Os dias começaram a passar rapidamente desde o "aviso" de Obito. Para o ômega, demonstrar qualquer sentimento, seja mágoa ou desconforto, era inútil quando se tratava de um alfa, principalmente o Uchiha. Ele acabou cedendo mais do que pretendia e se viu exatamente onde jurou não ir. Assim, Obito o tinha, mas não da forma que imaginou.
Ainda era um pouco vergonhoso lembrar das coisas que fez, das palavras sujas que proferiu. Foi instintivo, mas o ômega sentia vergonha ao relembrar.
Enfim, uma semana se passou, e ele fitava o próprio quarto, com um aperto no peito ao vê-lo vazio. Suas roupas não mais espalhadas, seus produtos diários não mais sobre a penteadeira, tudo empacotado em uma mala, sendo levado para outro lugar, desconhecido.
Obito conseguiu tirar-lhe tudo. Um suspiro cansado e vencido escapou dos lábios do ômega.
Sentiu um laço envolver seu corpo e, ao virar-se, sorriu com esforço para Naruto, que ostentava uma expressão triste.
- Sou eu quem vai se mudar, e é você que está triste? - Usou um tom sereno para amenizar - Não faça essa cara, estive me segurando o dia inteiro para não chorar... Não me faça desabar agora.
- Desculpe-me. Apenas saiba, sentirei sua falta. - Deidara fungou, abraçando forte o irmão. - Não fique sem dar notícias, qualquer problema... seja seu ou que envolva aquele estúpido, diga, nosso pai com certeza dará um jeito nele.
- Eu sei... Mas não há necessidade. Em algum momento, aconteceria. Só espero que ele não esteja planejando algo... Não sei se posso suportar a ideia de algo que venha dele.
- Aguente só até o casamento. Vamos conseguir a anulação, e você estará livre dele.
- Alteza, Lorde Obito está lhe esperando lá fora. - A voz de Anko interrompeu o momento, soando trêmula e hesitante.
- Claro, avise-o que já estou saindo. Estou apenas me despedindo.
"Claro, licença." Foram as últimas palavras da servente, que saiu às pressas. O olhar de Deidara caiu mais uma vez sobre Naruto, dando-lhe outro abraço apertado. Enquanto o ômega caminhava pelos corredores, encontrou seus pais parados nos portões, Madara ao lado de Obito, que parecia irritado, com mau humor evidente.
- Desculpe-me fazê-los esperar. - Secou o canto dos olhos ao fitar Kushina, aproximando-se dela, recebendo um beijo em sua testa. Mesmo sendo um pouco maior, inclinou seu rosto para receber o gesto. Minato não ficou de fora; despediram-se com um abraço, e Minato apenas sussurrou em seu ouvido. "Quando for o momento, eu buscarei você, Deidara, não se preocupe." De alguma forma, as palavras assustadoras de Minato o tranquilizaram, como se ele lhe avisasse que algo ruim aconteceria, mas, controversamente, ele chegaria a tempo de salvá-lo.
Foi uma despedida triste, pois não desejava partir de casa, muito menos com uma companhia daquelas. Madara não estava na carruagem com Obito, o que trouxe certo alívio, pois não precisaria lidar com as duas figuras que o deixavam desconfortável.
O caminho até a nova casa foi completamente desconfortável, com um clima péssimo tanto dentro da carruagem quanto fora. O céu estava nublado, uma neblina densa cobria a estrada, e uma garoa fria caía do céu.
Era irônico, pois sentia Obito da mesma forma. Frio. Presumiu que talvez o alfa tivesse ouvido muitas coisas de Madara, deixando-o de mau humor, bufando pelos ares.
Não trocaram uma palavra; o silêncio desconfortável pairava até que, após algumas horas, a carruagem diminuiu gradualmente até parar. A voz do chofer de Obito ecoou do lado de fora, anunciando que haviam chegado.
Até então, o ômega não sentiu curiosidade em ver nada, mantendo suas cortinas fechadas durante todo o percurso. Agora, com a ajuda do motorista que estendeu a mão para ajudá-lo a descer, seus olhos brilharam diante da aparência de sua nova casa.
A estrutura era branca, com pilares, uma enorme porta de madeira branca, um vasto jardim cercado por muros de grama e uma fonte impecável adornada por orquídeas bem cuidadas. Na frente da casa, havia pelo menos vinte pessoas, algumas com trajes parecidos, outras de terno. Deidara se questionou mentalmente sobre o que tudo aquilo significava.
Logo, Obito pigarreou e se posicionou à frente, esclarecendo a situação.
- Esses são os empregados. Todos trabalham para você: os cozinheiros, as empregadas, serventes. Tomei a liberdade de contratar um chofer pessoal para você. Kenji está há anos comigo, então você poderá contatá-lo quando eu não estiver. Enfim, Kaori vai lhe mostrar a casa. - Ele apenas apontou para a doméstica, que parecia mais uma serva pessoal para si. A mulher beta sorriu minimamente, curvando-se levemente diante de Deidara. - Outra coisa... Da mesma forma que me respeitam e obedecem às minhas ordens, vocês deverão obedecer a Deidara.
- Sim, senhor. - Soou uníssono. Obito seguiu para dentro da mansão, deixando Deidara completamente perdido, ainda admirando as flores do lado de fora. - Senhor Uzumaki, siga-me, permita-me mostrar à vossa Alteza a casa. Não me importo de mostrar mais de uma vez. É realmente difícil decorar de uma vez... Licença. - A beta se aproximou, pegando do corpo de Deidara o casaco que estava envolta dele, pendurando-o no cabideiro no corredor, levando-o consigo enquanto apontava e descrevia cada cômodo, dando dicas e contando histórias.
Ela mencionou há quanto tempo trabalhava para Obito e praticamente cresceu junto com o homem. Aos olhos da servente, Deidara não era alguém ruim; parecia ser educado e não seria o tipo de patrão que xingaria por um erro. Isso era bom, pois seria um equilíbrio, já que o Uchiha não tinha muita paciência com os empregados. Nunca teve.
- E por fim... O quarto de Vossa Alteza. Fique à vontade para me chamar quando precisar, estarei no corredor, apenas me chame por Ori.
- Está bem, Ori. Agradeço por me mostrar a casa. Chamarei assim que precisar, vá descansar. - Um sorriso pequeno surgiu nos lábios da servente, que fez uma reverência e saiu, deixando Deidara descobrir sozinho seus aposentos. Ao entrar, ele se assustou ao avistar Obito, sentado sobre a cama, vestindo uma calça macia e prestes a vestir uma camisa de botões.
O olhar do Uchiha decaiu sobre o ômega, que desviou o rosto levemente vermelho, mantendo-se sem reação além disso.
- Conheceu tudo? - A voz rouca do alfa ecoou pelo quarto, provocando apenas um assentir no loiro. O Uchiha suspirou, deixando alguns botões abertos ao se deitar na cama. Era uma cama de casal, excessivamente grande, que cabia no mínimo dois casais, e não só eles. O Uchiha acompanhou o ômega com os olhos, observando suas coisas sobre a penteadeira, suas roupas nos cabides, agora, compartilhando o espaço com o alfa. - Ordenei que deixassem o quarto mais parecido possível com o seu antigo, para que você se sentisse confortável. Está do seu agrado?
- Sim. - Respondeu de forma breve enquanto dedilhava a mesa de canto de madeira, parando os dedos ao notar um quadro sobre a mesa. Era um homem; seus traços eram familiares para Deidara, suas feições delicadas. O homem no quadro tinha cabelos curtos e castanhos, olhos brilhantes em um tom amendoado. Absorto na imagem, o ômega mal percebeu que Obito se aproximou por trás, revelando o objeto do fascínio do loiro.
- É meu pai, ômega. Essa é a única foto que tenho dele. - Deu uma pausa - Madara tirou quando ainda estavam envolvidos. Meu pai afirma que nesse tempo já estava grávido, sem saber disso. - Deidara inclinou levemente a cabeça para olhar para o alfa, perdido nos detalhes da foto, seus olhos opacos. - Madara sugeriu que eu jogasse fora, mas não consegui. Por muito tempo, ordenei investigações para encontrá-lo, mas, onde quer que ele esteja, parece não querer ser encontrado.
Um silêncio pairou por um instante, revelando um lado melancólico de Obito que Deidara nunca havia visto. As palavras que saíam dos lábios do homem eram leves, e a figura imponente que o loiro estava acostumado não estava mais presente; era estranhamente reconfortante.
- Você gostaria de conhecê-lo um dia? Mesmo que tenha te abandonado?
- Eu não sei. Minha vida toda essa lacuna esteve em branco, mas sinto a necessidade de perguntar. Preciso saber por que ele me abandonou, entender o motivo, e não apenas aceitar o "ele não estava pronto para ser pai" que Madara diz. - O alfa hesitou, expressando suas dúvidas profundas. - Eu não acredito nisso.
O olhar de Obito caiu sobre o ômega, que prestava atenção em cada palavra dita por ele, o que fez com que o Uchiha soprasse um riso fraco, se afastando ao notar que se aproximou muito.
- Deve estar cansado. Tome um banho e deite para descansar, eu vou pedir para que tragam comida para você, e estarei no meu escritório, caso precise. - disse rapidamente, calçando os sapatos para andar pelo castelo, saindo e batendo a porta.
Enquanto isso, o ômega estático, estar sob o mesmo teto com Obito era estranho, mas não desagradável, ainda que fosse o primeiro dia e não tivesse tanta propriedade ou provas para afirmar que ele não estava sendo um babaca, mas momentaneamente não era desagradável, apenas estranho.
O quarto de ambos estava realmente semelhante ao quarto antigo do ômega, até mesmo a cor das cortinas, as flores eram as mesmas de seu quarto e a cama estava forrada com um lençol de cetim creme, igual ou até o mesmo de sua cama. Era um ambiente confortável.
O loiro se apressou para ir tomar um banho, aproveitar que Obito havia se retirado para não tornar a situação estranha, se despiu assim que chegou ao banheiro, notando que a banheira já estava cheia e quentinha, e havia óleos essênciais, o que deixou o ômega na dúvida do porquê Obito preparou aquilo para si, pois sabia que havia sido ele, pois era o único no quarto e o banho parecia ter sido recentemente preparado; iria agradecer, mais tarde.
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Os corredores estavam silenciosos; as empregadas já haviam sido dispensadas, e o ômega encontrava-se deitado sozinho na cama. Apesar do colchão confortável, lençóis macios e clima agradável, não se sentia totalmente em casa; um sentimento estranho ainda o dominava.
Lembrando-se do que Obito havia dito, "Estarei no escritório, caso precise", ele precisava para conseguir dormir. Levantou-se com cautela, calçou pantufas, vestiu um robe e caminhou até a porta, abrindo-a devagar.
Ao se mover, deparou-se com o alfa. Instintivamente, empurrou-o em um grunhido, mas Obito o puxou, fazendo ambos caírem no chão. O ômega teve seu corpo amortecido pelo abraço de Obito.
Ao tentar se afastar, Obito permaneceu com ele nos braços. - Você se machucou? - perguntou Obito, parecendo preocupado. Deidara olhou-o como se dissesse: "Não fui eu que caí de costas para o chão." - O que está fazendo acordado?
- Estou bem. - suspirou Deidara, agarrando a camisa do alfa antes de ceder seu peso e apoiar-se nele. - Não consigo dormir, me sinto estranho.
- Entendo... - respondeu Obito, erguendo-se cuidadosamente com o ômega em seus braços, carregando-o como uma criança. - podemos conversar até que você sinta sono.
- Não, eu não quero conversar - murmurou Deidara, aceitando ser colocado sobre a cama macia. Observou Obito puxar a coberta sobre eles, deitando-se ao lado, por cima do edredom, abraçando-o repentinamente. - O que está fazendo?
O ômega suspirou, sentindo a carícia em seus fios loiros e os feromônios dominantes envolvendo-o, proporcionando um conforto estranho.
- Te ajudando a dormir. ‐ respondeu Obito, com a respiração próxima. Por mais que Deidara quisse afastá-lo, não era capaz.
Ali, o loiro adormeceu rapidamente, sentindo-se acolhido. Um sentimento contraditório de segurança, pois não nutria boas emoções pelo alfa e aparentemente nunca esperava sentir algo positivo. No entanto, naquele momento, pouco se importou se ele era alguém ruim; apenas fechou os olhos e confiou.
...
Estive sem postar por problemas pessoais, mas já estou de volta e recuperada...
Beijinhos. 💋