UMA FANFIC PARA O MEU VIZINHO...

By momoszd

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[COMPLETA] E se você estivesse se apaixonando por alguém que não conhece, mas admira do outro lado da tela? ... More

Amizade
Desenrolo
Encontro
Futuro

Nome Bonito

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By momoszd

Wei Wuxian estava em mais um dia de seu habitual cotidiano irritante e cansativo quando retirou o celular do bolso e leu as primeiras palavras da atualização da fanfic. Não era exatamente um grande fã de escritas, independente do gênero, mas aquela estória em específico havia lhe chamado atenção de uma maneira que nem mesmo ele entendia o motivo de se sentir atraído.

Seu irmão Jiang Cheng era um fã encubado daquelas estórias homoafetivas de seus personagens favoritos recriados por outros fãs. Um certo dia, para implicar com o mesmo, Wuxian decidiu mexer no notebook do irmão para mudar o papel de parede para uma banana - afim de relembrar uma certa vergonha ao qual Jiang Cheng passou ao escorregar em uma casca de banana no pátio da Universidade - e então acabou fuçando a recente leitura no navegador.

Wuxian só não pensou que talvez realmente fosse se encantar com cada palavra, com cada cena. Ele estava completamente hipnotizado por uma realidade diferente da sua.

Ele não conseguiu entender de início, afinal, era apenas uma fanfic como qualquer outra, mas... O que aconteceria? O policial frio finalmente perceberia que estava apaixonado pelo enfermeiro gentil?

O ônibus estava cheio e ele ainda carregava a mochila pesada nas costas. Uns esbarravam em outros pela aglomeração e Wuxian tentava relevar cada empurrão, afinal, aquilo fazia parte de sua realidade havia um tempo. E chegava a ser irônico como mesmo em uma situação tão incômoda, a curiosidade que invadia todo seu corpo era o suficiente para querer ler ali mesmo.

Mesmo tendo forçado a si mesmo a parar de ler aquela estória de vez. "É só mais uma página. Ler não me fará mal... Né?"

A estória se tratava de um policial e um enfermeiro que por alguns acasos da vida reencontraram-se várias vezes, criando uma amizade que resulta em um amor duradouro. Um clichê. Uma das ficções populares que a maioria iria gostar de todo modo.

No entanto, ainda que tivesse tantos aspectos comuns, havia algo de diferente naquela ali.

Talvez fosse o enredo, o plot principal já era bom o bastante ou talvez o desenrolar da trama. Wuxian não soube dizer quais eram os pontos fortes daquela junção de palavras, mas havia algo que sentia identificação;

A vontade de viver um grande amor.

A vontade de conhecer alguém e vivenciar um relacionamento que mesmo diante de tudo e qualquer coisa se permanecesse forte.

Wuxian não se considerava sonhador. Julgava não ter a beleza ou personalidade necessária para que qualquer um olhasse para ele - embora muitos dissessem o tempo inteiro que Wuxian poderia escolher por quem se apaixonar, já que os homens e mulheres que lhe apareciam eram todos impressionantes -, mas não se tratava somente disso. Ele não se sentia conectado emocionalmente com qualquer uma dessas pessoas mesmo que tentasse; e ele tentou por bastante tempo.

Nada era certo, pois seu coração não disparava, não havia nenhuma borboleta compulsiva e desesperada para voar em seu estômago... A não ser quando lesse aquela bendita fanfic.

A não ser quando lesse os agradecimentos daquele escritor.

Cada vez que o autor do Wattpad com pseudônimo "Coelho de Gusu" atualizava, Wuxian lia cada palavra com atenção, principalmente porque no final dos capítulos havia sempre um agradecimento com aqueles que o acompanhavam, mas também um desabafo pessoal sobre como o autor sentia a necessidade de vivenciar alguns momentos que escrevia - mesmo a estória em si sendo um belo suspense, o que aliviava o coração era o casal principal tendo cenas cotidianas - e isso foi o bastante para Wuxian se tornar curioso do porquê alguém que escrevia tão bem parecer ter um humor tão cirúrgico e ser solitário.

Wuxian se identificava com cada pequena passagem do autor. E essa sensação, cada dia que se passou por entre semanas, foi se tornando uma admiração absurda. Sua vida era realmente tão tediosa ao ponto de esperar por cada atualização de uma fanfic e junto com esta as poucas palavras de alguém que não conhecia?

De início, Wuxian apenas avaliava os capítulos. Depois, ele passou a comentar cada parágrafo, tentou criar piadas internas para que apenas aqueles que liam aquela fanfic com o coração pudessem entender e de repente se viu querendo a atenção do autor que parecia que nunca iria lhe responder, mesmo quando Wuxian se esforçava para comentar algo diferente de todos, para mostrar o qual profunda aquela estória era para si.

Até que no final daquele dia, Wuxian se viu desesperado por atenção e comentou no final do capítulo décimo sétimo.

"Gostaria de conversar com o autor! Por favor, deixe-nos alguma rede social!"

Quando Wuxian deitou em seu travesseiro e fechou os olhos, sentiu uma adrenalina nunca vista antes em sua vida.

Isso não era normal. Isso não era certo.

"Eu deveria parar de pensar nisso..."

(...)

Wangji não tinha a intenção de ser rude. Devido a sua personalidade receosa e com o fato de não se expor na internet, ele tinha medo de responder quaisquer que fossem os comentários que recebia, mesmo que tivesse positivos mais do que críticos.

Porém, mais do que viver aquele medo sem fim, a curiosidade instaurou em seu coração quando viu aquele comentário de um de seus leitores mais fiéis.

Não é como se não tivesse notado o "Patriarca Maçã" antes. O usuário praticamente respirava suas atualizações. No início era um comentário aqui e ali, até começar a ser constante.

Os comentários deste vinham em tom de incerteza e insegurança com um leve divertimento e aquilo afetava a parte mais sensível de Wangji. Ele adorava escrever e havia posto todo o tempo e dedicação para que quem quer que lesse sua estória pudesse apreciar.

Ele só não esperava ler comentários de pessoas dizendo que se identificavam com as partes de si mesmo que colocava com empenho em seus personagens.

Não. Wangji não sentia vontade de saber se aquilo as tornava melancólicas. Não se tratava de desinteresse, mas sim sentir uma pressão ao escrever pensando em como isso refletia em cada um.

Não havia mal algum evitar aquela abordagem e evitar que aqueles comentários tristes rendesse assunto. Graças a isso, Wangji se tornou curioso sobre aquele usuário cada vez que postava um capítulo.

O "Patriarca Maçã" sempre mantinha um humor risível e Wangji se sentia realizado por ter alguém que, ainda que pudesse se identificar com algo que se tratava sobre seus desejos mais profundos, pudesse gostar de forma sincera e achar uma certa graça onde o próprio autor não via.

Pensando em como poderia fazer para se aproximar de seus leitores - tendo em mente a evitar assuntos tristes para não se sentir afetado -, Wangji decidiu criar um perfil no Twitter. Ele só não esperava ter um retorno imenso de pessoas o seguindo.

E também não esperava se ver ansioso ao notar que nenhum daqueles que o seguia era ele.

(...)

Wuxian estava decidido a desistir de admirar o mero desconhecido na internet, pois aquilo já havia passado dos limites.

Ele fez tudo nos próximos dias ainda pensando na atualização da fanfic. Quando o policial descobriria o suspeito do assassinato de sua família? Quando o enfermeiro perceberia que o amor de sua vida era seu melhor amigo?

Wuxian poderia estar concentrado até com o próprio emprego de programador que seguia pensando no autor e se ele era uma pessoa comum como qualquer outra para desenvolver algo tão incrivelmente instigante.

Não bastava somente ler, Wuxian precisava reler, precisava sentir novamente as mesmas emoções. Nunca pensou que palavras poderiam ser viciantes e nem que precisava compartilhar isso com os amigos. E que esses amigos achariam um porre todas as vezes que Wuxian abria a boca para falar do famoso policial gostosão.

E como não havia ninguém que quisesse realmente ouvir as teorias de Wuxian, restava apenas o autor. E este nem sequer respondia. Wuxian se perguntava se ele lia pelo menos as mensagens em forma de comentário que o enviava, já que no chat do próprio aplicativo nunca nem visualizou. Gostava de pensar que sim e que os comentários dele eram os favoritos.

Os amigos começaram a estranhar que até nas festas Wuxian precisava ler. Ele literalmente deixava qualquer entretenimento de lado desde que pudesse ler. Desde que pudesse saber um pouco mais sobre aquela pessoa.

Ou pensar que deveria saber mais sobre a estória?

Mas aquilo não era o suficiente. Nada era o suficiente. Wuxian se viu insatisfeito ao ponto de querer cortar o "mal" pela raiz.

Prestes a deixar de ser um seguidor e excluir completamente o aplicativo de leitura, Wuxian olhou o perfil do escritor no Wattpad uma última vez e notou, surpreso, o que seria um link anexado para um perfil de outra rede social.

Se Wuxian não sabia o significado da palavra"surto", havia descoberto naquele momento. Suas mãos estavam praticamente tremulando e sua respiração estava irregular tudo porque achou o perfil do Coelho de Gusu no Twitter, seguindo de maneira imediata!

(...)

Wangji estava concentrado tentando terminar mais um dos muitos bonecos colecionáveis de modelagem 3D que trabalhava quando ouviu um ruído vindo da notificação de seu celular, algo que o distraiu.

O coração tornou-se desenfreado por um motivo tão simples; Patriarca Maçã finalmente havia lhe seguido naquela estranha rede social ao qual não fazia qualquer questão de ter.

Se sentia estranho. Já tinha vinte e cinco anos e lá estava, se sentindo igual um adolescente encantado por alguém que amava apenas sua escrita.

Balançou a cabeça em negação. Não era nada agradável ter aqueles pensamentos de alguém que não fosse a pessoa que vinha sendo sua maior fonte de inspiração.

Ele olhou para o relógio, já estava quase no horário do maior entretenimento de sua vida.

Wangji passava a maior parte do tempo se dedicando ao seu trabalho. Tinha uma excelente observação para objetos ao redor e conseguir recriar formas era algo que gostava de passar cada segundo do dia.

Isso não havia mudado... Mas ao preparar seu próprio chá, ele recordou com um fino sorriso ao rosto.

Antes, em horas livres - ou nas que se forçava a ter um momento para si -, Wangji sentava próximo a janela de seu atelier e observava o mundo lá fora. Tanto seu melhor amigo quanto seu irmão achavam que ele levava uma vida tediosa. Talvez do ponto de vista comum isso fosse um fato.

Wangji não se importava. Ele amava a arte, amava estar em silêncio e criar algo com as próprias mãos. Sentia orgulho em ter sua própria independência através do caminho que escolheu para si, aquele que proporcionou o conforto que sempre quis.

Mas a sensação de ter algo faltando não ia embora mesmo assim. Aquilo que um dia foi um hobby, Wangji já não o olhava como se não fosse uma obrigação.

Foi quando em um fatídico dia, as seis da noite, Wangji decidiu fazer uma pausa - havia passado mais de seis horas para constituir um personagem de animação chinesa - até que olhou para o outro lado da rua e viu um homem de aparência jovem cair no chão junto com sua mochila. Instintivamente aquela visão fez com que Wangji levantasse da poltrona pelo susto.

O garoto em questão se tratava do vizinho que vivia na residência frente a sua. Este sentou-se no gramado do jardim e cruzou as pernas por um momento. Algumas coisas que haviam dentro da mochila caíram no chão com o baque, incluindo ao que parecia um fone de ouvido. O garoto ergueu o fone já quebrado e riu.

Ele riu tão alto e claro. Ele riu o tipo de risada alegre, como se esta tivesse vindo desde dentro de sua alma. E sua voz atingiu Wangji que não sabia como era rir daquele modo.

Depois de alguns poucos minutos, o garoto se jogou de costas no gramado do próprio jardim e ergueu a mão para o céu já escuro. Wangji também ergueu o olhar para cima, notando o qual estrelado o céu estava.

E ele pensou no qual bonito este mesmo céu aparentava, afinal, ele passava tanto tempo mexendo em massas que se esquecia de que havia uma vida lá fora.

Ele questionou a si mesmo se o garoto do outro lado pensava da mesma maneira, pois embora estivesse distante, ainda era possível perceber o sorriso naquele rosto.

Nisso, o garoto se levantou, batendo as palmas das mãos nas coxas para tirar os resquícios de folhas, juntando seus pertences novamente na mochila que antes estavam no chão e entrou em sua casa.

Aquela simples situação foi o suficiente para Wangji não parar de pensar na excentricidade do vizinho. Ele havia dormido e acordado no dia seguinte pensando nisso. Querendo não imaginar como era conversar e sorrir com ele, como era agir daquela forma tão... Espontânea. Livre.

Foi inevitável, pois o silêncio que um dia havia sido seu refúgio dava um espaço maior para a imaginação que Wangji não sabia que tinha.

Todos os dias o vizinho tinha sua própria rotina assim como Wangji, que acabava se sentindo incluso naquela parte da vida de uma pessoa que lhe era desconhecida.

Desde então, as seis da noite, Wangji deixava o que tinha de fazer apenas para observar o vizinho aparentemente chegando do trabalho. A cada dia pensando se este faria algo inesperado ou se Wangji conseguiria acertar quais seriam suas ações.

Fosse o jeito que Wuxian gesticulava, que sorria, suas diferentes expressões que transmitiam diversas emoções. O jeito que falava, andava, se vestia.

Houve situações que Wangji não fazia a menor ideia do que estava acontecendo, mas ele continuou ali.

Uma vez, uma mulher falou algo para o garoto e este mesmo a abraçou girando de um lado para outro, emocionado.

Em outra, o mesmo garoto brigou com outro homem em frente a casa, mas parecia o tipo de briga amigável, uma brincadeira de amigos. Ou irmãos.

As vezes o garoto se reunia com alguns amigos nos finais de semana para assistir algo, mas a única coisa que Wangji ouvia eram as risadas, sendo a de seu vizinho o timbre mais alto e agudo.

Era um som que agradava. Um som ecoava desde o coração. Do outro lado parecia haver vida, enquanto do seu, parecia haver apenas o silêncio e o vazio.

E a cada segundo que mexia em suas massas e suas esculturas, Wangji se perguntava como seria estar na vida da pessoa do outro lado da rua. Como seriam suas conversas.

Eles teriam algo em comum?

Provavelmente o vizinho o acharia alguém emburrado, desinteressante e chato. Wangji apenas aceitou sua realidade sem sequer ao menos tentar.

Mas era tão difícil aparecer na janela todos os dias e ver alguém com a vida tão diferente da sua, alguém que a mente parecia tão extraordinariamente comum.

Todas as vezes que Wangji saía de casa, para qualquer compromisso que fosse, ele parava alguns segundos para olhar a residência do vizinho. Ele imaginava a si próprio com uma crescente coragem que não tinha para chamar o homem que admirava desde a janela, fosse para tomar um café ou quem sabe alguma outra programação.

E nas poucas ocasiões que Wangji via Wuxian de perto - não tão longe como da janela -, o pouco de coragem morria dentro dele.

Se fosse alguém mais alegre e falante, talvez se sentisse confortável para atravessar a rua e dizer oi, mas não era. Ele nunca seria assim.

Ele nunca seria divertido. Nunca seria sorridente. Nunca seria expressivo.

Ele nunca seria legal.

Se não sentia coragem de dizer qualquer palavra para conhecer o outro, então escreveria sobre como isso poderia ocorrer.

Escreveria uma realidade completamente diferente da sua, ou alguma que mesmo sua personalidade dificilmente agradável permanecesse, seu vizinho pudesse se encantar até por seus defeitos.

Não era um exímio escritor, mas a vontade de viver as situações que sua mente criava lhe tornava algo perto disso.

Wangji não fazia a menor ideia de qual era o nome do vizinho, mas sabia que tinha algo a ver com "Xian" pela maioria das vezes que ouviu de outras vozes falando com ele. E não gostaria de escrever uma história com seus nomes originais, isso iria além do ridículo.

Ele nem sequer sabia a profissão do vizinho. No fim, Wangji chegou a conclusão de que admirava alguém que não sabia nem o mínimo. Mas tudo estava bem, afinal, ainda que sua própria profissão fosse algo decente para si, ainda era inaceitável para alguns, por exemplo, seus parentes.

Enquanto mantinha o Word em aberto, Wangji tamborilava os dedos levemente no teclado. Olhou para os próprios bonecos colecionáveis que tinha e... Então notou os personagens do livro mais recente que havia lido. Que podia até admitir que adorava.

Não era um exímio leitor, mas ler um livro que falasse sobre a simplicidade de conhecer a felicidade ao descobrir alguém... Isso lhe deu ainda mais inspiração.

Quando deu por si, Wangji escrevia todas as noites um pouco sobre a realidade de como ele gostaria que as coisas fossem. Todas as noites desejando algo que sabia que não teria nunca.

(...)

Naquele dia, Wuxian estava extasiado. Estava tão empolgado com o fato de que finalmente poderia estar mais próximo do autor que apenas passou apressado pelo jardim de sua casa. Se o autor não lia suas mensagens enviadas diretamente do aplicativo Wattpad, então havia a oportunidade de enviar por outro!

Wangji notou o qual estranho aquilo parecia, pois o garoto sempre parava alguns minutos na frente da porta principal da residência.

Aquilo deixou Wangji inquieto. Tão inquieto que não conseguiu concentrar-se em qualquer coisa a sua frente.

E como se fosse um sinal de que algo estava por vir, uma notificação de mensagem apareceu em seu celular. Era o tal "Patriarca Maçã".




Wangji não soube o que dizer. Ele apenas encarou a mensagem, atônito. Se dissessem a ele que após escrever uma fanfic teria aquele tipo de relato de algum leitor, Wangji não acreditaria. Ele apenas riria - o que já seria um milagre por si só - e diria que era impossível.

Ao olhar para as próprias mãos e perceber que elas tremiam de nervosismo, Wangji pensou em enviar uma mensagem ao seu melhor amigo de anos - e talvez o único com exceção de seu irmão - para receber qualquer conselho naquele momento desesperador.



Wuxian sentia como se tivesse tirado um imenso peso de suas costas e que poderia dormir com o coração em paz por dizer todas as coisas que ocorreram em sua vida por conta daquela ficção.

Ao pensar que talvez a pessoa do outro lado da tela pudesse não se sentir confortável com o que havia dito o deixou ansioso.

E essa ansiedade, embora parecesse atingir seus pulmões por não conseguir respirar normalmente de tantas possibilidades de respostas terem se passado em sua mente, fez com que ele quisesse desligar o celular para não saber a resposta do autor. Era uma situação estranha que nunca tinha lhe ocorrido.

Antes que pudesse agir, Wuxian notou a notificação de uma nova mensagem.

Ele fechou os olhos fortemente e abrindo apenas o olho direito, franzindo o nariz, ele clicou receoso no chat das mensagens.





Wangji se sentiu culpado. Ele era péssimo em tentar iniciar qualquer conversação que fosse, independente de ser virtualmente ou pessoalmente, o resultado era desastroso de todo modo.

Mas ele não queria que o outro tivesse a impressão errada dele. Mesmo que fosse como sair de sua zona de conforto, Wangji pensou em como aquela pessoa havia se esforçado para contar uma parte de sua vida.

De repente, Wangji pensou que talvez fosse uma escolha segura contar algo que ninguém soubesse, nem mesmo as únicas pessoas que confiava, seria como uma troca saudável já que sabia um pouco sobre a vida daquele desconhecido.

"Não há nada de errado. Eu acho." Pensou enquanto olhava para o chat, escolhendo com cuidado o que diria.



Wuxian sentia uma curiosidade afoita. E uma aflição no coração por saber que o autor que vinha sendo o dono de seus pensamentos já parecia interessado em alguém.

"Mas eu não o vejo dessa forma, vejo?" Questionou a si mesmo. Não havia feito nem dez minutos de conversa, porque parecia afim de alguém que respondia de forma quase monossilábica?


Na verdade, não estava tudo bem para Wangji apenas imaginar, mas alguém que mal conhecia não precisava saber da verdade.

Wangji já não queria falar sobre si mesmo. Não era interessante, mais cedo ou mais tarde o Patriarca Maçã descobriria isso, porém não precisava ser naquele dia.

Wangji não gostava de conversar com as pessoas porque isso exigia um esforço que nem sempre tinha dentro de si.

Pensou em excluir a conversa, mas se surpreendeu ao receber mais uma mensagem.




Wangji olhou para a janela do atelier, tentando identificar através da pouca iluminação da janela da residência frente a sua o que seu vizinho estaria fazendo.

Ele sorriu pensando que talvez fosse comum, como ler. O vizinho teria algum hobby diferente?

Se um dia eles conversassem, por mais simples que fosse o diálogo que trocassem... Se Wangji contasse que era artesão, haveria a possibilidade de seu vizinho admira-lo? Se houvesse um porcento de chance... Ele contaria?

"Acorda, Lan Zhan. Ele nunca iria gostar de você." Ele riu entre dentes. "Você não sabe nem se ele gosta de homens também para começar..."

Dizia a si mesmo que não se deixaria estar frustrado, mas não adiantava. Nunca adiantou tentar ser otimista, ninguém nunca entenderia como é estar em sua própria pele, ter sua mente conturbada de insegurança.

Mas deveria ser pragmático. E ao olhar as mensagens do Patriarca Maçã que parecia alguém mais confiante que ele, Wangji pensou que talvez ter amizade com alguém assim pudesse fazê-lo aprender a ser também.



Naquele mesmo dia, Wei Ying decidiu fazer um tweet:


           __________________________

Há alguns meses deletei minha conta do twitter porque achava que não era mais a vida que eu gostaria de levar, porque lá é um lugar que toma muito tempo da gente.

Porém, eu fui muito feliz escrevendo algumas poucas aus, e decidi postar essa daqui, não somente em agradecimento por sempre me acompanharem, mas também porque é um jeito de armazenar essa história que na época escrevi com tanto carinho...

Espero que gostem 🫶🏻

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