Inefável

By malulysyk

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Blair Finnegan, caloura em Yale. Ela foi criada para continuar com o legado da família, com seu destino traça... More

Avisos
Dedicatória
Capítulo um - Um desconhecido
Capítulo dois - Fora da temporada
Capítulo três - Situação embaraçosa
Capítulo quatro - uma decisão
Capítulo cinco - Amigos?
Capítulo seis - Flertes sem segundas intenções
Capítulo sete - Sorria mais
Capítulo oito - Noite de karaokê
Capítulo nove - Primeiro abraço
Capítulo dez - Confusão de sentimentos
Capítulo onze - Estarei com você
Capítulo doze - Sei o que é amor
Capítulo treze - Todos temos cicatrizes
Capítulo quatorze - De qualquer jeito havia vencido
Capítulo quinze - Decepção
Capítulo dezesseis - Uma distração
Capítulo dezessete - seus sentimentos importam
Capítulo dezoito - uma mentira?
Capítulo dezenove - Uma surpresa
Capítulo vinte - nosso aniversário
Capítulo vinte e um - primeiro encontro
Capítulo vinte e dois - fim de um laço
Capítulo vinte e três - você é forte
Capítulo vinte e quatro - a verdade
Capítulo vinte e cinco - desencontros
Capítulo vinte e seis - alguns amores não foram feitos para terem final feliz
Capítulo vinte e oito - inefável
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo vinte e sete - adeus?

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By malulysyk


Blair Finnegan

O céu estava limpo, porém ainda fazia um frio de congelar os ossos, meu aniversário sempre foi um pouco cinzento.

Toquei a cicatriz em minha clavícula, pensando se minha mãe estaria orgulhosa das minhas decisões? Largar a faculdade, sair do país, não falar mais com minha avó. Será que ela estaria decepcionada?

Não sabia responder nenhuma dessas perguntas. Apesar de não estar em Seattle como em todos os outros aniversários, ainda queria levar os girassóis tradicionais para minha mãe. Sem bolo decorado ou velas de parabéns, meus aniversários eram marcados por lágrimas sobre o túmulo de minha mãe, com conversas que eu nunca pude ter com ela, com lembranças que nunca foram criadas, existindo apenas um vazio enorme em meu coração.

Levantei mais cedo, meu pai ainda estava dormindo, não quis acordá-lo, então Matt se ofereceu para ficar de olho nele até eu voltar. Peguei o carro e dirigi até a pequena praia em New Haven, passei na floricultura antes e comprei as flores.

Agora, parada sobre a faixa de areia, o vento gelado envolvia meu cabelo o lançando em meu rosto, eu ainda carregava a foto de minha mãe na bolsa, tentando não esquecer do seu sorriso, tentando me convencer de que ela tinha sido feliz naquele lugar. Porque eu fui. Em dezenove anos, os meus dias mais felizes foram nessa cidade, onde ninguém me julgava pelas minhas escolhas, onde conquistei amigos de verdade, um lugar no qual eu não era lembrada constantemente sobre ser neta do senador Crawford, aqui ninguém sabia minha verdadeira origem, e não precisava reforçar meu sobrenome para ser acolhida. Percebi que talvez minha mãe se sentiu assim também, que a faculdade trouxe a liberdade que ansiava.

Fechei os olhos sem me incomodar com o frio, apenas escutando o quebrar das ondas nas rochas, respirando fundo. Não queria chorar, mesmo que a vontade crescesse no meu peito. Só queria me despedir desse lugar, e aliviar o peso no meu coração.

Então voltei a abrir os olhos, deixando as flores sobre uma rocha, como se ela estivesse comigo, mesmo que em espírito, sussurrei:

— Até mais, mamãe. Eu te amo, e sinto sua falta todos os dias.

O peso do meu peito diminui. O luto nunca tinha fim, a dor sempre vai continuar latente no meu coração, mas com o tempo você vai se adaptando a ela.

Meu celular vibrou no bolso do casaco, peguei rápido pensando que poderia ser problemas em casa, mas não era. Conferi a barra de notificações encontrando uma mensagem de Hunter, é claro que ele lembrava que dia era hoje.

Hunt: Bom dia, livrinho. Sei que o dia mal amanheceu, mas queria saber como você está se sentindo? Sei que não é um dia fácil pra você!

PS. Mesmo assim, feliz aniversário! ♡

Olhei a hora, eram oito da manhã de um domingo e ele já estava acordado pronto para acolher meus sentimentos se eu precisasse desabafar. Hunter passou por muitas coisas durante sua vida, mas ele nunca deixou que as coisas ruins definissem quem ele seria. Bondoso até os ossos.

Blair: Ainda dói, a saudade nunca desaparece, mas estou aprendendo a lidar com isso.

PS. Sinto sua falta.

Não, não, apaguei reescrevendo:

PS. Obrigada por lembrar!

Enviei e guardei o celular novamente, se eu escrevesse: Sinto sua falta, ele viria correndo, Hunter era assim, mas eu não queria ficar mais apegada do que já estava. Seria melhor assim, menos doloroso.

☆☆☆☆☆

Voltei para casa, apostando que eles teriam preparado alguma surpresa.

Fechei a porta deixando minhas chaves e bolsa no Hall de entrada. Não estava errada quanto a uma surpresa, pois fui pega pela maior delas, quando vi meus avós sentados no sofá da sala. Nunca, nem nos meus piores pesadelos imaginava, Lorena e Robert Crawford pisando no carpete marrom da sala de estar do meu pai.

Deveria ter previsto que meu pai não permitiria que fossemos para a Austrália sem antes comunicar meus avós, não estava com cabeça para as cenas escandalosas da minha avó, na verdade não queria falar com ela.

Olhei para meu pai, e ele pareceu entender sem mesmo eu pronunciar qualquer palavra.

— Primeiro escute o que sua avó tem a dizer.

Ele veio até mim e deixou um beijo na minha têmpora.

— Converse de coração aberto, filha. Lembre-se que a mágoa só envenena a alma.

Balancei a cabeça concordando apenas porque meu pai estava pedindo que eu a ouvisse. Tanto meu avô, quanto os outros saíram do cômodo nos deixando sozinhas.

Sentei em uma das poltronas, nenhum pouco confortável com a situação.

Minha avó não parecia a mesma, apesar da camada de maquiagem, haviam olheiras circulando seus olhos, ela parecia ter chorado, ela nunca chorava, era uma pedra incorruptível. Um nó se formou em minha garganta.

— O que você quer conversar? — perguntei friamente, quase não reconhecendo minha voz. Eu nunca falei desse jeito com ninguém.

Ela me olhou, me olhou de verdade e seus olhos cintilavam com as lágrimas que se formaram.

— Você é igualzinha a sua mãe. Minha Ava teria me odiado por saber como eu tratei a filhinha dela.

Precisei piscar rápido para conter minha vontade de chorar. Ela pegou uma caixa de madeira de uns trinta centímetros, com letras em dourado sobre a tampa.

Ava Crawford

Era o nome da minha mãe. Minha avó entregou o objeto para mim, teria recusado pegar, mas tinha o nome da minha mãe, então deveria ser importante para ela.

— Nessa caixa tem todas as memórias dela, fotos, diários... sonhos. Todos os vinte e seis anos dela foram reduzidos a isso. — ela comentou com a voz mais triste que já vi saindo de sua boca. Estava acostumada com amargura e desprezo, mas nunca tristeza.

Passei a mão sobre a madeira escura e polida. Pensando como a vida era uma passagem, em como tudo poderia terminar rapidamente, em tudo que minha mãe deixou de viver.

— Ela amava seu pai, Blair — continuou minha avó. — E a culpa foi minha deles terem se separado, ele incentivava a rebeldia dela, ela queria seguir uma carreira de atriz e eu achava insano da parte dela, eu pensava que ela atiraria nosso nome na lama, na época seu avô estava tentando entrar para o ramo da política, e não precisávamos de um escândalo, precisávamos ser a família perfeita, e então ela ficou grávida...

Toda aquela história estava acabando comigo. Não sabia como reagir a todas as informações. Eu não fazia ideia que minha queria ser atriz, pensando bem, ninguém nunca falava muito sobre ela. Além de meu pai, mas acredito que ele escondeu alguns fatos para não estragar minha relação com meus avôs.

— Eu errei muito, Blair, ameacei que tiraria a sua guarda dela se ela não terminasse a faculdade de direito e se não rompesse o namoro com seu pai, ela fez tudo o que ordenei, até o dia do seu aniversário de dois anos, quando ela decidiu por si mesma, no dia do acidente ela estava disposta a ir embora de Seattle e viver uma nova vida com você e seu pai, era por esse motivo que vocês duas estavam naquele sinal, foi minha culpa, não sua, foi porque impus minha vontade sem me importar com o sentimento dela ou do seu pai. E depois eu quis achar um culpado, descontando em você toda a minha culpa, todo o ódio que eu sentia por mim mesma, porque toda vez que olhava para você eu via ela.

Minha avó estava chorando, não parecia estar fingindo seu sentimento de culpa, acho que ela se escondia para diminuir a dor que ela causou em minha mãe. Ela tirou tudo dela, a oportunidade de uma vida com meu pai, a oportunidade de me ver crescer, a oportunidade de ter mais filhos e ir aos aniversários dos futuros netos, as lágrimas queimaram meus olhos. Eu sabia qual era o sentimento, passei a vida pensando nisso, que se eu não tivesse nascido, talvez ela ainda estaria viva, tinha certeza que minha avó repassava todas as noites suas ações.

— Eu sei que você não vai me perdoar, mas queria que soubesse a verdade. Bryan foi a parte mais feliz da vida dela, assim como você. Minha filha morreu pela minha arrogância em não manchar o nome da família, e não por sua causa, você era a princesinha dela. Depois que ela se foi seu pai queria ficar com sua guarda, mas ele estava desempregado e eu e seu avô tínhamos poder aquisitivo e influência, graças à insistência de seu avô, seu pai foi autorizado a ver você, se fosse por mim naquela época, seu pai não teria nem chegado perto. Eu errei com vocês, queria que crescesse forte, mas tudo que causei a você foi dor. Sinto muito. — lamentou.

Ela levantou desamassando a calça de alfaiataria e pegando a bolsa.

— Quando estiver pronta para me perdoar, estarei pronta para receber seu perdão.

Não consegui olhar para ela, só conseguia chorar. Ela se aproximou abaixando-se e beijando o topo da minha cabeça como uma avó amorosa faria com a neta. Receber esse carinho dela me fez soluçar e engasgar com o choro.

— Eu nunca vou me perdoar pelo o que eu tirei de você, Blair. Mas sua mãe teria orgulho da mulher forte e corajosa que você se tornou, porque eu tenho, eu tenho.

"Lembre-se, a mágoa envenena a alma" foi a frase que meu pai disse, era óbvio que ele perdoou minha avó, mas será que eu era capaz disso? Alimentar o rancor fez com que minha avó odiasse o mundo todo, e eu não queria ter ódio, eu queria paz.

Ela estava caminhando em direção a saída quando sussurrei:

— Perdoar não faz esquecer, mas com o tempo talvez cicatrize, vó. Eu te perdoo, espero que você se perdoe também.

O arrependimento dela já era metade do caminho para esse processo. As lágrimas varriam a maquiagem de seu rosto, ver ela chorando me fazia lembrar que ela também era um ser humano, mesmo que negasse a presença de um coração.

A mágoa só corrói as entranhas e te deixava arrasada, eu não queria ir embora e levar comigo essa bagagem pesada, queria pegar aquele avião com o coração em paz, era o que minha mãe ia querer.

A noite depois do jantar, decidi abrir a caixa de madeira, eu e meu pai não conversamos sobre o que aconteceu, mas tudo seria esclarecido.

A primeira coisa que encontrei foi uma foto, dela e do meu pai, parecia que estavam em um piquenique em um parque, a grama verde e as comidas sobre uma toalha xadrez, eles estavam sentados, meu pai com a mão em sua barriga e ela rindo parecendo feliz.

Sorri, mesmo que houvesse lágrimas em meu rosto. Cruzei as pernas para poder observar melhor dentro da caixa, peguei um edição de bolso de Orgulho e preconceito, abri e tinha uma dedicatória escrita com letras cursivas e caprichadas.

Mesmo que não tenhamos um amanhã, saiba que "eu te amo ardentemente!"

— Bryan

Era a cara do meu pai fazer referências literárias em uma declaração.

Tirei um caderno de couro do fundo do pequeno baú, também contendo o nome da minha mãe. Folheei as páginas cruzando por partes nas quais ela declarava o amor por meu pai, e que queria lutar por ele. Até chegar no dia quinze de janeiro do ano que ela faleceu, a última página escrita.

"Querido diário...

Eu o amo, e sei o que devo fazer, enfrentar minha mãe é o certo, viver minha vida com Bryan e nossa pequena e amada filhinha. Ela está crescendo rápido e quero que Bryan consiga ver isso, nós três merecemos um recomeço, juntos."

Uma vida que nunca tivemos.

Fechei os olhos, as emoções tomando conta de mim, me encolhi na cama, me sentindo uma criança novamente, pequena e frágil, a Blair de seis anos que chorava o tempo inteiro porque não era boa no balé e queria um colo de mãe e não tinha.

Não sabia por quanto tempo fiquei daquele jeito, abraçando a foto dela, tentando sentir alguma coisa além da mais profunda tristeza.

A porta do meu quarto rangeu.

— Posso entrar, filha? — perguntou meu pai espiando por uma fresta que abriu na porta.

Limpei o rosto e sentei na cama, não tinha como disfarçar os olhos inchados e o nariz escorrendo.

— Sim, pode entrar.

Ele entrou e fechou a porta. Sentou ao meu lado na cama, ele parecia abatido, e aquilo me deu vontade de chorar ainda mais, eu também estava perdendo ele.

Meu pai pegou a foto que deixei sobre o lençol e sorriu.

— Foi no dia que ela contou que estava grávida. — o tom de sua voz era uma mistura entre passado e presente, feliz e triste ao mesmo tempo. Era o jeito que estávamos nos sentindo constantemente.

— Ela foi feliz, pai?

Ele me olhou com os olhos marejados.

— Ela foi feliz, filha. Foi muito feliz. Você foi uma realização nas nossas vidas. Ela te amava incondicionalmente.

Abracei meu pai com força.

— Quando encontrar com ela vou dizer o quanto você a deixaria orgulhosa, filha. Vou dizer que você se tornou uma mulher maravilhosa e sempre foi a melhor filha do planeta.

Chorei ainda mais, ele estava falando de quando encontrasse ela, quando isso acontecesse eu ficaria sozinha.

— Não me deixa sozinha, pai. Por favor. — solucei quase sem ar.

Ele me apertou, afagando meus cabelos.

— Você não vai ficar, filha. Você tem seus avós, a tia Miranda, o Matthew, o Hunter e a Maeve. Estou indo em paz, porque sei que você vai ficar bem, querida.

Meu pai se afastou segurando meus ombros e usando uma das mãos para limpar minhas lágrimas.

— Tudo o que quero é que quando eu não estiver mais aqui, que você prometa que vai seguir em frente, que vai ser feliz. Promete para mim, Blair. Tudo que um pai quer é ver seus filhos bem. Promete?

Não queria prometer, se eu quebraria a promessa, como seguir em frente sem ele, a minha avó também roubou os anos que ficamos separados, quando tirou a oportunidade dele ter minha guarda.

Aquela noite foi fria e triste, ficamos abraçados até eu pegar no sono, pensar que poderia ser meu último aniversário com meu pai era arrasador, ele me pedia para aceitar o que estava por vir, que eu ficaria bem. Mas e ele? Já tinha aceitado? Ele estava morrendo pouco a pouco em cada respiração.

"Aceitar a morte faz parte da vida, filha" foi o que ele disse na semana passada, mas eu não queria aceitar, ele era meu pai. Mas estava me esforçando, porque ele também estava.

♡♡♡♡♡

Duas semanas depois...

Matthew nos trouxe para o aeroporto, tirando a última mala do carro, ele tinha chorado o caminho todo, acho que era a primeira vez que o via tão sentimental desde o sétimo ano quando ele perdeu a final de beisebol do colégio.

— Ei, vem aqui! — o chamei abraçando meu amigo. Ele fungou em meu ombro, envolvendo os braços ao meu redor, passando a mão pelo meu cabelo.

— Vou sentir sua falta, Joaninha. — murmurou com a voz embargada. Senti meus olhos queimando.

— Eu também, Matt. Eu também. — apertei mais o abraço, com a cabeça apoiada em seu peito, pronta para começar a chorar. — Você é como um irmão para mim, Matt, sempre esteve comigo nos bons e maus momentos, nunca vou ser grata o suficiente por tudo que você fez por mim.

Matt se afastou limpando o rosto na manga do casaco.

— Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida, Blair, então, vê se não esquece de mim!

— Nunquinha!

Baguncei seu cabelo para tentar aliviar todo aquele aperto no peito em ter que me despedir dele. Mas eu sabia que era o certo a se fazer, meu pai e eu merecíamos recomeçar em outro lugar, aproveitar o tempo que nos restava juntos.

Entramos no aeroporto, com nossos pertences reduzidos a cinco malas, duas de meu pai e três minhas, as colocando em um carrinho para despachá-las.

Olhei para meu relógio no pulso, faltavam uns trinta minutos para o voo.

Meu coração acelerou ao pensar que talvez não desse tempo de me despedir dele. Mandei mensagem na noite anterior avisando sobre o horário. Queria ver Hunter uma última vez.

Peguei o celular ansiosa, verificando as mensagens, nada. Ele disse que viria, mas até agora não apareceu.

— Ele vai chegar, Blair. — murmurou Matt percebendo minha impaciência.

Sentamos em um dos bancos. Meu celular tocou, o nome de Maeve surgiu na tela.

Eve: Onde vocês estão?

Rapidamente digitei nossa localização.

Maeve também estava chegando para a despedida, pelo visto Jake veio também e Edward. Analisei para tentar enxergar além deles procurando por Hunter. Mas ele não estava com o trio.

Maeve correu em minha direção quase me derrubando com um abraço.

— Não acredito que você vai mesmo. — ela lamentou. Depois se afastou e me olhou nos olhos. — Promete que vai me mandar mensagens e vamos fazer chamadas de vídeo e tudo mais todos os dias!

Eu ri, concordando com a cabeça.

— Vou te importunar até nas suas madrugadas. — falei sorrindo.

— Não tem problema. — ela disse com os olhos cheios de lágrimas. — Você é minha melhor amiga, e isso nem o outro lado do mundo vai poder mudar.

— Obrigada por tudo, Maeve. — peguei sua mão. — Obrigada por me ensinar a rir até nas piores situações e por ser uma amiga incrível. Você é um raio de sol que aparece nos dias nublados.

Agora nós duas estávamos chorando, me direcionei para Jake.

— Cuida bem do nosso raio de sol, Jake.

Ele sorriu, concordando, vindo até mim.

— Você foi uma das minhas melhores funcionárias, Blair. E uma ótima amiga para todo mundo no bar.

Sorri agradecida.

— Obrigada, Jake. Você é uma ótima pessoa e merece ser feliz.

Ele me abraçou. Então foi a vez de Edward.

Ele sorriu, entregando uma camiseta azul escura, a peguei e a desdobrei para ler o que dizia atrás dela.

Para Blair Finnegan, Becca 's bar tem orgulho de ter você na família!

Foi impossível não me emocionar com o carinho deles por mim, a vida inteira ganhando migalhas de afeto, não estava acostumada com tanto amor, mas era bom, era muito bom.

Envolvi Edward em um abraço apertado.

— Obrigada!

Ele correspondeu, dizendo:

— Não esqueça da gente, Blair.

— Jamais.

Eles ficaram conosco enquanto esperávamos para embarcar. Minha perna não parava de balançar, e eu não parava de verificar a hora, faltavam quinze minutos.

Ele não vai vir?

Até que ouvi alguém gritando meu nome. Hunter vinha correndo entre a multidão do aeroporto, e eu percorri o caminho que faltava para encontrá-lo. Sem esperar nenhuma reação eu o beijei, enquanto chorava pra valer.

— Pensei que você não viria. — murmurei arrasada.

— Eu peguei trânsito, me desculpe, então eu tive que percorrer boa parte a pé. Eu vim correndo, não podia deixar você ir sem me despedir. Estou aqui agora.

Ele me acolheu em seus braços e beijou o topo da minha cabeça, fechei os olhos aproveitando o máximo de seu calor, de seu cheiro, de seu toque. O cheiro característico de sândalo, a barba rala raspando minha testa enquanto ele mantinha os lábios encostados nela. Não queria ter que deixá-lo.

— Quero te dar uma coisa. — ele murmurou pegando algo do bolso da jaqueta. Uma pequena caixa de veludo preta, ele abriu e havia um colar com dois pingentes, um taco de beisebol e um dinossauro.

— Para você não esquecer que apesar de um oceano de distância, eu ainda vou amar você.

Ele tirou o colar da caixa e pediu para colocar em meu pescoço, fiz que sim, sem palavras para a delicadeza daquele gesto.

Toquei nos pingentes dourados, segurando com força contra o peito. As lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Olha para mim, Hunter — pedi com a voz baixa, me arrependendo na mesma hora sobre o que estava prestes a dizer a ele, mas era preciso.

— Quero que siga em frente, Hunt, não quero que espere por mim, quero que viva sua vida e eu vou viver a minha e se um dia nós nos encontrarmos na mesma esquina, então quer dizer que é para sempre.

Ele balançou a cabeça freneticamente, meu coração se partiu ao notar que eu também havia partido o dele, seus olhos azuis brilhando com as lágrimas.

— Não, Blair, não faça isso. Por favor! — a voz dele estava rouca e trêmula. Limpei meu rosto com as mãos. Travando uma guerra interna, era óbvio que eu não queria dizer aquelas coisas, mas era importante.

Amar era deixar livre. O amor não aprisiona, o amor dá asas. Queria deixar Hunter voar e se eu não fizesse isso ele viveria preso em um talvez, talvez um dia eu volte, talvez um dia a gente fique juntos. Ele não merecia passar seus dias esperando algo incerto.

— Eu amo você, Hunter Daniel Brooks, nossa história não terminou na mesma página, mas com você eu escrevi os melhores capítulos.

Levei minhas mãos até seu rosto, beijando sua bochecha, demorando mais que o necessário. Lágrimas, tantas lágrimas, tanta dor.

Adeus, Hunt.

E sem dizer nada ou permitir que ele dissesse, dei as costas sem olhar para trás. Mesmo querendo dar uma última olhada nele, não virei.

Amadurecer é perceber que apesar de querer ficar, o melhor a se fazer era ir embora. Eu precisava me conhecer, precisava desse tempo para me permitir crescer sozinha, fazer minhas próprias escolhas e tentar me encontrar.

Esse não era o fim da nossa história, mas o começo de uma nova.


*Nota da autora: Esse seria o último capítulo, mas... 

vou trazer um capítulo extra, então comentem bastante sobre o que acharam desse capítulo. Espero que tenham gostado! 

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