Meu Declínio

By websadri

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+16 | "A gente decidiu então recomeçar fazer diferente da última vez..." "Deita nessa cama, para de querer fo... More

Prólogo
Personagens
Capítulo 01

Capítulo 02

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By websadri

Mendes

Rocinha, Rio de Janeiro.

Subi para o alto da laje, bolei um fino de maconha e acendi. Dei um trago no meu baseado e fiquei de marola, olhando toda minha favela daqui de cima. Rocinha pô! Meu império, conquistado com muito suor.

Entrei pra essa vida por necessidade mesmo, não tive outra escolha já que para os sangue bom do asfalto quem mora em favela na maioria das vezes não deve ter nenhuma oportunidade na vida além do tráfico.

Se eu falar que não tentei ser alguém na vida eu vou tá mentindo pô. Eu tenho meus estudos completos e até cheguei a fazer alguns cursinhos grátis que a escola disponibilizava para os ex-lunos, naquele tempo eu realmente acreditava que tudo daria certo e abominava pra caralho essa vida que levo hoje, grande hipocrisia!

Meu pai foi morto em uma emboscada armada pelos bota, eu tinha quinze anos na época e lembro até hoje o sofrimento da minha coroa ao ver meu pai lá jogado no chão com vários tiros no peito. Mas ele também era envolvido com o tráfico, era braço direito do antigo dono da rocinha e conhecido por muitos como terror! O meu coroa era foda pra caralho e tava fazendo história no mundo do tráfico, isso despertou a raiva de muitos incluindo a dos bota que não pensou duas vezes ao agir na covardia.

Desde então minha coroa teve que se virar sozinha, trabalhou por anos em dois empregos pra ter que sustentar a casa e mesmo assim não era o suficiente, afinal além de mim tinha mais duas bocas pra alimentar e uma delas tinha apenas um ano.

A gente até pensou em usar o dinheiro que meu pai guardava todo mês pra nos sustentar, mas essa porra foi tomada pelo antigo dono do morro, quando eu tentei argumentar que o dinheiro era nosso ainda levei uma coronhada na cabeça com a arma.

Meu pai confiava nesse filho da puta de olhos fechados pô, ele frequentava nossa casa, e só esperou meu pai morrer pra agir na trairagem e tomar tudo que era nosso a troco de porra nenhuma.

Foi aí que decidi entrar para o mundo do tráfico. Comecei sendo aviãozinho e toda grana que eu ganhava dava nas mãos da minha coroa, daí fui só mostrando serviço até subir pra vapor, fui pegando condição aos poucos e subindo degrau por degrau até chegar onde eu estou hoje.

Virei braço direito do lobão antigo dono do morro e conquistei mais ainda sua confiança, até que matei ele com cinco tiro na cabeça pra vingar o meu pai e a trairagem que ele cometeu contra a minha família. Ele não era um bom dono mermo, então fiz um favor pra essa favela.

Depois disso eu assumi o comando do morro e virei o dono da rocinha! Ganhei o respeito de várias pessoas, mas também criei vários inimigos e querendo ou não isso faz parte.

Não me arrependo de nada que fiz pra chegar até aqui, faria tudo de novo só pra ver a minha mãe e as minhas irmãs bem.

— Eaí meu parceiro, vai descer não? — Dudu se aproximou de mim com um cigarro de maconha preso entre os lábios.

— Vou! — termino de tragar o baseado e apago a bituca no muro.

— Hoje o baile tá frenético, tava faltando só tu amor. — morde os lábios e desce o olhar por todo meu abdômen parando na entrada da minha virilha.

— Deixa de viadagem porra e para de me olhar assim. — dou um pescotapa em sua nuca.

— Tava olhando sem maldade nenhuma pô, tu tem trinta e dois anos nas costas e continua gostoso, olha esse abdômen trincando e esses músculos preenchidos, caralho. — me encarou de cima abaixo e eu fiquei serinho.

— Tá de gestação né pô? — perguntei ficando bolado pra caralho, pegando a minha camisa e jogando por cima do ombro.

— Tô não senhor Mendes, sou um homem sincero e sem masculinidade frágil, te acho gostoso e falei sem caô nenhum. — dar um tapinha no meu peito.

— Pois guarde as suas sinceridades pra tu jaé? — dou um joinha pra ele que dar uma risadinha.

— Vou guardar mermo, porque se eu falar o que penso da sua irmã... — umedeceu os lábios com a ponta da língua.

Fiquei em silêncio e encarei bem o seu rosto, o filho da puta tirou mermo o dia pra encher a porra do meu saco.

— Tu sabe que eu sou gamadão na Giu né pô? — cruzo meus braços e continuo encarando seu rosto — Mas papo sério, a novinha não me dar uma condição, por isso que enquanto isso eu me divirto com as erradas — dar uma risadinha e eu dou um passo a frente fazendo ele correr para a outra ponta da laje.

— Tu parece um otário, por isso que só leva fora da Giulia. — encaro ele que está encostado no muro.

— E tu é um insensível e sem senso de humor, precisava mermo tocar na minha ferida Gabriel Mendes? — fingiu enxugar uma lágrima e eu revirei os olhos.

— Só Mendes, caralho! Tu sabe que eu não gosto que qualquer um fique falando meu nome. — travo meu maxilar.

— Não sou qualquer um amor, te conheço desde quando éramos moleques, temos intimidade pra isso. — piscou o olho e eu respirei bem fundo.

— Cansei de tu, vai encher a paciência de outro seu porra. — falo bolado pra caralho.

— Grave bem o que tô dizendo, tu ainda vai ser meu cunhadinho! — mandou beijo pra mim e desceu da laje se rebolando todo.

Queria saber mermo qual é a desses pela saco com as minhas irmãs! Primeiro foi o Jão correndo atrás da Lorena a adolescência dela inteira, agora é o Dudu correndo atrás da Giulia e levando vários foras.

Ajeitei o boné na cabeça e desci da laje chamando os meus seguranças pra fazer a minha contenção, eram seis no total. Caminhei com eles em direção ao baile e chegamos sem muita enrolação já que os lugares eram bem próximos um do outro.

Subi direto para o camarote e me sentei na minha cadeira de couro colocando meu antebraço no apoio da cadeira observando tudo daqui de cima. Fuzis, drogas e dinheiro era visível pra quem quisesse ver, mulher mermo tinha a rodo assim como tinha vários otários pra bancar os luxos de cada uma.

Acendo meu baseado e dou uma tragada forte assoprando a fumaça que se dissipa no ar fazendo o cheiro de maconha exalar.

Passo meu olhar pelas mulheres dançando em uma certa distância, mas tudo com o rosto virado na minha direção, algumas até rebolavam de costas e me olhava por cima do ombro deixando aparente a bunda delas através dos short curto.

Duas delas se aproxima cheia de intenção e param bem na minha frente provavelmente esperando alguma atitude minha — que nunca vão ter — Sem dar muita idéia olho sério para ambas e uma olhar já basta para que elas saíam morrendo de vergonha.

Gosto pra caralho de mulher, mas não sou desesperado a ponto de sair pegando qualquer uma. Tenho nem mais idade pra ser, tô ligado que o único objetivo de mulheres como essas é sentar na pica dos chefe em busca de algum patrocínio, muitas delas amam pagar de emocionada dizendo que é fiel e os caralhos a quatro. Mas eu tô ligado que na primeira dificuldade elas são as primeiras a meter o pé.

Pego um copo de whisky e dou um gole mandando tudo para dentro, seguro o copo vazio com a mão esquerda e a direita levo para o bolso da bermuda pegando o iphone, desbloqueio e tiro do modo avião vendo a enxurrada de mensagens e ligações perdidas surgirem na barra de notificação.

O nome da Sofia aparece na tela e eu reviro os  meus olhos. Porra, será que essa mulher nunca vai cansar de ficar no meu pé?

— Vai atender sua 01 não pô? — Jão perguntou e eu tirei meu olhar da tela do celular olhando pra ele que estava sentado ao meu lado fumando um baseado.

— 01 é o caralho. — volto a olhar para a tela do celular vendo a chamada finalmente se tornar perdida.

— Tu deveria dar um basta nessa mulher pô, tem sete anos que ficam nesse chove e não molha, tá na cara que essa porra não vai pra frente. — passou a visão e eu concordei.

— Tá certo. — dei razão pra ele e assim que a tela do celular apagou eu coloquei novamente no meu bolso — Sabe dizer porque a Lorena não veio hoje? Não consegui falar com ela. — mudei o assunto.

— Ela disse que iria mais a Giulia e a dona Rute, buscar uma amiga no aeroporto, se pá deve até dormir na casa dela. — falou e eu franzo a testa.

Amiga? Desde quando a Lorena tem amiga que mora longe mermo? Mas também se tiver não é da minha conta, ela é adulta e sabe bem o que faz com a própria vida.

A única coisa que não vou tolerar é que ela coloque qualquer uma dentro da minha favela, afinal não sei qual a finalidade das pessoas hoje em dia, principalmente de mulheres que conseguem ser traiçoeiras.

×××

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