Naomi
Abro os olhos inerte, observo o livro que eu abraçava como se fosse um ursinho de pelúcia.
Franzo o cenho e solto um bocejo baixo, fito os lençóis de seda vermelho, os do meu quarto não são assim.
E outra... Eu não estava em uma cadeira?
— Oxe..
Eu pisco, olhando para um figura alta que dormia de forma desconfortável em uma cadeira, o cavaleiro de ouro.
Porra, estou no quarto dele e... Como vim parar em sua cama?
Eu me movo devagar mas o mínimo movimento e as íris azuis se revelaram para mim, o cavaleiro de leão acordou e me olhou.
— Onde pensa que vai?.
— Am... Pra Nárnia.
Ele pisca e eu balanço a cabeça.
— Me trouxe para a sua cama? -aponto para a citada.
— Você dormiu na cadeira, Uhum, estava toda torta. -declara.
— Ah, que bela explicação. —assenti— por que dormiu aí se sua cama é gigante?
— Não é certo dormir ao lado de uma mulher a qual não possuo nenhum tipo de laço, a respeitei e me respeitei.
— Oh. -foi o que eu disse.
Eu o olhei.
— Não está dolorido?
— Já dormi em lugares muito piores do que uma cadeira, não me afetou. -fala.
Eu me ergui, vendo os raios de Sol atravessarem as cortinas do quarto.
— Bem.. obrigada.
Eu olho para o livro e caminho até sua estante, o colocando de onde eu tirei.
— Eu não deveria ver Atena hoje? -pergunto confusa.
O Cavaleiro que estava de pé alongando as costas arregalou os olhos como quem havia lembrado daquilo apenas agora.
— Por Atena, está atrasada. -ele me olha em alerta.
— Vou escovar os dentes, não quero matar Atena com um bafo cósmico. -bocejo caminhando até a porta.
— Mas..
— Leãozinho, tenho certeza de que ela entenderá essa urgência bucal. -falo saindo dali.
.
Estou diante dela, os cabelos cor de lavanda e os olhos escuros.
— Então você é a famosa Naomi? -ela pergunta, a voz calma e serena.
— Não diria famosa, só bem comentada. -olho para os Cavaleiros de bronze fofoqueiros que desviaram o olhar, assobiando.
— O seu caso é... Peculiar, ao menos meu pouco tempo de experiência me faz ter ciência do que fazer com você. -ela disse.
— Como? -pisco.
Então ela não sabe como me fazer voltar?
Ela suspira.
— Sua estadia aqui será longa até descobrirmos como mandá-la de volta, mas acredito que se está aqui é por alguma razão, a qual nem mesmo você ou nós sabemos. —ela reflete— sua estadia aqui no templo será tanto para descobrir como voltar para casa, como também para descobrir do porquê está aqui.
— E-então...
— Ficará aqui até a última ordem. -ela disse.
Ela olha para Aiolia.
— Você a encontrou, Aiolia, e ela esteve sob sua supervisão desde então, você ficará responsável por ela. -ela disse.
Se ele gostou daquilo eu não sei, ele estava sério quando assentiu.
— Seiya e os cavaleiros de bronze ficarão de olho em você por algum tempo, talvez faça amigos aqui. -ela olha para os cavaleiros.
Eu engoli em seco ao escutar a lataria atrás de mim, olho para trás e vejo várias armaduras douradas. Os cavaleiros de Ouro.
— Porra.. -sussurro.
— Vocês terão uma convidada no templo, espero que a tratem bem. -Saori disse.
— Eu..
Minha fala foi cortada quando Mu olhou para o colar em meu pescoço. Suas sobrancelhas se ergueram.
— Onde conseguiu esse colar? -pergunta.
Todos olham para mim, para o que estava em meu pescoço.
Eu seguro o material frio do pingente com força, como se eles pudessem arrancá-lo do meu pescoço.
— O meu avô me deu.
— Seu avô te deu? -ele questiona.
— Mu? -Saori ergueu uma sobrancelha.
— Como o seu avô pode portar uma caixa de armadura? -ele pergunta.
— O que? -pisco.
Ele aponta para o colar.
— Isso é um colar referente a uma caixa de armadura há muito tempo perdida. —ele disse— pode chamar a armadura se possuir a caixa.
Eu o olho.
— Meu avô não tinha caixa, se tivesse teria me dado junto ao colar.. mas que merda é essa? -questiono confusa.
Shaka de virgem disse, a voz calma.
— Essa seria a armadura de raposa? Mu. -ele pergunta.
— Sim, eu não me engano jamais. -ele olha para mim.
O cavaleiro assentiu.
— Você porta o colar da armadura talvez mais forte do templo. —ele disse— a qual está desaparecida há muito tempo, mais do que possamos contar.
— A raposa de nove caudas é a armadura mais poderosa, era um espírito que vagava no mundo, que se transformou em armadura em algum momento de sua existência, o último cavaleiro que a portou não se sabe ao certo quem era, mas era poderoso o bastante para confrontar...
Todos olhamos para Atena.
— Uma Deusa.
— Só piora. -murmuro.
— Como ele te deu algo assim? -reconheci, Milo de escorpião.
— É passado de geração e geração em minha família, meu avô me deu, o passando para mim. -digo.
— O que isso quer dizer? -Shun olha para Mu.
O mestre refletiu.
— O seu avô foi o último cavaleiro, guardião da armadura. —ele disse— e agora é você.
— Q-que??! -gaguejo.
— Mas a armadura ainda está perdida. -Aldebaran disse.
— Então ela está aqui por isso. -Afrodite rebate.
A voz de Atena cortou a de todos que começavam a discutir sem parar.
— Então... Esse é seu propósito, Naomi Saito, acaba de encontrar o motivo de sua chegada ou quase. —ela reflete— a sua missão neste mundo.. é encontrar a armadura de raposa.
Eu estremeço.
— E a nossa função é treiná-la. -Aiolia me olha analisador.
— Treinar? Para quê? -questiono.
— Para ser uma Cavaleira de Atena. -Seiya disse.
Eu dou passos para trás, sentindo minhas costas se chocarem contra o corpo do cavaleiro de leão.
— E-eu não posso, por mais que pareça incrível. -digo.
— Você deve. -Saori disse.
— Eu não tenho cosmo como vocês. -digo.
— Todos possuem cosmo, mas poucos conseguem o elevar o bastante para se tornar um de nós. -Shiryu disse.
— Viu?! Não vou conseguir fazer isso, não sei nem como fazer isso. -digo.
— É por isso que devemos treiná-la. -Saga disse.
— Olha..
— Está decidido. -Saori se ergueu u de seu trono.
Eu engoli em seco.
— Se quer voltar para casa, deve treinar, só despertando o cosmo poderá encontrar a armadura e então destino jogará conforme está escrito. -ela disse firme.
— Isso não é nem de longe uma escolha. -murmuro.
— É um dever. —ela ergueu o queixo— está aqui por uma razão e se for essa a razão não pode lutar contra, Naomi.
— Isso não é justo.
— O mundo não é justo, mas devemos viver nele, aprender a viver conforme suas regras. -ela passou por nós, seu cajado batendo contra o chão.
Eu estremeço.
— Essa é minha palavra final.
.
Fito da janela o templo, sentada no parapeito da janela.
A cabeça recostada nos joelhos que estão na altura do peito, os cabelos pretos sendo balançados pela brisa do vento.
— Não é tão ruim.
Olho de relance para Seiya que estava do meu lado.
— Diz isso porque não está longe da sua família, sendo obrigado a treinar por uma armadura.
Um riso nasal.
— Eu já estive nessa situação, acredite. —ele disse— exatamente igual mas a diferença é que eu era uma criança, o que se torna mais difícil.
Era verdade.
— Desculpe. —eu suspiro— mas não quer dizer que não posso ficar indignada.
— Está no seu direito. -ele disse.
— Quero saber como diabos vou fazer isso. -sussurro.
— Vamos ajudar você. —ele toca meu ombro de forma amigável— vai despertar e conseguir achar a armadura, quanto mais rápido o fizer, mais rápido voltará para casa.
Eu assenti distante.
— Pense um pouco, dá pra fazer coisas bem legais de armadura. -ele brincou.
Então ele se afastou, me deixando sozinha.
— Seiya tem razão.
Tomo um susto e antes de cair da janela para a morte eu fui segurada por uma mão forte.
— Estou seriamente me questionando se você é um cavaleiro ou o mestre dos magos, você aparece do nada. -levo a mão ao peito, o coração disparado.
— Não queria a assustar.
— Minha alma tirou print, Simba. -digo.
— Simba? -ele pergunta confuso.
— Deixa pra lá. -ele não vai entender a referência mesmo.
— Seu treinamento começa hoje a tarde .
— Maravilha. —ironizo— quem vai me treinar?
— Eu.
Eu o olho temerosa.
Mas então algo deu sinal de vida, a minha barriga.
— Mas primeiro, venha, você tem que comer alguma coisa.
— Tem comida aqui? -pisco.
— Acha que vivo de vento?
— E close. -assenti.
Ele revira os olhos.
— Tem cozinha aqui, e comida.
— Passada, achei que só teria o caminho até as outras casas, os quartos foram uma surpresa para mim.
— Essa é apenas uma parte, vamos.
Eu o segui.
*Até o próximo capítulo, Cavaleiros, deixem seu comentário e seu voto pfvr ❤️💋*.