A Bruxa da Lua

By Bia140

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Todos sabem que desde de sempre bruxos e humanos não se dão muito bem, depois da guerra entre os dois povos... More

Ampulheta
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15

Capítulo 10

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By Bia140

As ruas de Désnor estavam lotadas os vendedores gritavam a torto e a direita sobre seus produtos, haviam acabado de entrar no inverno, mesmo assim o sol ainda brilhava forte trazendo consigo um calor quase insuportável.
O general Matthias da guarda imperial de Désnor, andava tranquilamente pelas ruas da grande cidade e por onde andava as pessoas o olhavam com respeito e admiração.
Ele andou até um dos restaurantes mais sofísticados da cidade, se sentou em uma das mesas do lado de fora, logo ele foi atendido então fez o seu pedido para o garçom e esperou, foi quando sentiu alguém tocar seu ombro.

- Com licença, senhor - uma garota morena escura, maltrapilha, com os cabelos cacheados desgrenhados e olhos vermelhos o chamou, devia ser só mais uma criança mendiga pedindo esmola.

- Eu não tenho dinheiro garota, vá embora - disse indiferente e logo desviando o olhar.

- Não é isso senhor - a menina estende um envelope para ele - um homem me pediu para lhe entregar isto.

O general olhou para o envelope, estava gravado a cera com o desenho de um feneco que ele logo reconheceu, Matthias arranca o envelope das mãos da menina e o abre rapidamente e lê o conteúdo que tem dentro.

-Quem lhe entregou isso? - ele olha de modo sério para a menina.

-Um homem encapuzado, não consegui ver muito bem o rosto dele, mas ele me deu cinco nors para lhe entregar a carta.

- Você realmente não lembra de mais nenhuma característica dele? - o general olha bem para a garota e espera que seu corpo a entregue.

A menina olha para a esquerda rapidamente e ele nota um leve repuchar de lábios. Aí está.
- O que mais você se lembra dele?

A garota olha para os lados e depois para o general e se aproxíma do ouvido dele como se fosse lhe contar um segredo.

- Bom...- ela começa - O que eu ganho se lhe der essa informção?

Um sorriso brota no rosto da garota enquanto olha para o general esperando uma resposta. Matthias a olha incrédulo, como essa pirralha ousa tentar barganhar com ele, quem ela pensa que é para lhe exigir algo entroca da informação!

-Escute aqui sua pirralha - sua voz fica perigosamente mais baixa e ele agarra o braço dela e a puxa para perto-, você por acaso sabe quem eu sou?

Seus olhos vermelhos como rubis demonstravam medo e o general ficou satífeito ao perceber como o corpo dela ficou tenso, intimidar as pessoas sempre foi de seus dons e as crianças são ainda mais fáceis de amedrontar. Por um tempo a menina ficou em silêncio e sua respiração estava acelerada e suas mãos tremiam quando voltou a falar.

-A-Acho que o senhor não agrediria uma criança em público, não é? - eles olham em volta e percebem que algumas pessoas os estavam observando e cochichando umas com as outras sem desviar o olhar - Eu só quero um pouco de comida, por favor eu não como há dias.

A menina implora e o general acaba cedendo, ele pega um saco de moedas que estava preso ao seu cinto e retira dez nors de dentro do saco e o guarda de volta.

-Eu te darei dez nors por todas as informações que você puder me dar sobre o homem. - os olhos da menina pareceram brilhar diante da oferta o general sabia que tinha conseguido.

-Ele estava coberto por um capuz, mas eu pude ver seus olhos, eles eram azuis e tinha três linhas de cicatrizes em um olho como se fosse feitas por algum animal.

-Hmmm mais alguma coisa? - o general brinca com uma das moedas entre os dedos.

- Ele usava roupas roxas e pretas com o mesmo símbolo da carta e tinha duas espadas grandes nas costas, isso é tudo que eu lembro - ela olha para as moedas com desejo.

-Muito bem, pegue e vá embora - ele empurra as moedas para a menina que junta todas de uma vez só e saí correndo.

O general a observa sumir entre a multidão e então suspira. O garçom volta com o seu pedido, porém não estava com muita fome agora. Acabara de receber informções valiozas, tanto sobre o seu informante quanto sobre a gangue de mercenários dos quais estava atrás há muito tempo.

A garota enfiou as moedas em um bolço qualquer dos trapos que usava e correu para longe do aglomerado de gente, ela correu até um beco sem saída e removeu a tampa do boeiro e desceu a escada até lá em baixo. O esgoto cheirava a merda de todos os tipos de animais possíveis, Zahara odiava passar pelos túneis de esgoto, mas era a forma mais rápida de ir de um ponto a outro sem ser visto.
Pegou a sacola que havia deixado ali mais cedo e retirou suas roupas de dentro dela, ficou alíviada por finalmente poder trocar aqueles trapos por suas roupas normais feitas de seda e escamas de malacatifas - cobras gigantes com cujas as escamas são duras e resistentes - o que as tornavam leves e sofisticadas e ao mesmo tempo resistentes e ótimas para batalhas. Retirou as moedas que ganhou junto com a carta verdadeira e a adaga que roubou do general quando ele estava ditraído. Juntou aqueles trapos horrorosos e os jogou na água.

-Até nunca mais seu monte de lixo - não ficou para observa-las sumindo na água.

Fazia três semanas que estava revezando com os amigos para vestir aqueles trapos finalmente poderia se livrar deles.
Passava um pouco do meio-dia e por causa do calor amarrou seu cabelo em um coque frouxo para alíviar um pouco o calor, até seu cabelo estava nojento, ela precisava urgentemente de um banho.
Passou pelas barracas de comida e não conseguiu resistir muito tempo, realmente estava com fome então comprou um saco de samosas de carne e em outra comprou um saco com quatro beignets cheios de açúcar.

Caminhou até a fonte no centro da cidade onde foi esculpida várias estátuas de dragões que ao invés de fogo jorravam água. Se sentou na beira da fonte e esperou por seus amigos.
De longe viu uma cabeleira rosa se aproximando e sorriu quando Esther - sua melhor amiga - se sentou ao seu lado na fonte.

- Você parece cansada - Zahara brinca.

- E você fede - Esther rebate e as duas riem, seu cabelo rosa claro estava trançado, seus olhos azuis-acinzentados pareciam cansados, sua pele clara estava um pouco vermelha devido ao tempo que passaram no Sol.

- Então descobriu quem é o cara? -Zahara estendeu o saco com samosas para Esther que aceitou na hora.

- Sim e eles estavam certos - deu uma enorme mordia no mini pastel -, era o Miles. - disse com a boca cheia - E você conseguiu a carta?

Zahara sorriu e estendeu a carta que escondeu em suas vestes, essa carta era igual a que tinha entregado ao general, tirando o fato de que essa continha a informções necessárias para invadir o quartel da gangue do Leão e a outra não.

- E com minha incrível atuação consegui uns trocados para comprar esses lanches e também consegui isso. - ela pega a adaga amarrada na sua cintura e mostra para Esther que arregala os olhos.

-Como você conseguiu isso? - Esther olha com admiração para a adaga com o cabo preto e dourado com entalhes de dragões e a lâmina de ferro ondulada, ela era linda e letal. Zahara a jogou no ar e a pegou com destreza.

- Quando eu fui entregar a carta ao general, ele queria que eu desse mais informações sobre quem me entregou a carta e eu do jeito que sou pensei que poderia ganhar alguma coisa com isso - Esther bufa uma risada e Zahara joga a adaga de novo e mais uma vez a pega - Enfim, ele tentou bancar o machão pra cima de mim e agarrou meu braço e me puxou para perto dele, foi aí que eu vi a adaga e pude jurar que ela estava implorando para que eu a pegasse.

Esther começou a ri e Zahara a acompanhou, somente ela para ousar roubar do general do maior exército do imperador.
As duas ficaram jogando conversa fora e comeram alguns beignets até que Lucas - o primo de Zahara - finalmente aparece.

-Finalmente encontrei vocês - ele estava suado e ofegante o que fez Zahara arquea as sombrancelhas.

-Onde você estava que demorou tanto? - sua prima pergunta.

-Eu me confundi - ele diz entre uma respiração e outra -, achei que íamos nos encontrar na fonte perto do palácio.

-Você correu do palácio até aqui - as duas caem na gargalhada enquanto Lucas recupera o fôlego.
Suor escorria de seu cabelo cacheado, ele era como uma versão masculina de Zahara, tinham o mesmo tom de pele escura, os mesmos cabelos cacheados, até o mesmo nariz de batata e se não fosse por seus olhos laranjas, poderiam dizer que eles eram gêmeos.

-Toma isso vai te ajudar - Zahara estende para ele o saco de samosas para ele que assim como Esther, aceitou na hora e devorou o salgado em uma mordida.

-Então conseguiu limpar tudo sem deixar rastros? -Esther pergunta abaixando a voz, mas mantendo o tom sério.

- Não se preocupem, limpei o esconderijo e devolvi todos os documentos que pegamos, ninguém vai saber o que fizemos.

Isso deixa as meninas alíviadas, foram três semanas até conseguirem por as mãos na carta e não podiam estragar tudo agora que finalmente concluíram seus objetivos.

- Angelo deve chegar a qualquer momento para nos levar para casa, todos estão prontos? -Zahara precisa confirmar.

Os dois confirmam com a cabeça e esperam Angelo chegar para finalmente levá-los para casa. Perto do por do sol, os três já haviam comido todos os lanches que Zahara comprou e estavam entediados quando Lucas vê uma figura alta indo até eles, os três institivamente levam as mãos para o cabo de suas adagas então percebem que quem se aproxímava era o primo mais velho de Zahara e irmão de Lucas, Angelo.

-Olha só os meus três pirralhos favoritos prontos para me atacar a qualquer momento - ele sorri para os três que largam os cabos das adagas na mesma hora - Então prontos para irem embora ou ainda vão ficar mais um dia? - Angelo era como uma versão adulta de Lucas, mas seu cabelo comprido estava amarrado e seus olhos eram vermelhos como os de Zahara.

- Vamos embora, por favor, eu preciso de um banho - Zahara diz de forma dramática e todo riem.

- Vamos para casa então.

Angelo faz um gesto para as crianças o seguirem e elas o fazem, mas uma comoção chama a atenção deles e os quatro olham para o motivo de toda a confuzão.
Os guardas imperiais começaram a montar um palco com uma forca e um nó se forma na garganta de Zahara.

-O que está acontecendo? - Angelo quis saber.

- Estão falando disso há dois dias - explica Esther -, um homem foi preso por roubo e agora vão enforcá-lo.

Olhou para a corda balançando ao longe e derrepente não estava mais em Désnor e não estava mais quente, aquela era uma das noites mais frias do ano, ouvia os gritos e sons de metal contra metal do lado de fora de seu quarto então a porta é arrancada das dobradiças. Corra, corra, corra!

-Zahara! - Angelo gritou seu nome enquanto a sacudia, pela cara dele não devia ser a primeira vez que a chamava. Ela olhou fundo nos olhos vermelhos de seu primo que eram iguais aos seus - Você está bem?

Todos estão olhando para ela e Zahara levou menos de um segundo para se recompor.

-Estou. - ela forçou um sorriso que não chegou aos olhos - Vamos para casa - sua voz era fraca e quase suplicante.

Angelo assentiu e levou as três crianças para as fronteiras da cidade onde pagou ao homem que pediu para cuidar de seus cavalos e os quatro seguiram a estrada para o deserto, quando a noite caiu todos invocaram uma magia de fogo para guiar o caminho. As crianças contaram a Angelo tudo o que fizeram durante essas três semanas e apesar de também estar rindo com os outros e relatanto tudo com intusiasmo, Zahara não conseguia deixar de sentir aquele aperto no peito e a angústia que sentia desde que viu a forca.

Depois de um longo tempo eles chegaram A Cova dos Leões e esperaram até os portões serem abertos, os guardas os receberam com alegria e Zahara sentiu que finalmente podia respirar direito, mas essa era só a entrada, queria sentir o conforto da sua casa.
Quem olhasse para aquele lugar iria se impressionar com a fortaleza, os muros tinham mais de dez metros de altura com oito torres de vigia, o espaço por dentro era tão grande que continha estábulos, um local de arquearia e para lutas com espadas ou corpo a corpo e uma horta enorme, mas o mais impressionante era a torre no centro de tudo isso capaz de abrigar mais de trezentas pessoas só nos primeiros cindo andares, mas normalmente só os guardas e os que tinham que fazer uma viajem rápida dormiam nos primeiros andares.
Eles adrentraram na fortaleza, olhando para as escadarias em espriral no meio dela as escada sobem cinco andares para cima, mas a verdadeira obra prima estava mais abaixo, vinte andares para baixo.
A fortaleza abrigava entorno de seis mil pessoas, todos sendo mercenários, ladrões e assassinos, mas também era o lugar que Zahara aprendeu a chamar de lar.
Desceram as escadas e logo no primeiro andar receberam as boas vindas de todos inclusive do próprio líder dos mercenários seu avô, Cassius, que estava esperando por eles ao pé da escada, ele olhava para as crianças de forma séria.

-E então? - sua voz era rouca e áspera.

-A missão foi concluída, senhor, acreditamos que descobrimos quem era o informante - Zahara entrega a carta roubada ao líder.

- A suas suspeitas estavam certas senhor, Miles era o traídor - completa Esther.

Cassius abriu a carta e leu o conteúdo então começou a rir alto, o que deixou a maioria das pessoas ao redor confusas. Ele ergueu o olhar para as crianças a sua frente e os três ajeitaram a postura, mas estavam tensos, será que fizeram alguma coisa errada?

-Eu sabia que vocês iam conseguir - ele sorri para as crianças que automaticamente se sentem mais leves - Avisem aos outros líderes que descobrimos o traídor e tratem de encontrar Miles Carven e traze-lo até aqui para ser interrogado.

Cassius gritava as ordens para seus subordinados e a forma como ele pronunciou a última palavra, quase fez Zahara sentir pena de Miles que era para ser apenas um menssageiro, mas decidiu ir por um caminho perigoso, sabia muito bem como eram os interrogatórios na Cova dos Leões. Mesmo tendo uma idade avançada seu avô ainda era um líder respeitado e forte e podia ser muito intimidador quando queria.

- Os três, vão se limpar agora - seu avô se vira para a multidão atrás dele -E vocês façam o que eu mandei e se conseguirem trazer Miles até mim - ele sorri -, abriremos quantos barris de cerveja tivermos e daremos uma grande festa com dois dias de folga para curar a ressaca.

Isso faz o povo se animar e gritar com expectativa, não demorou muito quando três grupos com dez pessoas cada, saírem da fortaleza em busca de Miles o homem em si não era uma grande ameaça, mas se tem uma coisa que Cassius ensinou a seus netos é nunca subestimar alguém.
Todos foram para suas devidas "tocas", era como chamavam o que deveriam ser suas casas. Por serem netos do líder Angelo, Lucas e Zahara obviamente moravam na maior delas, Zahara entrou na toca e foi direto para seu quarto onde também tinha um banheiro particular assim como todos os outros quartos.

Não falou muito desde que chegaram ao covil e apenas deu um abraço em sua tia quando a mesma foi recebe-los antes de se esconder em seu quarto, se esconder, era exatamente isso o que estava fazendo.
Ver aquele palco de enforcamento e a corda da forca mexeu mais com ela do que gostaria de admitir, claro que conhecia objetos de tortura e morte piores que a forca - seu avô ensinou pessoalmente a ela e aos seus primos a forma correta de torturar alguém -, mas de alguma forma nunca conseguiu superar a forca, sabia que se contassem a sua família ou até mesmo a Esther eles iriam entender e a ajudariam no que precisasse, mas estavam todos tão feliz por finalmente terem completado a missão e Zahara se recusava a estragar essa alegria, podia suportar isso não seria a primeira vez, era só enfiar tudo nos cantos mais afastados de sua mente onde ela fazia questão de guardar qualquer sentimento ou pensamento inoportuno.

Após o banho estava terminando de finalizar seu cabelo, como sentia falta de seus cachos perfeitos e sedosos, mas então sentiu uma dor de cabeça e se agarrou na penteadeira e teve apenas um breve vislumbre de suas pupílas girando em espirais até preencherem seus olhos por completo então não estava mais em seu quarto, a penteadeira havia sumido até mesmo seu corpo parecia ter sumido e restava apenas a sua consciência.
Viu os portões da fortaleza serem abertos e um homem montado em um cavalo adentrando pelo portão principal junto de um menino que cavalgava ao seu lado, seu avô parecia estar conversando com o homem e o garoto que devia ter a mesma idade que Zahara e tinha uma cara emburrada como se não quisesse estar ali, Zahara e seus amigos os obervavam de longe enquanto treinavam, então a imagem mudou e dessa vez estava em um lugar que não conhecia, só havia o sol de rachar e areia para todo lado, então viu uma árvore mais ao longe e suas folhas pareciam brilhar feito ouro, viu alguém saindo de trás da árvore, mas antes que pudesse ver quem era, foi puxada de volta para seu quarto.

Levou alguns segundos para Zahara se recompor, fechou os olhos e massageou as têmporas. Odiava quando tinha visões, elas sempre vinham acompanhadas de dores de cabeça antes e depois de começarem.

-Que merda - xingou baixinho.

Sem se levantar, usou seus poderes para abrir a gaveta da cômoda e tirou um caderno de dentro da primeira gaveta e o fez ir até ela junto com seu lápis, abriu o caderno em uma página em branco e anotou tudo o que vira em sua visão assim como seu pai lhe ensinou a fazer.
Suas visões começaram aos cinco anos de idade e desde então não pararam mais, não tinham uma ordem certa para aparecerem podiam acontecer a qualquer momento, nos seus sonhos, enquanto treinava, enquanto cozinhava, no banho, etc...

Últimamente suas visões tem diminuído a uma vez por mês ou uma vez por semana, mas ainda eram aleatórias e Zahara fazia de tudo para aprender a controlá-las assim como as videntes de Gresom faziam.
Terminou suas anotações e guardou o caderno e ignorou o que quer que sua visão pudesse significar, não estava com paciência para lidar com isso também.

Terminou de se arrumar e saiu do quarto e acabou encontrando sua tia Marisol arrumando as roupas de Lucas enquanto o mesmo não parava de reclamar.

-Mãe chega, eu tô bem assim - Lucas reclamou, mas sua mãe continuou desamassando as roupas dele.

-Você passou muito tempo longe o mínimo que eu posso fazer é pelo menos deixar você bonito para a festa - ela disse no tom que Zahara sabia que significava que seu primo não tinha escolha -Pronto, agora sim você está perfeito - Marisol sorriu satísfeita, Lucas revirou os olhos e Zahara não conseguiu segurar o riso e acabou chamando a atenção deles para si.

-Finalmente, achei que você tinha morrido naquele quarto - brincou Lucas.

-Se você soubesse o estado do meu cabelo, você entenderia - rebateu.

- Mas você está linda meu bem - sua tia deu beijo em sua bochecha - bom que os dois estão prontos, por quê a festa já vai começar.

Reparou nas vestes de sua tia, ela usava um vestiso azul brilhante que de alguma forma combinava com seu cabelo cacheado roxo, seus olhos vermelhos não combinavam em nada com a roupa ou o cabelo, mas Zahara sabia como era difícil achar algo que combinasse.

- Eles já pegaram o Miles? - questiou Zahara, surpresa.

-Ainda não voltaram com ele, seu avô só quer comemorar o retorno dos netos - Marisol revira os olhos -, sabe como ele adora uma bebida e qualquer coisa é motivo de festa para ele.

Era verdade, se tinha uma coisa que Zahara sabia sobre seu avô era que ele sabia dar uma boa festa com muita bebida e foi exatamente isso que fizeram. Cassius não perdeu tempo, mandou que preparassem uma festa para comemorar o retorno de seus netos e o sucesso do plano deles, Zahara se surpreendeu em como já tinham quase tudo pronto, acreditava que quando se tinha muitas pessoas trabalhando juntas pelo mesmo motivo tudo acontecia bem mais rápido.
A comemoração seria do lado de fora do covil e assim que ficou tudo pronto as pessoas começaram a subir, tanto adultos quanto crianças corriam apressados para comemorar e festejar.

Quando já estavam todos reunidos seu avô propos um brinde aos seus netos e a amiga deles, Esther, por terem feito um trabalho perfeito e que eles eram o trio mais próspero dele. Todos brindaram e gritaram vivas para as crianças, Zahara gostava de toda a alegria que rondava pela fortaleza sempre gostou de festas e se entrozar com os outros, mas naquele momento não se sentia muito a vontade no meio de tanta gente. Assim que teve a chance ela se afastou aos poucos da multidão e voltou para dentro do prédio e subiu as escadas até o telhado e lá ficou, gostava desses momento em que conseguia ficar sozinha para por os pensamentos em ordem e apesar de ainda conseguir ouvir claramente a festa lá em baixo, aquele era o lugar mais pacífico de toda a fortaleza. Se sentou em uma das cadeiras do telhado e ficou admirando as estrelas enquanto invocava os grãos de areia espalhados pelo telhado e criava formas com eles.

-Sabia que iria encontrar você aqui - viu de relance Esther indo na sua direção e se sentando na cadeira ao lado.

-Cansou da festa? - Zahara voltou seu olhar para as estrelas.

- Se eu ouvir mais um brinde do seu avô, eu vou enlouquecer. -essa frase arrancou uma risada sincera de Zahara e Esther acabou rindo também- Mas então, por que você resolveu se esconder?

Zahara deu de ombros.

-Eu não estou muito no clima de festas agora.

- Isso é por causa do que vimos na cidade? - Esther diz com cautela, ela sabe como esse assunto é difícil para Zahara.

Um arrepio percorre a espinha de Zahara, era difícil esconder as coisas de sua amiga ou talvez ela fosse mais transprarente do que pensava.
Obvio que ainda estava incomodada com o que vira, mas preferiu não tocar nesse assunto.

- Eu tive uma visão agora a pouco - uma tentativa nada sutíl para mudar de assunto, só torcia para Esther cair.

- E o que você viu dessa vez? - sabia como alguns assuntos eram complicados para Zahara e se ela não queria conversar sobre isso agora, Esther não iria insistir.

- Eu vi meu avô recebendo um homem com uma criança nos portões, ambos estavam a cavalo e eu, você e o Lucas estávamos treinando - Zahara relatou tudo o que lembrava da visão -, acho que vamos receber visitantes em breve.

- Talvez sejam novos recrutas ou pessoas tentando a sorte em outro lugar - teorizou Esther.

- Talvez, mas pela cara do garoto ele não parecia muito feliz - voltou seu olhar para as estrelas de novo, mas então se lembrou da outra parte da visão - Ah eu também vi mais uma coisa.

- O que?

- Não sei dizer muito bem, mas basicamente, eu estava no meio do deserto, com um sol de rachar quando derrepente eu vejo um ávore bem longe - explica Zahara também tentando entender a visão.

- Uma árvore no meio do deserto? -questiona Esther sem entender também.

- Exatamente - continua Zahara - e do nada uma pessoa sai de trás da árvore, mas antes que eu conseguisse ver quem era a visão acabou.- as duas ficaram pensativas por um tempo.

- Talvez seja algum tipo de enigma, soube que muitos videntes tem isso ao invés de vizões clara. - propõe Esther.

- Pode ser, mas não parecia nada enigmático, na verdade parecia bem real.

-Acho que você devia contar para o seu avô, pelo menos sobre as suas visões - Esther tenta convencer Zahara mesmo sabendo que ela não gosta da ideia.

- Para ele me usar como uma ferramenta a seu favor - Zahara diz com um pouco de raiva na voz-, não obrigado e antes que você diga alguma coisa, sim, meu avô seria capaz disso não importa se sou da família ou não.

Amava seu avô de todo o coração, mas sabia que quando ele tinha um objetivo nada podia impedí-lo e ter uma vidente ao seu lado seria ótimo para saber qual a coisa certa a se fazer para conseguir o que quer.
Zahara podia amar seu avô, mas se recusava a ser usada como um objeto pelas outras pessoas, por isso ninguém além de Esther sabia sobre seu poder.

- Então tá. - Esther não tentou mais argumentar e Zahara agradeceu internamente por isso - Entãaao, o garoto na sua visão era bonito? - Esther deu um sorriso maroto e levantou as sombrancelhas sujestivamente.

- Por Zara, Esther é sério isso? - Zahara riu, mas suas bochechas ficaram um pouco coradas.

-O que? Perguntar não ofende - ela também acaba rindo.

As duas conversaram por um longo tempo antes de voltarem para a festa, ficaram lá em cima por tanto tempo que perderam a chegada dos outros grupos com Miles, que de acordo com Lucas, estava com a cara arrebentada de todo ensanguentado. Ele foi levado diretamente para os fundos do covil onde ficavam as salas de interrogatório.

Zahara sabia que agora com a captura de Miles a festa duraria até o por do sol do dia seguinte, por isso resolveu voltar para sua toca e se preparar para dormir, tinha muitos dias de sono acumulado então foi fácil acabar dormindo.

☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️☀️

Aqui eu me arrisquei e tentei apresentar uma personagem diferente que vai ter muita importância na história.

Então o que vocês acharam desse e da nova personagem, Zahara?

Qualquer coisa deixem nos comentários ideias, teorias ou sugestões.

Até o próximo capítulo bruxinhos.

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