isso era o que ela imaginava.

***

Um dia, sentindo mal-estar e dor no estômago, pediu que o médico real fosse vê-la. O Dr. Bora Han, um respeitado médico real com mais de setenta anos de experiência, entrou nos aposentos de Yuri após ser anunciado. Carregando sua maleta de couro, fez uma reverência respeitosa antes de se aproximar da Rainha.

Tomando o pulso de Yuri, ele balançou a cabeça pensativamente de um lado para o outro, examinando-a com atenção. Sua expressão séria não passou despercebida pela soberana.

_ Algum problema, doutor?_ Yuri perguntou, aflita ao ver a preocupação estampada no rosto do médico.

_ É estranho... _ ele murmurou, reexaminando o pulso dela com cuidado.

_ O que tem de estranho? Pode me dizer com toda segurança _ Yuri insistiu, seu coração acelerando.

_ Como se sente, Alteza?_ O doutor indagou.

_ Neste momento me sinto bem. Por quê?_ ela respondeu, a confusão evidente em sua voz.

_ Pode se deitar um pouco?_ ele solicitou gentilmente.

_ Claro._ A Rainha então chamou sua dama de companhia Haneul Ji.

A criada, que aguardava do lado de fora, entrou prontamente ao ouvir seu nome.

_ Sua Majestade, a Rainha necessita se deitar _ o doutor instruiu.

_ Claro _ Haneul Ji respondeu, rapidamente preparando um leito confortável no chão polido, com uma manta real e almofadas para que Yuri pudesse repousar.

Assim que a Rainha se acomodou, o médico examinou novamente seu pulso, descendo em seguida as mãos até o seu estômago, barriga e ventre, tocando-a com delicadeza por alguns minutos. Seu semblante tornava-se cada vez mais intrigado.

Finalmente, o Dr. Bora Han ergueu o olhar, encarando Yuri diretamente. O que ele teria descoberto durante aquele exame?


CAPÍTULO III

Sob o Olhar da Rival

Haneul Ji olhou para a Rainha com preocupação evidente em seus olhos. Enquanto caminhavam em direção aos aposentos do Rei, deixando para trás a arrogante Loona, ela não conseguiu conter sua indignação.

_ Com todo o respeito, Sua Majestade, por que permite que ela te trate assim? _ Haneul Ji indagou, sua voz carregada de zanga.

_ Todo cuidado é pouco Haneul Ji, alguém pode te escutar. _ Yuri lançou um olhar apreensivo ao redor.

_ Perdão Sua Majestade. _ a criada se desculpou prontamente. _ É que fico zangada com a maneira que te trata sem o menor respeito.

_ Não se preocupe por mim. O que ela diz não é de todo mentira. _ Yuri suspirou, seu olhar tornando-se melancólico.

_ Majestade! – Haneul Ji exclamou, chocada.

A Rainha assentiu tristemente.

_ Necessito dar um herdeiro ao Rei, mas como deve ser possível se eu não consigo engravidar? Acredito que não nasci para ser mãe.

Haneul Ji ficou em silêncio por alguns instantes, seu coração se apertando com a dor evidente em sua soberana. Ela sabia que Yuri carregava um fardo tão pesado, pressionada pela necessidade de produzir um herdeiro.

As duas caminhavam e conversavam baixinho. De vez em quando as criadas paravam quando percebiam que estavam muito longe delas, quando se aproximavam voltavam a caminhar.

_ Majestade, não perca a esperança, _ a criada disse suavemente. _ Talvez ainda haja tempo. O Rei ama a senhora de verdade, disso não tenho dúvidas. Ele não a descartaria tão facilmente como Loona sugere.

Yuri esboçou um breve sorriso triste.

_ Mesmo assim, Haneul Ji, não posso ignorar a ameaça que Loona representa. Ela está disposta a tudo para ocupar meu lugar. Preciso me manter forte e vigilante, pelo bem do reino e de sua própria filha.

As duas mulheres continuaram a caminhar em silêncio, carregando o peso daquela conversa. Estavam percorrendo todo o lado norte do palácio para ir ao encontro do Rei que estava no lado leste.

Haneul Ji hesitou por um momento, mas se animou ao ter uma ideia.

_ Majestade, tenho uma sugestão, _ ela disse com cautela.

A Rainha Yuri a olhou com atenção diminuindo o passo.

- Qual?

- Porque não busca um curandeiro?_ Haneul Ji propôs.

Naquele instante, Yuri parou em seu caminho, seus olhos fixos na criada. Haneul Ji sentiu o coração disparar, temendo ter ido longe demais com sua ousadia.

- Perdoe esta pobre insolente majestade! - Disse curvando-se ao dar-se conta do que tinha dito profundamente arrependida.

As outras criadas que iam à frente se voltaram, assustadas com a cena. O medo estava estampado em seus rostos - o que Haneul Ji teria feito para estar implorando o perdão da Rainha?

Para a surpresa de todos, Yuri começou a rir. Ela olhava para Haneul Ji e ria novamente, Haneul Ji levantou a cabeça devagar, olhando para a Rainha sem entender o motivo daquela reação. Ela havia se atrevido a fazer tal sugestão, com base na amizade e confiança que construíram desde que Yuri a trouxera para o palácio, tornando-a sua dama de companhia e, posteriormente, chefe das criadas.

— Levante-se Haneul Ji, _ Yuri disse, ainda sorrindo. _ O que você disse foi tão engraçado que não consegui segurar o riso.

As servas presentes se entreolharam, aliviadas por ver que a Rainha não parecia estar zangada. Haneul Ji, por sua vez, sentiu o alívio invadir seu peito, satisfeita por conseguir arrancar um sorriso daquela mulher tão mergulhada em preocupações.

Ela se levantou, ajeitou o vestido e se colocou em posição ereta ao lado da rainha. Caminharam um pouco mais e de vez em quando a rainha olhava para ela de soslaio.

Yuri pousou a mão carinhosamente no ombro da criada.

- Algum problema majestade?- Ela perguntou incomodada.

- O que você disse era serio?

Ela moveu a cabeça em confirmação.

— É tão absurdo, mas, ao mesmo tempo, não é. Sua sugestão não é de todo absurda, minha querida.

Talvez eu realmente deva buscar a ajuda de um curandeiro experiente. Quem sabe ele não possa me ajudar a resolver esse impasse.

A Rainha retomou seu caminho, com Haneul Ji ao seu lado. A tensão que antes pairava no ar parecia ter se dissipado, ao menos por ora. Talvez aquela conversa tenha sido exatamente o que Yuri precisava para encontrar um novo rumo em meio à tormenta que se aproximava.

— Então quer dizer que ficou tentada?

— Pode ser. Nunca tinha pensado nisso realmente.

Chegaram diante da grande porta de madeira dos aposentos do Rei.

Yuki Riu anunciou a presença da rainha.

_Sua Majestade, a rainha Yuri Yoon Mei está aqui.

A rainha entrou após ser anunciada.

O Rei estava sentado em cima de grandes almofadas. Com sua vestimenta real vermelha e dourada mostrava um ar imponente. A rainha fez uma leve reverência e se sentou ao lado de maneira que ele pudesse vê-la de frente.

— Como está majestade? — ela perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

— No me sinto muito bem hoje, estou cansado e sinto palpitar o coração._ O Rei suspirou.

Yuri examinou seu semblante, notando o quão pálido ele parecia.

- Vejo que está abatido. Vou pedir ao médico real que o examine, e o senhor precisa descansar um pouco. Não tem nenhuma reunião hoje, verdade?

— Sim, tenho que me reunir com os governadores. O assunto é urgente e não posso cancelar._ Sora respondeu, sua voz soando determinada.

A Rainha franziu o cenho levemente.

- A reunião é mais importante que a sua saúde? Peça a Dong Lee, ele é um funcionário de alto escalão e pode cancelar seus compromissos hoje.

Sora balançou a cabeça.

— Sabe que a palavra do Rei não volta. Vou me reunir com os governadores assim como estava previsto. Os ladrões estão roubando no mercado e várias reclamações foram feitas de que os governadores estão envolvidos.

Ela assentiu, compreendendo a urgência da situação.

— Sei que precisa resolver este assunto quanto antes. Ainda assim, vou pedir que o médico real, o Dr. Bora Han, venha atendê-lo logo após a reunião.

Então, Sora segurou as mãos de Yuri, seus olhos transbordando amor e ternura.

_ E a sua saúde como está?- Ele perguntou tomando suas mãos.

Diante daquele gesto carinhoso, Yuri sentiu seu coração se aquecer. Ela sabia que, apesar de todas as provações, o amor de Sora por ela era genuíno. Aquele momento de intimidade era como um bálsamo em meio à tempestade que estava enfrentando diariamente.

— Sinto-me muito bem, majestade. _ ela respondeu, tentando mostrar firmeza na voz.

O olhar gentil do Rei pousaram sobre os dela.

Porém, Sora a conhecia tão bem que não pôde ser enganado.

_ Conheço minha amada muito bem. Algo te perturba, _ ele disse, sua voz carregada de preocupação.

Yuri hesitou por um momento, mas sabia que não poderia esconder a verdade de seu marido.

_ Não tem que se preocupar por mim, _ ela tentou, mas Sora a interrompeu.

_ É por Loona Cho? — ele perguntou diretamente.

Diante dessa pergunta, Yuri ficou em silêncio, confirmando as suspeitas do Rei.

Finalmente, ela reuniu coragem para falar.

_ Sinto-me triste porque não posso te dar um herdeiro. É tudo o que mais desejo nesta vida, _ declarou, sua voz carregada de tristeza.

Sora apertou com delicadeza as mãos dela.

_ Você é tudo o que preciso, e se me der um herdeiro, serei o rei mais feliz, _ ele disse com carinho.

Yuri sentiu seu coração se aquecer com as palavras gentis de seu amado. Ela sabia que, apesar de todas as dificuldades, o amor de Sora por ela era verdadeiro e incondicional.

_ Majestade, prometo que não vou parar de tentar. Farei de tudo para dar-lhe o herdeiro que tanto deseja, _ Yuri disse, com determinação em seu olhar.

Sora sorriu e, com cuidado, levou a mão de Yuri aos lábios, beijando-a suavemente.

_ Eu sei, minha amada. Sei que você faria qualquer coisa por mim e pelo nosso reino.

Uma semana se passou desde que Haneul Ji sugerira que Yuri buscasse a ajuda de um curandeiro. O clima no palácio tornava-se cada vez mais sufocante e carregado de tensão.

A atmosfera era sombria, com nuvens escuras se acumulando no céu, ameaçando despejar uma chuva torrencial a qualquer momento. Um vento gelado soprava pelos corredores, parecendo refletir a inquietação que permeava os aposentos reais. O calor opressivo do verão havia dado lugar a uma frieza que parecia se insinuar pelos cantos, deixando todos com um leve arrepio. Até mesmo os pássaros, outrora cantando alegremente, agora emitiam sons mais sombrios, como se pressentissem a tormenta que se aproximava.

Yuri sentia o peso daquele clima carregado sobre seus ombros. Seus dias eram marcados por uma angústia constante, à medida que Loona intensificava suas manobras e ataques verbais contra ela. A segunda esposa parecia sugar toda a alegria e tranquilidade do palácio, deixando em seu lugar uma sensação de medo e apreensão.

As criadas andavam pelas dependências reais com passos apressados, lançando olhares furtivos ao redor, temerosas de serem pegos no meio das intrigas. Até mesmo o Rei Sora parecia mais tenso e distante, provavelmente preocupado com as crescentes tensões em seu reino. Naquele ambiente sufocante, a Rainha Yuri sentia-se como se estivesse caminhando em meio a uma floresta sombria, sem saber ao certo o que a aguardava à frente. Ela sabia que precisava encontrar forças para enfrentar aquela tempestade, pois sua posição, seu reino e seu futuro dependiam disso. Durante esse tempo, a vida da Rainha tornara-se ainda mais difícil graças às constantes provocações e maquinações de Loona Cho.

Com a ajuda discreta de sua dama de companhia, Yuri conseguiu escapar sorrateiramente do palácio e seguir para as redondezas, em busca do curandeiro que Haneul Ji lhe indicara. Após uma jornada até o alto de uma montanha, elas encontraram a singela casa de palha onde morava o ancião.

Ao ouvir o relato da Rainha, o curandeiro lhe entregou algumas ervas especiais, orientando-a a prepará-las em chá e ingeri-las diariamente, por um período de três meses. Yuri aceitou as instruções com gratidão, esperançosa de que finalmente poderia engravidar e dar o tão desejado herdeiro a Sora.

De volta ao palácio, Yuri começou a seguir rigorosamente as recomendações do curandeiro, tomando o chá com as ervas todas as manhãs, às escondidas de todos, inclusive de Loona. Ela rezava para que aquele tratamento fosse eficaz e lhe permitisse cumprir seu dever de gerar um filho.

Porém, o que Yuri não sabia era que sua rival, a ambiciosa segunda esposa, desconfiava do que ela estava fazendo e começou a vigiar seus movimentos. Loona tinha seus olhos e ouvidos por todo o palácio, e não deixara escapar nem mesmo aquelas escapadas suspeitas da Rainha. Ela só não sabia o que verdadeiramente Yuri estava planejando fazer.

Um sorriso maldoso brotou nos lábios de Loona enquanto ela observava discretamente Yuri preparar seu chá todas as manhãs.

_ Então, minha cara Rainha, você acredita que pode me enganar, não é?_ ela murmurou para si mesma, seus olhos brilhando com um arquejo de triunfo. _ Veremos o que estás maquinando porque se descubro o que é, não deixarei barato!

O clima no palácio tornava-se cada vez mais tenso e opressivo. Yuri sabia que precisava manter-se vigilante, pois Loona não hesitaria em usar qualquer fragilidade sua a seu favor. Mas, por ora, ela continuava a seguir à risca as orientações do curandeiro, rezando para que seus esforços finalmente dessem frutos.

Por três meses, ela fez o que o curandeiro pediu às escondidas do Rei e sem que a segunda rainha soubesse. Bem, isso era o que ela imaginava.

Um dia, sentindo mal-estar e dor no estômago, pediu que o médico real fosse vê-la. O Dr. Bora Han, um respeitado médico real com mais de setenta anos de experiência, entrou nos aposentos de Yuri após ser anunciado. Carregando sua maleta de couro, fez uma reverência respeitosa antes de se aproximar da Rainha.

Tomando o pulso de Yuri, ele balançou a cabeça pensativamente de um lado para o outro, examinando-a com atenção. Sua expressão séria não passou despercebida pela soberana.

_ Algum problema, doutor?_ Yuri perguntou, aflita ao ver a preocupação estampada no rosto do médico.

_ É estranho... _ ele murmurou, reexaminando o pulso dela com cuidado.

_ O que tem de estranho? Pode me dizer com toda segurança _ Yuri insistiu, seu coração acelerando.

_ Como se sente, Alteza?_ O doutor indagou.

_ Neste momento me sinto bem. Por quê?_ ela respondeu, a confusão evidente em sua voz.

_ Pode se deitar um pouco?_ ele solicitou gentilmente.

_ Claro._ A Rainha então chamou sua dama de companhia Haneul Ji.

A criada, que aguardava do lado de fora, entrou prontamente ao ouvir seu nome.

_ Sua Majestade, a Rainha necessita se deitar _ o doutor instruiu.

_ Claro _ Haneul Ji respondeu, rapidamente preparando um leito confortável no chão polido, com uma manta real e almofadas para que Yuri pudesse repousar.

Assim que a Rainha se acomodou, o médico examinou novamente seu pulso, descendo em seguida as mãos até o seu estômago, barriga e ventre, tocando-a com delicadeza por alguns minutos. Seu semblante tornava-se cada vez mais intrigado.

Finalmente, o Dr. Bora Han ergueu o olhar, encarando Yuri diretamente. O que ele teria descoberto durante aquele exame?


CAPÍTULO IV

O segredo do chá

O Dr. Bora Han olhou diretamente para a Rainha Yuri, seu semblante grave.

_ Majestade, estás gravida, _ ele anunciou, sua voz firme.

Yuri arregalou os olhos, atônita.

_ Como? O que você disse, doutor?

_ Sim, Vossa Majestade. Estais esperando um filho_ o médico confirmou.

Um sorriso radiante iluminou o rosto de Yuri. Ela levou as mãos trêmulas de emoção até seu ventre. Finalmente, ela iria dar o tão desejado herdeiro a seu amado esposo Sora. Toda a angústia e pressão que vinha sofrendo pareciam ter se dissipado naquele momento.

Quando o Dr. Bora Han se retirou, sua dama de companhia, Haneul Ji, aproximou-se da Rainha.

_ Estou muito feliz por ti, Alteza _ ela disse, seu olhar transbordando de alegria.

Yuri assentiu, sua expressão tornando-se séria.

_ Peço que guarde sigilo sobre minha gravidez. Não quero que mais ninguém saiba,_ ela instruiu.

_ Está bem, Majestade, _ Haneul Ji concordou prontamente.

Conforme os dias foram passando, a gravidez de Yuri progrediu. Porém, numa certa manhã, a Rainha amanheceu indisposta, sem sair de seus aposentos por todo o dia. Loona Cho, desconfiada do que poderia estar acontecendo, pediu a sua dama de confiança, Goon Hwang, que fosse averiguar a situação.

Foi nesse momento que Haneul Ji cruzou com Goon Hwang, que carregava uma bandeja de chá, nos corredores do palácio.

_ Haneul Ji, escutei por aí que a Rainha não saiu de seus aposentos,_ Goon Hwang comentou, lançando olhares furtivos na direção dos aposentos reais.

Haneul Ji manteve-se atenta e desconfiada.

_ Sim, está em seu aposento. Neste momento, somente a Sua Majestade, o Rei, é permitido entrar, _ ela respondeu, procurando não revelar demais a felicidade que sentia e tentou disfarçar o máximo que pode.

_ Entendo. A Rainha está doente?_ Goon Hwang insistiu.

_ Não, não está. Só quer descansar um pouco, _ Haneul Ji afirmou, tentando encerrar o assunto.

Goon Hwang assentiu, mas não parecia satisfeita com a resposta.

_ O que acontece se eu for visitá-la? _ perguntou, lançando olhares para o corredor onde ficavam os aposentos da Rainha. _ Você não se importa, verdade?

Haneul Ji a encarou firmemente.

_ A Senhorita estará em grandes problemas, _ ela advertiu, deixando claro que não permitiria que a dama de Loona se aproximasse da Rainha.

O clima tenso entre as duas damas era palpável, com Haneul Ji determinada a proteger o segredo de Yuri a todo custo.

- Por quê? – Perguntou a outra, olhando-a fixamente.

- Já te disse que apenas Sua majestade, o Rei, pode visitá-la. Nem sequer pense nisso!

- A minha rainha pode visitá-la.

- De jeito nenhum! Só Sua Majestade, o Rei, pode ir neste momento.

A dama de Loona Cho claramente estava tentando provocá-la, buscando alguma reação que pudesse revelar o segredo da Rainha Yuri.

_ Ah, esqueci algumas ervas na casa de chá, pode trazê-las para mim?_ Goon Hwang pediu, com um sorriso dissimulado.

Mas Haneul Ji não caiu na armadilha.

_ Eu tenho que fazer isso? Vá buscá-las se quiser. Não faço mandados para você, só estou a serviço da minha Rainha_ ela respondeu firmemente, caminhando a passos ligeiros em direção à casa de chás.

Vendo Haneul Ji se afastar, Goon Hwang fingiu seguir em direção aos aposentos de Loona Cho, no lado oeste do palácio. Porém, assim que constatou que a outra dama não a observava mais, ela mudou de rumo, se dirigindo diretamente aos aposentos da Rainha Yuri.

Chegando em frente à porta, Goon Hwang fingiu uma reverência e disse ao guarda postado:

_ Tenho um chá para entregar a Sua Majestade, a Rainha.

O guarda a examinou com desconfiança.

_ A mando de quem?

Goon Hwang hesitou por um momento.

"Se digo que foi a pedido da Rainha, ele não aceitará. Que o Rei me perdoe", ela pensou, franzindo a testa.

_ A pedido de Sua Majestade, o Rei_ ela então mentiu.

Ainda hesitante, o guarda olhou ao redor antes de abrir finalmente a imponente porta de madeira.

A dama de Loona Cho deu um sorriso triunfante em seus lábios. Ela teria finalmente a oportunidade de descobrir o que estava acontecendo com a Rainha. E não hesitaria em levar essa informação à sua senhora, ainda que isso lhe custasse a confiança do próprio Rei.

A Rainha Yuri respondeu do interior de seus aposentos:

_ Pode entrar.

O guarda, então, pegou a bandeja das mãos de Goon Hwang e adentrou o recinto. A dama de Loona Cho se retirou, satisfeita por conseguir acesso aos aposentos reais.

Nesse momento, Haneul Ji chegou, parando à entrada.

_ Majestade,_ ela chamou.

_ Entre, Haneul Ji,_ Yuri a convidou.

Haneul Ji entrou, apressada, em informar a Rainha. _ Não tinha o chá de flor de almíscar que a Majestade queria.

O guarda, então, colocou a bandeja sobre uma mesinha ao lado do leito de Yuri. Uma cortina branca e fina de tecido transparente separava o leito da Rainha da mesa, que tinha grandes almofadas douradas e vermelhas ao redor, onde Yuri costumava se sentar.

_ Pode deixar que eu atendo a Rainha. Obrigada, _ Haneul Ji disse ao guarda, que então se retirou.

Ela ajeitou a bandeja sobre a mesa e comentou:

_ Vejo que alguém trouxe o chá.

Yuri assentiu, seu semblante preocupado.

_ Sim, mas eu não pedi por esse chá_ ela disse, observando a bandeja com cautela.

Haneul Ji franziu o cenho, intrigada.

_ Então, quem o trouxe, Majestade?

_ Goon Hwang, a dama de companhia de Loona Cho,_ Yuri revelou, seu tom carregado de apreensão. _ Ela disse que era a mando do rei, mas algo me diz que isso não é verdade.

A expressão de Haneul Ji endureceu.

_ Majestade, temo que isso possa ser uma armadilha de Loona Cho para descobrir seu segredo.

Yuri assentiu, seus dedos repousando sobre seu ventre levemente arredondado.

_ Eu também temo por isso, minha cara dama. Precisamos ficar ainda mais vigilantes a partir de agora.

Yuri ponderou sobre as palavras de Haneul Ji, então retrucou:

_ Mas se foi Sua Majestade, o Rei, quem pediu que trouxesse, então devo tomar. Ele sabe como amo o chá de flor de almíscar, e por aqui já não há mais essa flor.

_ Busquei na casa de chás e não havia mais, Majestade, _ Haneul Ji explicou.

_ Certamente, ele intuiu meu desejo e pediu que alguém trouxesse de longe, pois por estas redondezas não há, _ Yuri concluiu, parecendo convencida.

Com cuidado, Haneul Ji colocou um pouco do chá na xícara branca, bordada em dourado. De cabeça baixa, ela se aproximou um pouco da cortina que separava o leito da Rainha e estendeu a mão, oferecendo a xícara a Yuri.

_ Não necessita tanto protocolo quando estivermos a sós, Haneul Ji, _ a Rainha disse suavemente.

_ Desculpe, Majestade, mas não posso quebrar o protocolo, _ Haneul Ji respondeu.

_ Sabe que somos amigas desde há muito tempo, e quando estivermos sozinhas, não necessita se preocupar com as formalidades_ Yuri insistiu, com um sorriso.

Haneul Ji então deixou escapar uma risada, levando rapidamente a mão à boca.

_ Desculpe-me, _ ela disse, constrangida.

Yuri se levantou de seu leito, aproximando-se de Haneul Ji. Ela se sentou em uma grande almofada dourada e vermelha, e, tomando as mãos dela, disse:

_ Lembra-se de quando éramos apenas nós duas, trabalhando no mercado e vendendo flores?

Haneul Ji assentiu, seus olhos brilhando com a lembrança daqueles tempos.

As duas amigas, agora em posições tão distintas, compartilhavam um momento de afeto e cumplicidade, esquecendo-se por alguns instantes das intrigas que as cercavam no palácio. Naquele oásis de conforto, Yuri podia se sentir segura e em paz, ao lado de sua querida Haneul Ji.

Yuri assentiu, seu olhar carregado de nostalgia.

_ Sim, lembro-me bem. Quando o Rei passou por nosso humilde povoado e voltou diversas vezes naquele mesmo mês, eu jamais poderia imaginar que aquele seria o início de uma nova vida para mim no palácio.

Ela suspirou, seus dedos brincando distraidamente com a borda da almofada.

_ Tornei-me a Rainha, mesmo contra a vontade de muitos. Afinal, sou apenas uma pobre moça plebeia acolhida pelo Rei.

As duas amigas continuaram a recordar os tempos de outrora, compartilhando risos e lembranças de quando trabalhavam juntas no mercado, vendendo flores.

Nos meses seguintes, Loona Cho, a segunda Rainha, sempre enviava chá de flor de almíscar a Yuri, um gesto que ninguém suspeitava e escondia algo terrível.

Quando Haneul Ji mencionou que desconfiava dos reais motivos de Loona Cho sempre enviar chá de flor de almíscar à Rainha Yuri, os olhos de Yuri se estreitaram, desconfiados.

_ Algo terrível deve estar por trás desses envios_ Yuri murmurou apreensiva, sua mão repousando sobre seu ventre.

Haneul Ji assentiu, seu semblante preocupado.

_ Temo que Loona Cho possa estar tentando prejudicar você ou o bebê, Majestade.

A Rainha franziu o cenho, pensativa.

_ Será que esses chás contêm algum tipo de veneno? Será que ela planeja matar meu filho ainda em meu ventre?- disse olhando com o terror estampado em seus olhos.

A possibilidade de Loona Cho estar tramando algo tão horrível fez o coração de Yuri disparar. Ela sabia que sua rival não hesitaria em recorrer a meios sórdidos para se livrar do herdeiro que ameaçava seus próprios planos de poder. Seu coração disparou, um misto de medo e indignação tomando conta de seu ser. Como uma mãe, Yuri sentiu uma onda de proteção maternal tomando conta de si, refletida em seu olhar determinado.

_ Não posso mais aceitar esses chás._ Yuri decidiu, sua voz firme. _ Diga aos criados que jamais os recebam, não importa de quem venham. Preciso proteger meu bebê a todo custo.

Haneul Ji concordou prontamente, compreendendo a gravidade da situação. Ela sabia que teria de ficar ainda mais vigilante para evitar que qualquer tentativa de Loona Cho contra a Rainha e seu filho fosse bem-sucedida.

Yuri sabia que Loona Cho não hesitaria em recorrer a métodos sórdidos para eliminar o herdeiro que ameaçava seus próprios planos de poder. A simples ideia de seu filho estar em perigo a aterrorizava. Seus dedos tremiam levemente enquanto acariciavam seu ventre, como se pudesse proteger o bebê apenas com esse gesto maternal. Toda a alegria e expectativa que sentia pela chegada de seu filho agora estavam misturadas a um intenso medo e uma sensação de vulnerabilidade. Naquele momento, a Rainha só queria manter seu filho a salvo, protegê-lo de qualquer ameaça, mesmo que isso significasse viver sob constante tensão e desconfiança dentro do próprio palácio.

O clima de tensão e desconfiança pairava sobre o palácio, enquanto Yuri se agarrava à esperança de que seu filho nascesse são e salvo, apesar das maquinações de sua rival.

Até que um dia, quando a Rainha Yuri precisou ser atendida pelo médico real, o Rei Sora descobriu a gravidez. Ele ficou imensamente feliz com a notícia do tão sonhado herdeiro, e organizou uma festa de três dias para celebrar o evento. Loona Cho, no entanto, ficou furiosa com a revelação.

Já com nove meses de gestação, Yuri caminhou por seu jardim particular em uma ensolarada manhã. Sentada em um banco, ouvia o canto dos pássaros e acariciava sua barriga proeminente, acompanhada apenas por Haneul Ji, sua dama de companhia.

Subitamente, a Rainha começou a sentir fortes dores, gemendo e gritando.

Haneul Ji saiu correndo em busca de ajuda, retornando com um séquito de serventes e guardas carregando um palanque. Os servos correram em auxílio de Yuri, levantando-a cuidadosamente sobre o palanquim e correndo para as câmaras reais. Apenas Haneul Ji, duas donzelas, o rei e o médico real foram autorizados a entrar.

Por ordem do rei, as servas trouxeram lençóis frescos e água, conforme solicitado pelo médico. Yuri deitou-se sobre o cobertor real, rangendo os dentes através das contrações intensas.

O médico examinou rapidamente a rainha, com a testa franzida em concentração.

_ Vossa Majestade está progredindo rapidamente. A criança vem logo._ Voltou-se para as donzelas. _ Prepare água quente e toalhas limpas. Esse parto vai ser difícil.

Yuri apertou a mão de Haneul Ji, seus olhos se encheram de um misto de dor e ansiedade.

_ Meu filho... deve nascer em segurança. _ Sussurrou. _ Não vou deixar que Loona Cho prevaleça. _ completou, gemendo e se contorcendo.

Haneul Ji assentiu, sua própria expressão resoluta. _ Não permitirei que nenhum mal venha a você ou ao pequeno príncipe, ou princesa, Sua Majestade. Vamos ver isso juntos.

O médico voltou, trabalhando com afinco.

_ Está quase na hora, Majestade. Com sua próxima contração, preciso que você empurre com todas as suas forças.

Yuri respirou fundo e firme, preparando-se para trazer ao mundo a luz de que o Reino de Sora necessitava.

Pelo meu filho, vou aguentar qualquer coisa, ela pensou confiante.

Nesse momento, o médico saiu apressadamente para falar com Rei. Ele estava sentado na cadeira real esperando as boas notícias.

_ Que horas meu filho vai nascer? _ Ele perguntou ao médico que entrava naquele momento.

O médico, ajoelhado em frente ao Rei, disse:

- Entre as 19: 00 e 24: 00 h, Majestade. Vai ser um menino muito saudável.

O médico, após examinar a Rainha Yuri, adentrou os aposentos reais onde o Rei Sora o aguardava ansiosamente.

Ajoelhando-se respeitosamente diante do monarca, o médico anunciou:

_ Entre as 19:00 e 24:00 horas, Majestade. Será um menino muito saudável.

Sora sorriu amplamente, seus olhos brilhando com júbilo.

_ Excelente notícia, doutor! Meu tão esperado herdeiro está a caminho.

O médico hesitou por um momento, antes de prosseguir.

_ Há, no entanto, algumas superstições sobre a data do nascimento que gostaria de compartilhar com Vossa Majestade.

Sora arqueou uma sobrancelha, sua curiosidade aguçada.

_ Diga-me, então. Há algo de bom ou de ruim a se esperar?

_ Bem, alguns acreditam que bebês nascidos durante as horas da noite carregam consigo uma força e energia especiais,_ o médico explicou. _ Porém, também há quem diga que crianças nascidas nesse horário estão mais sujeitas a influências sombrias.

O Rei franziu o cenho, pensativo.

_Influências sombrias, você diz? O que isso significa exatamente?

_ Alguns acreditam que espíritos malignos ou energias negativas podem estar mais presentes durante a noite, Majestade,_ o médico ponderou, cuidadoso em suas palavras. _ Mas não devemos dar crédito a tais superstições. O que importa é que seu filho nascerá saudável e forte.

Sora assentiu, parecendo satisfeito.

_ Muito bem, doutor. Ficarei atento a quaisquer sinais, mas não permitirei que tais crenças afetem a alegria deste evento. Meu herdeiro será protegido e amado acima de tudo.

_ Excelente, Majestade. Agora, se me dá licença, devo retornar à Rainha Yuri. O trabalho de parto está em pleno andamento, _ o médico disse, fazendo uma breve reverência antes de se retirar.



CAPÍTULO V

A Chegada do Herdeiro

Nos aposentos reais, a cena era de intensa atividade. Haneul Ji segurava firmemente uma das mãos de Yuri, enquanto uma das criadas segurava a outra. A Rainha gemia de dor a cada contração.

_ Aguente firme, minha Rainha, _ disse a criada, em tom encorajador. Haneul Ji, então, colocou um pano na boca de Yuri, a fim de abafar seus gritos.

_ Dê toda a sua força, Majestade, _ instruiu a outra criada. Yuri suava e gemia, fazendo o possível para empurrar com todo o seu vigor a cada onda de dor. Quando parecia estar à beira do desfalecimento, um forte choro ecoou pelo aposento.

Do lado de fora, um séquito de governadores e damas da corte aguardava ansiosamente as notícias. Assim que ouviram o poderoso choro, uma das criadas correu até o Rei Sora, prostrando-se diante dele.

_ É um menino, Sua Majestade, _ ela anunciou, com reverência.

O Rei ficou radiante, exclamando com alegria. Todos no recinto se curvaram, congratulando-o pelo nascimento do herdeiro.

_ O herdeiro desta nação se converterá em um grande rei para o Império Sora. Todos mostrem respeito e cumprimentem o novo príncipe!_ Sora declarou com voz vibrante.

Rapidamente, o Rei dirigiu-se aos aposentos da Rainha, carregando o filho recém-nascido envolto em mantos reais. Aproximando-se de Yuri, ele disse com orgulho:

_ Filho, prometo fazer de ti um rei melhor do que sou. Não será um simples rei, mas um verdadeiro soberano de Sora.

Yuri, com o semblante cansado, mas brilhando de felicidade, respondeu:

_ Majestade.

_ Obrigado, _ Sora disse, agradecido. _ A partir de hoje, você será a primeira rainha._ Então, em um sussurro, ele aproximou os lábios do ouvido dela e revelou:

_ O nome da criança será Nan Yoon Sora.

Yuri sorriu docemente.

_ É um nome bonito, Majestade.

O Rei Sora estava radiante com o nascimento de seu filho, seu coração transbordando de orgulho pelo herdeiro. Nesse momento, foi anunciada a chegada da Rainha Loona Cho.

Ela adentrou os aposentos reais, sua filha em seus braços e fez uma reverência formal diante do Rei.

_ Minhas sinceras felicitações, Vossa Majestade, pelo nascimento do tão aguardado príncipe, _ Loona Cho disse, sua voz falsa e doce.

Sora assentiu, aceitando as congratulações. _ Obrigado, Loona. É uma ocasião de grande alegria para o reino.

Yuri observou a rival com cautela, ainda se recuperando do parto. Ela não confiava em Loona Cho e temia que a segunda rainha pudesse ter algum plano sinistro em mente.

Haneul Ji, percebendo a tensão, aproximou-se discretamente de Yuri.

_ Não se preocupe, Majestade. Estarei vigilante, _ ela sussurrou, reassegurando a Rainha.

Sora, alheio às desconfianças, chamou as damas que haviam auxiliado no parto e, acompanhado por elas e por Haneul Ji, levou o recém-nascido príncipe Nan Yoon Sora para irem cuidar dele.

Loona Cho observou a cena, seus olhos brilhando com uma malícia mal disfarçada. Ela certamente não estava satisfeita com o nascimento do herdeiro, que ameaçava seus próprios planos de poder.

Enquanto o Rei comemorava o nascimento de seu filho, Yuri e Haneul Ji permaneciam em constante alerta, cientes de que a ameaça de Loona Cho ainda pairava sobre eles.

- Como Rainha, não pude dar o filho que o rei tanto queria. – Disse Loona Cho. - O rei estava muito preocupado de que não tinha um filho varão para herdar o trono, você fez algo que o encheu de orgulho. Durante o ritual do banho, o rei anunciará o nome do príncipe. Ordenei aos meus servos que preparassem o banho, eles já prepararam tudo.

A declaração de Loona Cho deixou Yuri profundamente preocupada.

_ Se algo acontecer ao príncipe..._ ela murmurou, seu temor mal contido.

A segunda rainha respondeu de forma sarcástica: _ Nada vai acontecer ao príncipe, Majestade.

Yuri não conseguia acreditar em suas palavras. Ela conhecia bem a ambição e os métodos sórdidos de Loona Cho. Sua mente corria, imaginando possíveis esquemas da rival contra seu filho recém-nascido.

Quando chegaram ao quarto de banho, Yuri, as duas damas de parto e Haneul Ji acompanhavam o Rei Sora. Eles retiraram o manto que cobria o bebê e o colocaram na água, sob os olhos atentos dos pais.

Tudo parecia transcorrer bem, até que o príncipe começou a chorar alto. O semblante de Sora refletia intensa preocupação.

_ Revisem a criança!_ ele ordenou, sua voz repleta de ansiedade.

As damas examinaram o pequeno príncipe com cuidado, procurando qualquer sinal de desconforto ou perigo. Yuri segurava a respiração, seus olhos fixos no filho, enquanto Haneul Ji a observava com preocupação.

Loona Cho, por sua vez, mantinha um sorriso dissimulado nos lábios, como se observasse a cena com uma satisfação mal disfarçada.

Naquele momento crucial, a segurança do herdeiro real estava em jogo, e Yuri temia que os planos da rival pudessem se concretizar, ameaçando a vida de seu precioso bebê.

Imediatamente entrou o médico acompanhado de dois ajudantes. Pegaram a criança e examinaram. O corpo de branco começou a ficar negro de repente e, assustados, colocaram o bebê sobre a manta real. Todos os presentes estavam assombrados com o que O médico real reexaminou o pequeno príncipe com extremo cuidado, sua expressão tornando-se cada vez mais sombria.

_ Não é nenhuma das doenças que conheço, Majestade, _ disse ele, lamentando profundamente. _ Sinto muito...

A Rainha Yuri sentiu seu coração afundar ao ouvir aquelas palavras.

_ Envenenado?_ ela exclamou, incrédula.

O médico assentiu, seu semblante era grave.

_ Sim, Majestade. E ouvi dizer que só há uma pessoa em todo o reino capaz de reverter esse veneno.

O Rei Sora reagiu com fúria.

_ O que estão esperando? Vão logo à busca deste homem! _ ele gritou, exaltado.

A tensão na sala era palpável. Yuri segurava firmemente a mão do filho, seus olhos banhados em lágrimas, enquanto rezava para poderem encontrar uma cura a tempo.

Haneul Ji posicionou-se ao lado de Yuri, seu rosto refletindo a mesma preocupação. Ela sabia que Loona Cho era capaz de qualquer coisa para se livrar do herdeiro ao trono.

_ Façam o que for preciso para salvar meu filho,_ Sora ordenou aos guardas. _ Não descansem até encontrarem o antídoto!

Os guardas saíram em disparada, enquanto o médico se esforçava para estabilizar a condição do pequeno príncipe. Yuri e Sora aguardavam, desesperados, rezando para que conseguissem chegar a tempo de salvá-lo.

Todos os olhos se voltavam para a porta, na esperança de verem entrar o homem capaz de reverter o veneno que ameaçava a vida do futuro monarca de Sora.

Os guardas reais partiram a galope, determinados a encontrar o único homem capaz de salvar a vida do pequeno príncipe. Eles cavalgaram até a mais alta e distante montanha, onde encontraram o curandeiro Han-Neul Sook.

O que eles não sabiam era que Han-Neul Sook era, na verdade, o inimigo mortal do Rei. Anos atrás, o monarca havia levado a mulher que Han-Neul amava para se tornar sua esposa - a Rainha Loona Cho. Desde então, os dois mantinham um encontro secreto, e era Han-Neul quem havia fornecido o veneno que Loona Cho adicionava ao chá da Rainha Yuri, de modo que o bebê fosse gradualmente intoxicado.

Quando finalmente chegaram ao palácio, Han-Neul examinou cuidadosamente o pequeno príncipe. Então, ele pediu que todos se retirassem, exceto a Rainha mãe, o Rei, o Ministro Yuki Riu e a dama Haneul Ji.

Essa era a primeira vez que o Rei e seu inimigo jurado estariam frente a frente. A atmosfera estava carregada de tensão e desconfiança enquanto eles aguardavam, suas vidas dependendo das habilidades daquele que uma vez fora um amigo, mas agora era seu pior adversário.

Os olhos de Han-Neul se estreitaram enquanto ele examinava a criança, seu semblante impassível. O destino do futuro monarca de Sora estava em suas mãos. Todos prenderam a respiração, esperando ansiosamente por suas palavras.

Han-Neul Sook sentiu um turbilhão de emoções ao estar diante do Rei Sora, seu inimigo jurado. Apesar de todo o rancor e ressentimento que carregava por perder sua amada Loona Cho para o monarca, o peso da responsabilidade de salvar a vida do filho do Rei pesava sobre seus ombros.

Enquanto examinava cuidadosamente o pequeníssimo príncipe, todo o seu desejo era matar aquela criança e não permitir ver a luz do dia. Esta criança, inocente e indefesa, era a grande esperança do reino, o herdeiro que deveria suceder seu pai no trono. E ali estava ele, o homem que havia tramado sua morte lenta e dolorosa através do veneno.

Um conflito interno se travava dentro de Han-Neul. Por um lado, sua mente o impelia a deixar que a criança perecesse, concretizando assim sua vingança contra o Rei Sora. Mas seu coração, ainda que movido pela dor da traição, não conseguia ignorar o apelo da inocência do bebê.

Se falhasse em salvar o príncipe, seu nome seria maculado para sempre. Mas ainda assim, a oportunidade de se vingar de seu maior inimigo e do homem que lhe roubara o amor de sua vida era tentadora.

Encarando os olhos ansiosos do Rei, Han-Neul sentiu o peso da responsabilidade sobre si. Salvar o herdeiro de Sora significaria perdoar e esquecer toda a mágoa que carregava. Mas recusar-se a ajudá-lo poderia resultar em sua própria ruína.

Com um suspiro resignado, Han-Neul tomou sua decisão. Ele não podia deixar que a sede de vingança o cegasse a ponto de sacrificar a vida de uma criança inocente. Mesmo que isso significasse perdoar seu inimigo, ele faria o que estava ao seu alcance para salvar o pequeno príncipe.

O curandeiro tomou a criança quase desfalecida nos braços, tira de dentro do alforje um saquinho com algumas ervas batidas e começa a passar sobre o corpo do bebê.

- Banhe-o sete vezes a cada dois dias, durante um mês – Disse, entregando-o para Haneul Ji.

- Que alívio! – Disse o Rei.

- Por agora, sim, é um alívio, Majestade, mas já aviso que o veneno é mortal.

- Quer dizer que o príncipe vai morrer? — Perguntou o rei.

O curandeiro ficou calado.

O rei se aproximou furioso, pegando-o pelo pescoço e o levantando.

- Quer dizer que meu filho vai morrer? – Perguntou, apertando o pescoço do homem com força.

- Não tem cura, Majestade, sinto muito. Vai viver apenas pouco tempo. Quando o príncipe completar 20 anos, ele morre.

_ Busquem pelo culpado agora! Não descansarei enquanto o infeliz não pagar com a própria vida! – Diz furiosamente o Rei Sora aos guardas que estão do lado de fora esperando ordens.

Todos naquele lugar ficam assustados, mas logo se esquecem do que o curandeiro diz ao ouvirem a risada que o bebê dá naquele momento. O rei lança o homem longe com muita violência, toma o príncipe nos braços, segura sua mãozinha e, ao sentir a mão do rei sobre a sua, o bebê segura seu dedo mindinho e sorri. Aquele gesto simples, cheio de inocência, desarmou completamente Sora. Lágrimas escorreram por seu rosto, e ele se aninhou mais perto do filho, contemplando-o com olhos banhados em emoção.

A Rainha Yuri aproximou-se, unindo-se ao Rei na admiração daquele bebê tão frágil e precioso. Apesar da terrível notícia, o amor dos pais prevalecia e eles se agarravam à esperança de que pudessem encontrar uma maneira de evitar o destino sombrio que pairava sobre o herdeiro do trono.

Ela acariciou delicadamente a bochecha do filho, seu coração transbordando de amor maternal. Apesar da terrível notícia dada pelo curandeiro Han-Neul Sook sobre o destino do herdeiro, aquele momento de ternura entre os pais e o bebê era envolvente.

O Rei Sora embalou suavemente o príncipe, sua expressão outrora furiosa agora transfigurada em uma profunda ternura. Ele beijou a testa do filho, murmurando palavras de conforto e promessas de protegê-lo a todo custo. A Rainha Yuri se aconchegou ao lado de Sora, ambos contemplando com admiração a pequena vida que haviam trazido ao mundo. Eles pareciam ter se esquecido, pelo menos por aquele instante, da ameaça que pairava sobre o futuro do príncipe.

Haneul Ji, a fiel dama de companhia da Rainha, observava a cena com um olhar de profundo respeito e compaixão. Ela sabia que aqueles pais enfrentariam dias sombrios pela frente, mas confiava que seu amor e determinação seriam capazes de superar qualquer obstáculo.

O Ministro Yuki Riu, que até então permanecera em silêncio, aproximou-se com cautela, seus olhos refletindo a preocupação que ele compartilhava com todos os presentes. Ele sabia que deveriam agir rapidamente para descobrir o culpado e proteger o herdeiro do trono.

Naquele momento delicado, a família real buscava conforto e força um no outro, enquanto lutavam contra a ameaça que pairava sobre o futuro de seu amado príncipe.

Antes de deixar os aposentos reais, o Rei Sora segurou firmemente o braço de Han-Neul Sook, seus olhos faiscando em aviso.

_ Você não sairá daqui até jurar que ninguém, em hipótese alguma, ficará sabendo do que aconteceu aqui hoje. _ Sora exigiu, sua voz baixa e ameaçadora.

Han-Neul encarou o monarca, seu rosto impassível.

_ Majestade, entendo sua preocupação, mas devo ser honesto. Não posso simplesmente fingir que essa terrível notícia não existe.

_ Não me importa, _ Sora retrucou, apertando ainda mais o braço do curandeiro. _ O reino não pode saber sobre a maldição que pesa sobre meu filho. Sua vida depende disso.

Han-Neul percebeu a ameaça velada nas palavras do Rei. Ele sabia que Sora não hesitaria em tomar medidas drásticas para manter esse segredo a salvo.

_ Muito bem, Majestade, _ Han-Neul aquiesceu, derrotado. _ Eu juro, por tudo o que tenho de mais precioso, que não revelarei a ninguém o que descobri sobre o príncipe.

Sora assentiu, satisfeito.

_ Ótimo. Agora vá e encontre uma maneira de reverter essa maldição. Faça o que for preciso, mas não fale comigo.

Han-Neul fez uma profunda reverência e se retirou, sua mente fervilhando com planos e estratégias. Ele sabia que sua vida e a de Loona Cho dependiam de manter esse segredo a salvo.

Enquanto isso, Yuri e Sora retornaram sua atenção ao pequeno príncipe, seus corações apertados com a notícia devastadora, mas determinados a lutar por seu futuro.

A família real, imersa na alegria do momento, deixava de lado os temores sobre o cruel destino que pairava sobre o pequeno príncipe. Toda a sua atenção estava voltada para a felicidade daquela ocasião tão especial.

Do lado de fora do palácio, o povo de Soria aguardava ansiosamente pelas boas notícias. Quando o porta-voz abriu finalmente os portões e anunciou o nascimento do príncipe Nan Yoon Sora, uma onda de euforia tomou conta do reino.

Durante uma semana inteira, Soria foi palco de uma grande e festiva celebração. Músicas, danças e banquetes encheram os corações dos súditos de alegria e esperança, enquanto o segredo terrível sobre o futuro do herdeiro permanecia oculto.

Apenas Haneul Ji, o Rei, a Rainha e o curandeiro Han-Neul Sook tinham conhecimento deste segredo mortal, que eles seriam obrigados a carregar até a tumba.

E assim, uma sombra de escuridão e dor se escondia sob a superfície daquele reino que transbordava de felicidade, aguardando o momento em que emergiria para atormentar aquela família real.

"Enquanto a luz da celebração iluminava Soria, a escuridão da maldição que pairava sobre o príncipe se aproximava inexoravelmente, prestes a rasgar o véu da ilusão e revelar um futuro cruel que ninguém estava preparado para enfrentar."

FIM!


Todos os direitos reservados © Josy Gracy

© de imagem da capa: Canva

Reservados todos os direitos de publicaçao em qualquer idioma.

Escrito no Brasil- 2020 para um concurso literário em Sao Paulo

Publicado em 2024 -Espanha


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