UMA FANFIC PARA O MEU VIZINHO...

By momoszd

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[COMPLETA] E se você estivesse se apaixonando por alguém que não conhece, mas admira do outro lado da tela? ... More

Nome Bonito
Desenrolo
Encontro
Futuro

Amizade

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By momoszd

Wangji sentia como se estivesse aprendendo algo que a adolescência não lhe proporcionou cada vez que conversava com Wei Ying.

Ou deveria dizer... quando apenas Wei Ying falava.

Era simples. Quando o dia começava, havia um bom dia de Wei Ying. E então mensagens entre todos os horários do dia, o chat de Wangji parecia uma carta aberta.
Sempre que estava ocupado, Wangji tinha a impressão de que havia uma mensagem para ler. Às vezes ele não respondia, não por falta de interesse, mas...

Ele não entendia. Por que alguém que mal conhecia lhe mandava mensagem com uma frequência absurda sobre tudo?

De início, estranhou o qual confiante Wei Ying era por dizer coisas tão facilmente, diferente de Wangji que não tinha a mesma coragem com ninguém.

E então, com apenas uma semana, Wangji acordava todos os dias sabendo que haveria alguém lhe mandando mensagens e perguntando como havia sido seu dia e...
Isso não era ruim. Definitivamente não era ruim. Quando deu por si, aos poucos Wangji começou a apreciar o esforço do outro de querer manter contato.

• Terceiro dia.


• Primeira semana.


• Segunda semana.

• Terceira semana.

Entretanto, chegando na quarta semana de algumas conversas aleatórias, Wangji havia notado que Wei Ying já não mandava mais mensagens constantemente ou quando enviava, já não continuava o assunto.

Ele parecia ter mudado seu jeito dois dias depois.

Wangji queria saber como resolver essa situação. E se Wei Ying não estivesse bem?

“Por que estou me preocupando com ele? Não foi ele que quis se aproximar? Por que eu deveria ir atrás?”

Wangji passou tanto tempo pensando nisso que naquele dia, quando deu seis da tarde, ele olhou para a janela, para o lado de fora. Ele queria parar de pensar em Wei Ying.

Ele nem sequer entendia o porquê pensava tanto assim no desconhecido.

Wangji deu um longo suspiro, pondo os cotovelos na moldura da janela e fechando as mãos, observou.

Os vizinhos estavam decorando as ruas e suas casas com enfeites de Halloween.

“Já está nessa época. Amanhã é dia trinta e um.” Pensou consigo mesmo. “Eu não coloquei nada...” Ele olhou para a residência a frente, notando que esta era a única sem enfeite algum também.

“Será que ele não comemora? Que estranho... Ele ainda não voltou para casa...”

Wangji se sentiu triste e frustrado. Ele riu sem humor do qual obcecado parecia.

Wei Ying tinha razão, estava realmente apaixonado pelo vizinho.
E aquela sensação dentro do peito... Ele nunca havia se sentido dessa forma.

Havia saído com algumas pessoas ao longo dos anos, porém, mesmo se esforçando o pouco que fosse por elas, Wangji era sempre a pessoa que levava o fora.

Segundo elas, Wangji não se importava de verdade. Ele não se arriscava nos relacionamentos. Não era aquele que se declarava. Não era dedicado. Não era bom o bastante.
“Não há nada em você que possa me prender. Eu sinto muito”, disse o último homem que havia saído na faculdade.

Por um momento Wangji imaginou se o vizinho estava com alguém que amava e por isso não havia retornado para casa. E apenas esse pensamento se tornou doloroso ao ponto de sentir a orbe dos olhos lacrimejarem.

Era a primeira vez que se apaixonava. Era a primeira vez que admitia isso para si. Era a primeira vez que seu corpo sentia a necessidade de chorar por esse fato também.

Queria falar com alguém sobre isso. E a única pessoa que poderia conversar no momento era Wei Ying que nem sabia se estava bem.
“Eu sou uma pessoa horrível.”


Wangji não sabia o que dizer. Se sentia culpado. Se sentia egoísta.

Sentia tantas emoções ao mesmo tempo. Ele queria saber como apaziguar a dor daquela pessoa.

Wei Ying sempre havia estado alegre e para algo assim o ter afetado tanto... A quanto tempo ele guardava aquela insegurança dentro de si?

Lan Wangji lembrou-se de sua juventude. Ele nunca havia tido problemas familiares... Ao menos, não no início. Seus pais sempre tiveram orgulho dele assim como seu tio e irmão mais velho.

Quando terminou o ensino médio e decidiu qual curso iria se especializar, todos já sabiam qual seria.
Medicina. Era a cara de Wangji, afinal, ele era um Lan! Todos os Lan's antes dele haviam feito apenas aquele curso, independente de qual seria sua especialização, ele deveria honrar a tradição da família.

Ter um médico como seu irmão mais velho na família já era algo para se orgulhar, mas os dois filhos?! Seria milagroso, quase celestial.
Foi quando em uma tarde, depois das aulas teóricas, Wangji passou pelo centro da cidade e parou na frente de uma vitrine.

Há algumas semanas, desde que tinha entrado para a faculdade, Wangji passava por ali e ficava alguns minutos.

Mas aquele dia foi diferente. Aquele era o dia de sua vida. O dia em que Wangji teve certeza do que precisava.
Naquela vitrine haviam personagens de quadrinhos e filmes em formatos colecionáveis. Ele observou durante ao menos cinco minutos.

Até que um homem idoso que estava de braços cruzados na frente da suposta loja, lhe abordou.

“São interessantes, hum?”

“Sim.”

“Por que não entra para olhar o restante? Acho que vai gostar.”

“Eu não tenho dinheiro.” Wangji mentiu. Não queria permanecer ali. Seus pais já o esperavam em casa e provavelmente brigariam com ele se soubessem a perda de tempo.

O idoso sorriu gentilmente e apontou para um dos personagens.

“É uma pena. Seria legal ter alguém para observar como se faz um desses.”

“O senhor é quem os faz?!”

“Sim, meu jovem. Gostaria de ver?”

Wangji olhou para o relógio e ponderou. Não haveria problema se pudesse mentir sobre onde esteve. Não faria mal algum observar um pouco.

Definitivamente, não faria mal.

Enquanto acompanhava o senhor Guan para seu atelier pessoal dentro da loja, ouviu o idoso dizer que havia observado Wangji já havia feito um tempo.

“O seu brilho nos olhos lembra os meus quando jovem! Eu queria tanto aprender. Felizmente tive alguém para me ensinar de bom grado. Eu ficava assim, como você, pensando qual era o tipo de massa, o tipo de ferramenta. Veja aqui estes pincéis. Os arames são importantes também.”

O senhor Guan havia lhe mostrado um mundo de possibilidades e Wangji sentiu na ponta dos dedos de suas mãos a vontade de tentar criar algo por si mesmo.

Cada segundo que Wangji adquiria uma nova informação sobre artesanato... Parecia um sonho.
Ele havia criado uma nova rotina.

Iria para a faculdade, se dedicaria a ela, mas sua diversão principal seria o que poderia fazer manualmente. Ele ia até a loja do senhor Guan todos os dias para aprender um pouco mais e mentia para os pais que ficava até tarde para poder estudar.

Os pais não desconfiaram, pois as notas de Wangji continuaram excelentes. Aparentemente nada havia mudado.

A não ser o qual incrivelmente chata a faculdade se tornou e o quão monótona a vida parecia se tornar com ela.

Foram quatro anos assim.

Wangji sentiu que era bom o suficiente quando o senhor Guan disse que a partir dos anos que se passassem, ele aprenderia sozinho novas técnicas e superaria quem o ensinou.

Ele deixou a faculdade após aquela conversa, porque as palavras daquele senhor foram como a chave que precisava para tomar as rédeas da vida.

Ele mesmo foi até lá o local e decidiu trancar o curso. Ele comunicou aos pais, deixando a eles um dinheiro que tinha reunido de todas as mesadas e o que recebeu criando colecionáveis.

Nenhum de seus familiares aceitou aquela escolha, com exceção a Xichen, seu irmão, que foi o único a apoiar sua decisão.

Ele ergueu a cabeça e se desculpou por não ter sido o filho pródigo que desejavam.

E em seu coração agradeceu a Xichen por pelo menos ter sido aquele que pudesse realizar os desejos da família.

De início, o próprio senhor Guan o acolheu. Além de ser o homem que o ensinou artesanato... Foi o homem que o ensinou a ser como pessoa.

Como, por exemplo, Wangji deveria ser grato. Como deveria ser gentil, não deveria ser soberbo.

O senhor Guan, Wangji percebia agora, também ensinou um pouco sobre o amor. Os atos de amor que não precisavam de nada em troca.
Senhor Guan o abraçou no dia em que saiu de casa, no dia – no primeiro dia de sua vida – que chorou de tristeza, que deixou se abalar por isso.

Ele passou a mão em sua cabeça e disse que muitas vezes na vida Wangji precisaria saber pelo o quê e por quem chorar.

E não se arrepender disso.

Enquanto a família de Wangji o ensinou a ser determinado e dedicado, o Senhor Guan o ensinou... Bem. Ele o ensinou muito sobre a vida.

E ao escrever, Wangji recordou uma das coisas que aquele senhor tão importante para ele disse;

Haverá vezes que você vai precisar saber quem vale a pena estar ao lado. Quem vale a pena cuidar.”

(...)

Wuxian decidiu voltar para casa. Estava se sentindo menos mal. Seus irmãos haviam cuidado dele mesmo quando também tinham sua própria dor para lidar.

A mãe havia falecido a dois dias atrás, mas os irmãos estavam unidos na casa de Yanli, pois a própria senhora Yu tinha deixado algo para os filhos.
Bem, menos para Wuxian.

Wuxian não queria que sua presença fosse um lembrete de que aquilo aconteceu. Ele não queria continuar passando a vergonha de ter bebido tanto ao ponto de chorar e achar que nada tinha mais sentido.

Ele não se menosprezaria daquela forma. Não importava se a dor continuaria lhe trazendo a sensação de insuficiência.

Estava extremamente arrependido de ter falado algo tão pessoal e que o feria profundamente para Lan Zhan. Não que Lan Zhan tivesse que entender, pois Wuxian sabia que ele não entenderia.

Wuxian só esperava mais. Ele se sentiu usado por um momento. Lan Zhan era alguém simples e se o havia mandado mensagem, era porque precisava falar o que havia no coração também.

Mas Wuxian não estava em seu melhor momento. Então apenas decidiu ignorar as poucas palavras de lamento de seu amigo virtual.

Quando finalmente adentrou a vizinhança, percebeu o quão decorada a rua estava. Eram enfeites coloridos de cartolina, piscas, aranhas, abóboras, balões e outros...

Ele gostava de comemorar o aniversário há alguns anos. Todo ano se reunia para fazer alguma festa bem decorada...

“Meu eterno tema de aniversário.” Ele disse para si, rindo com o pensamento de todas as vezes ser uma festa a fantasia.

Quando chegou na frente de sua casa, ele a encarou um pouco e também observou ao redor, notando a casa do vizinho frente a sua.

Não havia nenhuma decoração, já era noite e apenas uma única luz estava acesa que era do andar acima. Por quê?

“Talvez ainda existem pessoas que não comemoram, eu acho...”

Wuxian se sentou no meio fio da calçada e esticou as pernas. Quem o olhasse de fora talvez pensasse no qual cansado parecia. Pensando no qual sortudo era pela própria vizinhança não ser fofoqueira, Wuxian se deitou olhando para o céu.

Não estava estrelado.

Não parecia bonito.

Tudo parecia uma merda.

Ele colocou o pulso em seu rosto para esconder seus olhos que não paravam de lacrimejar novamente.

Poderia falar com qualquer amigo sobre como estava se sentindo e como provavelmente se sentiria nas horas seguintes.

Mas no fundo sabia quem queria conversar até naquele momento.
Sabia que havia sido ele mesmo quem escolheu não dizer mais nada a Lan Zhan.

E se sentiu pior ainda.

“Todos gostam mais de outros que de mim, inclusive o Lan Zhan...”

  De repente, Wuxian sentiu o celular vibrar no bolso de sua calça. Seu coração disparou feito louco mesmo sabendo que poderia não ser o Lan Zhan.

Seu peito estava tão apertado. Ele estava tão aflito e suas mãos tremiam em desespero para desbloquear a tela do celular.

Ele apenas se sentou novamente e leu o que havia em sua frente tentando enxugar as lágrimas que não paravam de cair.


Wangji sentia o coração acelerar. E se sentiu tão esquisito. Ele estava cozinhando alguns legumes quando começou a pensar em Wei Ying.

Ele se perguntou se Wei Ying já teria lido suas mensagens. Se Wei Ying teria se sentido - mesmo que um pouquinho - melhor.

Ele olhou para o brócolis a sua frente e se perguntou se Wei Ying teria alguém em casa para o receber. Para o abraçar bem forte.

Para fazer alguma comida saborosa

Ele se perguntou se Wei Ying morava sozinho como...

Como seu vizinho aparentemente morava.

Wangji poderia estar alheio a qualquer acontecimento do lado de fora, mas a verdade é que as palavras que ele tirou do fundo do coração para dizer a Wei Ying...

Fizeram Wuxian se levantar daquele chão e voltar para casa. Fizeram com que Wuxian notasse o qual perdidamente apaixonado estava por alguém que nunca viu o rosto.

Mas que ele achava incrível de seu próprio modo. Wuxian, se preparando para o banho mais longo de sua vida, ligou o chuveiro e deixou a água fria cair sobre sua cabeça.

A água caía junto a suas lágrimas. Ele se permitiu chorar o máximo que poderia aquela noite. O dia seguinte, ainda seria seu dia. Seu aniversário ainda era uma data importante!
E ele precisava estar bem por si mesmo.

(...)

Dando meia noite, Wuxian ainda estava acordado, mas deitado em sua cama. Ele não havia respondido Wangji, embora as mensagens do mesmo tivessem surtido um efeito positivo.

Ele pensou em responder naquele momento já que tinha chorado o suficiente e sua cabeça doía com isso. Dava boa noite todos os dias a Lan Zhan e não queria que fosse diferente naquele dia.

Entretanto, Wuxian recebeu uma nova notificação de capítulo atualizado da fanfic de Lan Zhan.

“Lan Zhan nunca atualiza essa fanfic nesse horário... Ele ainda está acordado?”

Wuxian pensou naquilo como um presente. Lan Zhan sabia o quanto Wuxian tinha afeição por sua história e só poderia ter sido esse o motivo da atualização tarde.

Ele chorou com o capítulo enquanto lia. O policial se declarou para o enfermeiro e eles finalmente admiram que aquilo que sentiam era recíproco.

Wuxian choramingou e até deu alguns gritinhos se perguntando quando aconteceria aquilo com ele também algum dia.

Na verdade, ele se perguntava... Se um dia Lan Zhan poderia chegar a gostar dele daquela forma.

E se Lan Zhan nunca houvesse conhecido o amor? Como saberia reconhecê-lo?

Já no final do capítulo, Wuxian buscava os agradecimentos. E não havia nada, a não ser...

Wuxian falou baixinho, surpreso.

“Lan Zhan... Você não fez isso.”

Emocionado, Wuxian pensou em finalmente dizer aquelas três palavras mágicas guardadas em seu coração, mas em vez disso, disse o necessário.

(...)

Já pela manhã, Wuxian levou um susto. Ele estava sonhando que beijava finalmente seu Lan Zhan - o homem sem rosto, mas de lábios extremamente adoráveis - quando alguém o chutou para fora da cama.

“PARABÉNS!” Disse Jiang Cheng já gritando. Yanli apareceu logo atrás com a mão na cintura já indagando o qual malvado Jiang Cheng havia sido com o próprio irmão.

E em seguida, sorrindo gentilmente como sempre, ela disse. “Feliz aniversário, A-Xian!

Wuxian se sentou no chão e riu. É claro que seus irmãos não deixariam a data passar, independente de tudo.
“Vamos, vamos. Se levanta, A-Xian. Eu vou fazer um almoço especial hoje e mais tarde você deve estar pronto para sua festinha.” Disse Yanli se aproximando e o puxando pelo pulso para que ele se levantasse. Wuxian se sentiu confuso.

“Festinha? Mas hoje é Halloween. Provavelmente ninguém possa vir”

“Claro que viriam. É seu dia! Porque não aproveita e chama mais alguém? Quem sabe o cara que você conversa de vez em quando?”

Wuxian encarou a irmã franzindo o cenho já enrubescendo.

“Como você sabe, Shijie?!”

“A-Xian. Você não para de falar nisso. Tudo o que você vê... Você fala nele. Qual o nome mesmo? Ah, Lan Zhan.”

Ela recordou e depois pigarregou, tentando imitar a voz de Wuxian em seguida.

“Será que o Lan Zhan gosta de filmes de terror? Será que o Lan Zhan gosta de sair? Será que o Lan Zhan iria gostar da sua sopa, Shijie?”

Isso fez Wuxian sorrir. Um sorriso bonito e espontâneo. Yanli o correspondeu e segurou uma de suas mãos.

“Você até sorri por causa dele...”

“Eu sorrio por qualquer coisa, Shijie.”

“Desse jeito, não. Eu conheço o irmão que tenho.”

“Ele gosta de outra pessoa.”

“Então roube!”

“Que isso, Shijie?!”

Os dois riram da situação. Entretanto, Wuxian jamais faria isso. Ele jamais tentaria algo se Lan Zhan não estivesse disposto a tentar também.

É verdade que não fazia a menor ideia de como era o rosto dele, mas seus sentimentos já eram tão grandiosos aquele ponto que uma coisa tão pequena já não importava.

Wuxian queria poder chamar Lan Zhan para a pequena reunião em sua casa, mas não poderia. Já o conhecia bem o bastante para entender que seria um incômodo e Lan Zhan recusaria educadamente.

Ele só queria estar com Lan Zhan. Ele queria sorrir com Lan Zhan. Será que Lan Zhan sorriria com ele?

“Será que o Lan Zhan sorri?!” Ele pensou enquanto ligava o home theater da sala para animar o estado de espírito.

Wuxian abriu as janelas e aumentou o volume enquanto começava a cantarolar a música que estava em aleatório.


E não sabia se aquilo seria uma piada do destino. A música em si lembrava o que ele havia sonhado.

Wangji tinha terminado de passar um pouco do tempo com seu coelho quando ouviu as primeiras batidas. O som parecia tão alto e ele sabia de onde vinha.

O que fez Wangji se aproximar da janela do quarto para observar o que seu vizinho havia feito daquela vez.

Ele estava dançando de pijama na própria sala. Trajava uma cueca samba canção com detalhes tão pequenos que Wangji não soube identificar, mas a camisa do vizinho era totalmente preta.

Wangji prendeu a respiração com a visão. O vizinho era... Muito atraente. O cabelo desgrenhado como quem havia acabado de acordar, até mesmo a postura estranha...

Para Wangji, qualquer parte milimétrica do vizinho era algo divino.

Wuxian estava de olhos fechados e braços abertos enquanto se deixava levar pelo ritmo, pensando em como seria o toque de Lan Zhan sobre sua pele. Como seria o gosto dos lábios, como seria o encontro dos seus e dos dele.

Como seria perpassar o dedo sobre cada detalhe do rosto desconhecido. Wuxian tinha medo de imaginar e se surpreender. Wuxian tinha medo de criar uma imagem e não ser nada do que esperava.

E ainda assim, enquanto dançava, ele tinha a sensação de que Lan Zhan não seria nada como sua mente poderia tornar. Lan Zhan seria melhor que qualquer coisa que ele já viu.

• Aquela música não saiu da cabeça de Lan Wangji. Na verdade, nada do que ele viu saía de sua mente.


(...)

Wuxian já estava pronto para sua festa de aniversário quando seus amigos foram chegando um por um.
Huaisang estava vestido como Freddy Krueger, Xue Yang de fantasma com apenas um lençol no corpo, Qing estava de Wandinha Addams e Ning... Bem, ele havia esquecido que era Halloween. 

A melhor fantasia de todas, no entanto, foi de Jin Zixuan, o esposo de Yanli que surpreendentemente estava trajado de pavão, como uma homenagem a Wuxian que o chama assim desde que era um adolescente e o odiava.

Bem, isso era águas passadas. A própria Yanli estava vestida de fada e Jiang Cheng... Ele estava arrumado, com a única diferença que tinha arranjado uma máscara do filme “Pânico” que segundo o mesmo o deixava descolado.

Wuxian riu de vergonha alheia.

“Wuxian, do que você está vestido?” Perguntou Xue Yang já pondo um de seus braços por cima do ombro de Wuxian.

“Eu sou o Xie Lian. O maior e melhor Deus marcial. Está ruim?”

“Definitivamente não. Você está uma gracinha...” Sussurrou Xue Yang bem próximo. Wuxian fez uma careta e o empurrou para se afastar.

Adorava o amigo, mas ele seria a última pessoa da face da terra com quem Wuxian estaria.

Ainda que estivesse rodeado de pessoas que amava e se divertisse junto com elas, sentia-se vazio.
Ele olhou para o espaço imenso da sala e percebeu que havia espaço para muitas pessoas, mas apenas uma faria a diferença.

Não demorou muito para a hora do parabéns que foi próximo às dez da noite. Wuxian soprou as velas e entrelaçou os dedos das mãos para fazer seu pedido secreto.

Não precisava pensar para escolher, porque cada pequena parte de seu coração já sabia o que mais desejava.
Wuxian soube o que devia fazer. Mesmo que não fosse o certo, ele soube. Não adiantava negar.

Ele foi para o banheiro fugir de todos da casa, ele não queria que vissem o qual vermelho poderia estar ao mandar mensagem para a pessoa amada.

Por coincidência, no mesmo momento em que Wuxian enviou uma mensagem para Lan Zhan, Lan Zhan fez o mesmo. O instante em uníssono pareceu cômico a Wuxian.





Wuxian fechou os olhos e encostou-se na parede. Ele respirou fundo.

“Está tudo bem. Está tudo bem. Está tudo... Bem.” Ele disse em lágrimas. Isso era tão estúpido. Qual a probabilidade disso acontecer?

E agora?

O que poderia dizer para Lan Zhan?

“Você sempre soube que a pessoa que ele gostava não era você, Wuxian. Como se seu desejo de vê-lo pudesse dar certo...”




Aquilo não foi do jeito que Wangji esperava. Wangji estava na sala quando ouviu as pessoas cantarem parabéns.

Desacreditado, ele pensou em comentar com Wei Ying... Mas não esperava por isso.

Ele leu as mensagens enquanto estava próximo a porta principal de sua casa. Seu coração parecia querer sair do próprio corpo. Aquela sensação surreal...

Já recebeu tantas declarações ao longo da vida, mas aquela... Wangji sentiu como se aquilo realmente tivesse mexido com ele.

Wei Ying.

Ele desejou, por um segundo, que ele fosse seu vizinho.

“Isso seria uma tremenda coincidência. Coisas assim não acontecem.”

Mesmo que não fosse... Wangji sentiu que Wei Ying teria lhe dado toda a coragem que faltava para atravessar a rua.

Wei Ying acreditava nele.

Foi pensando em Wei Ying que Wangji avançou.

(...)

Por outro lado, Wuxian ainda estava no banheiro quando se sobressaltou com a batida da porta.

“Wuxian, você vai jogar banco imobiliário?” Perguntou Xue Yang.

“Você está bem aí? Precisa de alguma coisa?”

“Eu estou. Só me dá uns minutos.”

“Tudo bem... Ei. Tem um vizinho querendo falar com você.”

“É a senhora Mei? Se for, diga que irei mexer no computador dela na próxima quinta.”

“É um homem. A sua irmã que atendeu. Eles estão até conversando. Ela disse para ele que você não parece muito bem.”

Wuxian suspirou confuso ainda de olhos fechados. Quem seria àquele horário?

Abrindo a porta, Wuxian se deparou com Xue Yang que deixou o lençol por cima dos ombros. Ele fitava Wuxian de forma tão preocupada e cuidadosa que Wuxian sentiu a compaixão.

“Você está bem mesmo?”

“Eu... Vou ficar. Obrigado Xue.”

Wangji mal conseguia acreditar que realmente havia chegado até ali.

Ele conseguiu atravessar a rua a passos largos, conseguiu bater na porta de forma determinada, conseguiu manter-se de cabeça erguida no momento em que foi recebido por uma mulher que já tinha visto outras vezes... E conseguiu dizer com clara dicção o motivo de estar ali; que ele, um vizinho solitário que passava por ali por acaso, tinha ouvido os parabéns e decidiu cumprimentar.

A mulher que se identificou como Yanli sorriu de forma gentil e perguntou a Wangji se ele não gostaria de entrar, pois Wuxian não estava disponível para recebê-lo no momento.

Wangji apenas negou balançando a cabeça e forçando um pequeno sorriso simpático em resposta. Se ele já não estava disponível, do que adiantava? Wangji não forçaria seu primeiro contato de aproximação daquela forma.

Antes que ele pudesse se despedir se sentindo frustrado com toda a esperança preenchida em seu coração, uma voz do fundo do corredor da casa ressoou.

Wangji sentiu-se paralisado.

Realmente iria falar com o vizinho tão de perto? Questionou a si mesmo o porquê não havia se olhado no espelho antes de sair, se tinha algo de errado em sua aparência.

  É melhor eu nem pensar nisso. Já estou aqui mesmo...

Wuxian andou até onde sua irmã estava parecendo conversar com um homem alto do lado de fora. Yanli estava encostada no batente da porta, sorridente, o que aliviou um pouco o coração de Wuxian, já que o dia anterior tinha sido tão desolador.

Cada vez que se aproximava da porta, Wuxian se perguntava quem poderia ser, mas ao chegar um pouco mais perto, se surpreendeu por vários motivos.

O primeiro, era que já havia visto aquele rosto. O segundo, era que desde de a última vez que viu o vizinho da residência da frente, Wuxian sentiu como se o outro não quisesse qualquer vínculo com ninguém daquela vizinhança.

Wuxian recordou quando o conheceu. Era tarde da noite e ele mal havia se mudado. Estava do lado de fora da casa quando percebeu o vizinho a uma distância considerável colocando o saco de lixo para fora.

“Oi! Que horas passa o caminhão de lixo?”

Wuxian perguntou. O vizinho apenas o encarou por alguns segundos e pareceu falar algo em um tom baixo. Wuxian não entendeu e perguntou novamente, mas o vizinho já tinha voltado para casa.

E depois disso Wuxian pensou que talvez seu vizinho fosse alguém introvertido ou que não tivesse interesse em conhecê-lo.

Mas ao chegar ali com a irmã sendo gentil para um homem que teve aquela impressão... Quando Wuxian se aproximou um pouco mais, teve mais uma surpresa.

O vizinho era extremamente lindo.
Extremamente. Em um nível dificilmente visto. Ele sentiu como se a beleza do outro tivesse invadido todos os seus pensamentos e tivesse bagunçado tudo.

O rosto dele tinha traços tão simples e seus olhos eram tão atenciosos apesar de parecer inexpressivo.

Era impressionante.

“Oi. É...” Wuxian tentou dizer, mas estava embasbacado. O que poderia dizer para um homem tão bonito em vestes casuais quando ele mesmo trajava uma fantasia?

“O senhor Wangji disse que ouviu nosso canto de parabéns e veio lhe felicitar, A-Xian!”

Wangji queria enfiar a cabeça de baixo da terra e ficar lá para sempre. Estava com tanta vergonha. Que tipo de vizinho tomava esse tipo de atitude?

E, por Deus! O quão bonita uma pessoa poderia ser assim tão de perto?!

Amaldiçoou Wei Ying por ter lhe dado coragem.

E o pior! Ele estava tão surpreso com a fantasia de Xie Lian do vizinho que se estivesse em casa e sozinho provavelmente riria disso.

Ele está usando uma fantasia do personagem que escrevo uma fanfic.

O qual injusto o mundo é?

Wangji abriu a boca e fechou. Não queria dizer qualquer besteira.
Wuxian continuava encarando o vizinho bonitão com crescente interesse e curiosidade.

“Xie Lian” Wangji disse fingindo notar só naquele momento, por fim. “Oi.”

“Oi.” Wuxian disse franzindo os lábios em seguida. Sentia vontade de sorrir.

“Oi.” Wangji disse novamente. Ele queria dar um soco em si mesmo e voltar para casa por se sentir tão tolo. “Parabéns.”

“Obrigado...” Wuxian agradeceu, mas com a expressão de confusão transparecendo.

Wangji estava preparado. A resposta para os problemas estava na ponta de sua língua, ele só precisava falar.
Quando o vizinho entreabriu a boca para dizer algo, Wuxian sentiu alguém tocar em seu ombro.

“Amor, você não vai jogar?”

Wangji observou um homem olhar o seu vizinho de forma afetuosa, tocando-o. Algo dentro de Wangji se quebrou. Era isso. Óbvio que seu vizinho teria alguém.

Wuxian ficou desnorteado por um momento. Por que diabos Xue Yang o fitava tão intensamente? Por que ele havia o chamado de amor?!

E na frente do lindo vizinho?!

Antes que Wuxian pudesse dizer qualquer coisa em resposta, o vizinho chamado Wangji sussurrou algo que ele não conseguiu identificar e deu as costas.

Wangji não olhou de volta uma única vez.


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