Pov. Kara
Mais uma manhã ensolarada em National City, acordo cedo e todos aí da estão dormindo, meu pai e a tia Astra devem ir embora hoje, sinto meu coração apertar dentro do peito mas eles estão ansiosos para encontrar minha mãe em Argo. Levanto e vou até a sacada, sinto o calor do sol subindo pelos dedos dos meus pés até minha cabeça e ao longe vejo Alex chegando de moto. Desço as escadas e encontro a ruiva que já estava parada na porta.
- Caiu da cama foi? - pergunto e a ruiva me abraça e entre entrega um saco de donuts - Hum, do Noonan's é assim que eu gosto, entra.
- Valeu. - a outra entra com um sorriso contagiante - Kelly e eu levamos nossa filha na escola mais cedo.
Desde que Alex se tornou mãe, um brilho irradia de seu rosto, acho que nunca tinha visto ela mais feliz, mais completa. Esme é um amor, ela e Hope se conectam bem rápido apesar de Esme ser um pouco mais velha que minha baixinha.
- E como ela está na escola? Está se encaixando? - pergunto indo com ela para a cozinha em busca de uma xícara de café.
-Ela ainda tem um pouco de dificuldade em interagir com outras crianças, no abrigo as coisas foram complicadas pra ela. - Alex toma uma xícara - Ela é como você em certos aspectos.
- Ela se lembra dos pais. - concluo e vejo um sorriso triste no rosto da ruiva.
- Sim, como você ela também tem pesadelos, sonha com a perda dos pais, sonha com seu planeta e as vezes não sei o que posso fazer, não tenho algo que possa lembrá-la de casa, é difícil. - ela desabafa.
- Acho que posso ajudar com isso. - Astra aparece na cozinha ainda bocejando.
Os encontros entre Alex e Astra sempre são meio estranhos, conversas curtas, meio truncadas, respostas rápidas e ambas quase sempre evitam contato visual. Astra está vestida como se tivesse saído mais cedo, noto que ela carrega duas esferas, algo a princípio muito conhecido por mim.
- É o que eu tô pensando? - me aproximo animada e recebo um abraço e um sorriso da mais velha.
- Talvez minha criança...- ela sorri fazendo suspense.
- Rao..
- Passei a noite na torre trabalhando nisso, sempre guardei o meu orbi e a partir do meu, fiz um pra Hope, pra que ela possa ter um pouquinho de casa.
Imediatamente meus olhos se enchem de densas lágrimas, ver um orbi com milhares de imagens holográficas de Krypton não estava na minha imaginação, é como ver minha casa outra vez.
- Obrigada tia Astra, muito, muito obrigada. - enxugo minhas lágrimas - Hope finalmente vai poder conhecer um pouco mais sobre nossa casa, isso não tem preço pra mim.
- Fico feliz em poder trazer alguma alegria àquela menininha adorável. - Astra sorri.
Alex observa a cena com atenção e expressa um leve sorriso.
- Também tomei a liberdade, - Astra se dirige a Alex - Tenho ouvido os cochichos na torre e aqui, sei que sua garotinha sente falta de casa, fiz um pra ela também.
Alex congela surpresa.
- Recolhi todas as informações que pude, com a tecnologia da torre e a ajuda daquele garoto verde, pude compilar várias imagens e informações que acho que vão ajudar Esme a pelo menos ter algo que a aproxime de casa. - a mais velha entrega o orbi e conhecendo Alex vejo em seu rosto toda a força que está fazendo para segurar as lágrimas.
- Obrigada por isso. - Alex se limita a um aperto de mão, o que já é um avanço e tanto de ambas as partes.
- É o que a família faz. - Astra corresponde o aperto de mão e sorri.
- Não, a família não mata alguém da família, e eu te matei. - Alex enrrubesce.
- Ah criança, não é segredo pra ninguém que nunca fui uma santa, essas coisas acontecem, eu estava fora de controle, você fez o que precisava fazer. - a mais velha dá de ombros e a ruiva sorri - Lembro que uma vez você me disse que você e eu não somos família, mas se minha sobrinha te considera como família, acho que posso fazer o mesmo, o que acha?
- Não vou pedir desculpas. - Alex levanta as mãos.
- Me contento com uma cerveja, nunca fui em um bar da terra. - Astra estende a mão para a ruiva que pondera e sorri.
- Acho que podemos fazer isso.- Alex sela o pacto.
Observo as duas mulheres, ainda que não queiram admitir, uma parece ser um espelho da outra com o mesmo orgulho e teimosia, mas o mesmo coração.
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O dia parece estar perfeito, levei Hope para a escola, Hope pediu que eu a levasse voando, relutei muito, não gosto de voar com ela, ela ainda é muito pequena, mas ela fez um biquinho tão adorável que não tive outra saída. Despedi minha princesa com um beijo e marquei de buscá-la no fim da aula, passei tempo demais longe de casa e tudo o que quero é recuperar o tempo perdido com a minha filha, nada mais é prioridade. Finalmente de volta a Catco, ouvi Andrea me dando uma bronca por sumir assim sem avisar, Nia me disse que contou uma mentirinha para Andrea dizendo que eu estava seguindo uma pista com Cat, a latina está furiosa e Rao, se ela soubesse que tenho super audição, acho que ela parava de gritar só de pena dos meus ouvidos. Saio da sala da morena e vou até minha mesa, nossa, eu já não lembrava da minha mesa, dos meus porta canetas, das folhas com clip cor de rosa, ou dos meus pequenos vasinhos de suculentas.
- Cuidei delas pra você. - a garota se aproxima com um sorriso.
- Obrigada Nia, mas tenho certeza que eram 4 vasinhos e aqui tem 5. - sorrio e ela levanta as mãos em rendição.
- Vi na floricultura, eu...bem, estava com saudades de você, de vir até a sua mesa pra conversar, quando vi lembrei de você e acabei comprando, espero que goste.
- Claro que eu gostei, - sorrio admirando a plantinha - a zona fantasma não é exatamente uma cópia dos campos Elíseos. - sussurro a última parte.
- Você tem um ponto. - Nia coça a cabeça - E então, ainda tem um emprego?
- Bem, eu achei que Andrea arrancaria minha pele com uma navalha e colocaria no sol, mas ela não me demitiu, o que já é uma grande coisa vindo dela. - ambas rimos, mas disfarçamos ao ver a megera caminhar até o elevador - Ela me colocou pra cobrir a eleição municipal, o que vai ser bom, já estava com saudades do bloco de notas.
- Kara, eu queria conversar com você sobre uma coisa...
- Hum, pela sua cara, o que o Brainy aprontou?- sento e logo a mais nova faz o mesmo.
- Não é sobre o Brainy, é...bem...sobre a cidade, talvez...- Nia se atropela.
- Nia...- meus dedos tamborilam sobre a superfície da mesa.
- Eu sei que já conversamos sobre isso Kara, que você precisa de um tempo sem a capa, mas eu só quero que me ajude a entender algo. - seu rosto está pálido.
- Bem, o que aconteceu?
- Vamos pra um lugar mais quieto. - a garota levanta e vamos até a varanda, fechando a porta de vidro atrás de nós.
Vejo Nia mexendo os dedos nervosamente, ouço seu coração batendo rápido como se tivesse corrido uma maratona.
- O que tá acontecendo Nia?
- Eu...eu tenho sonhado...- uma gota de suor escorre em sua têmpora.
- Bem, então tá tudo bem, sonhar é o que você faz, não é querida? - toco gentilmente seu ombro.
- Tenho sonhado com uma silhueta negra, uma capa longa, algo como eletricidade em faíscas azuis, e...toda vez que isso acontece, minha cabeça dói e eu fico fora do ar por algum tempo, como que presa em um transe ou algo assim...
- Droga...- sinto meu próprio coração pular.
Pego meu celular e digito uma mensagem no grupo dos Super Friends "Preciso de TODOS na torre, é URGENTE!!!"
- Vem Nia, precisamos ir agora.
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- Tá, deixa eu ver se eu entendi, - Alex analisa as informações no monitor - quando a gente te pegou, de alguma forma essa maluca veio junto?
- Isso, Nixly disse que foi banida pelo pai, que foi injustiçada, mas ela machucou meu pai e queria que eu o deixasse, teve uma briga, Astra e ela trocaram uns tapas, eu tava machucada, mas consegui quebrar o ponto de equilíbrio do portal, tudo começou a desmoronar, ela pediu por ajuda mas Astra me tirou de lá e quando saímos tudo desabou.- concluo suspirando.
- Juro que as vezes até gosto da sua tia. - Alex ri.
- Sem gracinhas Alex. - faço careta - Ela é perigosa, um ser poderoso como o Myxz.
- E levando em conta as coisas que o Myxz já fez no passado, essa mulher pode ser um problema. - J'onn bufa - Brainy, trave um perfil que capte qualquer energia inter dimensional, precisamos achar essa mulher e rápido. Nia, tente se conectar com essa coisa através dos seus sonhos.
- É pra já. - Nia se acomoda em uma poltrona.
Digito uma mensagem no celular, chamando Astra ao andar de baixo, caminho até o elevador e Alex vem até mim.
- Hey, tudo bem?
- Preciso que fique aqui, tenho algo pra fazer.- deixo Alex para trás e entro no elevador.
Depois de alguns segundos dentro da caixa de metal, as portas se abrem revelando a mulher que me espera.
- Me chamou criança? - Astra tem o corpo escorado na parede
- Astra, estou com problemas e preciso de um favor...
Faço um breve resumo da reunião que tivemos há pouco, a mais velha escuta atenta a cada palavra.
- Entendeu? - caminho apertando as mãos.
- Tem certeza? Eu adoraria socar aquela vaca.
- Tia Astra, por favor, eu preciso que faça o que eu te pedi, por favor.
- Confia tanto em mim assim?
- Você prometeu que não iria pisar na bola de novo, leve Hope para argo, sei que com a minha mãe ela estará segura, não posso tê-la aqui sabendo que Nixly pode ir atrás dela pra me machucar, se eu perdesse a minha filha...não posso nem pensar nisso.- maneio a cabeça tentando afastar meus pensamentos.
- Vou protegê-la com minha própria vida se for preciso, eu prometo.
- Serei eternamente grata.
-
Não precisa agradecer, sua garotinha é o passe pra sua mãe não me matar ou banir de novo. - a mulher ri.
- Mamãe te ama e sentiu quando soube de sua morte, não seja tão dura com ela.
- Tudo bem criança.
- Ah, mais uma coisa, eu já tinha conversado com Hope sobre ela passar um fim de semana em Argo, então vamos deixá-la pensar que eu quis que ela passasse as férias lá, não quero que ela se preocupe, ela é uma menininha muito inteligente.- sorrio.
- Como você na idade dela, lembra? - a outra segura minha mão - Passávamos as tardes contemplando as estrelas, você fazia mil perguntas e perdíamos a noção do tempo.
- Bons tempos.- sussurro sentindo a saudade bater.
- Tempos que não precisam cair no esquecimento. - ela me abraça e eu retribuo - Sempre vou te amar criança.
- Eu também tia Astra, mesmo quando você pisa na bola, eu ainda te amo. - me afasto enxugando minhas lágrimas - Agora vamos, precisamos ir até o papai e me despedir da Hope.
- Ainda acho que seu pai ficaria bem na zona fantasma. - a mais velha ri sarcástica.
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Depois de encontrar com meu pai e me despedir de Hope, esperei até que passassem pelo portal e voei direto pra casa. Aterrizo em meio a pequena floresta que fica atrás da propriedade, entrei no quintal e dei de cara com a casa da árvore e os brinquedos de Hope pelo chão, entro em casa e avisto alguém que faz meu coração aquecer.
- Rao, não sabia que tinha voltado Lena...- abraço a morena que retribui o gesto.
- Voltei assim que soube que "alguém" se meteu em confusão. - Lena sorri com a sobrancelha alçada - Não posso deixar você sozinha por alguns dias que você arruma briga no parquinho?
Ambas sorrimos e é bom ter Lena aqui de novo, por muito tempo ela e Alex têm sido minha rede de apoio e ter a morena aqui me traz algum tipo de segurança.
- Quem dera fosse uma briga no parquinho.- sorrio me jogando em uma poltrona.
- Alex me ligou, mas não me contou exatamente o que aconteceu e ah, aquele gato gigante no jornal também chamou minha atenção.
- O nome dela é Nyxly...
Assim começo a contar toda a história, desde a zona fantasma até os eventos atuais. A morena escuta tudo com atenção, mas posso notar uma certa inquietação de sua parte, ouço seu coração batendo rápido e seu rosto parece cansado.
- Nossa, que história...- a mulher olha para os lados - onde está Hope? Trouxe presentes e queria vê-la.
- Enviei Hope para Argo, minha mãe ficará com ela e Astra será como uma espécie de "segurança pessoal".
- Oh, mas e a escola? Ainda têm alguns dias até às férias...
- Bem, na verdade, eu esperava que você resolvesse isso...- sorrio culpada.
- Tudo bem. - a morena concorda - É uma pena, estou com tanta saudade dela, mas você tem razão, a segurança dela em primeiro lugar.
- Vi que suas malas estão do lado da porta, veio direto? - levanto pegando uma garrafinha de água.
- Na verdade, minha cobertura ainda está em reforma, eu poderia ficar em um hotel mas pensei em ficar aqui com a família. - ela sorri sem jeito.
- Sabe que essa também é sua casa. - sorrio deixando a garrafinha de lado - O que acha de continuarmos essa conversa depois? Preciso de um banho e você também deve estar cansada.
- Tem razão, eu realmente gostaria de um banho quente.
- Então vamos fazer o seguinte, sobe e toma um banho, eu vou fazer o mesmo e depois pedimos comida, quero saber tudo sobre sua viagem. - retiro a capa do meu traje.
- Trato feito.
Subimos cada uma para um quarto, Lena ficará no quarto de hóspedes que sempre ocupa quando as noites de jogos acabam muito tarde. Subo para a minha suite e deixo meu traje no armário, escolho uma roupa confortável deixando-a sobre a cama e vou direto para baixo do chuveiro. A água quentinha escorre do topo da minha cabeça até meus pés deixando uma pequena poça no box, o vidro embaçado do box me convida a fazer alguns desenhos traçados pelas pontas dos dedos. O cheiro do shampoo, as bolhas de sabão...massageio meu couro cabeludo e sinto a água acariciar meus cabelos. Depois de alguns longos minutos, saio do banho e passo a mão pelo embaçado do espelho, vejo meu reflexo mais suave mesmo em meio a essa pequena crise. Me enxugo, visto a roupa que escolhi, seco meus cabelos e passando um pouco de condicionador, lembrei de quando me arrumava para sair com Monel, ah que saudade meu amor... Devidamente arrumada, desço as escadas de pantufa, Lena ainda parece estar se arrumando, caminho até a sala e me jogo no sofá, abro o app de delivery e escolho algumas caixas de pizza.
- A casa fica tão vazia sem ela, né. - Lena desce as escadas ainda secando as pontas do cabelo.
- Nem me fala, acho que o mais difícil de estar na zona fantasma foi ficar longe dela, sem ouvir a voz dela chamando "mamãe" de manhã ou pisar em um brinquedo dela jogado pela casa.
- Foram dias difíceis. - ela comenta - Todos sentimos muito sua falta.
- Eu também, mas não quero mais pensar nisso, é algo que realmente não me faz bem.
- Tem razão.
Logo a campainha toca anunciando as pizzas, vou buscar enquanto a morena organiza tudo na mesinha de centro. Entro e deixo as caixas sobre a mesa, logo nos sentamos e começamos a nos servir.
- 1 Pizza de brócolis e 6 de franco? - a mulher alca a sobrancelha e ri - Bom ver que nada mudou.
- Minha fome é a única coisa que não muda.- sorrio.
- Ah, tá quentinha...- ela suspira sentido o cheiro de queijo quente.
Começamos a comer e realmente as pizzas estão deliciosas, desta vez acompanhadas por refrigerante diet já que a morena sempre tá de dieta.
- Isso tá uma delícia. - a outra comenta bebendo um pouco de refrigerante.
- Tá mesmo.- enfio na boca um grande pedaço- Agora me conta, como foi a sua viagem?
- A gente tem mesmo que falar sobre isso? - Lena franze o cenho.
Um silêncio de minutos paira na sala, até que eu esvazie a boca para quebrá-lo.
- Foi tão ruim assim? - bebo um gole de refrigerante - Quer dizer, se não quiser não precisa falar.
- Não, talvez seja bom, na verdade conversar com você sempre limpa a minha mente, mas já vou te avisar que a história é muito louca.- Lena limpa a boca e se endireita no sofá.
- Acha que não aguento uma história maluca?- gargalho pegando mais uma fatia - Preciso mesmo te lembrar que você tá no sofá um uma alienígena que voa e solta laser pelos olhos?
- Pois então...a história segue uma linha meio assim. - a morena prende os cabelos em um coque frouxo - Vamos do começo, ficar cuidando da Hope foi maravilhoso, ajudar no dever de casa, cozinhar pra ela, todas essas coisas me fizeram pensar cada vez mais na minha mãe biológica e eu quis saber mais sobre ela.
- Sim, Nia me contou um pouco sobre isso e que você tinha partido para a Irlanda com o jato da empresa. - completo acompanhando sua linha de raciocínio.
- Sim, fui para a Irlanda. - ela faz uma pausa - Desculpa, ainda tá tudo girando na minha cabeça.
- Calma, vamos no seu tempo.
Lena então me conta passo a passo da sua viagem, mas de tudo o que ela me contou em um breve resumo, a última coisa é a que mais chama a atenção.
- Espera, espera, espera...uma bruxa? - quase engasgo com um pedaço de pizza.
- Ao que parece sim, minha mãe era uma bruxa, uma bruxa Kara, já parou pra pensar como isso soa idiota? - a morena passa as mãos pelo rosto.
- Tá, mas uma bruxa tipo Hermione, tipo Harry Potter? - pergunto confusa.
- Olha, eu até me lembro da mamãe varrendo o chão, mas tenho quase certeza de que a vassoura não era uma Nimbus 2000, acho que éramos da família Weasley. - a outra ri sarcástica - Visitei o "coven" da minha mãe e recebi um livro que era dela, mas na pressa de voltar acabei não o trazendo.
- Realmente, é muita informação. - comento deixando o prato sobre a mesinha - E porque sinto que vem mais coisa por aí?
Lena para por um momento e desce os olhos para suas mãos, mãos que estão pálidas, geladas, como se o sangue mal fluísse pelas veias.
- A anciã, ela me disse que eu tenho a centelha. - ela balança a cabeça em negação.
- Centelha, ok, o que seria isso exatamente? - minha curiosidade só aumenta a casa sentença.
- Ela me testou, eu...eu fiz fogo, com...o meu pensamento, eu acho...eu não sei bem como...mas eu fiz. - a morena começa a andar em círculos - Acho que basicamente se a L-Corp falir algum dia posso fazer mágica em algum circo.
- Lena, você não é de fazer piadas, isso já tá me assustando. - sorrio convidando ela para sentar novamente.
- Kara, minha mãe...minha mãe fez coisas ruins...
Mais uma vez a mulher começa com um pequeno resumo, os verdes brilham com as lágrimas presas, e ela mexe as mãos nervosamente.
- Mas, ao que parece, foi um acidente, não foi?- interrompi tentando passar algum tipo de consolo.
- Aparentemente sim, mas Kara, ela feriu pessoas, e se...e se minha mãe não for tão diferente dos Luthor no fim das contas?
- Hey, senta aqui Lena. - bato no sofá - Sua mãe era uma boa mulher que te amou até onde pode, mas já pensou que talvez ela não soubesse como líder com esses poderes que ela tinha? Tipo, ninguém nasceu sabendo essas coisas, existem coisas que parecem inacreditáveis mas que existem e batem na nossa porta nas horas mais complicadas, pense como sua mãe se sentiu com todos esses poderes e como isso a afetou.
- Ah Kara, isso é tão difícil, eu a idealizei com as poucas memórias da mulher que cantava pra eu dormir, que fazia sopa quando eu ficava resfriada, que contava histórias na nossa casa da árvore...eu pensei que essa fosse a minha mãe.- seus olhos verdes brilham e suas lágrimas escorrem livres pelo rosto pálido.
- Espera, você tinha uma casa na árvore? - sorrio - Alex me contou que você construiu sozinha aquela casinha para Hope.
- Essa é uma das minhas poucas memórias com a minha mãe, ela construiu sozinha, peça por peça uma casinha na árvore pra mim. Era bem pequena, - a morena sorri fraco - as madeiras não eram exatamente novas, mas com o pouco que tinha ela construiu um lugarzinho pra nós, e isso ficou gravado na minha memória. Então, quando Hope me pediu pra construir uma casinha na árvore, tudo isso veio a tona dentro de mim, e eu fiz o melhor que pude por ela, e ela ajudou com pequenas tarefas e foi tão lindo, acho que por meio dela consegui resgatar um pouco desse sentimento que tinha com a minha mãe.
- Só queria ter visto você cortando madeira, lixando, fazendo todas as coisas que uma madame não faz. - sorrio abrindo outra lata de refrigerante.
- Ah, eu fiquei coberta de serragem, usei um macacão que ficou todo manchado de tinta, e foi tão bom, mas meu prêmio maior foi quando terminei e Hope sorriu e me abraçou, ali eu senti que ganhei o mundo. - ela sorri enxugando as lágrimas.
- Queria muito ter visto isso. - me ajeito no sofá e a morena afunda no móvel - E quanto a essa coisa de magia, o que pretende fazer?
A mulher para por um momento, pensa, respira fundo e dá de ombros.
- Ainda não sei, - ela bufa - isso é complicado, isso de bruxas é legal nas séries da Netflix, mas eu, eu sou uma mulher da ciência, eu trabalho com fatos, números, equações, e agora do nada uma velha diz que sou a Hermione? - ela sorri sarcástica - E eu juro que nem tinha bebido.
- Realmente é muita coisa, entendo que pra você seja difícil, mas saiba que independente do que você escolher, vou estar aqui pra te apoiar. - apoio a mão em seu joelho e ela toca a minha mão.
- Obrigada Kara, ter você sempre aqui é muito importante pra mim.
- Mas se resolver aprender feitiços e essas coisas, me avisa pra eu te comprar uma vassoura. - gargalho e uma almofada voa na minha direção.
- E eu quebro ela na sua cabeça. - a mulher ri e suas lágrimas vão embora.
- Tá bom, depois discutimos isso, ainda tem muita pizza aqui. - pego mais um pedaço e enfio na boca.
- Meu Deus...- a morena revira os olhos.
- Tô em fase de crescimento.
Ambas gargalhamos e seguimos comendo enquanto assistíamos algo na tv, é muito bom estar em casa.
Oi pexual, tudo bom?
Então, eu meio que saí pra comprar café e demorei mais que o previsto kkkkk mas tô aqui, continuem acompanhando a nossa história que já tá chegando na reta final, mas prometo que vocês vão ter uma surpresa nos próximos capítulos, aguardem.
Espero vcs nos comentários como sempre, sintam-se amados e seguros, até a próxima 😘