—Me algemaram, por quê? — perguntei desacreditada assim que a equipe de Ninguém nos trouxe para Lugar Nenhum.
— Você bem que gosta em certas situações... — Tej murmurou sorridente e eu me virei para ele com uma expressão irritada.
— Cala a boca, Parker!
O homem ficou em silêncio e abaixou a cabeça enquanto parava de sorrir feito idiota.
— Está é a minha nova base, bem vindo a Lugar Nenhum. — a voz de Ninguém foi ouvida e rapidamente ele entrou na sala onde estávamos.
— Quanta, originalidade! — outra voz foi ouvida, mas dessa vez foi a de Hobbs.
— Olha, tem uma coisa que eu quero conversar com você depois. Aí, pessoal...ou ou, que é isso? Algemas? O que é isso?
— Se chama abuso de poder! — reclamei irritada.
— Mas, você me mandou pegá-los. — o rapaz que mais parecia um adolescente respondeu.
— Não mandei algemar...— Sr Ninguém bufou — Solta eles. Minha nossa, que vergonha. Me desculpe, pessoal, sério!
— É assim que trata os velhos amigos? — Letty perguntou, segurando a algema que ela havia conseguido tirar.
— Amigos? A gente nem sabe quem é esse cara. — Tej contradisse.
— Não importa quem eu sou, Tej. Eu sou Ninguém, ok? — o velho respondeu.
— Ninguém. Então quem é ele? — perguntei apontando com a cabeça para o garoto que estava tirando minhas algemas.
— Ele não é nada. Ele é tipo menos do que eu.
— É um ninguenzinho, então. — murmurei e o velho riu, concordando.
— A gente não tá chegando a Lugar Nenhum com Ninguém. Eu tô aqui há quatro horas, eu tô morrendo de fome. Eu não sei vocês, mas eu tô fora. — Roman reclamou, se levantando.
— Larga de ser chato, Rome! Toda vez, toda missão você vem com esse papinho. Tô de saco cheio! Senta essa bunda nessa cadeira e fica quietinho. — me irritei, me levantando também e apontando para a cadeira que Roman estava antes.
— Eu também não recomendaria ficar fora da missão. — Ninguenzinho respondeu.
— O que? — Roman perguntou desacreditado.
— Bom, graças a sua cagada em Berlim, estão todos na lista dos dez mais da Interpol. — Ninguém explicou e eu me sentei de volta na cadeira enquanto Roman ainda estava de pé.
— Dez mais, é?! — perguntou interessado.
— Uhum!
— Maneiro, hein! — Roman sorriu convencido.
— Bom, você não, Roman!
— Como assim?
— Você não entrou por pouco. Você é o número 11. Ramsey — Ninguém explicou e a cara de Roman foi impagável naquele momento.
—Eu? Eu não entrei?
— É...
— É impossível! Em que número eles ficaram? — perguntou enciumado.
— Hmm, seis — ninguenzinho apontou para Hobbs — oito — Letty — sete — Ramsey — nove — Tej — dez — eu.
— A Summer é a dez? — Roman perguntou irritado — Isso é impossível, não tem como ela ser dez.
— Ah, ela com certeza é dez! — Tej retrucou enquanto me olhava sorrindo, lhe lancei um beijinho no ar e após isso sorri.
— Agora...vamos nos concentrar em alguém que não está em nenhuma lista. — apertou um controle e a televisão à frente da mesa projetou a imagem de uma mulher. — Estamos esperando confirmação, mas acredito que ela seja a ciberterrorista conhecida como Cipher.
Ninguém encarou Ramsey e a garota o olhou confusa — Pera aí, não! A Cipher é uma organização, não uma pessoa.
— Não segundo as nossas fontes.
— O que ela quer? — Letty perguntou
— Não se sabe, a Cipher é como um ato digital de Deus. Eles...ela, pode manipular os sistemas globais nas sombras. Tudo que puder ser hackeado, é o jogo dela.
— E agora o mais louco, nunca vão achá-la conectada a nada disso. Sua identidade digital é deletada a cada poucos segundos no mundo todo.
— É mais fácil dizer que ela é o bicho-papão! — comentei sem paciência.
— Aí, na boa! Ela é o bicho-papão mais sexy que eu já vi. Se ela aparecer, manda ela procurar o papai aqui! — Roman falou atônito com a imagem de Cipher.
— Só fala merda, fica quieto! — resmunguei revirando os olhos.
— Você tem 12 anos? — Ninguenzinho perguntou se aproximando de Roman
— Digamos só que as pessoas temem o grupo de hackers Anonymus. Mas até o Anonymus não se mete com ela.
— Me diz o que é que a gente tem a ver com isso? — Letty perguntou irritada, batendo a mão na mesa.
— Provavelmente nada, Letty. Mas eu acho muito interessante que por algum motivo, ela agora esteja trabalhando com este sujeito. — Ninguém respondeu, ficando de frente com Letty e apontando o controle para a televisão.
A foto que Cipher foi substituída por uma foto de alguém que conhecemos muito bem. Dominic Toretto. Rapidamente, nossas expressões faciais mudaram de irritadas para surpresas.
Letty olhou muito bem a imagem de Dom e em seguida virou o olhar para Hobbs, que estava sentado na ponta da mesa, próximo a ela.
— Ele já entregou a ela uma eletromagnética totalmente operacional. Se for detonada, pode transformar qualquer cidade do mundo em uma zona de guerra.
— Então o que você sugere que a gente faça? — Tej perguntou.
— Ah, não sei. Talvez achar o Dom?! Bom, primeiro vamos pega-lo, depois descobrimos porque se rebelou.
— Então quer que a gente pegue o Dom? — Roman perguntou devagar.
— É, eu sei, Roman. É algo difícil.
— É impossível. — respondi cansada daquela situação.
— E é por isso que eu trouxe uma ajudazinha extra pra vocês.
— Pensei que fosse Deus, porque só Deus pra ajudar a gente nessa missão. — resmunguei irritada assim que vi Decark Shaw entrar na sala.
Hobbs levantou-se irritado e os dois começaram a se encarar como se fossem se matar ali mesmo.
— Ah, o meu dia acabou de ficar muito melhor. Pode me dizer por que me colocou numa sala com esse criminoso, bebedor de chá, filho de uma...
— Boca grande pra uma cabeça tão pequena. Vindo do prisioneiro 6753.
— Não pense que esquecemos tudo que você fez. — Letty falou o encarando.
— Não vamos trabalhar com esse cara! — Tej exclamou visivelmente irritado.
— Que fique bem claro. Eu não trabalho com vocês. Eu não ligo pra vocês e sua equipe ou sua famíliazinha. Estou aqui pela Cipher.
— Abaixa a bola, calvo! — resmunguei abaixando o dedo que ele tentou apontar na minha cara. — Ninguém aqui gosta de você também, não se ache superior.
— Vai fazer o quê? Pedir um emprego, babaca-chefe?
— Acho que essa camiseta apertadinha tá atrapalhando a circulação do seu cérebro. Comprei um tamanho maior.
— Isso é inveja dos músculos do Hobbs. — murmurei revirando os olhos.
— A Cipher me procurou primeiro. Queria que eu roubasse a Nightshade pra ela! Quando neguei ela foi atrás do meu irmão. — Shaw respondeu, andando junto com Hobbs para a ponta da mesa onde Ninguém estava.
— Ah, é! O seu irmão Owen. Quem poderia esquecer, não é? — Ninguém perguntou rindo e moveu o controle para apresentar uma foto do outro Shaw.
— Não tem como esquecer, a gente pegou ele. — respondi de braços cruzados.
— Você está afiada hoje hein, Summer? — Roman me perguntou baixinho e eu o olhei feio.
— A Cipher o corrompeu e o deixou para morrer, então se eu tiver a chance de matá-la pode acreditar que eu vou com tudo! — Shaw respondeu, se aproximando ainda mais de Hobbs.
— Até porque seu irmão é super gente boa, né?! Até eu deixaria ele pra morrer e olha que eu sou a pessoa mais boa que conheço! — respondi e o homem me olhou feio. — Cara feia pra mim é fome. Inclusive, eu estou com fome, rola um rango aí, ninguenzinho? — perguntei me virando para o garoto e ele me olhou surpreso.
Ninguém tentou separar uma possível briga de Hobbs e Shaw enquanto lhes lançava uma lição de moral que não me dei ao trabalho de prestar atenção, já que estava ocupada demais ouvindo minha barriga roncar.
— O cara me traz algemada, eu fico aqui por quatro horas e não ganho nem uma barrinha de cereal, qual foi?! — resmunguei encarando o branquelo e ele me olhou assustado.
— O mau humor dela é fome! — Tej explicou, tentando me acalmar, tentativa falha.
—Usa o olho de Deus! — Roman ditou do nada — Pra achar a Cipher.
— Verdade! A gente arriscou a vida pra conseguir salvar a ingrata ali — apontei para Ramsey — e isso não vai servir de nada?
— Podemos começar? — Hobbs perguntou e eu agradeci a Deus quando Ninguém concordou.
— Arruma algo pra eu comer, ou eu vôo no teu pescoço! Não tô boa hoje! — resmunguei, apontando para o Ninguenzinho.