A tormenta que havia em minha alma trazia-me uma sensação de caos
● Emma Slont ●
Quando algo é tirado a força de você , existe um vazio bem ao meio de sua alma , isso define na maioria das vezes quem você é ou como age nas horas necessárias.
Normalmente eu sabia o que estava fazendo entretanto nos últimos meses agia de forma incomum, como se algo me controlasse puxando-me para um conhecer um lado meu que repousava por um longo tempo.
Estava deitada na grande cama do apartamento olhando o celular tocar diversas vezes mostrando nomes diferentes na tela , definitivamente eu queria me livrar de todas elas ,nunca considerei o lado bom de estar rodeada de pessoas que se importava comigo , eu era uma alma solitária e egoísta demais para gostar daquilo.
Puxei o ar gelado do quarto bem arrumado, ele era menor que o da minha casa , as cortinas eram claras , os móveis de madeira escura, tudo muito diferente do que era acostumada ver todos os dias . Já fazia muito tempo que tinha aquele apartamento para me livrar das pessoas quando assim fosse necessário e sempre era necessário. Eles sabiam que eu tinha um lugar, porém não faziam ideia de onde se encontrava.
Não sentia nada além de cansaço ,meus músculos imploravam para que eu os deixasse quietos por algumas horas , o silêncio gritante do ambiente me acalmava permitindo que assim pudesse desligar minha mente por alguns segundos, céus, eu poderia morrer naquele momento.
Olho para o celular que vibrava mais um vez , olhei as letras escritas na tela , não estava fugindo de algo , apenas queria um pouco de calma , agora com a aparição de Soma podia sentir que as coisas ficariam agitadas , ela me pareceu mesmo muito boa em manipulação, o que provavelmente ela não sabia era que eu também conseguia fazer aquilo muito bem , graças ao sangue ruim que corria em minhas veias
" O QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO ? LONDON QUAL SEU PROBLEMA ? DISSE PARA NÃO FAZER ISSO. "
Apertei os olhos com força vendo a imagem de London em minha mente.
" QUERIDA , EU NÃO TIVE ESCOLHA , NÃO FAÇA ISSO. O QUE VOCÊ FARIA ? QUERIA QUE EU FICASSE LÁ E MORRESSE ? EU SALVEI SEU PAI , SALVEI A MIM ,ENTÃO PARE COM ISSO"
A batida na porta me tirou do devaneio , que diabos, me arrastei para fora da cama caminhando até chegar na porta a abrindo ,Alex fez uma cara de poucos amigos e revirei os olhos
-Como sabia que eu estava aqui ?
Perguntei o encarando
-Não vai me convidar para entrar ?
Havia algo estranho nele , dei um passo atrás e ri
-Não precisa de convite Soma
Alex riu encostando-se na parede , me olhou com satisfação
-O que me entregou?
Dei uma volta na sala sentando no sofá , a névoa negra apareceu lhe envolvendo e sua fisionomia voltou ao normal
- Eu não ter nascido ontem. Nasci a muito tempo , mais tempo do que minha aparência mostra.
Ela adentrou na casa observando tudo com atenção, cocei a testa sentindo o cansaço bater -O que você quer , está carente? Desculpe não estou interessada em qualquer que seja sua oferta
Ela sentou-se ajeitando seu vestido preto
- O Alex provavelmente não vai querer falar comigo e você vai me ajudar com isso
Virei o rosto ,meus olhos estavam pesados
-E o que ganho em troca? Claro que você sabe que não faço nada de graça, assim como você.
Ela mordiscou o lábio inferior
-O que quiser. Qualquer coisa. Mas sei que vai querer suas lembranças, então já vim com a intenção de desbloquear você.
-Não estou interessada. O que quer com o Alex?
Não estava curiosa , mas já que ela insistiria em ficar, fechei os olhos repousando a cabeça no sofá
-Ele é meu filho ... você não é mãe, não saberia como me sinto
Era uma piada
- Não ache que vou me comover com suas emoções maternas. Duvido que sejam reais.
Abri o olhos
-Você não entenderia
Fez uma cara de triste e depois sorriu , neguei com a cabeça
Ela levantou-se vindo até mim ,sua mão esticada para minhas testa ,então dei-lhe um tapa
-Não ouse. Soma qual seu intuito ? Por que você quer tanto que minhas lembranças voltem?
Uma batida forte na porta me assustou , virei para olhar mas Soma não estava mais ali, olhei pelo olho mágico e abri a porta.
O corpo de London desabou e o ergui , ele tossiu algumas vezes - me convide preciso de ajuda
-Você pode entrar .
Falei o puxando para dentro , ele sentou-se no sofá , seu rosto estava pálido, inclinei-me para ver melhor seu rosto o segurando com os dedos finos
- o que aconteceu com você?
Ele virou o rosto e vi a marca em seu pescoço, os anciãos marcavam alguns de nós quando tinham o intuito de nos destruir assim que achassem o momento adequado para aquilo , antes disso a loucura chegava a mente, em poucas horas London não seria o mesmo.
-O Marcus fez isso com você?
London não me olhava , apertou os olhos ,parecia confuso -Falei para o Arthur me ligar . Vou mata-lo
Ele deu um riso fraco
-O Arthur está morto querida. E a Kim está machucada então sugiro que vá atrás dela , os anciãos estão acabando com tudo. Tentei seguir o Vlad,mas não cheguei a tempo
Sua voz era rouca e falha , corri até o quarto pegando o celular digitando rapidamente o número de Alex que não atendeu , em seguida para Vince , nada.
Um aperto no peito me deixou extremamente desconfortável, voltei para a sala onde vi London repousar a cabeça no sofá
-Querido olhe para mim
O chamei puxando seu rosto , seus olhos estavam fechados , ele não abria os olhos então lhe deu um tapa no rosto , não houve resposta -London ... ei
Bati novamente, olhei as veias de seu pescoço saltar - Zhironx
Ele puxou o ar fortemente e abriu os olhos reclamando ,seu rosto estava suado e pálido
-Tira isso de mim Emma.
Ele começou a coçar o pescoço com tanta força que sangrava ,segurei sua mão a tirando do ferimento
-Para com isso , eu estou aqui.
Ele mexeu com sua cabeça. - ei
Bati novamente em seu rosto e ele concordou inclinando o pescoço ,havia agora uma ferida aberta e muito sangue, sai da sala indo até o banheiro, havia um kit cirúrgico guardado em minhas coisas, nunca sabíamos quando precisaríamos de uma pinça ou um bisturi , eu estava certa sobre aquilo desde eu quando precisei abrir o Vince e tirar balas de dentro dele quando toda aquela modernidade de armas começou
- Certo .
Voltei para sala deitado London no sofá -Temos que parar de nos encontrar assim , não vou te deixar vivo qualquer dia desses.
Falei enquanto enfiava a pinça dentro do machucado
Tirei a pinça o encarando -Ande querida , você não vai querer me ver enlouquecendo , não quero machucar você.
Não costumava sentir nervosismo mas a situação toda não estava me ajudando , puxei o ar me concentrando e ouvi seus batimentos enfraquecer -Emma ...
-Fica quieto
Falei colocando novamente a pinça lá dentro , ele reclamou quando puxei o pequeno pedaço de Carvalho branco de sua garganta ,mostrei para London que deu um sorriso de lado.
Lhe dei um beijo na testa acariciando seu cabelo molhado de suor -Vai melhorar em breve, tenho que ir.
Falei levantando
-Emma. o Marcus ... deixe o Marcus fora disso. Consegui avisar o Vince antes do ataque
Pisquei algumas vezes , a raiva me subia a cabeça, sentia meu sangue ferver . Enfiei minha adaga herdada por meu pai na bota , ela era feita com cinza de Carvalho branco ,mesmo material em que havia tirado do corpo de London ,eu mataria quem estivesse de frente a isso
Dirigi rapidamente até minha casa , não havia ninguém ao lado de fora , tudo estava calmo demais o que particularmente era estranho. Brien ou os outros sempre estavam do lado de fora mesmo quando invadiam minha casa , mas o que fazer ? Era normal recebermos visitas desagradáveis
-Oi
Chamei alto quando adentrei na casa , o silêncio era absoluto ,havia um pedaço de papel amarelado no chão o apanhei - Agradável a casa dos Swetman -
Trinquei os dentes saindo dali
◇
Estava um caos , olhei em minha volta a procura de Alex, ele estava lutando com um homem alto , Nolan estava socando o rosto de outro, Gab estava sendo prensada contra o chão quando Follan pulou encima de Caius , um homem de confiança do clã, o conhecia a mais tempo do que me lembrava.
-Emma. .
Gritou Sebastian de longe o procurei , estava sendo segurado por Andrew , conseguiu soltar e ambos caíram no chão molhado , fui atingida para longe a mulher encima de mim tentou me morder e lhe empurrei a derrubando, ela não levantou de imediato , fui até ela a chutando ,depois agachei ao seu lado puxando seu rosto
-A mando de quem vocês estão aqui? Hum ?
Ela tossiu o sangue em sua boca
-De todos.
-Emma
Gritou Nolan jogando sua adaga para mim, a alcancei no ar e Enfiei na garota em minha frente , virei o rosto onde vi Sebastian ser jogado no chão e gritei ao ver Andrew arrancar seu coração do peito, meu corpo paralisou
-Nolan
Gritei e o mesmo olhou para mim depois para Alex que estava sendo espancado ao ver seu pai morto no chão, Nolan agarrou o homem o derrubando
Andrew me olhou com satisfação e adentrou na floresta, corri atrás dele ouvindo seus movimentos rápidos
-Andrew
Gritei ,ele virou-se para me encarar ,seu rosto era pura felicidade , eu sentia dor no peito e meu sangue esquentava no corpo, corri em sua direção pulando para cima dele o socando , ambos caímos no chão molhadi.
Logo levantou-se vindo até mim,segurou meu pescoço com uma facilidade absurda me jogando para longe como não fosse nada , minhas mãos roçaram no chão , ouvia minha própria respiração! Sentia o ar gelado entrar por minhas narinas e o cheiro de sangue de minhas mãos machucadas , levantei rindo com cinismo
Peguei a lâmina afiada presa em minha bota , tirando sua capa, Andrew estreitou os olhos , sua raiva parecia ter tomado conta de seu corpo então veio até mim e desviei de seus ataques , em um mínimo desvio a lâmina riscou seu braço o cortando , ele recuou e eu ataquei, o chutei fortemente o derrubando desprevenido, tentei lhe acertar com a lâmina porém ele desviou ao invés disso fui jogada para atrás , ele me socou algumas vezes, o que me fez ficar zonza , as gotas de chuva que caiam fortemente nos deixava ensopados e escorregadios , ele levantou arrastando-me pela gola do casaco ,tentei levantar mas fora em vão, Andrew se indireitou colocando o pé prensando meu pescoço, olhei a altura de onde estávamos, o vento forte e a água em meus olhos deixava-me com uma visão ruim , remexi o rosto tentando afastar seu pé com as mãos, meu corpo inclinado sob o penhasco ,sua força era a única coisa que me segurava naquele momento e sabia que desabaria
-Você pode ser forte Emma, mas eu ainda sou um ancião e muito mais velho que você
Disse me soltando , segurei em sua panturilha o puxando juntos a mim ,o vento era mais agressivo,meu coração bombeava forte com a adrenalina até meu corpo atingir fortemente o chão, fiquei paralisada , o ar não saia, sentia sangue em minha garganta e meu ouvido apitava.
Virei o rosto com muita dor ,Andrew tentava se levantar com dificuldade , tentei virar o corpo para me arrastar , sentiria aquela dor absurda em meu corpo até me curar completamente, tossi diversas vezes o sangue em minha boca .
Vi a adaga caída não distante , logo meus pés foram puxados e meu corpo virado para frente ,Andrew me deu um tapa no rosto
-Você é igual seu pai
Deu -me outro tapa me fazendo virar o rosto , fiz esforço para alcançar a adaga sentindo seu cabo em meus dedos
Ele inclinou-se pegando meu rosto machucando-me
Alcancei a adaga e o empunhei em suas costas , ele recuou arregalando os olhos caindo para o lado , a puxei de volta e Andrew caiu de joelhos com a respiração barulhenta , levantei com dificuldade com a vista turva, ele caiu ,o virei com o pé deixando seu peito ficar de frente para mim , saia sangue em sua boca e seus braços tremiam , agachei ao seu lado colocando a ponta da adaga em seu peito
- Eu sou pior que ele
Enfiei a adaga com toda força em seu peito e a girei - ele não matou você.
Seus olhos perderam o brilho ,tossiu uma última vez e não ouvi mais nenhum barulho vindo de seu corpo.
O observei por um momento tirando a lâmina de seu corpo , em seguida tirei do seu pescoço o colar de ouro branco com o brasão dos anciões, ele agora me pertencia e era a prova de que Andrew estava morto , pasei a língua com cuidado no sangue da adaga , minha cabeça latejou e todas as memórias dele passavam em minha mente, cada segredo segredo sujo dos anciões , cada pessoa que ele matou , tudo ... Levantei saindo andando com dificuldade deixando seu corpo insignificante para trás