❄️𝗙𝗔𝗜𝗥𝗬❄️ • S. Rogers

By LadyAristana

270 32 105

Aleksandra Nikolaevna Sharapova havia acabado de se formar com honras em Direito quando decidiu ir para a Irl... More

❄️ 𝗙𝗔𝗜𝗥𝗬❄️
❄️ A NOIVA ❄️

❄️A ASSASSINA❄️

13 1 0
By LadyAristana

Durante todo o processo que se seguiu, Aleksandra permaneceu inconsciente. Seus amigos assistiram enquanto um time usando trajes estéreis e especiais levavam a moça desacordada para dentro de um furgão preto fosco com o mesmo emblema que havia no distintivo do homem que se apresentava como "Agente Phil Coulson".

Então, cada um dos membros do grupo foi separado e guiado para uma tenda de descontaminação.

Suspirando profundamente, sentada a um canto de sua tenda, Portia suspirou e passou a mão pelos cabelos, nem se importando tanto com o quanto as roupas estéreis azuis pinicavam. Ela não sabia o que tinha visto, mas tinha certeza de duas coisas.

A primeira era que Aleksandra era inocente. Portia conhecia a russa há quase cinco anos agora, e sabia que não existia nenhum átomo violento no corpo daquela menina. Ela sempre fora toda olhos brilhantes, sorrisos abertos com covinhas, palavras gentis e puro amor, cuidado e lealdade.

A segunda era que o que quer que tivesse acontecido traria consequências avassaladoras que ninguém podia prever, e a pessoa que mais sofreria seria Aleksandra.

O olhar da bacharel em jornalismo dizia tudo quando o agente Coulson entrou na tenda dela.

- Pelo seu olhar dá pra ver que você não acha que a morte daquele rapaz foi culpa da sua amiga. - disse o homem puxando uma cadeira para sentar diante dela. - Pode por favor atestar seu nome, idade, local de nascimento e formação para registro?

- Meu nome é Portia Ellen Smith. Tenho 25 anos, nasci em Birmingham e sou bacharel em jornalismo. - ela respondeu de forma monótona.

- E você pode atestar as mesmas informações sobre a sua amiga?

- O nome dela é Aleksandra Nikolaevna Sharapova, tem 23 anos, eu acho. Ela nasceu em São Petesburgo e é bacharel em direito. - Portia respondeu de novo achando tudo aquilo uma perda de tempo.

- E do rapaz que morreu?

- Colin Landon Walsh, acho que 26 anos. Ele era de Londres e bacharel em engenharia aeroespacial. Agora será que você pode parar de desperdiçar o meu tempo e dizer o que vai acontecer com a minha amiga? - a morena falou entredentes.

- Srta. Smith, não existe um jeito fácil de dizer isso: sua amiga Aleksandra é uma assassina. - declarou Coulson cruzando as pernas casualmente e com muita calma.

- Não é não! - exclamou Portia, colocando-se de pé completamente na defensiva. - Agente se você chegou naquele lugar a tempo de ver o Colin morrer você viu aquela coisa. Não era ela. Você viu quando ela voltou: não fazia a menor ideia do que aconteceu.

- Talvez ela tenha apenas fingido não se lembrar do que aconteceu. - sugeriu Coulson fazendo anotações em uma pasta que tinha em mãos.

Portia soltou uma exclamação de desdém e voltou a se sentar cruzando os braços.

- Aleksandra não é tão boa atriz assim. Ela é uma pessoa boa. Nunca faria algo assim, principalmente não com Colin.

- Por que "principalmente não com Colin", Srta. Smith?

- Aqueles dois se amavam tanto que dava raiva. Quando aquilo aconteceu eles haviam ficado noivos há apenas alguns minutos. - Portia respondeu.

Enquanto Portia defendia a inocência da amiga para Coulson, Aleksandra já fora transportada para um Quinjet que estava no ar com destino aos Estados Unidos, mais precisamente uma casa especial em Upstate New York que era feita especialmente para abrigar pessoas como ela era agora.

Em sua cabeça, enquanto desacordada, uma voz melodiosa murmurava uma canção que contava a história de um povo. Fosse magia ou sonho, a mente de Aleksandra não estava mais no nosso mundo.

Ela se via em meio ao lugar mais encantador já visto: uma cidade cercada por uma cordilheira onde viviam pessoas tão bonitas que mal se podia imaginar seus rostos.

O antigo Reino Fae, a voz melodiosa sussurrou numa língua que Aleksandra entendia, apesar de saber que não era nenhuma das quatro línguas que ela falava fluentemente - estas sendo russo, inglês, francês e linguagem de sinais.

A cidade murada por montanhas tinha lindas casas, e as ruas nevadas tinham cheiro de canela, chocolate e pinheiro. As pessoas sorriam, as crianças passavam correndo e rindo, os adultos conversavam cordialmente. Era o tipo de cidade que raramente se vê: uma cidade de gente feliz que vivia em paz.

No centro da cidade havia uma estrutura feita de colunas altas na forma de estátuas de lindas ninfas - remeteram Aleksandra às Cariátides gregas, uma das quais encontrava-se no Museu Britânico - as estátuas que davam entrada ao que ela via ser um templo eram de uma mulher alada com a expressão mais confiante e desafiadora do mundo e de um homem que devia ser o mais belo que jamais existira.

Freya e Freyr, os aesir patronos dos fae, contou a voz. Definitivamente era um templo, o que fez Aleksandra se sentir um tanto fora de lugar, pois apesar de ter respeito por quaisquer crenças, ela própria crescera uma devota cristã de acordo com a tradição russa. Se estivesse acordada, sua mão teria ido instintivamente para o crucifixo de platina que usava no pescoço, uma relíquia de família que ganhara da avó.

Ao final da avenida principal, ficava um palácio. Não era muito grande, mas as linhas de mármore branco eram tão elegantes e de bom gosto que ela achou que era mais bonito que qualquer outro castelo grande e deu a ela um sentimento de familiaridade que não demorou a perceber o motivo: as ameias e torres de topo em forma de gota remetiam ao Kremlin, e Aleksandra crescera em Moscou.

As portas da varanda de uma das torres se abriram, e dela saiu uma mulher deslumbrante usando um vestido azul tão lindo que Norah e Tristan chorariam. Ela olhou para a cidade fervilhante abaixo e um sorriso amoroso brotou em seus lábios pintados de vermelho vinho. Sobre a cabeça de cabelos claros dela, uma coroa feita de um material cristalino e multifacetado que reluzia ao sol de inverno com pequenos arco-íris, como se fosse toda feita de diamante.

A coroa que Aleksandra tocara. A coroa que ela absorvera.

Ela acordou com um susto, e teria se sentado com a mão voando para o crucifixo de sua babushka se não estivesse amarrada em uma maca, uma agulha de acesso presa em seu braço e conectada a uma bolsa de algo que era turvo demais para ser só soro. Luzes fortes brilhavam em seu rosto, ela sentia um gosto horrível de ferrugem na boca e o ambiente tinha um cheiro forte de amônia que a deixava enjoada.

Um monitor ao seu lado começou a apitar freneticamente ao tempo que a respiração da moça acelerou com medo, e lágrimas começaram a escorrer dos olhos azuis, se tornando flocos de neve antes de tocar o chão, que começava a se cobrir por uma camada de gelo, assim como a maca, as amarras e o que quer que fora colocado no acesso intravenoso.

A primeira coisa a se tornar poeira cintilante foi a agulha e o tubo, deixando para trás uma mancha de sangue violeta. Então, foram os eletrodos do monitoramento cardíaco, as amarras e por fim a maca, fazendo com que Aleksandra caísse no chão congelado com um gemido dolorido.

O gelo se espalhou até o espelho falso na parede, e o vidro se estilhaçou antes de poder virar poeira também, arrancando um grito de quem quer que estivesse atrás.

E então tudo cessou quando a mão desesperada da menina russa alcançou o crucifixo em seu pescoço.

- Pai nosso que está nos céus, santificado seja Vosso nome, venha a nós o Teu reino, seja feita a Tua vontade... - Aleksandra murmurava freneticamente, em russo, tentando ouvir a voz de babushka em sua cabeça. Com certeza ajuda divina seria muito bem-vinda no momento, mas acima de tudo, a reza ajudava ela a se acalmar e voltar para a realidade.

Do outro lado do vidro quebrado, outra mulher russa, de cabelos vermelhos, arqueou uma sobrancelha.

- Romanoff? O que ela está falando? É algum feitiço? - Nicholas Fury perguntou, a mão sobre o revólver na cintura.

- Ela está rezando. - disse a Viúva Negra, meio incrédula, quase achando graça.

- Pedindo vingança de algum deus obscuro? - Fury preferia se manter desconfiado.

- Bem, ela está na parte do "perdoe nossas ofensas assim como temos perdoado aos que nos têm ofendido", então acho que não. - um risinho soprado saiu pelo nariz de Natasha Romanoff.

- Pois então você pode se voluntariar pra falar com ela. Eu fico aqui fora rezando também. - podia até soar como sugestão. Natasha sabia que era uma ordem.

Com um revirar de olhos, a Viúva Negra entrou na sala a tempo de ver a menina loira no chão se benzer e começar a rezar o Pai Nosso de novo.

- Eu tenho certeza que o cara lá de cima ouviu na primeira vez. - Natasha disse gentilmente. Ela havia lido o arquivo, e não estava nem um pouco afim de ficar igual ao noivo da menina ali. - Privet.

Olhos grandes e azuis arregalados a encararam de volta, e o olhar dela por um momento fez o peito de Natasha doer. Essa menina tinha um nariz de botãozinho perfeito, olhos grandes e um bico de choro adorável igualzinho a Yelena.

- Aqui. - foi tudo o que Natasha disse, abrindo uma garrafa de água e a entregando para a moça.

- Spasibo. - disse Aleksandra, tão alheia das coisas ruins do mundo que em momento algum ela achou que a água poderia estar envenenada. Ela simplesmente aceitou com um meio sorriso grato e bebeu.

- Meu nome é Natasha.

- Aleksandra. - a loira respondeu com uma voz suave de fada, ainda encolhida no chão e agarrando o crucifixo em seu pescoço. - Onde estamos?

- Aqui é... Bem, um lugar seguro. É onde você vai ter que ficar por um tempinho, até descobrirmos o que aconteceu com você. - disse Natasha, se sentando no chão, quase sorrindo com a familiaridade da sensação do gelo que cobria o chão. - Tudo na conta da SHIELD.

- SHIELD... É uma organização de inteligência, não é? Nos Estados Unidos? - Aleksandra perguntou, se lembrando de ter estudado a respeito na matéria de Direito Internacional.

- Isso mesmo. - Natasha assentiu.

- Não, não, não! Eu não posso estar nos Estados Unidos! Eu tenho que voltar para Moscou! Meus pais estão me esperando! E... E o diretor de elenco da companhia de ballet do Bolshoi ia abrir uma audição para eu voltar a dançar com eles! - como se fosse possível, os olhos de Aleksandra se arregalaram ainda mais.

- Eu tenho certeza que alguém já entrou em contato com os seus pais. Depois de conversarmos algumas coisas, você pode até ligar pra eles. - Natasha tentou tranquilizá-la antes que a menina desse uma de rainha do gelo de novo. Então, ela inclinou a cabeça e a observou de novo. - Espera! Você é a... Aquela bailarina! Você fez a Clara, no Quebra Nozes do Bolshoi quatro anos atrás!

- Você viu?! - imediatamente a preocupação de Aleksandra se tornou um sorriso. Aquela fora a melhor noite de sua vida. - Eu não gosto muito da gravação, tem alguns ângulos estranhos.

- Eu não vi a gravação, eu estava lá. - Natasha respondeu, sorrindo de volta, sabendo que assim seria mais fácil evitar hostilidades e ganhar a confiança da moça. - Foi lindo, você é muito boa. Por que parou?

Por que foi pra Inglaterra? Por que se enfiou numa caverna esquisita num lugar esquisito e tocou um objeto esquisito? O pensamento de Natasha e Aleksandra foi o mesmo: nada disso teria acontecido se a loira tivesse simplesmente continuado no Bolshoi.

- Ai meu Deus, o Colin! - Aleksandra colocou a mão sobre a própria boca, segurando um soluço. - A-aquela coisa fez eu... Ela entrou na minha cabeça e... Ai meu Deus! Ai meu Deus!

- Coisa? Ela? - a voz de Nick Fury interrompeu o momento, e Aleksandra se assustou, se arrastando para mais perto de Natasha. - Está dizendo que alguma coisa entrou na sua cabeça?

A loira olhou para a ruiva em busca de confirmação. Aleksandra, de alguma forma, sabia que Natasha não iria machucá-la, então confiava nela.

- Está tudo bem. Ele tá comigo. - Natasha confirmou. - Esse é o Diretor Fury, da SHIELD.

- E-eu não sei bem explicar... Eu ouvi uma música e eu... Eu não queria seguir a música, mas eu fui mesmo assim... - o aperto no crucifixo aumentou, e ela se encolheu mais. - E então eu... Eu entrei na caverna, eu não consegui evitar. Tinha uma estátua usando uma coroa e... A música mandou eu colocar a coroa. Eu tentei lutar, tentei não colocar, mas...

- Hipnose? - Natasha sugeriu.

- É possível. - Fury assentiu e olhou para Aleksandra com seu único olho. - Onde a coroa está agora?

- Eu... Absorvi? Não sei, não entendo dessas coisas, sou estudante de direito. - Aleksandra suspirou, olhando para as próprias mãos. - Eu sei que assim que eu coloquei, ela entrou na minha cabeça. Ela estava tão triste e... Ela se sentia tão impossivelmente injustiçada. De luto.

- De luto? Por quem?

A pergunta do Diretor fez Aleksandra franzir as sobrancelhas em dúvida, e com uma dor de cabeça horrível. Por quem ela estava de luto?

A visão da loira embaçou, e ela desmaiou.

Continue Reading

You'll Also Like

697K 20.9K 29
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
238K 16.9K 96
"To ficando 𝘃𝗶𝗰𝗶𝗮𝗱𝗼 nesse beijo teu" - 𝗟𝗲𝗻𝗻𝗼𝗻 lembro quando nós nem tava junto, mas se falava direto geral dizendo que nós combina muito...
76.3K 6.8K 42
Em meio as quatro paredes do quarto da clínica psiquiatra, eu só queria sair e viver tudo que estava desejando. O que me mantinha de pé, eram os olho...
1.4M 81.5K 79
De um lado temos Gabriella, filha do renomado técnico do São Paulo, Dorival Júnior. A especialidade da garota com toda certeza é chamar atenção por o...