Capítulo quatro.
"PORTAL ABERTO"
•DAKOTA•
Eu me lembro de poucas coisas do dia que fui sequestrada. Eu tinha dez anos, fui pega na saída da escola, Happy havia ficado doente então estava com outro motorista. Eu me lembro de sua cabeça explodir e meu rosto ficar encharcado de sangue e pele.
Depois, lembro-me de estar sentada em uma sala escura, eu ouvia as notícias passando em uma televisão antiga;
" A filha do bilionário Tony Stark está desaparecida a dois dias, o FBI, CIA e até mesmo a Shield estão investigando o desaparecimento de Dakota Stark, de apenas dez anos. O motorista que a levava foi encontrado morto no carro abandonado onde Dakota foi vista pela última vez.
Eu me lembro de olhar as notícias aterrorizada, sem entender o por que aquilo estava acontecendo. Eles não falavam comigo, não me davam comida, eles apenas fingiam que eu não existia.
" Eu não irei descansar até ter minha filha de volta" — foi a primeira vez que vi meu pai desde que havia sido sequestrada , seu rosto tinha olheiras fundas, olhos vermelhos e inchados, seus cabelos sempre bem arrumados estavam despenteados — " Pagarei a quantia que quiserem se entregarem minha filha em segurança, pago qualquer valor, darei minhas indústrias se for isso que querem, eu imploro que tragam minha Dakota de volta em segurança."
— É comovente não? Pensar que ele nem queria você. E agora está chorando atrás da preciosa filhinha dele — escuto a voz de uma mulher e mal pude acreditar quando vi seu rosto — E ainda assim me pega uma miséria por mês, ele se esqueceu que se não foi por mim, ele nunca teria você.
Foi a primeira vez que vi minha mãe pessoalmente e também a última vez que chorei de verdade. As vezes eu tinha muita dor de cabeça, eu tinha a hipótese de que eu forcei tanto para não chorar que os doze anos de lágrimas acumuladas me faziam ter dores de cabeça.
Eu já tentei chorar depois disso, mais simplesmente não conseguia. Igual agora, estou parada olhando essas ridículas figurinhas manchadas de sangue. Meus olhos queimavam, meu peito ardia, mas eu era incapaz de soltar uma mísera lágrima. Eu era uma inútil até para chorar.
Eu também tinha alto poder de auto depredação. Eu mesma me colocava para baixo me culpando de tudo sempre que alguma coisa dava errada. Eu sempre fui metódica, tudo sempre tinha que dar certo para mim, se não dava eu ficava zangada. Não culpava os outros, eu tinha o poder de me culpar mais do que qualquer um. Na verdade eu era muito mimada.
Saio da sala de controle e vou em busca do meu pai. Sei que ele esteve me olhando na ala hospitalar. Eu estava bem, meu braço estava em uma tipoia, e tinha um curativo em minha cabeça. Não sofri dano algum, não fisicamente. Não posso dizer o mesmo sobre os danos emocionais.
— Pai? — anúncio minha presença entrando onde deveria estar a cela de Loki.
— Dakota! — meu pai corta a conversa com Steve e vem até mim — Não deveria estar andando por aí, está se sentindo melhor?
— Estou bem — não o encaro nos olhos, ele me conhecia melhor que ninguém, e se ele me olhasse eu ia começar a resmungar igual uma criancinha mimada.
— Está sentindo melhor Senhorita Stark? — Capitão caminha até meu pai e eu. Achei fofo o jeito que ele estava preocupado, ele era uma ótima pessoa.
— Estou bem — respondo em um tom mais otimista. — E Loki?
— Está por aí com cubo — meu pai responde irritado.
— Eu não estou afim de seguir as ordens do Fury — digo para os dois.
— Nem eu — Capitão fala concordando comigo — ele tem nas mãos o mesmo sangue que Loki. Mas agora temos que deixar isso de lado e seguir em frente.
— Loki ainda precisa de uma fonte de energia — digo para o capitão.
— Se fizermos uma lista talvez...
— Ele tornou pessoal — meu pai interrompe Steve, ele olha para meus machucados e para o sangue de Phil na parade em nosso lado.
— Isso não importa...
— Importa sim — desta vez sou eu que interrompo o capitão.
— Esse é o plano do Loki, ele nos ataca se modo pessoal, por que? — meu pai volta a falar.
— Para nos separar — o Capitão responde.
— Separar para conquistar — digo para os dois.
— Isso é ótimo, ele sabe que tem que nos derrotar para vencer. — meu pai falava e então minha mente clareou.
— Ele quer ser visto fazendo isso, ele quer uma plateia — digo paga os dois.
— É, vi a atuação dele na Alemanha — Capitão fala.
— Aquilo foi a pre estreia, agora a noite de estreia.
— É, e Loki é como uma diva — meu pai completa meu raciocínio — ele quer flores, quer desfiles, ele quer um monumento enorme com o nome dele!
Steve e eu trocamos um olhar, meu pai parece ter chegado no mesmo raciocínio que nós.
— Filho da mãe!
— Pai! — eu o chamo antes dele sair.
— Nem pense em querer ir junto — ele nem espera eu falar — Já se meteu muito nisso.
— Eu não ia pedir para ir junto pai — minto, claro que eu queria ir junto, mas não irei ajudar muito com o braço assim — eu ia pedir para tomar cuidado e se lembrar da promessa que me fez.
— Eu sempre vou voltar para você cenourinha — ele beija minha testa — e eu sempre tomo cuidado.
Ele sai me deixando sozinha com o Capitão, ele ia sair também mais o seguro pelo braço.
— Por favor, tenta trazer ele vivo — digo em uma súplica baixa.
— Não posso prometer isso — ele estava sendo sincero, seu olhos azuis era como um límpido mar de honestidade — Mas juro que farei de tudo para que isso aconteça.
— Você também tome cuidado por favor — digo agora soltando seu braço — O mundo ainda precisa do Capitão América, Steve.
Pela primeira vez eu o chamo pelo nome, acho que ele notou isso também. Por que abriu um sorriso, que ao meu ver, era perfeito de mais.
— Farei o possível para voltar inteiro, Dakota — ele disse meu nome de novo.
Devo admitir que som do meu nome saindo da boca do Capitão América, era perfeito. Eu sou muito fã dele mesmo.
✩★✩
Baleias voadoras.
Era isso que ficava passando em minha mente, enquanto eu assistia a batalha em New York, a cidade e estava cheia de baleias voadoras.
Baleias voadoras.
Exército do espaço.
O rei rena.
Vingadores.
Esse dia estava muito estranho. Mas eu não estava ligando para isso. Na verdade minha única preocupação era com homem de armadura vermelha que estava naquela cidade. Meu pai teve a brilhante ideia de entrar no portal. Se eu não tivesse tão preocupada eu já teria surtado.
— Vai demorar muito? — pergunto a Fury.
Estávamos a caminho da cidade em um jato, alguns agentes já haviam chegado lá.
— Não faz nem um minuto e você já perguntou isso três vezes — Fury responde irritado.
Reviro os olhos, era fácil para ele, não foi o pai dele que entrou em um portal com um míssil nuclear as costas. Assim que pousamos na torre, corro pra fora e procuro por meu pai. Me jogo em seus braços assim que o vejo.
Existia uma lista pequena de pessoas das quais eu realmente me importava. Pepper, mesmo sem admitir ela havia sido como uma mãe. Cuidando de mim, passando madrugadas comigo quando estava doente, contando histórias para mim dormir quando eu tinha pesadelos, sempre sonhei com o dia em que meu pai fosse perceber que a amava. Agora que eles estavam finalmente juntos, eu sentia que minha família estava completa.
Rhodes, melhor amigo do meu pai, ele era engraçado e também muito mais responsável. Ele sempre contava histórias animadas sobre suas aventuras no exército, foi ele que me resgatou quando fui sequestrada, e também resgatou meu pai quando o mesmo aconteceu com ele. Ele sempre teria um espaço em meu coração.
Happy, sem sombras de dúvidas sobre uma das minhas pessoas preferidas do mundo todo! Sempre esteve comigo, meu guarda costas, meu melhor amigo. Mesmo ele sendo mais velho ele sempre entrava nas minhas ideias. Ele já se vestiu de princesa, papai Noel, pirata, ele sempre fez de tudo para me deixar feliz. Por isso eu o amava.
Meu pai, não existe palavras no quanto eu o amo, apesar do que todos falam sobre ele. Ele sempre fez de tudo para cuidar de mim, e mesmo atrapalhado, ele fez um ótimo trabalho. Ele pode ser o herói do mundo, mais desde o dia que eu nasci ele sempre foi e sempre será meu herói.
Olho por cima do ombro do meu pai, Nat e o Capitão conversando. Eles me olham e sorriem para mim. Talvez eu devesse aumentar minha lista, eu já fiquei muito tempo presa ao passado e o medo de ter outras pessoas em minha vida. Acho que estava na hora de mudar isso.
Afinal acabamos de ter o planeta invadido por alienígenas, não tem como ficar pior que isso! Ou tem?