O que existe entre nós ⚣ [Co...

Od AS_autora

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Levi, um rapaz que retorna à sua cidade natal, Roots, após anos de ausência. Ele está de volta não por saudad... Více

BEM-VINDO
SINOPSE
SUMÁRIO
CARTA
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CHAP - 26
CHAP - 27
CHAP - 28
CHAP - 29
OEN, CONTINUA...

CHAP - 11

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Od AS_autora

Capítulo 11

COMEÇANDO A PENSAR EM ESCOLHAS

A voz ecoava um tanto distante e pelo escuro, via muito pouco do rosto, entretanto, pelos contornos, dava para perceber que era uma figura masculina um pouco mais alta que eu. Os passos vão avançando em minha direção, até finalmente conseguir ter a visão dos traços finos, a barba rala, a expressão séria e os lábios em linha. Com a aproximação, o reconheço, não era exatamente a pessoa que esperava encontrar aqui, mas pelo menos não estava mais sozinho e tinha a possibilidade de voltar para casa.

- Que sorte encontrá-lo, senhor David - digo indo em sua direção - Eu estou completamente sozinho e sem sinal de telefone, digo mostrando o aparelho.

- O que está fazendo aqui? - A postura se mantinha muito séria, ereta, mãos no bolso. Os passos avançam na minha direção na chuva, até eu conseguir ver sua expressão nitidamente,  ele estava irritado.

- Estava apenas conhecendo a livraria

— Mentiroso, mas eu avisei a você,  acho que eu poderia ter me considerado seu colega, só pelas ordens que lhe dei — Um sorriso apático se abre em seu rosto. As gotas frias, já molhavam meu corpo por completo e fazia meus músculos tremerem.

— Tudo bem David, boa noite — Me viro, o ignorando , até ouvir o som de gatilho e quando me volto para ele novamente,  vejo a arma apontada para mim.

— Acho que assim, você vai ser mais honesto,  não é?

— Calma… David , abaixe isso — levando as duas mãos em rendição — Você não está pensando direito.

— Acabou aqui para você… Você e ele vão pagar por tudo que fazem conosco — David sorri e seu rosto parecia uma mistura de alegria com delírio. Os olhos tão escuros não me largavam por um segundo  assim como a arma se mantinha firme apontada para mim.

— VOCÊS VÃO PAGAR!! EU PERDI TUDO! E VOCÊS VÃO PAGAR!

Se eu não fizesse algo eu iria morrer ali mesmo, claramente David tinha perdido a sanidade e não tinha como discutir com alguém assim. Começo a me assustar e dar passos para trás. Minhas mãos tremiam e quanto mais eu pensava, menos saídas eu via.

— David… por favor… Me escute

— Está com medo? É o que sentimos todos os dias, sendo fracos e vulneráveis — Seus passos chegam até mim e sinto o cano gelado tocar minha testa — Você não sabe, o que é ser humano — As mãos grossas puxam meu cabelo com força e em um golpe rápido levo um soco na boca do estômago. 

Meu corpo pesa e encontra o chão molhado. Meus cabelos colavam no rosto pela água da chuva e aos poucos senti meus músculos reagirem. Estavam quentes, ansiosos… Queriam vingança,  eu podia sentir em cada centímetro da minha pele. Um sentimento forte, irritado,  orgulhoso,  que enchia meu peito.

— Levanta , seu merdinha! — O chute vem na direção do meu rosto, mas seguro seu tornozelo, antes que ele me atingisse — Agora… está sendo honesto — A voz do David agora parecia mais dócil e preocupada, enquanto meus olhos continuavam a lhe encarar com fúria.

— Me mate, antes que eu mate você — Afirmei. 

— Com prazer — Ele se solta da minha mão que segurava seu tornozelo e saca a arma mais uma vez , mas que David apertasse o gatilho, agarrei seu corpo pelo pescoço e o lançei contra a parede com facilidade.

O beco era escuro, só havia nós dois, naquele lugar abandonado. Eu não conseguia me reconhecer.  Cada gesto, cada movimento,  não parecia comigo. Ainda assim, sabia o que fazer , como fazer e o que queria fazer e só em pensar nisso, sentia o medo me atingir. O pior era que pela primeira  vez, estava com medo de mim mesmo. Eu não conseguia me parar.  David se levanta desengonçado,  se apoiando na parede. Sua boca estava suja de sangue, o impacto do que sofreu, o fazia tossir mais carmim. David mal conseguia se erguer. Parecia ter quebrado uma vértebra,  mas ainda assim, em uma luta perdida, que me faz abrir um sorriso curto,  ele aponta a arma para mim mais uma vez.

— Me mate antes que eu mate você — Digo mais uma vez e essa seria a última.

 Antes que eu pudesse tomar qualquer iniciativa a mais, escuto o disparo rápido ecoar. O cheiro de sangue e pólvora ganharam o ar, assim como segundos depois, o grito de dor de David reverbera, o fazendo cair de joelhos à minha frente.

- Saia de perto dele - Diz Dylan com a arma posta devidamente em mãos e vindo em nossa direção. 

Fico confuso com a cena, como se eu voltasse à realidade pouco a pouco. Os sentimentos tinham deixado meus pensamentos, assim como os estranhos desejos de morte. Restando apenas, uma lentidão de minha parte. Reações atrasadas e dificuldade de leitura do que estava acontecendo à minha frente. Meu corpo e vista simplesmente,  paralisaram.

- Você... atirou nele? - pergunto depois de um tempo e com o olhar preso ainda em David.

Será que Dylan me viu lançar David contra a parede? Será que ele me ouviu ameaçá-lo? A quanto tempo exatamente Dylan estava ali? E porque estava aqui? Minha mente começa a se encher de informações novamente, porém não sabia reagir a nada que estava à minha volta.

- Levi! - Dylan grita tentando me tirar do choque, mas eu não respondo, então sinto suas mãos envolverem meu braço e me tirar daquela "paralisia", me fazendo finalmente olhar para o seu rosto. Os fios tão pretos, estavam encharcados pela chuva, assim como suas roupas. Os olhos azuis eram a única coisa que chamava atenção no meio daquela escuridão.

- Vamos embora - diz ele, enquanto eu faço apenas "sim" com a cabeça.

- VOCÊS VÃO PAGAR! PRAGAS! MALDITOS!  — David grita em nossa direção , mas nao consigo fazer  nada além de me deixar ser levado pelo Dylan.

A chuva parecia não parar e minha pele ficava cada vez mais fria. O mustang estava mal estacionado, há poucos metros à frente. Pela posição, parecia que o Dylan sabia para onde vinha e veio em muita velocidade para chegar daquela forma. Podia notar as marcas leves dos pneus no asfalto molhado.

- Como chegou até aqui? - pergunto abrindo a porta do carro rapidamente e entrando junto com ele, para finalmente sairmos dali.

- Coloque o cinto de segurança, a viagem vai ser longa - diz Dylan dando a partida e iniciando o trajeto pela pista que parecia longa e escura demais.

- É estranho você me pedir isso, normalmente você apenas acelera e dá ordens - digo fazendo exatamente o que ele me pede e olhando uma última vez para trás, mas a única coisa que eu via era um vidro embaçado e os contornos de David, que se levantava devagar e era engolido pouco a pouco pela distância e escuridão.

- Me diga seu endereço, vou te levar para casa — Dylan me ignora e muda de assunto.

Não insisto,  nem discuto, queria apenas ir para casa. Coloco no GPS, para que pudéssemos seguir o caminho, mas estava quase impossível. A voz robótica pediu tantas vezes para desviarmos e pegarmos atalhos, que parecia que nunca chegaríamos e a chuva se mantinha forte, assim como meu corpo que parecia cada vez mais congelado. O tecido da minha blusa arrepiava minha pele e minha jaqueta não me protegia mais.

A chuva piorou muito durante o caminho. Tivemos que parar por segurança. A pista era uma rodovia vazia e molhada,  não estávamos conseguindo ver um palmo à nossa frente, mesmo com faróis ligados. Dylan preferiu não arriscar um acidente Decidiu estacionar em um acostamento, nos colocamos a esperar um pouco. Ficamos em um silêncio nada confortável, a única coisa que ecoava era o som da água da chuva contra o teto do carro e o vai e vem do para-brisa. Para mim, era pior coisa que poderia acontecer, depois que a adrenalina passou e a voz do GPS tinha se calado, só me restavam questionamentos, sobre mim e sobre o David. Me encolho próximo a porta do carro e tento fechar os olhos, talvez esquecer o que aconteceu, talvez mentir para mim e acreditar que foi tudo um sonho e que sou uma pessoa normal como qualquer outra, que não lancei um homem contra uma parede apenas por vontade, que não desejei fazer as piores coisas com ele... que eu não sou uma aberração.

- Ele chegou a lhe machucar? - A pergunta surge repentinamente, o que me pega um pouco de surpresa, me fazendo abrir os olhos lentamente. Ninguém deveria me fazer essa pergunta, para mim, não faz sentido.

- Não. Eu estou bem - respondi me virando e tendo a vista de Dylan, olhando a janela como se procurasse qualquer pausa da chuva, com os braços cruzados e os cabelos negros completamente molhados - Como sabia que eu estava ali?

- Estava passando e vi o carro do David e fui olhar o que estava acontecendo - ele inclina levemente o banco dele para trás e relaxa um pouco ali, se deitando - Acho que vamos demorar aqui.

- Pelas marcas no chão, pela forma que o carro estava estacionado, não parecia que você simplesmente estava de passagem - Insisto - E quem sairia de casa com uma chuva como essa?

- Vai dormir Levi, não pense demais - diz ele com os olhos fechados - Apenas agradeça.

- Obrigado por me salvar, mas está mentindo para mim - continuei.

Dylan era um enigma, que eu não conseguia decifrar. Era grosseiro, apático e tinha uma péssima reputação. O que me faz pensar, o porquê dele ainda estar atuando como policial, se seu nome estava relacionado a tudo que era ruim em Roots e ninguém confiava nele. Pelo menos, pelo o que eu sabia.

- Não acha estranho eu estar naquela livraria? 

- Não - responde ele simplista ainda com os olhos fechados.

- Não acha estranho o David estar na livraria?

- Não.

- Essas respostas me fazem confiar cada vez menos em você.

- Não pedi que confiasse em mim. Vai dormir - ele se coloca de lado, de costas para mim, cortando minhas perguntas, mas não seria suficiente. Da mesma forma que David estava naquela livraria, porque o Dylan estava? Os dois poderiam ter o mesmo objetivo e por coincidência se encontraram, mas porque ele me salvaria? Para ter um álibi? 

- Já me disseram que algumas pessoas te julgam como um criminoso,  antiético — Comentei.

- Cuidado ao dormir com um criminoso, então - ele responde sem nenhuma grande reação e sem mover um músculo. Essa cena era familiar, quando nos conhecemos e o questionei, ele mesmo se julgou, será que ele era acusado tanto assim, que  não se importa mais? 

- Não pode fazer nada comigo - digo com firmeza - Não tenho medo de você.

- Está chovendo, seu telefone está sem sinal e ninguém sabe onde você está ou com quem você está. Será que não são motivos suficientes para você ficar mais atento a sua companhia?

- Se quisesse fazer algo comigo, já teria feito, como você disse estamos em uma situação perfeita - respondo prontamente, sem me deixar abater por suas palavras.

- Criminosos gostam da sensação de caça.

Algo me fazia discordar, talvez loucura, talvez eu não esteja  querendo ver o que está à minha frente, como uma proteção psicológica para não me sentir tão assustado com a situação, mas ainda assim. Era estranho um policial com uma reputação ruim, que ainda está na polícia e veio me buscar no meio de um temporal e ainda está em um carro comigo, quase dormindo. Sem falar que quando fui ao hospital encontrar Anna, ele me orientou a sair do caso e ainda me levou até o Peter. Em meio a tantas grosserias, rebeldias, sarcasmos e apatia, Dylan parecia também se importar... Ou estou sofrendo síndrome de Estocolmo em menos de 24h.

- Acha que a chuva vai parar em algum momento? - mudo de assunto, esfrego minhas mãos e começo a espirrar.

- Acredito que vai demorar bastante - Dylan começa a tirar a jaqueta e coloca por cima dos meus ombros - Isso pode ajudar. A sua roupa já está toda molhada. Isso pode te aquecer.

- Que criminoso, hien? - Afirmei com ironia e abrindo sorriso, mas um espirro corta o breve momento.

- Conheço um motel aqui por perto, se eu não estiver enganado -- diz ele olhando fixo para mim e colocando a mão em minha teste, como se quisesse ver se eu estava com febre.

- Motel? - estranho e ergo a sobrancelha.

- O que foi? Não quer experimentar o sexo de um criminoso? - ele sorri malicioso, mostrando as covinhas nas bochechas 

— Zero interesse em você— Respondi e ele ri.

- Relaxe, é só um lugar para você se aquecer e trocar suas roupas. Desse jeito vai pegar um resfriado - diz ele se ajustando ao banco e dando partida no carro olhando o tempo pela janela.

- Obrigado… 

Agradeci cedo demais, o motel era o pior que eu poderia imaginar, mas pelo menos poderia ter algo para me esquentar. Prefiro não pensar em como Dylan conhece um local como aquele, em uma beira de estrada. As paredes estavam desgastadas e tinham rachaduras. A placa de entrada estava com o "O, E e L" piscando. Parecia um cenário de terror. Saímos do carro correndo para chegar à recepção. Passamos pela porta e o espaço era bem pequeno. Um balcão a nossa frente, duas cadeiras quebradas a direita e uma mesinha com algumas revistas playboy empilhadas. 

Tiro um pouco de excesso de água da minha roupa, se é que era possível e sigo logo atrás do Dylan  até pararmos em frente a uma moça de cabelo azul e verde, mascando chiclete. As tatuagens preenchiam o braço e pescoço, em uma variação de caveiras e flores. Os olhos claros eram delineados por lápis preto, em uma maquiagem carregada e os lábios tinham um tom vinho. Ela parecia seus vinte três anos e não parecia estar com vontade alguma de estar ali, o que era compreensível.

- Dois quartos - diz Dylan simplista e direto.

— Boa  noite — Abro um sorriso simpático e cumprimento a garota que nos atenderia,

— Uma donzela, dessa vez? — Ela ri na minha direção e me observa da cabeça aos pés e naquele segundo,  desejei estar congelando dentro de um Mustang, a ser considerado uma transa casual do Dylan.

— Não se preocupe, agora só existe você  — Dylan brinca, abrindo um sorriso descarado e me fazendo revirar os olhos.

— Acho melhor você ficar calado

— Eu disse que te traria para um Motel, você concordou.

— Concordei e acho que estava louco, quando confiei em você para isso — Puxei sua blusa e sussurro ao seu ouvido raivoso.

— Pensei que ia esperar até chegar no quarto para me pegar assim — Dylan sorri malicioso e meu rosto queima de tanta vergonha. Me afasto e tento disfarçar,  enquanto a recepcionista procurava os quartos no computador.

- Casal ternura - a garota nos chama finalmente - Só temos um quarto. Por causa da chuva estamos bem lotados hoje — Diz ela mascando o chiclete.

— Certeza? — vou até o balcão para tentar alguma mínima chance de mudança de planos — Não estava afim de cometer um homicídio hoje.

— Gosto de morrer de amor em suas mãos, benzinho — Dylan provoca mais uma vez e eu o fuzilo com os olhos.

— 24 — A garota me entrega uma chave com o número do quarto em um chaveiro de coração desbotado.

— Você dorme no chão — Aviso ao Dylan, enquanto passo por ele e vou em direção às escadas que davam para o primeiro andar. A cada passo um rangido, o que me faz pensar eu poderia estar em casa,  comendo lasanha quentinha com minha mãe, vendo um bom filme em uma noite de chuva, mas estou simplesmente em uma noite assustadora, após ler livros sobre demônios e mortos, enquanto uma tempestade cai lá fora e meu único abrigo é um motel, que sem dúvida foi a cena de um crime.

- Não parece tão ruim - Diz Dylan ao ver o quarto, assim que abro a  porta.

O quarto era pequeno e bem simples. O esperado. Tinha uma cama casal no meio, com um lençol bem vermelho e chamativo, uma janela que estava meio aberta e molhando uma parte do chão e um banheiro sem porta.

- Como você traz alguém para esse lugar? - pergunto indo em direção a janela e tentando fechá-la, mas aparentemente estava emperrada.

- Não sabia? São os melhores lugares para desmembrar os corpos e esconder - ele responde, me afastando levemente e conseguindo fechar a janela, impedindo que a chuva molhasse ainda mais o quarto.

- Não se importa mesmo com essa fama, não é?- questionei, virando  para ele e me escorando na janela. Dylan solta apenas um suspiro, com os olhos claros presos no vidro atrás de mim, onde corria as gotículas da chuva que se fazia lá fora. 

- Apenas pense o que quiser, não me importo. 

- Quero pensar a verdade. Você é meu parceiro, quero confiar em você. 

- Não somos mais, lembra? Você não está mais no caso — Diz ele tirando as botas e se sentando na cama.

— … Eu não parei de investigar — Volto o olhar para a janela.

— Peter não conseguiu mandar em você? 

— Ele entende o que eu preciso fazer…

— Claro — Dylan responde, se aproxima de mim e nossos olhos se prendem por alguns segundos. Precisei apenas disso para me sentir perdido no azul das de suas iris. 

— O que foi?

— Se eu disser que deveria parar de se envolver… — Ele levanta meu queixo e sinto um leve choque com seu toque — Vai fazer diferença?

— Não… — Desvio o olhar e me afasto devagar.

— Escolhas.

— Vou tomar banho… — Digo baixo e saio em direção ao banheiro.

Entro e me escoro na parede, já que portas não tinha. Tiro as minhas roupas úmidas e vou para o chuveiro. A água estava bem quente, era um alívio sentir aquela temperatura. Fecho os olhos e vou me banhando. Escolhas… Essa palavra nunca passou pela minha cabeça. Peter nunca foi isso. Ele sempre foi minha certeza. Estar com ele era recuperar minhas forças,  era acreditar no impossível. Não existe escolha, mas eu não entendo que conexão o Dylan e o Peter podem ter. São completos opostos, não apenas isso, havia rancor nos dois,

Pego a toalha, me enxugo e ainda fico um tanto alheio em meus pensamentos, até sair do quarto e ver as luzes todas apagadas, tendo somente a iluminação da janela. Estranho o cenário e vou caminhando devagar pelo quarto.

- Dylan? 

- Boo! - ele me assusta, falando próximo às minhas costas, e dou um pulo juntamente com o reflexo de uma tentativa de um tapa em seu ombro, mas ele segura meu pulso antes que eu o fizesse - Você realmente é um medroso. A luz do quarto queimou.

- Que ótimo - respondo me soltando dele e reparando que o mesmo estava sem camisa, dando para notar apenas com a fraca luz, os contornos dos músculos do seu abdômen, eram bem bonitos, mas interrompo rápido o pensamento - O .. o.. o…banheiro está livre, pode ficar à vontade.

- Ok. Eu ia ligar a lareira - diz ele olhando em direção a ela. 

- Pode deixar, eu ligo - respondo.

Meu corpo parecia relaxar, depois do banho. A adrenalina tinha me deixado, parecia que cada um dos meus músculos gritavam por descanso e era uma sensação agradável. Ligo a lareira e a chama  alaranjada e quente ganha o quarto. Por um momento lembro da minha mãe, ela deve estar muito preocupada. Quanto mais olhava para o fogo, mais pensativo eu ficava, até que escuto duas batidas na porta, procuro minha blusa para me cobrir e vou atender.

- Tenho uns moletons, pode ajudar com o frio dessa noite - encontro a recepcionista do outro lado da porta com algumas roupas dobradas nos braços. O que seria ótimo,  assim a roupa poderia secar e não ficávamos sem  nada para vestir.

- Muito obrigado - pego os moletons com simpatia  - Ah! E vocês por acaso tem telefone? Queria falar com uma pessoa e meu celular está sem sinal.

- Temos um fixo lá embaixo, pode usar — diz ela mascando o chiclete.

- Obrigado, só vou me trocar e desço - digo mantendo o sorriso.

- Ah e eu não quis dizer que você era mais uma transa - ela passa a mão no cabelo pintado em azul desbotado, como se estivesse sem jeito - Não queria atrapalhar a foda de vocês.

- Ah o que? - fico sem graça com o que ela diz com tanta naturalidade - Não moça, não temos esse tipo de relação. Você entendeu completamente errado.

- Ah! Então beleza, menos mal — Ela sorri aliviada — Só comentei mesmo porque achei incrível ele vir aqui com alguém, as outras vezes é sempre sozinho.

— Sozinho? E quantas vezes ele vem aqui?

— Toda semana esse cara ta por aqui, as vezes ate paga adiantado umas diárias — diz ela.

— Mas… porque? 

- Algum problema? - a voz do Dylan me pega de surpresa. Ele estava saindo do banheiro, quando me despeço da garota e fecho a porta, mas fiquei curioso, sobre as estadias do Dylan por aqui.

Mas minha curiosidade e perguntas se perdem, quando percebo Dylan vestindo apenas uma calça cintura baixa, enquanto secava os cabelos com a toalha, mostrando um físico, chamativo e invejável. A pele clara estava úmida pelo banho recém tomado. O peito era largo, os braços bem torneados. Por um segundo senti minha respiração pesar, em um suspiro discreto.





— Levi? — Ele me chama e saio dos meus devaneios.

- A recepcionista trouxe roupas secas - digo finalmente.

- Ótimo, vai nos ajudar - diz ele se aproximando e pegando um dos moletons que estava em minhas mãos - A lareira está muito quente?

- Am? Não, porque? - estranho sua pergunta.

- Seu rosto está um pouco vermelho

- Ah! É do banho, sou branco demais ai fica assim - respondo dando uma leve risada nervosa.

Pegamos os casacos para vestir e por um rápido momento, noto uma marca na costela do Dylan. Parecia uma queimadura, mas tinha formato. Não parecia um acidente e sim algo proposital, quase como uma tatuagem. Observo um pouco mais e parecia antigo, pois a pele já estava em cicatriz, deixando um relevo e uma leve diferença de cor com a epiderme.

- Parece doloroso - comento em voz alta e sinto os olhos de Dylan em mim um tanto raivosos. Ele veste o moletom rapidamente e cobre a marca com o tecido - Desculpe , não quis ser invasivo

- Boa noite - ele responde curto e se deita na cama. 

- Desculpe… eu vou fazer uma ligação para minha mãe e já volto - digo, mas ele não responde, pelo jeito mexi em algo sensível, preciso aprender a controlar minha boca.




NOTAS DO AUTOR:

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