Nier Automata: Jornadas no 12...

By VonLeporace

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Japão, Shinjuku, 2003. O céu se partiu e dois seres monstruosos vieram do nada, no final do conflito entre os... More

Episodio 1 - Introdução a Sociedade Humana
Intervalo 1 - Reflexões e Surpresas
Intervalo 1 PARTE 2 - Luta e Resgate
Intervalo 1 PARTE 3 - Conhecendo a Resistência
Episódio 2 - Uma História Musical
Intervalo 2 PARTE 1 - Respondendo Perguntas
Intervalo 2 PARTE 2 - Resgatando 11B e Revisitando o Acampamento
Episódio 3 - Mistérios da Humanidade
Intervalo 3 - Novo Velho Mundo
Intervalo 3 PARTE 2 - Atenção Indesejada e Conseguindo Dinheiro
Episódio 4 - Apreciação de Arte
Intervalo 4 - Basilisco
Intervalo 4 PARTE 2 - A Curiosidade dos Androides e seu Resultado
Intervalo 4 PARTE 3 - Reunião
Episódio 5 - Uma Conversa Sobre Tempo e Civilizações
Intervalo 5 - Nova Vida no Reino da Noite
Intervalo 5 PARTE 2 ­- Prometheus e Sísifo
Linha do Tempo
Intervalo 5 PARTE 3 - Descanso
Intervalo 5 PARTE 4 - Pensando Sobre o Futuro & Corrigindo o Passado
Episódio 6 - Sobre Moda e como Vestir-se Bem
Intervalo 6 - O Que Não Faríamos Por Amor?
Intervalo 6 PARTE 2 - Casal Reunido
Intervalo 6 PARTE 4 - Aprendizado de Máquina

Intervalo 6 PARTE 3 - Um Dia de Trabalho

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By VonLeporace


"Então, o que faremos hoje?" Perla perguntou animadamente para Devola e Popola enquanto pendurava uma bolsa em seu ombro.

"Muitas coisas, temos máquinas para eliminar na Cidade Inundada, suprimentos para entregar em um dos postos avançados do Deserto e peças para buscar na vila de Pas... Quero dizer, em certa vila na Floresta." Popola respondeu, corrigindo rapidamente a última parte.

Damiana semicerrou seus olhos com a mudança súbita de atitude, mas Devola falou antes que qualquer questionamento fosse feito.

"Como podem ver, teremos um dia ocupado. E se for como todos os outros, nenhuma de nossas missões será fácil, essa é a última chance de vocês irem embora." Devola falou, pendurando uma mochila em suas costas e sacando uma lâmina pequena semelhante à sua irmã.

"Não se preocupe conosco, nós sabemos nos virar." Damiana sorriu arrogantemente, apoiando sua claymore em seu ombro.

"Bem, depois não diga que nós não avisamos." Devola respondeu no mesmo tom, retornando o sorriso.

Então, o grupo de quatro androides deixou o acampamento para trás, saindo do alcance dos androides que encaravam as gêmeas com desdém, e caminharam pela Cidade Arruinada, buscando cumprir seus objetivos do dia.

Infelizmente, um silêncio estranho tomou conta do ambiente após alguns minutos de caminhada. Subitamente, as ruínas, plantas e animais se tornaram mais interessantes do que os rostos dos androides ali presentes.

"Escute, todos os dias são sempre assim?" Perla perguntou, timidamente, quebrando o silêncio.

"Assim como?" Popola perguntou confusa.

"Percebi os olhares e comentários que os androides mandaram em sua direção quando saímos do acampamento, e Devola falou que as missões não serão fáceis. Todos os dias são assim?" Perla elaborou, tentando não ofender a androide.

Popola ficou em silêncio, olhando envergonhada para o chão enquanto abria e fechava sua boca, pensando em como responder.

"Sinto muito, não quis ofender!" Perla se desculpou rapidamente após ver a reação da androide.

"Não se preocupe, você não nos ofendeu, nós apenas..." Devola murmurou, ponderando suas próximas palavras enquanto coçava sua cabeça nervosamente.

"Nós não estamos acostumadas com pessoas perguntando sobre nós. Sinceramente, não sei nem por onde começar." Popola completou a fala de sua irmã.

"Sim, certo, isso mesmo. Desculpe se isso soar rude. Sabemos que vocês foram legais conosco até agora, mas preferimos não falar demais sobre nós por enquanto, afinal, nos conhecemos recentemente." Devola continuou, observando Perla e Damiana com antecipação.

A ruiva de cabelos ondulados esperou uma resposta explosiva, um olhar revoltado, um insulto, qualquer coisa que sua irmã e ela estivessem acostumadas, mas ela recebeu um sorriso reconfortante em vez disso.

"Entendo, então, que tal começarmos com algo pequeno?" Damiana sugeriu.

"Como o que exatamente?" Devola perguntou, levantando uma sobrancelha questionadora.

"Que tal falarmos sobre nossos passatempos? Minha irmã e eu adoramos música, seja cantando ou tocando um instrumento." Perla sugeriu animadamente.

"Oh, legal, nós também! Minha irmã e eu adoramos cantar ocasionalmente, nós também sabemos tocar o alaúde, mas nunca encontramos um intacto." Popola respondeu com um brilho em seu olhar.

"Mas que coincidência interessante! Comprei um alaúde novo em folha recentemente. Talvez possamos cantar juntas?" Perla sugeriu com um grande sorriso em seu rosto.

"Seriamente, você se importaria de trazê-lo para o acampamento algum dia? Poderíamos..." Popola exclamou animadamente, retornando o sorriso.

Então, Perla e Popola embarcaram em uma longa conversa sobre música, canções e instrumentos musicais, com grandes sorrisos em seus rostos e um brilho de reconhecimento no olhar ao encontrar alguém que compartilha dos mesmos gostos.

Infelizmente, Devola e Damiana ficaram de fora da conversa, se encarando em um clima constrangedor.

"Bem..." Damiana murmurou.

"Isso aconteceu..." Devola completou enquanto ambas observavam suas irmãs perdidas em uma conversa.

"Então, você tem alguma bebida favorita?" Damiana perguntou hesitantemente, tentando quebrar a estranheza da situação.

"Cerveja. Considero-me uma apreciadora capaz de sentir todas as nuanças dos diferentes tipos, embora a cerveja do acampamento tenha danificado os sensores de meu paladar." Devola respondeu desanimada.

"Oh, por que você diz isso?" Damiana perguntou com um sorriso curioso.

"Bem, o conhecimento humano de como preparar cerveja foi perdido durante a guerra, mas não o conceito. Então, diversos androides ao redor do mundo fizeram sua própria cerveja na base de tentativa e erro. Alguns acertaram e fizeram uma bebida deliciosa, já outros... Digamos que os cervejeiros do acampamento colocam tudo que veem pela frente na receita, ratos, morcegos, cogumelos, plantas... O gosto é horrível e queima sua garganta como fogo, mas te deixa bêbada no final..."

Devola falou desapontada enquanto seu tom de voz diminuía e um olhar vazio tomava seu rosto a cada palavra proferida. O sorriso de Damiana desapareceu lentamente enquanto ela desviava o olhar e franzia a testa com o sofrimento da androide.

"Escute, acho que ainda tenho bebida de verdade em casa, trarei um pouco na próxima vez." Damiana falou, reconfortando a androide.

"Valeu, farei questão de levar alguns lanches também. Sua irmã e você comem comida, não?"

"Às vezes." Damiana deu de ombros.

Assim como Perla e Popola, Devola e Damiana encontraram um interesse em comum e se mantiveram entretidas até chegarem ao primeiro de seus objetivos, a Cidade Inundada.

-XXXXXX-

"Seriamente, não existe um caminho mais fácil?" Damiana reclamou, saltando por cima de um abismo nos esgotos da cidade.

"Bem, nós poderíamos escavar um túnel ou construir uma ponte sobre o abismo, mas Anemone falou que o acampamento não possui recursos o suficiente." Popola respondeu, se equilibrando em uma fina massa de canos suspensa sobre o abismo.

A androide de cabelos lisos caminhou lentamente com os braços abertos para manter o equilíbrio, dando um passo de cada vez enquanto o metal rangia debaixo de seus pés.

Subitamente, os canos rangeram mais do que o normal e Popola acelerou seu paço, atravessando o abismo e sendo segurada por Damiana antes que a ponte improvisada desabasse.

"Obrigada!" Popola agradeceu envergonhada, saindo dos braços de Damiana.

"Não tem de quê!" Damiana respondeu, levantando o polegar.

"Ei, por que vocês estão demorando tanto?!?" Devola gritou no fim do túnel de esgoto, sua voz reverberando pelas paredes enquanto a luz no fim do túnel a transformava em uma mancha escura na distância.

"Irmã, você tem que ver isso!" Perla gritou em seguida, obtendo um resultado semelhante ao de Devola.

Acenando, Popola e Damiana caminharam até o fim do túnel, parando ao lado de suas respectivas irmãs e observando o cenário.

Elas viram montanhas e linhas de prédios cinza lentamente afundando no mar, alguns deles tendo afundado ao ponto de cachoeiras se formarem nos terraços e janelas, enquanto outros se inclinaram perigosamente, tomados por plantas e animais.

"O que aconteceu aqui?" Damiana perguntou, impressionada com a visão.

"A fundação desses prédios foi bombardeada há muito tempo durante a guerra, agora os prédios estão afundando. Logo, essa área perderá seu valor estratégico para a resistência." Devola respondeu, cruzando os braços e apreciando a paisagem.

"Vocês conseguem imaginar como esse lugar era antes de ser destruído? Com os humanos vivendo aqui e tudo mais?" Popola perguntou.

"Você não acreditaria na minha resposta." Perla falou, deixando o túnel para trás e se aproximando das ruínas, observando-as com saudade e pesar.

Devola e Popola se encararam confusas com a reação da androide, mas saíram de seus pensamentos assim que Damiana chamou sua atenção.

"Então, onde é que está o grupo de máquinas?"

"Oh, certo! Conforme os relatórios, as máquinas devem estar no setor 13–45-B." Popola falou, retirando um mapa de sua mochila.

"Lidere o caminho, por favor." Damiana respondeu, pisando para o lado com um sorriso divertido.

O grupo de androides caminhou pelas ruas arruinadas da Cidade Inundada, observando seus prédios inclinados degradados pela água em meio a um céu nublado.

Elas observaram as gaivotas pousando em seus ninhos nos prédios, os caranguejos se escondendo na areia da praia e os peixes nadando nos pequenos rios formados entre as ruínas.

O grupo passou por baixo de uma cachoeira formada no telhado de um prédio, olhando maravilhadas para a formação logo acima.

Mas seus olhares logo mudaram para surpresa e irritação quando um cardume saltou dessa cacheira para o rio logo abaixo, estapeando acidentalmente o rosto de cada androide ali presente.

Após o choque inicial, o grupo soltou uma enxurrada de insultos e chutou os peixes que pousaram no chão em direção ao rio, mas riram em diversão ao ver as marcas vermelhas no formato de peixes deixados em seus rostos.

Finalmente, o grupo chegou até a localização demarcada, mas uma correnteza feroz bloqueava seu caminho. As androides pararam na beirada das ruínas, observando a correnteza com olhares hesitantes.

Androides eram bons em muitas coisas, mas nadar não era uma delas. Elas afundariam imediatamente se caíssem na água e, dependendo da profundidade, não haveria como retornar para a superfície.

Perla olhou em volta com uma mão em seu queixo, perdida em pensamentos, mas sorriu ao ver um pedaço de ruína próximo ao grupo.

"Ei, o que você está fazendo?" Damiana perguntou para sua irmã que se afastava.

"Abrindo caminho." Perla respondeu, removendo algo de sua bolsa e colando-a na ruína.

Perla correu para longe da ruína enquanto segurava um tipo de controle em sua mão, então a androide apertou um botão no controle.

BOOM!

Uma explosão ocorreu na base da ruína, derrubando-a para o lado, onde ela caiu com um estrondo, servindo de ponte sobre a correnteza.

"Onde diabos você conseguiu explosivos?!? Anemone fez questão de proibir a venda de explosivos no acampamento!" Popola perguntou, surpresa.

"Comprei os explosivos com Jackass." Perla respondeu inocentemente.

"Jackass, você comprou alguma coisa daquela maluca?!?" Devola continuou no mesmo tom de sua irmã.

"Devola!" Popola exclamou, repreendendo sua irmã.

"O quê? É verdade! Não confio em nada que ela vende! Jackass explode seus clientes tanto quanto as máquinas que os explosivos deveriam destruir!" Devola respondeu, jogando os braços para cima.

"Sei que Jackass é um pouco estranha, mas isso não é motivo para insultá-la!"

"Diga isso para o androide que entrou no acampamento com ambas as mãos faltando depois que uma granada explodiu assim que ele removeu o pino!"

"Deixando isso de lado, as máquinas estão logo à frente, não?" Damiana perguntou, interrompendo a discussão antes que ela saísse do controle.

"Sim, mas apesar do que dissemos anteriormente, acredito que acabar com as máquinas não será tão difícil assim, afinal nós somos quatro." Devola deu de ombros.

-XXXXXX-

"ABAIXA!" Damiana gritou para Popola.

A ruiva não perdeu tempo em se agachar e sair do caminho da claymore de Damiana, que partiu um Bípede Médio em dois. Entretanto, Popola notou três atarracados pequenos se aproximando por trás de Damiana.

Popola se levantou rapidamente e correu em direção aos Atarracados, desferindo dois cortes rápidos no rosto do primeiro, girando seu corpo logo em seguida, desviando de um soco desferido em sua direção, e fincando sua lâmina na cabeça do segundo Atarracado assim que terminou sua esquiva.

Popola colocou seu pé no rosto do Atarracado e removeu sua lâmina com um puxão, a tempo de aparar o punho metálico do último Atarracado para o lado, e perfurando a cabeça da máquina durante a abertura.

Simultaneamente, Damiana desferiu uma enxurrada de golpes, reduzindo uma dupla de Bípedes Médios em seu caminho a pilhas de metal fatiado, mas logo ela chutou a cabeça de um dos Bípedes para longe, colidindo com um Voador Pequeno e mandando a pequena máquina para o chão.

Já Perla retirou outro explosivo de sua bolsa e o arremessou em direção a um Bípede Pequeno, grudando-o no rosto da máquina. Devola agiu logo em seguida, chutando o Bípede para longe, onde ele colidiu com um grupo de máquinas, incluindo um Explodidor Pequeno.

Então, Perla apertou o botão do detonador, o explosivo preso na máquina detonou em um estrondo, causando uma explosão solidária com o Explodidor Pequeno, transformando o grupo de máquina em uma bola de fogo seguida de uma chuva de metal.

"WOW! NÓS CONSEGUIMOS!" Popola falou animadamente, erguendo sua mão para um toca aqui, mas parou envergonhada assim que viu Damiana a encarando.

"Quero dizer..." Popola murmurou, corando de vergonha, mas arregalou seus olhos em surpresa quando Damiana bateu na palma de sua mão com a dela.

"Você fez um bom trabalho, obrigado por cobrir minhas costas." Damiana falou com um sorriso divertido que Popola retornou no mesmo tom.

"Bem, vocês não mentiram quando disseram que conseguem se virar em uma luta, acho que devo desculpas." Devola falou, se aproximando de Perla ao seu lado.

"Você não precisa fazer isso, lutar contra as máquinas foi divertido." Perla respondeu, dando um tapinha nas costas de Devola.

"Se você insiste, mas vocês foram de grande ajuda, isso não posso negar. Acabamos com as máquinas rapidamente... E sem ferimentos... Infelizmente, a diversão acaba agora, pois só sobraram às tarefas chatas, entrega e recebimento de suprimentos."

-XXXXXX-

"O QUE VOCÊ IA DIZENDO SOBRE TAREFAS CHATAS?!?" Perla gritou enquanto corria ao lado de Devola.

"EU E MINHA BOCA GRANDE!" Devola gritou irritada enquanto corria a toda velocidade.

"MENOS CONVERSA E MAIS CORRIDA!" Damiana exclamou, passando pelas duas logo em seguida, com Popola a acompanhando.

As quatro androides se encontravam no complexo habitacional do deserto, o sol escaldante brilhando sobre suas cabeças enquanto o vento quente soprava nuvens de areia em seus rostos em meio às ruas estreitas cheias de dunas e seus prédios lentamente desmoronando.

CRUNCH!

CRASH!

Falando em desmoronar, isso era o que acontecia no momento.

Dois tipos diferentes de máquinas conhecidos como Esferas Conectadas, um conjunto de esferas de escavação conectadas como uma serpente, e Esferas Pequenas, um Atarracado com uma broca no lugar das pernas, escavavam a fundação dos prédios ao redor das androides, levando as grandes construções ao chão.

As vigas de aço rangeram audivelmente enquanto o concreto se despedaçava e os prédios tombavam com estrondos ensurdecedores. Os prédios se inclinaram ao ponto dos móveis deslizarem para fora das janelas, criando uma chuva de vidro e objetos pesados.

As androides cobriram suas cabeças enquanto desviavam das sombras em seu caminho, indicando aproximadamente onde os objetos pousariam.

Como se isso não fosse o suficiente, a passagem onde elas se encontravam se estreitava com a inclinação dos prédios, levantando areia e diminuindo o espaço para desviarem.

"ALI, O POSTO AVANÇADO ESTÁ PRÓXIMO!" Popola gritou, apontando para uma passagem logo à frente que lentamente se fechava.

O grupo de androides acelerou sua corrida, levando seus sistemas ao limite, se aproximando da saída da passagem a cada segundo, simultaneamente, a passagem se fechava cada vez mais.

Dando um último impulso e salto de fé, as androides se atiraram para frente, atravessando a passagem e rolando duna a baixo. Elas soltaram gritos e insultos mais de irritação do que de dor até que a queda finalmente terminou.

"Filha dá... Vocês fazem ideia do trabalho que terei para tirar essa areia do meu cabelo?" Devola reclamou enquanto se levantava.

"Veja pelo lado positivo, pelo menos você não tem areia em suas peças, esse já é um nível completamente diferente de trabalho." Popola respondeu, tentando reconfortar sua irmã.

Enquanto isso. Perla tentava ajudar Damiana, que ficou presa de ponta a cabeça na areia enquanto balançava suas pernas no ar.

Com tudo dito e feito, o grupo não demorou em encontrar o posto avançado, que consistia em uma pequena ruína fortificada de um prédio.

Tendas camufladas, barricadas de metal e coberturas de saco de areia cercavam a ruína enquanto alguns androides permaneciam no topo do prédio, vigiando seus arredores.

Infelizmente, as expressões surpresas dos androides no posto avançado devido aos eventos recentes mudaram para desprezo e desdém, ao ver as gêmeas ruivas acompanhando as androides desconhecidas.

Novamente, Perla e Damiana viram em primeira mão a mudança súbita causada pela programação dos androides em relação à Devola e Popola.

"Ei, os suprimentos chegaram e... Oh, são vocês duas... Vocês podem deixar os suprimentos em um canto e ir embora, não quero ver o rosto de vocês mais do que... AAARRRGGGHHH!" Um androide usando traje com camuflagem de deserto falou com ao ver Devola e Popola, mas parou assim que Damiana agarrou seu pescoço.

"ESCUTE AQUI SEU DESGRAÇADO, NÓS QUASE FOMOS ESMAGADAS VIVAS POR TONELADAS DE AÇO E CONCRETO! AS GÊMEAS ARRISCARAM SUAS VIDAS PARA TRAZER ESSES SUPRIMENTOS ATÉ VOCÊS, E É ASSIM QUE VOCÊS AGRADECEM?!?" Damiana gritou na cara do androide, o sacudindo violentamente.

"Damiana, não!" Popola gritou, segurando um dos braços da androide.

"Você não precisa arrumar briga, nós já estamos acostumadas com isso!" Devola falou em seguida, segurando o outro braço da androide.

"O solte, irmã. Acho que ele aprendeu a lição." Perla falou calmamente, colocando uma mão no ombro de sua irmã.

Damiana respirou fundo, tentando se acalmar, e soltou abruptamente o androide, fazendo com que ele caísse de joelhos, tossindo violentamente enquanto o ar voltava a resfriar seus sistemas.

"Nós só deixaremos os suprimentos aqui e iremos embora sem incomodar." Popola falou desconcertada, tirando a grande mochila de suas costas e a colocando no chão.

Devola fez o mesmo que sua irmã, só que com menos gentileza, atirando a mochila na areia com um baque alto, dando as costas para o androide e indo embora logo em seguida.

Ninguém no posto avançado ousou impedir as gêmeas após a exibição de Damiana.

-XXXXXX-

"Puta merda..." Damiana murmurou, impressionada.

"Não esperava por isso..." Perla falou em seguida, tendo uma reação semelhante à sua irmã.

As androides se encontraram frente a frente com uma visão surpreendente, uma vila de máquinas construída na área onde a Cidade em Ruínas se encontrava com o Reino da Floresta.

A vila era composta por diversas casas de madeira e metal suspensas nas árvores e conectadas por pontes e escadas, com diversas bandeiras brancas penduradas e balançando ao vento.

Máquinas de variados tipos seguiam com seu dia a dia, conversando, brincando ou trabalhando.

Casais de máquinas caminhavam de mãos dadas, proferindo seu amor uma às outras, máquinas trabalhadoras expandiam a vila, construindo mais casas, simultaneamente, máquinas crianças desciam um longo escorrega, rindo durante toda a descida.

"Sejam bem-vindas à vila de Pascal!" Popola falou animadamente enquanto abria os braços, mas havia certo nervosismo em seu olhar.

"Escute, sei que a maioria das máquinas andando por aí tentou nos matar, mas garantimos que Pascal e os outros habitantes da vila não desejam nos causar mal, eles são pacifistas, pode acreditar." Devola continuou, se colocando em frente às irmãs e erguendo as mãos de forma apologética.

"Não se preocupe, nós sabemos da existência de máquinas estranhas." Perla respondeu, fazendo as irmãs suspirarem aliviadas.

"Mas nunca encontramos aquelas capazes de formar uma sociedade." Damiana completou, analisando seus arredores.

"Bem, então vocês adorarão conhecer Pascal, afinal isso tudo foi ideia dela." Popola respondeu.

Então, o grupo de androides caminhou pela vila, atraindo olhares curiosos das máquinas em seu caminho.

Alguns acenaram amigavelmente, desejando um bom dia às androides, outros recuaram assustados, cientes da má reputação que possuíam, finalmente, havia aqueles que faziam perguntas às androides, majoritariamente as máquinas crianças.

"Ei, como é o lado de fora da vila?" Uma máquina, usando um boné azul, perguntou.

"Você gosta de animais?" Outra máquina, essa usando um laço rosa em sua cabeça, perguntou também.

"Essa espada é muito legal! Posso segurá-la?" Uma máquina segurando um pirulito de metal perguntou.

"Seu cabelo é bonito! Como faço para ter igual?" Mais uma máquina, essa segurando uma boneca, perguntou logo em seguida.

O quarteto de androides recuou nervosamente, surpresa pela quantidade de perguntas das máquinas crianças que as cercavam. Felizmente, a sua salvação chegou na forma de uma estranha máquina usando um Jetpack.

"Crianças, crianças, por favor, parem de incomodar nossos convidados. Por que vocês não vão brincar um pouco no escorrega?" A estranha máquina falou em uma voz feminina gentil.

"Está bem, senhor Pascal!" As pequenas máquinas responderam em sincronia antes de correrem para longe.

"Crianças, elas são cheias de energia e difíceis de cuidar, mas não adoráveis, não?" A máquina, agora identificada como Pascal, falou para o grupo de androides.

O quarteto de androides ficou em silêncio por alguns segundos, processando o que aconteceu, mas logo se recuperaram ao ver Pascal encarando preocupadamente.

"Sim/Claro/Com certeza!" O grupo respondeu rapidamente.

"Haha! É bom ver vocês novamente, Senhorita Devola e Senhorita Popola! Acredito que vocês vieram em busca das peças, bem, aqui estão elas." Pascal falou educadamente, entregando uma caixa mediana para as gêmeas ruivas.

"Muito obrigada, Pascal! Anemone ficará feliz, nós estávamos precisando de peças novas." Popola respondeu com um sorriso.

"Como as coisas estão aqui na vila? Você tem certeza de que não precisarão das peças?" Devola perguntou.

"Está tudo ótimo, Senhorita Devola, não tivemos nenhum problema com androides ou outras máquinas, embora desejasse que não tivéssemos que nos esconder tanto do resto do mundo. E as peças não são um problema, nós sempre podemos fazer mais. Deixando isso de lado, vejo novos rostos aqui." Pascal respondeu, se virando para Perla e Damiana.

"Oh, acredito que não nos apresentamos apropriadamente! Chamo-me Perla e essa é minha irmã, Damiana." Perla falou, se curvando levemente.

"E aí!" Damiana respondeu, acenando para Pascal relaxadamente e recebendo um olhar fulminante de sua irmã.

"Bem, desejo as boas-vindas a vocês duas, Senhorita Perla e Senhorita Damiana. Como já devem saber, chamo-me Pascal, o chefe da vila. Espero vê-las novamente por aqui." Pascal respondeu, devolvendo o arco de Perla com o seu.

"Igualmente, Pascal!" Perla e Damiana responderam.

Então, ambas as partes se despediram, Pascal e as máquinas crianças acenaram para as androides que se afastavam até elas desaparecerem por entre as árvores da floresta.

"Ei... Obrigado por tudo..." Devola falou envergonhada, quebrando o silêncio da floresta.

"Sei que nosso começo não foi dos melhores, mas..." Popola continuou.

"Nós entendemos, não sabemos do detalhe, mas temos a ideia geral de como vocês são tratadas, então não é surpreendente que vocês estejam hesitantes em nos ter por perto." Perla respondeu, reconfortando as irmãs.

"Esperamos que o que fizemos hoje seja o suficiente para provar que queremos ajudar vocês." Damiana completou, acenando para as irmãs.

"Sim, acredito que não restam dúvidas, mas nós só temos uma última pergunta..." Popola falou.

"Por que vocês estão fazendo tudo isso por nós?" Devola disse logo em seguida.

Perla e Damiana se encararam, trocando um olhar sério, então elas responderam à pergunta da gêmea de cabelos ondulados.

"Apesar de não parecer, minha irmã e eu somos androides muito velhas. Fomos construídas milênios antes dos alienígenas chegarem e a guerra contra as máquinas começar." Perla respondeu.

"E graças a isso, nós sabemos que vocês não foram as culpadas por seja lá o que aconteceu. Nossa programação não foi alterada para odiar vocês. O tratamento que vocês sofrem é injusto e queremos mostrar que vocês não estão sozinhas, que existem pessoas que desejam ser suas amigas." Damiana terminou.

Devola e Popola arregalaram seus olhos, surpresas com a resposta, mas logo se recuperaram e sorriram de orelha a orelha.

"Então, que tal fazermos isso direito, amigas?" Devola perguntou enquanto sua irmã e ela estendiam suas mãos para Perla e Damiana.

"Amigas." Perla e Damiana responderam, retornando o sorriso e aceitando o aperto de mãos.

FIM DO CAPÍTULO

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