Aurora narrando:
Apesar do calor que toma conta das ruas, a mansão de Ethan permanece bem fresca. No entanto, passo a maior parte do tempo observando o jardim e o bosque através da longa janela de vidro, enquanto descanso em uma poltrona.
Mavie descansava em meu corpo, distraída assistindo vídeos em seu tablet e também admirando daqui de dentro o mesmo dia quente.
Sinto suaves mãos encostarem em meus ombros e, em seguida, passarem para a frente, revelando então Amélia.
- Por que vocês não vão aproveitar esse sol? - Pergunta ela.
- Eu prefiro ficar por aqui mesmo. - Respondo desanimada. Parece que ficar muito tempo em silêncio me faz refletir demais, trazendo lembranças do enterro da minha mãe.
- A água da piscina está uma delícia, deveria ir. - Amélia insiste.
- Não fique procrastinando, essa mansão é grande e tem muita coisa para te distrair. - Finaliza.
Mavie eleva seus olhos à mim, sem sair do meu colo e pede suavemente...
- Vamos mamãe.
Talvez eu devesse pegar uma corzinha. Ethan deve chegar de tarde, então... Por quê não?
- Ok, mocinha. - Aceito, afinal queria vê-la animada também.
Amélia sorrir com a conquista e pergunta...
- Vocês duas possuem roupa de banho, senhorita Aurora?
- Sim. - Respondo.
Assim, Mavie e eu fomos atrás delas. Mavie tem um maiô que eu presente-ei certa vez em que ela foi à praia em uma excursão da gold mission.
De cor lilás, totalmente fechado e que ainda me serve bem. Meu biquíni não é tão novo e é o único que tenho; ele é vermelho. Antes, ele era um pouco largo, mas hoje em dia está bem justo.
Visto Mavie e a cubro com um roupão, fazendo o mesmo após usar o biquíni. Em seguida, nós vamos até a área da piscina.
Há quatro cadeiras de sol brancas dispostas em torno do local, proporcionando um espaço para desfrutar diretamente do sol.
O jardim circundante está repleto de vegetação exuberante e colorida, criando um ambiente naturalmente encantador e tranquilo. O piso ao redor da piscina é revestido com azulejos elegantes, conferindo um toque de sofisticação ao espaço.
A piscina em si é retangular e brilha sob o sol, me fazendo acreditar que tomei a decisão certa em vir até aqui.
Como Amélia havia dito, a água está uma delícia. Meus pés tocam o piso azul claro, mas apenas em um dos lados da piscina; o outro parecia mais fundo.
Mavie também posiciona seu roupão junto ao meu sobre a cadeira de sol, se afasta andando de costas e o desespero toma conta de mim.
- Não, Mavie, não. - Exclamo. Mas ela corre em minha direção e dá um salto, felizmente caindo em meus braços.
Ela gargalha, como uma criança corajosa que gosta de se arriscar.
- Não faça isso sem mim. - Peço sério, mas não contendo a risada.
- Tá bom, mamãe. - Mavie toca em meu rosto com as mãos e assim unimos nossas testas. Rodo com ela sobre a água, de um lado para o outro e ela rir.
Seu olhar é o mais lindo do mundo e seu sorriso sempre acompanhou meus dias. Mavie é a minha vida inteira.
- Senhorita. - Elena chama nossa atenção, tendo Amélia como companhia.
- Trouxemos um suco de morango. - Acrescenta, posicionando os copos em uma mesa com guarda sol.
Amélia joga para a Mavie uma boia preenchida e assim ela pega, mas é claro que mesmo assim mantenho-a em meus braços.
- Obrigada. - Agradeço-as.
- Aliás, senhorita Aurora... Gostaríamos de saber quais flores chamam sua atenção? - Ele perguntar após preencher os copos de vidro, deixando a jarra de suco vazia.
Ergo uma das minhas sobrancelhas. Amélia e ela trocam olhares e aguardam minha resposta.
- Bem, eu nunca tinha parado para pensar nisso... - Reflito por um momento.
- Mas... Quando morava com minha avó na França, eu tinha o costume de passar todos os dias em seu canteiro de rosas antes de ir para a escola. As rosas laranjas, por serem incomuns e combinarem com meu cabelo, que na época eu odiava, ganharam minha admiração. - Respondo, recordando com carinho aqueles momentos.
- Entendido, senhorita. - Elena diz com um sorriso, realizando uma reverência.
Ambas se retiram gentilmente, aos poucos se afastando de nós duas.
- Por que ela perguntou isso? - Mavie me pergunta sem entender.
Sorrio para ela e respondo...
- Não faço ideia.
- Eu nunca vi uma rosa de cor alaranjada, mamãe. - Mavie comenta balançando seus pés no fundo dá piscina.
- Só as vi uma vez. - Respondo, flutuando seu leve e pequeno corpo.
Ethan narrando:
Retornando à minha residência, observo os portões se abrindo para me receber e, em seguida, fechando automaticamente. Troco olhares com meus guardas, que se posicionam estrategicamente pelo ambiente antes de trocarem de turno.
A limusine para, e eu saio. Caminho pelos concretizados pisos, que serpenteiam entre os gramados úmidos pelos chafarizes.
Subo os três degraus e assim entro na sala.
Amélia me recebe com uma jarra de suco e eu aceito gentilmente.
- Onde é que elas estão? - Pergunto descontraído.
- Estão na piscina, senhor. - Amélia responde.
Matendo minha visão distante, sorrio com os olhos e suspiro profundamente. O alívio da conquista toma conta de mim. Fico realmente feliz que a Aurora tenha ficado mais a vontade por aqui.
Devolvo o copo à bandeja de alumínio e agradeço. Saio novamente, dou a volta em passos calmos, fazendo então que meus guardas percebam meu raro deslocamento para cá.
Me deparo com Aurora na beira da piscina.
De costas, ela repousa com os ombros no piso, distraída enquanto mexe em seu celular.
Seus cabelos flutuam pela água, totalmente esticados por estarem molhados e ainda mais vivos diante aos raios do sol.
Aurora deixa o celular no piso molhado e, com um esforço, levanta-se completamente da piscina. Seu corpo molhado é totalmente exposto por baixo daquele biquíni vermelho tão pequeno, que inclusive combina lindamente com o seu ruivo.
Ela novamente pega o celular do chão, automaticamente empinando para mim tudo aquilo que eu já tive o almejo de ter.
Aurora prossegue mexendo em seu celular, em pé, fora da piscina.
Aurora assim como eu, sempre foi bem branca. Mas, a falta de luz a deixou ainda mais.
Ela tinha o corpo mais fino, ainda sim com curvas salientes, porém sua gestação lhe causou um corpo com mais curvas do que antes.
Suas pernas curtas estão grossas, no entanto sua barriga se mantém reta e a cintura fina.
Sinceramente, eu não tenho preferência entre mulheres magras ou mais gordinhas, mas eu confesso está completamente vidrado no corpo violão da Aurora.
Eu já havia notado toda essa imagem deliciosa por baixo de suas roupas de casa e até da empresa, no entanto agora, vejo-a mais uma vez assim, e eu não queria que esse momento estivesse fim.
Seus seios estão... Maiores, sem contar o seu avantajado bumbum redondo que engoliu completamente o biquíni, tendo as alças vermelhas encaixadas em seus largos quadris.
Eu quero ela para mim, não só por uma noite, mas para todos os dias. Sendo apenas minha.
Me permito caminhar em sua decisão, Aurora me nota e disfarçadamente se veste com o roupão branco que estava disponível em seu quarto.
- Aurora. - Comprimento.
- Oi. Ethan. - Diz nervosa. Se ela tivesse noção da joia rara e desejada que ela é, jamais ficaria tão tímida como fica quando eu chego. É por isso que eu tenho total veracidade de que muitos homens se perdem com ela, mesmo que não perceba.
Aurora se acomoda na cadeira de sol e limpa a garganta em alto e bom som. Estendo minha mão para ela e aguardo gentilmente. Aurora franze o cenho, analisa minha mão e decide pousar a sua. Eu me curvo e deixo um longo beijo em sua mão, fazendo com que ela sorria.
- O que é isso? - Pergunta com humor.
- Não é isso que cavaleiros fazem? - Pergunto ainda curvado, sustentando gentilmente sua mão.
Ela rir mais uma vez, seus olhos azuis refletem os coqueiros do local e demonstram surpresa.
- Você não combina sendo um cavaleiro. - Retruca.
- Certamente eu não levo jeito, mas estou abrindo uma exceção. - Respondo retribuindo o sorriso.
- Com que intenção está abrindo essa exceção? - Solta sua afiada pergunta logo em seguida.
- Achei que já estava óbvio, senhorita Francine... Te tornar a minha esposa. - Respondo com sinceridade, fazendo-a rir demonstrando nitidamente suas bochechas vermelhas. Assim me mantenho reto novamente.
Se ao menos pudesse voltar ao dia em que noivei com Jasmine, teria agido de maneira diferente diante da gravidez de Aurora.
Me agacho diante à ela e seguro suas mãos.
- É sério o que eu digo. - Afirmo fechando minha expressão novamente.
- Tomei decisões erradas.
- Esse é o arrependimento amargo que eu carrego toda vez que vejo a Mavie em minha frente. - Acrescento, trazendo sua atenção à mim.
- Por que ela é o fruto da nossa união. - Finalizo.
- Ethan... - Diz meu nome sem coragem de me encarar.
- É complicado. - Acrescenta suspirando profundamente. Por favor, Aurora... Me diga como descomplicar? Eu quero que seja minha! Penso.
- Tem haver com a Jessia? - Pergunto calmamente, seguindo seu olhar desviado.
- Olha, eu não quero mais que diga o nome dela. - Pede com convicção.
- Não perto de mim. - Acrescenta realizando meu desejo de cruzar nossos olhares, no entanto ela parecia irritada dessa vez.
- Não direi. - Afirmo.
- Nunca mais. - Acrescento com convicção.
- A não ser que você queira. - Finalizo.
Mavie se aproxima acompanhada de Elena. Ela corre em minha direção usando um maiô lilás e me abraça fortemente. Aperto-a firme e me levanto sustentando-a em meus braços.
- O que essa pequena estava fazendo por aí? Deixou sua mãe sozinha? - Pergunto carinhosamente.
- Elena foi me empurrar no balanço. - Responde.
- E a mamãe disse que queria ganhar uma corzinha. - Acrescenta, fazendo Aurora fechar os olhos envergonhada.
Gargalho apesar do clima.
- Diga à sua mãe que ela não precisa se preocupar em mudar nada nela. - Digo à Mavie, conquistando assim mais um sorriso da Aurora.
- Ela ouviu, Sr. Siren. - Mavie responde.
- Quer dizer... - Balança a cabeça em negativo ligeiramente.
- Papai. - Corrige.
Sem conter a emoção, deixo um beijo em sua bochecha e em seguida adiciono mais um beijo em outra bochecha. Ela se encolhe e acaricia minha barba.
- Está espetando. - Comenta sentindo cócegas.
- Vou retirar. - Sugiro.
- Tá bom?
- Tá bom. - Mavie assente.
Elena e Aurora admiram silenciosamente. Assim meu celular toca e eu atendo, mantendo Mavie sustentada em apenas um dos meus braços.
-- Os executivos e os seus contadores estão aqui. Permito à entrada, senhor? -- Thorsten, um dos meus guardas perguntam.
-- Sim. -- Respondo.
Encerro a ligação e encontro os curiosos olhos da Mavie analisando cada fio dos meus cabelos com os dedos.
- Preciso trabalhar, fazendo aquelas reuniões chatas, se lembra? - Digo à ela descontraidamente.
Ela sorrir lindamente e balança a cabeça em positivo.
- Volto depois. Cuide da sua mãe, ok? - Posiciono-a em pé no gramado.
- Tá bom. - Responde.
Olho por uma última vez para a Aurora e assim retomo à mansão.
Possui dois contadores que trabalham exclusivamente no banco para administrar minha hierarquia. Eles vieram justamente para discutir os novos lucros. Junto deles, Rolf e Werner estavam presentes, acompanhados por cinco executivos, cada um responsável por uma função específica.
Todos são servidos pelo meu mordomo e por Amélia. Sou cumprimentado com reverências e então seguimos para a sala de jantar.
Por enquanto, minha sala de reunião está passando pela equipe de limpeza. Portanto, ficaremos aqui por alguns minutos.
Meus funcionários se dispersam, como costumam fazer em situações assim, e a reunião começa.
Começamos à falar do Taos. Ouço que em oito horas de lançamento o modelo já havia tido quarenta mil compras só pela Europa.
Rolf apresenta uma tabela atualizada do modelo Taos, acompanhada por gráficos detalhados criado Elowen, que quantificam as compras em outros países.
- Todos os outros países estão acima da média esperada, exceto o Haiti. - Um dos meus executivos comenta. Ele supervisiona uma equipe responsável pelo roteiro dos comerciais da Monocrom.
- Talvez investindo mais verba, possamos ampliar a quantidade de anúncios. - Ele conclui.
- Haiti um país que frequentemente enfrenta a pobreza. - Meu contador retruca.
- Nem se toda a programação de TV deles fossem sobre o Taos, poderia aumentar essa estatística... O novo modelo custa 679 mil euros. - Finaliza.
- Nós devíamos duplicar os anúncios e abaixar o valor por lá. - Imponho.
- Teríamos um aumento desse gráfico naquele país e seríamos mais justos com a condição financeira deles. - Finalizo.
- Mas, senhor... - O contador pensa em debater a ideia, mas temos a reunião interrompida com a presença inesperada da Aurora.
Aurora narrando:
Travo ao me deparar com a quantidade de homens na mesa de jantar, que eu não imaginava encontrar. Deixei meu carregador aqui e a Mia está tentando me ligar.
Abaixo a cabeça timidamente e sussurro...
- Com licença. - Passo envolta da mesa e visualizo meu carregador branco na tomada, bem no cantinho da sala.
Sinto muitos olhos em mim, talvez por me reconhecerem das notícias da TV ou talvez por eu estar aqui de biquíni.
Ethan limpa a garganta em alto e bom som, fazendo com que eles retornassem suas atenções ao que importava.
Tiro o carregador da tomada e em passos ligeiros corro para fora da sala, acidentalmente fazendo com que meu corpo todo se chacoalhasse com o movimento.
Paro do lado de fora sem olhar para trás e assim solto o profundo ar.
Por que ninguém me disse que a reunião estava acontecendo aqui em baixo? Me pergunto.
Percebo que, durante aquele momento de nervosismo, ao interromper a reunião e passar por todos aqueles olhares atentos, acabei pegando apenas o carregador, deixando o celular com pouca bateria dentro da sala.
Droga, droga!
Encosto minhas costas nuas na parede e respiro fundo. Vou me vestir, esperar a reunião acabar e ir pegar o celular. Depois explico tudo para a Mia.
Ouço a reunião prosseguindo em paz, mas infelizmente meu celular começa a vibrar lá dentro.
- Não é possível. - Sussurro.
Eles param de falar e a vibração fica ainda mais alta.
Novamente entro na sala de jantar, correndo.
Rolf mantém seus olhos desviados, mas outro lado, os executivos novamente me reparam silenciosamente, enquanto Ethan fixa em mim seus irritados e sombrios olhos.
Pego o celular, era a Mia me ligando.
Ouço um leve soco de Ethan na mesa, mais uma vez ele chama a atenção dos integrantes da reunião, mas dessa vez com mais raiva.
Fingindo não ter me assustado com o soco, dou a volta na mesa novamente e Ethan me interrompe tocando em meu pulso.
- Não corra de novo. - Pede com convicção. Ele ainda está nitidamente raivoso, mesmo que seus executivos estejam de cabeça abaixada dessa vez.
- Ok. - Respondo e assim prossigo caminhando para fora.
Por que essas coisas só acontecem comigo? Penso. Claro que eu o envergonhei interrompendo a reunião, eu sabia que morar aqui não daria certo.
Subo para o segundo andar com Mavie e coloco meu celular para carregar no banheiro do meu quarto. Enquanto tomo um banho, ela fica em seu quarto brincando com seus brinquedos.
No banho, retorno a ligação para a Mia, sem me preocupar em molhar o celular, pois descobri nos anúncios que ele é à prova d'água. Claro que preciso testar essa funcionalidade, antes de tentar tirar uma selfie no fundo da piscina.
Ouço suas novidades, incluindo o cargo que conseguiu como secretária do Richard.
Ela comenta sobre o quanto acha sexy ser secretária do namorado dela e eu rio. Mas na real só consigo pensar na sensação que a Jessia com certeza deve ter sentido com o Ethan.
Conto a Mavie sobre o que aconteceu quando fui pegar meu carregador, e ela não consegue segurar o riso.
- Você é tão sonsa! - Ela comenta, após rir.
-- Eu juro que não foi intencional. -- Sou sincera.
-- Você acha que eu tive intenção de vê-lo me olhando daquele jeito? Parecia que ia me matar. -- Acrescento.
-- O problema não foi você interromper a reunião, meu amor. Mas sim, aparecer de biquíni para os executivos dele. -- Mia retruca ainda rindo.
-- Ele deve está se corroendo de ciúmes até agora. -- Finaliza.
Eu não tinha visto exatamente dessa forma.
-- Eu acho que foi constrangimento, Mia. -- Retruco.
-- Já eu acho que nessas horas ele só quer espancar sua bunda. -- Responde com humor.
-- Anos atrás você dizia que ele era muito agressivo nessas horas e etc. -- Provoca me causando timidez.
-- Fuja para as colinas quando essa reunião acabar. -- Finaliza.
-- Não seja besta, nós não temos mais relações. E eu nem quero que ele toque em mim, esqueceu? -- Retruco em total negação.
- Tenho certeza de que ele vai me dar um sermão por ter interrompido duas vezes seguidas e talvez até reclame com os funcionários por não terem me informado sobre a reunião lá embaixo. - Finalizo o assunto com um suspiro.
Assim conversamos sobre outros detalhes e encerramos a ligação minutos depois. Dou um banho em Mavie dessa vez, em seu quarto com muita espuma e visto-a com uma roupa seca.
Assim nós somos chamadas pela Amélia para almoçar. Quando desço, noto a mesa vazia.
- Eles subiram. - Amélia comenta descontraidamente.
- Não esperem pelo Sr. Siren, porque essa reunião vai demorar a acabar. - Finaliza.
Assim nós aceitamos, e em meio de altos papos nós duas almoçamos um delicioso risoto de Pistache com Camarão. Tivemos uma sobremesa de sorvete de passas ao rum, com uma deliciosa calda de chocolate posta pelo Caleb.
Apesar de falante, Mavie demonstrava cansaço. Suas pálpebras estavam diminuindo seus olhos, ameaçando-se cair de vez.
- Vamos dormir um pouquinho, minha princesa? - Sugiro e ela assente, acrescentando com um bocejo.
Sustento-a em meus braços e assim caminho até o elevador. Mavie já cochilava em meu ombro, antes de repousa-la em sua cama de boneca.
Cubro seu corpo e acaricio seus cabelos.
- Te amo, mamãe. - Diz fechando seus olhos e se encolhendo.
- Eu te amo, princesa. - Respondo e assim deixo um beijo em sua testa. Por mais alguns minutos assistindo seu sono ficando mais profundo, acaricio suas sobrancelhas ruivas e sua pequena testa.
Deixo seu abajur aceso, aquele que projeta formas de luzes estreladas nas paredes do quarto em movimentos circulatórios, enquanto uma suave melodia instrumental preenche o ambiente.
Três batidas na porta chamam minha atenção. Me levando cuidadosamente da cama da Mavie e caminho até a porta.
É o Ethan.
- Oi, ela acabou de dormir. - Digo bem baixinho.
- Preciso falar com você. - Dispara com a expressão séria, com certeza não é sobre a Mavie.
- Ok. - Respondo. Ethan me analisa com desgosto, vira-se de costas e se afasta. Fecho a porta da Mavie e o sigo em silêncio.
Ele me direciona até sua sala de reuniões, vazia dessa vez.
Analiso o local grandemente projetado para receber muitas pessoas, com uma longa e larga mesa de madeira no centro e dose cadeiras giratórias de cor preta.
No fundo há uma lareira apagada, estantes com livros de capa dura e cópia de alguns quadros da família Siren.
- É bem grande. - Comento sobre o local, enquanto Ethan, em silêncio, me observa atentamente, de pé próximo à ponta da mesa.
- Que merda foi aquela? - Questiona indo direto ao ponto.
- Eu sinto muito por ter interrompido a reunião, não fazia ideia que estava acontecendo uma bem ali. - Me explico.
- Mas, você não tem que me olhar desse jeito ou se alterar para mim, você insistiu que eu viesse para cá. Vai ter que se acostumar à conviver com pessoas ou eu pego a Mavie e me mando daqui sem pensar duas vezes. - Finalizo.
- Não tem essa de "se mandar", Aurora. - Repete minha gíria irritado.
- Você entrou na reunião quase nua e fez com que aqueles homens ficassem babando por você. - Acrescenta.
- Você fez isso para me provocar? - Questiona, aos poucos se aproximando.
Franzo meu cenho e engulo seco.
- Quis se vingar de novo? Não bastou você deixar aquele cara desconhecido enfiar a língua na sua boca e tocar em você? - Acrescenta mais irritado.
- Como se qualquer coisa que eu fizesse pudesse se comparar à noite que você teve com a Jessia da limusine até aqui. - Retruco, me aproximando também. Paro diante dele e o encaro, erguendo meu rosto para cima.
- Me diz o que vocês fizeram. Até hoje não me contou. - Afirmo, com determinação.
- Eu contei, Aurora. - Ele diz alto.
- Eu contei que fizemos sexo. - Acrescenta abertamente.
- Se espera uma riqueza de detalhes, desista. - Finaliza com convicção.
- Não precisa compartilhar comigo a sua ótima transa com a sua secretária, é algo íntimo, de vocês dois. - Retruco sarcasticamente.
- Apenas se lembre desses detalhes quando cogitar sentir ciúmes de mim, porque você não tem esse direito. - Acrescento alteradamente me esticando, quase ficando nas pontas dos pés.
- Quer saber? Aurora, ela bebeu um champanhe vindo para cá, nos beijamos e depois subimos. - Ele dispara também alterado.
Tampo meus ouvidos e fecho os meus olhos.
- Cala a boca, Ethan! Eu não quero saber, perguntei retoricamente. - Franzo meu cenho amargamente. Com os ouvidos tampados eu passeio sem direção pela sala e por fim desço minhas mãos.
- No dia seguinte eu nem estava mais com ela, fui para empresa e a deixei sozinha. Por esse é o meu velho eu... Sigo esses títulos, me alivio com desconhecidas e gabarito todas as marcas de vinho. Ciclo sem fim. - Continua falando após.
- Mas ao menos eu tinha você para ver naquela recepção, mesmo que por alguns minutos. E quando eu soube que você ainda não tinha seguido em frente me arrependi de ter transado com ela, mas já era tarde, Aurora. - Finaliza com convicção e angústia.
- O que mais você quer saber? - Pergunta dando mais passos diante à mim.
- Posições? Se eu gostei? - Acrescenta sarcasticamente.
- Nada justifica você ter entrado naquela reunião quase nua, com essa bunda que você tem balançando de um lado para o outro. - Adiciona entre dentes
- Por que quando tudo ocorreu nós tínhamos dado um ponto final. Você tinha dado um ponto final e mesmo assim eu digo e repito, me desculpe pelo que fiz. - Finaliza ainda alterado.
- Eu não entrei nua Ethan, estava de biquíni, todo mundo usa biquíni. - Afirmo abrindo os braços.
- Na praia você vai encontrar biquínis, nas piscinas públicas, nas redes sociais... - Acrescento.
- Eu sei, Aurora. Mas aqueles homens trabalham comigo desde sempre, estávamos falando de negócios, debatendo, e não nadando em uma piscina. - Ethan retruca, sarcasticamente gesticulando.
- Quando houver uma festa, onde teremos conversas informais, certamente haverá outras mulheres presentes, e será uma festa, então você terá todo o direito de usar o menor dos biquínis, se assim desejar. - Acrescenta com convicção.
- Mas cada ambiente é diferente do outro. - Finaliza.
Puxo o ar profundamente enquanto escuto e me permito dizer pausadamente...
- Eu não sabia que eles estavam lá.
Ethan bufa e se encosta na mesa atrás dele. Um silêncio tenso preenche o ambiente, tanto da minha parte quanto da dele.
- É seu dever me contar isso. - Acrescento em seguida, com firmeza.
Ponho minhas mãos para trás e encosto minhas costas na porta fechada, enquanto reflito. Ethan faz o mesmo, analisando o chão por alguns minutos.
- Achei que você estava fazendo aquilo de propósito. - Ethan comenta, mais calmo dessa vez.
- Me desculpe. - Acrescenta.
- Tudo isso está errado. - Acrescenta balançando a cabeça em negativo.
Em silêncio, eu aguardo a justificativa para tal afirmação, afinal sempre esteve tudo errado.
Ethan volta sua atenção para mim e diz:
- Eu não quero outros homens babando por você, e nós estamos desde o início enciumados sem sequer decidir algo entre nós.
- Você decidir, Aurora. - Finaliza.
Ethan se aproxima, suavemente mantém seus passos diante à mim e fixa em meus olhos.
Eu disfarçadamente me encolho contra a porta, mas ele me cerva entre seus braços, assim eu sinto sua respiração em meu rosto.
Desço minha visão, desviando da dele e assim imploro mentalmente para que esse momento acabe.
- Aurora. - Me chama.
- Por favor, olhe para mim. - Sussurra.
Balanço a cabeça em negativo e me mantenho na mesma posição.
- Eu ainda não quero que toque em mim. - Confesso em voz baixa. Mas isso não o afasta.
- Quero deixar claro, diante do seu comentário, que não compartilho esses detalhes porque, além de não nos acrescentarem, sei que isso te magoaria profundamente. - Calmamente diz.
- Não se trata de "segredos" ou "assuntos íntimos", mas sim porque não quero que nada impacte nossos momentos juntos, se estivermos. - Finaliza pausadamente. Eu retorno meu rosto, erguendo-o para cima.
- Além disso, está sendo uma tortura não poder tocar em você, porque só você consegue me agradar do jeitinho que eu gosto. - Ele sussurra, analisando meus lábios, e então retomamos nosso contato visual. Nossas testas se encostam suavemente.
- Você sabe disso. - Finaliza me fazendo relembrar dos momentos passados, com inclusão de algum deles que resultou na Mavie.
Ethan envolve seu braço envolta da minha cintura, me puxa bruscamente e eu perco o meu controle.
- Não. - Sussurro trêmula. Nossos narizes se cruzam
- Não? - Repete em meu rosto.
Com outro braço, Ethan abraça totalmente o meu corpo contra o dele.
- Então me diz, porque está com esses bicos acesos? - Sussurra direcionando seus olhos aos meus seios por baixo da justa blusa que utilizo, novamente sem sutiã.
Ethan os pressiona contra seu peito e velozmente aperta minha bunda com as duas mãos. Nossos lábios se tocam, resistindo, os afasto.
Por baixo de seu terno, além de seus músculos, sinto sua ereção. Meu corpo se estremece, ao ponto da minha pele se arrepiar por completo.
- Ethan... - Sussurro quase sem voz.
Nossos lábios se cruzam e se mantém, intercalando em um ritmo calmo e suave, diferente do que ocorria.
Posiciono minhas mãos em seus ombros e assim aprofundamos o beijo, depositando mais força, contudo mantendo o calmo ritmo.
Suas mãos acariciam minhas costas com ternura enquanto nossas línguas passeiam lindamente entre os nossos lábios.
Por fim, Ethan finaliza com um selinho, uma última prova daquilo que ele tanto insistiu. Cerra seus punhos se contendo e minimamente se afasta. Vejo-o posicionando seu vasto e ereto pau por cima da calça e em seguida suspirando profundamente.
Ele não vai me comer aqui nessa mesa? Me pergunto, internamente me sentindo fora de mim.
Ethan abaixa a cabeça e em seguida retoma seu rosto.
- Você quer... Ou aceita ir jantar comigo? - Pergunta.
- Fora daqui? - Franzo meu cenho me perguntando se eu realmente entendi certo.
- Exatamente. Você e eu. - Responde suspirando profundamente, com intenção de se distrair.
- Há o Lorenz Adlon Esszimmer, que é um excelente restaurante. - Sugere.
- Já ouviu falar? - Conversa descontraidamente, com intuito eu imagino de fazer com que seu tesão diminuísse.
- Sim. - Respondo. Nunca nem passei na frente, mas já vi muitos anúncios nas redes sociais do local. É tão luxuoso que eu não me imagino lá dentro.
- Mas, eu nunca fui à um encontro antes e eu não tenho um vestido para aquele lugar. - Acrescento. Além de não saber usar todas aquelas talheres. Penso.
Demonstrando que já tinha pensado em tudo, Ethan logo responde...
- Como você não pode sair para fazer compras, Rolf irá pedir um estilistas para te trazer uns modelos.
- Não me lembro do meu último encontro e nem sei se já aconteceu, mas tudo tem sua primeira vez. - Finaliza seriamente.
Nós já jantamos juntos há seis anos atrás, mas foi aqui e nós estávamos sozinhos. Ele me comprou umas rosas vermelhas e facilmente ganhou minha virgindade.
Balanço a cabeça em positivo e ele acrescenta uma pergunta...
- Que dia você gostaria de ir?
Penso e desvio meus olhos. Mavie está tirando um cochilo hoje e quando acordar vai querer passar o tempo comigo.
- Amanhã. - Respondo.
- Ótimo. - Ganho seu sorriso.
- Encontro marcado. - Finaliza.