O que existe entre nós ⚣ [Co...

By AS_autora

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Levi, um rapaz que retorna à sua cidade natal, Roots, após anos de ausência. Ele está de volta não por saudad... More

BEM-VINDO
SINOPSE
SUMÁRIO
CARTA
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CHAP - 27
CHAP - 28
CHAP - 29
OEN, CONTINUA...

CHAP - 20

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By AS_autora

Capítulo 20

NOSSO TEMPO ACABOU


Depois de conversar com a senhora Rita e Circe voltei para casa completamente cansado, exausto e mais palavras que não seriam suficientes para definir como me sinto. Pelo menos eu conseguia acreditar que Alice estava viva, eu tinha tanta certeza nisso que era estranho, mas nada tirava isso da minha cabeça. Até porque em algum momento eu tinha que aceitar o que eu era ou sentia. Chego em casa, fico um tempo no carro e observo minha casa ao longe. Por um segundo sinto falta do meu pai. Conseguia visualizar o fim da tarde, o sol alaranjado no horizonte. Eu treinando partidas de beisebol com meu pai e minha mãe chamando para o lanche.

São lembranças calorosas, que me faziam desejar voltar no tempo e desejar ter ele aqui outra vez. Que nossa família estivesse completa, que eu não visse minha preocupada, que eu pudesse ser apenas um filho normal, que fazia faculdade e dava orgulho a ela. Apoio os braços no volante do carro e começo a chorar. Lágrimas que não tinham nenhum freio. Deixando minha voz ecoar alto e forte, onde apenas eu poderia ouvir e ninguém mais. Peter estava certo, quem mais fez por mim, estava certo o tempo todo, sobre suspeitar do Dylan, sobre não ficar perto dele, sobre não acreditar nele e fiz todo o oposto. Coloquei todos que amo em risco, mas ainda posso concertar, ainda posso mudar essa história.

Me escoro no encosto do carro, limpo o rosto e saio, eu precisava de uma boa noite de sono e... Para por um segundo e percebo as plantas do jardim da minha mãe secarem. Coloco o rosto de lado, estranhando, até pouco tempo esse jardim estava impecável, me agacho e toco uma das flores completamente murcha. No entanto, dou de ombros, avisaria a minha mãe quando entrasse em casa, mas quando dou os próximos passos, começo a perceber.

- Mãe... Mãe... - Chamo baixo e vou notando, que o culpado das flores murcharem era eu a cada passo que eu dava, as plantas morriam. Fico parado no meio do jardim e vou tentando respirar aos poucos e devagar - Mãe! MÃE!

- Levi? - Ela aparece na porta, enxugando as mãos em um pano de prato - O que foi querido? Não vi você entrar... Oh meu Deus

- O que está acontecendo comigo? - Pergunto com os olhos tensos e assustados em sua direção.

Minha mãe corre em minha direção imediatamente, mas ao tocar minha mão, o seu corpo parecia enfraquecer, suas veias pareciam ficar mais nítidas, mas em um tom preto estranho, como se sua vida estivesse sendo arrancada lentamente. A pele estava pálida e os olhos opacos. Extremamente assustado com tal imagem, me afasto dela desesperado.

Ela cai de joelhos no chão, começa a tossir, mas sua cor começa a voltar, assim como a luz dos seus olhos.

- Sou eu... Eu estou matando... Sou eu - Meu olhos se enchem de água e passo por ela correndo tão rápido que noto que em segundos eu estava no meu quarto - Eu estou piorando... Eu estou piorando - Repito enquanto deslizo pela porta atrás de mim e me encolhi no chão.

- Você se negou demais... Nosso tempo acabou a muito tempo.

- Vai embora... Vai embora , por favor

- Levi! Levi! Por favor meu amor, abra a porta. Eu estou bem, você não fez nada de mal - Diz minha mãe do outro lado da porta, mas apenas me encolho mais ainda e tampo meus ouvidos.

- Levi, me escute, você é tudo para mim - Ela continua e posso ouvir o seu choro, o que sangra ainda mais o meu coração - Você não é um monstro, é meu filho amado, nunca vou deixar de sentir isso por você... Você foi tudo que ele me deixou e é a coisa mais preciosa que tenho, muito mais do que minha própria vida... Por favor Levi... Abra essa porta... Me deixe te tocar.

- Eu não posso... - Respondo.

- Pode sim... Escute minha apenas minha voz... Se acalme devagar... Respire e aos poucos abra a porta, no seu tempo. Essa força, não lhe controla... Você é melhor que isso

Sigo suas instruções e pouco a pouco, sinto as vozes me deixarem. O silêncio começa a crescer dentro de mim e aos poucos tiro as mãos dos meus ouvidos. Meu corpo ainda tremia, minha respiração ainda parecia ter dificuldade e meu coração ainda batia acelerado, até que aos poucos me permito tocar a maçaneta.

- Eu estou aqui - Escuto a voz dela mais uma vez e tomo coragem para abrir.

Assim que o faço, vejo minha mãe sentada no chão com os olhos cheios de lágrimas, mas com um enorme sorriso no rosto.

- Venha aqui

- MÃE! - gritei como uma criança desamparada.

Agarruei seu corpo com toda força, sentindo seu cheiro, o tecido de sua roupas, o cheiro de lavanda e choro. Até meus pulmões doerem e minhas lágrimas não mais conseguirem desaguar. Os dedos finos e delicados alisam meus cabelos e escuto o som da sua voz cantarolando uma antiga cantiga de ninar.

- Está vendo... Você é capaz de controlar.

Em um momento de profunda vulnerabilidade, encontrei refúgio nos braços acolhedores de minha mãe. As lágrimas, que antes inundavam meu rosto, foram aos poucos sendo substituídas por uma sensação de paz e conforto. Sua presença era como um bálsamo para minha alma atribulada.

Enquanto ela acariciava meus cabelos e sussurrava palavras de amor e consolo, gradualmente senti a agitação em meu peito se dissipar. Cada batida do seu coração parecia sincronizar com a minha, criando uma melodia suave que acalmava minha mente inquieta. Aos poucos, as sombras do medo foram se dissipando, dando lugar a um sentimento de serenidade e tranquilidade. Em meio ao aconchego dos seus braços, minha respiração se tornou mais calma e profunda, até que finalmente, exausto pela intensidade das emoções, mergulhei em um sono profundo e restaurador. O que eu não esperava era que um sonho estranho e inesperado me encontrasse.


Um garoto... Ele está de costas. Uma casa está pegando fogo à sua frente. Eu o conheço? O menino cai de joelhos e se debruça sobre o chão de terra. Os ombros começam a se mover em soluço e choro, os gritos de tristeza eram audíveis por todos os lados. A casa parece de madeira, rústica e isolada. Será que conheço um lugar assim? Porque estou vendo isso? Olho para minhas mãos e minha presença parece transparente e translúcida, algo completamente novo no meu inconsciente. O pranto do garotinho era doloroso, não era apenas dor que tinha naquele timbre, havia desespero, angústia , solidão. Vou me aproximando devagar, querendo fazer algo por ele, qualquer coisa, mas quando estou me aproximando, vejo o tempo avançar, mostrando o romper da aurora em um tom alaranjado ameno no horizonte. O menino que antes chorava, estava deitado no chão de terra, os cabelos eram negros e longos, caindo por suas bochechas em uma fisionomia infantil. Os olhos estavam fechados... Pelo jeito ele tinha chorado até seu completo cansaço. A casa que antes pegava fofa estava completamente negra e desgastada pelo fogo. O cheiro da fumaça ainda era sentido... Quanto tempo se passou nesse estranho sonho?

- Peguem o garoto - a voz ecoa ao fundo em ordem. Me viro para olhar de onde vinha e vejo um homem. Ele parecia mais novo, mas ainda assim tinha traços conhecidos para mim. Era o padre Alberto e ao seu lado dois outros homens que sem demora se direcionam a criança. Antes que o pequenino pudesse despertar da noite que lhe foi um pesadelo e catástrofe. Um dos homens coloca um pano pequeno, que tampa o nariz da criança. Pelo amolecer do pequeno corpinho, parecia estar molhado com algo químico.

- Larguem ele! O que estão fazendo? -Tento falar alguma coisa, intervir, mas não consigo. Minha voz não sai, nem minhas ações causam reações, ali eu não tinha peso algum, era apenas uma existência, um telespectador.

- Levem para igreja, nosso trabalho aqui está feito - diz o padre Alberto.

Todos se viram e apenas vejo as costas dos homens e a mão delicada da criança pendurada nos braços de um deles. Vou atrás sem pensar duas vezes, mesmo que não me vissem, mas algo me paralisa. Os olhinhos pequenos e delicados se abrem, como o desabrochar de uma rosa, a cor azul claro tão intenso gela meu corpo por completo. As órbitas ficam presas em mim, até os dedos pequenos se esticarem em minha direção, como um pedido de ajuda.

- Dylan? É você? - questiono completamente atônito - O que aconteceu?

As pálpebras começam a pesar no rostinho delicado e pouco a pouco sua consciência vai se perdendo, até mais uma vez completamente indefeso, desmaia nos braços do desconhecido.

A cena se desfaz à minha frente e a escuridão toma todo o espaço. O vazio era o meu cenário. Não tinha nada à minha frente, nem aos lados. Muito menos ao chão. Sinto uma ansiedade atingir meu corpo e me sinto completamente vulnerável. Com medo, arrisquei uns passos a frente e consigo andar livremente sem riscos, mas não enxergava nada. Não havia nada, nem ninguém, além de mim naquele lugar.

- Olá...

- Olha só quem voltou - A sombra negra com a voz conhecida aparece na minha frente novamente.

- ...

- Cada vez mais assustado, desse jeito iremos morrer mesmo, está pronto para deixar tudo?

- Quer dizer... ir para a eternidade?

- HAHAHAHAHAH eternidade? Nós? Essa eu gostaria de ver - A forma dele começa a se desfazer, a sombra negra começa a descer pelo seu corpo. Vejo os cabelos loiros, a pele clara, rosto fino... Me reconheço mais uma vez, como no outro sonho.

- Seus olhos... - Digo observando cada detalhe à minha frente. Ele estava completamente despido e caminha em minha direção até parar frente a frente comigo - Um é castanho e o outro é vermelho...

- Um dualidade - Ele toca meu rosto, os dedos eram frios e arrepiava minha pele. Seu rosto se aproxima cada vez mais e fico completamente preso em suas órbitas - Aceite... Aceite quem somos e poderá ter tudo que quiser - Ele sussurra.

- Tudo que eu quiser?

- Sim... a fome vai passar e nada nesse mundo normal ou sobrenatural, poderá lhe domar...

- Pare - Sinto uma abraço me envolver e a imagem a minha frente desaparecer - Acorde Levi... chega, ainda somos humanos, apesar de tudo.

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