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By Babieeexvx

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โŽฏ๐˜ฟ๐™ช๐™ง๐™–๐™ฃ๐™ฉ๐™š o auge do poder Targaryen, as paredes da Fortaleza Vermelha escondiam sussurros praguejantes... More

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Princesa dragรฃo 01
O selvagem 02
Amizade? 03
Os Stark 04
Guerra em ascensรฃo 05
Estopim 06
Divisรฃo de lados 07
Inverno 09

O fogo no norte 08

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By Babieeexvx

Quando a segunda carta vinda de Rickon Stark foi enviada, se tornou nítida a necessidade da ida de Vallys Targaryen para o norte. E Niary a seguiu, mesmo que ainda sentisse uma infeliz dor pela morte de Laenor Velaryon.

Aquelas gélidas terras não eram lá as mais aconchegantes. O povo nortenho não possuía tanta simpatia com estrangeiros e os homens daquelas áreas certamente odiavam a ideia de uma mulher comandar um exército, assim como Vallys estava fazendo.

Longos 16 dias foram necessários para a sua chegada até Winterfell, alguns dias a mais que o previsto por conta de certos bloqueios na viagem, o que só deixou Niary mais ansiosa.

Por conta do fim do verão as árvores com seus tons vívidos começavam a se apagar. Os animais começaram a procurar abrigos quentes e o cheiro era de grama úmida. A natureza estava calma, algo muito diferente do que os nortenhos aparentavam estar sentindo.

Tudo lá dentro parecia inquieto, como se o medo houvesse acabado de se instaurar em um lugar antes feliz.
O imenso Castelo possuía pátios e escadas que levavam as partes aquecidas do local. No centro de toda a construção havia um grande salão, não tão gigantesco como o de Red Keep, mas ainda assim muito bonito.

Na opinião de Niary, as boas vindas dos lordes foram até agradáveis, principalmente as de Lady sara, a filha mais nova de Rickon Stark. Uma garota de cabelos castanhos escuros como madeira antiga, mesma idade da princesa, e uma personalidade cativante.
A jovem, foi extremamente gentil com a Targaryen lhe explicando tudo sobre a grande fortaleza de Winterfell, enquanto Rickon e Vallys comentavam sobre assuntos nada interessantes.

—Você vai gostar do Norte, princesa, eu lhe garanto— A Stark sorriu acolhedora em frente a platinada. Niary apenas assentiu ainda desacostumada com a atmosfera e com as roupas pesadas que lhe protegiam do frio.

—Assim eu espero— Concordou, seus olhos violetas vagando pelo grande local enquanto notava como algumas pessoas não estavam presentes no pátio.

Por fim, para a Targaryen, a melhor parte foi finalmente poder descansar em seu quarto temporário.
Era um ambiente certamente simples, mas ainda assim aconchegante. Uma cama com um baú ao pé. Uma penteadeira abaixo de uma janela que dava visão ao bosque, uma lareira estalando com o fogo quente, um banheiro e suas malas.
Em outros tempos, aquele local seria encantador para a princesa, mas em tal momento, ele representava apenas angústia e ansiedade.

Sua cabeça descansava sobre o travesseiro de algodão enquanto observava o teto do local. Não havia o que fazer, algo estranho, já que Niary sempre parecia ocupada em red keep.
Antes, ela perdia horas nas grandes bibliotecas da fortaleza, ou então, voando com seu dragão sobre porto real. Agora, sua mente só lhe dava uma opção.

Ela então ergueu seu corpo da cama, pôs sobre seus ombros a capa de pele negra, fazendo-a repousar sobre seu elegante vestido azul, e calçou suas botas de couro.
Abrindo a porta de seu quarto, ela pode sentir a leve briza gélida que vagava pelos corredores de Winterfell.
Com curtos passos ela caminhou por aquele local, descendo algumas longas escadarias.

Entre as poucas coisas que Niary havia ouvido sobre Winterfell, a mais interessante delas era o bosque sagrado. Um local criado para o culto dos deuses antigos, mesmo que tal religião já não fosse mais tão forte.
No centro do bosque, se encontrava um único represeiro, chamado de árvore coração, plantado para que os Deuses pudessem ser adorados, e nele esculpido um rosto.

Pisar em tal local, tranquilizava a princesa, e mesmo não seguindo tal fé, ela se aproximou respeitosa. Com calma, vagou seus dedos sobre o rosto entalhado na árvore vermelha, permitindo-se suspirar.

A ventania silenciosa, evidenciava o fim da tarde se aproximando. O único som que Niary podia escutar era vindo de folhas e galhos ao seu redor.

Era tão confuso, tudo tinha acontecido tão rápido. Dias atrás ela discutia com seus primos por darem um porco a Aemond, e agora, sentia que o príncipe seguia os passos da própria mãe. Um de seus arrependimento foi não ter ficado em sua cama aquele dia. Deuses.

De repente, um barulho vindo de uma moita ali próxima tomou sua atenção, lhe tirando de seus pensamentos. Quando o som aumentou, a princesa começou a se questionar, com preocupação, o que estava ali.
Em tom alto, ela ordenou que saísse, mas isso não aconteceu.

Niary duvidava que fosse uma pessoa, pela maneira como se mexia, e isso só lhe deixava mais nervosa.

Enfim, quando um gigantesco lobo negro saltou de la, sua dúvida foi sanada.

Seu coração disparou pelo susto, mas ela tentou se manter imóvel, temendo assustá-lo ou irritá-lo.
Lenta e sutilmente o lobo começou a se aproximar, com um intrigante olhar, que não apresentava raiva, mas sim estranheza.

Ele era belíssimo. Um grande lobo negro que provavelmente pertencia à matilha da casa Stark.

Assim que estavam a poucos passos de distância, o lobo farejou suas vestes ainda confuso. Com calma, ela estendeu a mão até próximo do animal, evitando tocá-lo, ele cheirou e logo em seguida inesperadamente arrastou seu rosto contra os dedos da garota. Quando o alivio enfim chegou, ela se permitiu acariciar o pelo negro, com um sorriso surgindo.

Em um leve chiado o animal fechou seus olhos, e finalmente Niary pode ver o real tamanho do lobo. Ele certamente era maior que ela, e provavelmente poderia devorar seu braço em uma só mordida. Aquilo era aterrorizante, mas incrível.

—Ele parece ter gostado de você— Uma voz já antes conhecida chegou aos ouvidos da princesa, fazendo com que ela se virasse rapidamente até encontrar os olhos tempestuosos de Cregan Stark a poucos metros de distância.
Ao seu lado, o lobo atravessou indo até seu mestre com o rabo abanando, uma visão muito parecida a de um cachorrinho feliz.

Faziam poucas semanas desde que tinham se conhecido, vê-la ali no norte era algo inusitado, ainda mais em um local como aquele.

—Esse é o seu lobo?— Niary indagou cruzando seus braços sobre o próprio peito na tentativa de se aquecer. Seu tom era astuto e gentil como de costume.

—O nome dele é Fenrir— Cregan respondeu gentilmente enquanto se aproximava da princesa. Ele podia ver como ela parecia incomodada com o frio, algo que não lhe surpreendia, já que, a maioria dos estrangeiros não se adaptavam bem com a temperatura.

—Fenrir? Como o lobo daquela história nórdica?– Niary comentou observando o animal se sentar ao lado de seu dono. Fenrir lhe era um nome familiar, afinal, pertencia a uma das histórias que sua ama sempre contava. Um lobo tão gigante ao ponto de ser montado por sua dona.

—Eu era uma criança quando lhe dei esse nome. Mas eles pelo menos possuem uma personalidade um pouco parecida.— Niary riu baixo com as palavras descontraídas do garoto, mas não se atreveu a julgar.
—Ele é incrível. Devo dizer, é maior do que eu imaginava. Talvez meu conhecimento sobre lobos seja pouco— Ela admitiu o que fez Cregan sorrir com uma leve chama de vitória em seu peito.

—Eu te disse que ele poderia assustar as pessoas— O garoto afirmou, notando o olhar encantado dela sobre o animal. Muitos no norte temeriam se aproximar de Fenrir como ela havia feito, então, ele supôs que seu convívio com dragões houvesse a acostumado com animais como aquele.
—Eu não o acho assustador, quero dizer, claro que ele me assustou a pouco, mas agora...— Ela parou, ponderando as palavras certas. Seu coração ainda estava um pouco acelerado pelo susto que antes o lobo havia lhe dado, mas agora os olhos negros e profundos do animal estavam concentrados nela, ainda um pouco desconfiados, o que lhe trazia um estranho sentimento
—Ele não me parece tão hostil—

Em um leve gemido o lobo pareceu se comunicar com a princesa, e em resposta os olhos dela brilharam focando no animal. Por outro lado, os olhos tempestuosos de Cregan, estavam presos nela, observando como seu semblante possuía um toque de felicidade, mas seus olhos pareciam angustiados e de luto. Ele concluiu que isto era devido a sua vinda para Winterfell. E claro, aos incidentes recentes que a casa Targaryen sofreu.

O norte não costumava se envolver ou opinar em confusões do Sul, entretanto, a esposa do príncipe Daemon Targaryen falecer e logo em seguida, o marido da Princesa herdeira ter o mesmo fim, era uma notícia que corria rápido.

—Não sabia que vinha ao norte, Princesa.– Ele comentou tentando não ser inconveniente. Ela não estava em suas terras, e ele sabia bem como o povo do norte era desconfiado com estrangeiros, muito provavelmente lançando certos olhares.

—Eu não poderia ficar no sul. Mesmo que seja considerado meu lar, em red keep não há mais nada para mim.– Ela falou lembrando-se da partida de Daemon e Rhaenyra para Dragonstone.

Levando sua própria mão até seus fios de cabelo, ele suspirou, mas logo sentiu um arrepio subir sua espinha, assim que um rugido ecoou acima deles.
—Trouxeram seus dragões?— Ele perguntou olhando para o topo das árvores em busca de um sinal dos animais.

—Onde um Targaryen estiver, seu Dragão estará junto, afinal, é uma ligação para a vida– A princesa respondeu, acompanhando o olhar do garoto. A boa sensação de ter seu dragão com sigo, era apesar de tudo, um alívio.
—E bem... Eu acredito que Cannibal destruiria Porto Real caso não viesse comigo– Ela riu e ele lhe retribuiu com um sorriso, evitando perguntar se havia algum risco da dragão destruir Winterfell.

Virando–se de costas, a garota caminhou se afastando do represeiro onde estavam.
—Foi bom revê-lo. Tenha uma boa noite, Cregan Stark—
O sol já estava praticamente no fim de seu brilho, agora a briza estava mais fria, e logo o jantar estaria pronto. O tempo havia passado.

Em curtas palavras ele desejou o mesmo, observando-a ir.

"Em meio a guerra"

Quatro dias haviam se passado, e tudo parecia mais tenso. Corvos iam e vinham com mensagens. O inimigo estava causando cada vez mais problemas e com a chegada do inverno tudo se tornava mais preocupante.

A cada dia mais e mais pessoas chegavam a Winterfell com suas petições, em sua maioria, buscavam proteção. Pessoas vindas do extremo norte, que se locomoveram para o sul em decorrência de ataques a suas vilas, tais que se tornavam cada vez mais recorrentes.

—Outros cinco batedores da muralha não voltaram de suas missões, provavelmente já estão mortos—
O lorde Edgar Reed, um homem barbado com tranças em seu longo cabelo, explicou.

Aquilo era uma reunião. A maioria dos lordes do Norte estavam presentes, todos ao redor de uma grande mesa feita de Pinheiro. Sentada do lado direito, Vallys Targaryen remexia seus aneis em seus dedos.
A lareira, logo atrás dela, estalava com lenha nova, mantendo o local aquecido, mesmo que a atmosfera estivesse cada vez mais gélida.
Niary ao lado da mãe, se esforçava para memorizar tudo o que era dito. Seus olhos vagavam pelos pergaminhos e mapas, até sua atenção se voltar à voz ao seu lado.

—Ainda não localizaram o grupo invasor vindo pelo leste?— Vallys questionou. Sua cabeça erguida contra alguns dos lordes que a olhavam com desdém.
Em resposta a ela, um homem de barba grande com pequenas tranças e cabelo castanho disse:
—Talvez se a Princesa houvesse vindo mais cedo com seu exército, teríamos nos concentrado nisso— A voz dele era arrogante, o que fez Rickon Stark suspirar profundamente. Ao lado dele, Cregan finalmente focou na conversa encarando o que parecia o início de uma discussão.

—Lorde Bennard Stark, caso não saiba, o exército do rei tem suas diretrizes.— A mulher enfatizou que "os de prata" pertenciam à coroa e durante poucos segundos os olhos de Cregan e Niary se encontraram desconfiados da situação.
—E caso não se lembre, fomos atacados por mercenários, o que atrasou a viagem.—

A estrada do rei não possuía a fama de ser repleta de bandidos atoa. Porém, mercenários não costumavam agir em locais como aquele, ainda mais contra um grupo de soldados que escoltavam duas princesas. Niary sabia que aquilo não era apenas uma coincidência, e as conversas entre sua mãe e o lorde do Norte que "sem querer" havia escutado só lhe faziam ter mais certeza de suas ideias.

—Vossa majestade, meu irmão, já enviou de bom grado um de seus batalhões, para que lidassem com vossos inimigos.— Ela se pôs em pé. Os olhos de Bennard se estreitaram, mas ele se controlou.

—Sei que não gosta da minha presença, meu Lorde. Mas infelizmente terá de suporta-la até que essa guerra acabe.
Eu conheci o homem que lidera aqueles selvagens e sei como combate-lo. Além disso, junto a mim, dois dragões vieram, dois dragões que podem ser a nossa vitória.– A mulher provocou recebendo olhares de alguns Lordes que apoiavam o irmão de Rickon.

—Mas claro, caso desejem, eu posso reunir os guerreiros que em conjunto a mim marcharam e regressar ao Sul— Enfim Vallys repousou suas mãos sobre a mesa.

Niary com um leve sorriso de canto de boca encarou o homem, que agora parecia rendido. Provavelmente o Norte conseguiria se livrar daquela guerra sem a ajuda do Sul, mas isso custaria muitas vidas, ainda mais com a chegada do inverno, e o Lorde Stark não estava disposto a sacrifica-las

—Agradecemos a sua presença, Princesa.– Rickon se levantou tomando a frente da situação
—Não será necessário sua partida, pois acredito que qualquer conflito entre todos aqui presentes acaba hoje— Ele enfim pôs o ponto final encarando o irmão seriamente.
Bennard apenas concordou com a cabeça em Silêncio.

—Muito bem, voltemos ao assunto principal, o grupo do leste. Como é possível 4 mil idiotas formados por soldados de Essos e um bando de selvagens sumirem tão facilmente?— O lorde Forrester começou a falar se sentando em uma das cadeiras à esquerda de Vallys.
No entanto, foi impedido por um garoto que entrava rapidamente na sala. Sua respiração parecia desregulada e em sua mão um pergaminho estava quase amassado. O jovem pediu um imenso perdão por atrapalhar a reunião, mas disse que era urgente e entregou o objeto a Rickon Stark.

Quando o lorde de Winterfell abriu o papel, seu olhar se tornou inquieto e um grande suspiro saiu de seus lábios. Assim que o pergaminho foi dobrado, todos na sala ficaram tensos, aguardando que ele falasse, mas os olhos do homem seguiram em direção a Vallys Targaryen, que rapidamente entendeu a situação e encarou Niary a ordenando:
—Saia da sala— A garota franziu as sobrancelhas, mas percebeu que era algo realmente sério quando a mesma ordem vinda de Rickon foi direcionada a Cregan Stark.
—Mãe?— A princesa chamou, mas como permaneceu sem resposta apenas obedeceu contra a própria vontade, se direcionando até a porta enquanto via Cregan assentir para o pai e segui-la.

Quando a sala atrás deles foi fechada, ambos se encararam.

—O que acha que está acontecendo?–

Era evidente que naquele pergaminho havia problemas, mas o que seria tão sério a ponto de tirarem eles da sala?

—Certamente nada bom— Cregan afirmou, inquieto. Era claro que o Norte já tinha costume de enfrentar os selvagens, mas agora eles possuíam um soldado de alto escalão no comando e mercenários de Essos. Estavam mais fortes do que jamais foram.

—O norte vai aguentar esse inverno– A platinada cruzou os braços sobre o próprio peito.
—Esse povo já passou por momentos piores–
Ela começou a se afastar caminhando à frente do garoto.

Quando o quarto de Vallys finalmente foi aberto, ela pode ver Niary sentada em sua cama lendo um livro qualquer. O vestido branco da garota combinava com seu cabelo. As ondas em suas mechas soltas lhe traziam um ar de limpeza, e o nítido cheiro de lavanda que ela carregava lembrava que já estava quase de noite.

Percebendo a presença da mãe, a garota fechou o livro e se moveu pelo edredom de peles até se pôr em pé.
Ambas se olharam em um silêncio cortante, mas a mais velha parecia engasgada com algo, como se estivesse prestes a anunciar a morte de alguém. Todavia, não era isso.

—Você vai com eles?— Niary perguntou em alto valiriano seus olhos se desviando ao chão. Sua mãe caminhou até ela e segurou suas mãos.

—Um dos lados da muralha foi invadido. Os soldados do Norte devem ser reunidos e um dragão é mais rápido que um corvo– Aquilo não era um adeus, mas parecia. Ela não iria só levar uma mensagem, iria participar da batalha.
—Me promete que vai voltar viva— A garota pediu. Vallys queria prometer, mas ela havia presenciado a luta de Stepstones, e sabia que no campo de batalha, não existia certeza.

—Eu sempre vou estar com você, querida– A mulher murmurou. Ela também tinha preocupação sobre o que aconteceria, afinal, ela sempre fora cuidadosa em relação a sua segurança e a de seus entes queridos, mas aquela era uma guerra, e qualquer deslize nela poderia resultar em uma morte.

Levando sua mão direita até o próprio pescoço, Vallys, soltou um colar que continha um pingente de espada com um dragão enrolado na lâmina.
—Esse colar foi da sua avó Alyssa, uma das únicas coisas que eu herdei dela. Hoje eu quero que seja seu— A mulher pôs o colar sobre a mão direita da menina segurando firmemente.

—Use com orgulho o aço valiriano que reside nesse pingente.—
Enfim, o punho de Niary se fechou no objeto.

—Vença essa guerra, mãe— disse suspirando fundo

Quando o primeiro floco de neve caiu, todos os soldados de Winterfell já haviam partido. Niary se questionou sobre a chegada do inverno, e se aquilo poderia afetar as batalhas de alguma maneira, já que, caso uma tempestade os pegasse desprevenidos, poderia ser fatal para ambos os lados.

Uma guerra durante aquelas condições climáticas parecia suicida. A temperatura havia diminuído, os vales estavam cobertos de geadas e até mesmo os nortenhos pareciam preocupados.

Apenas alguns soldados de confiança foram deixados na capital nortenha enquanto os outros seguiram os lordes que lá estavam. Duas semanas antes Vallys montou Virydi e seguiu em direção a sedes de algumas casas do norte com a mensagem de Rickon Stark.

“O norte está sofrendo um ataque em um dos lados da muralha, certamente uma frota gigantesca. Reúna seus vassalos e marche em direção a Última Lareira.
Precisaremos do máximo de força possível para impedir que mais selvagens avancem sobre o Castelo Negro.”

—Pare Cannibal!— Niary ordenou em alto valiriano ao receber mais um monte de neve sobre a suas costas, neve que fora empurrada até ela pelo nariz de seu dragão.
—Sei que não gosta do frio, mas isso não é motivo para me deixar com hipotermia!— A garota riu.

Ao redor do animal alguns ossos estavam quebrados, e cinzas frias residiam no chão, algo típico para o covil de um dragão.

Há uma curta distância dali, Cregan adestrava Fenrir. O Negro animal já havia capturado 2 coelhos com ajuda de seu mestre e perseguia mais um incessantemente. A cada metro caminhando, a mata escurecia mais, sendo fechada pelas árvores.

"Ele está ficando cada vez mais rápido" pensou Cregan distraído, ao ver seu lobo se aproximar do felpudo com algumas passadas. Em um pulo de fuga o pequeno mamífero se embrenhou na primeira moita que viu, indo direto para uma clareira.

—Droga— O moreno murmurou para si mesmo, assim que ergueu sua cabeça e viu grandes escamas negras como carvão a sua frente. O medo começou a surgir em seu peito, mesmo que tentasse encarar o perigo. Suas mãos gelaram quase derrubando o arco que segurava.

Em um rápido movimento a besta se virou chicoteando com sua cauda uma das grandes árvores que estavam ao redor. Agora os dois estavam cara a cara, a respiração do animal se chocando contra a pele do jovem.

—Cregan?— A voz suave, que ele rapidamente reconheceu como a de Niary, surgiu.
Enfim, quando os olhos do garoto se desviaram até a asa direita do dragão ele pode vê-la, de pé. Os fios platinados dançando com o vento da manhã e as pupilas em puro Violeta. A estranha beleza valiriana, tão incomum naquelas terras. Em alguns passos, Niary se pôs a frente de seu dragão, e entendendo sua montadora, Cannibal se afastou deitando-se atrás da garota.

—Princesa?— Cregan murmurou, ainda um pouco amedrontado pelo dragão. Na primeira vez que o jovem lorde viu um animal como aquele, ele havia acabado de chegar em Porto Real. O grande ser alado de asas douradas sobrevoou desrespeitosamente os nortenhos, assustando seus cavalos e até mesmo eles. Ele não sabia o nome do animal, mas tinha certeza que era de algum dos príncipes.

—O que faz aqui sem escolta?– O jovem perguntou ajustando sua postura. A princesa olhou para seu dragão e depois se voltou ao garoto com um semblante leve.
—Imagino que não haja escolta melhor que o meu dragão. Mas, para responder sua pergunta, eu vim com alguns soldados, porem eles foram...— Ela deu uma curta pausa tentando controlar uma leve risada que surgia.
—Digamos que, afastados pela Cannibal—

—Ainda estão vivos?— Ele indagou com sua sinceridade habitual, algo que fez Niary rir baixo com suas bochechas coradas, agora, destacadas pela atmosfera fria, o que trazia um ar saudável à sua pele pálida.
—Estão. Só correram amedrontados após o primeiro rugido dela. Lhe garanto que estão inteiros— Ela respondeu, sendo esta a vez do Stark rir levemente, o que alegrou a princesa.

—Suponho que esteja treinando seu lobo.– Niary comentou desviando seus olhos em direção a Fenrir, que farejava a toca onde o coelho havia se enfiado. Suas presas se cravaram em algumas raízes tentando abrir espaço para pegar o animal. Um estalo foi o suficiente para os galhos serem partidos em pedaços. Observando a cena, a garota agradeceu aos Deuses por Fenrir não tê-la atacado em seu primeiro encontro.

—Ele aprende rápido.—
O garoto afirmou com um pequeno sorriso orgulhoso e Niary se manteve em silêncio. Ela percebia como o lobo e seu mestre se davam bem, algo muito parecido com a conexão que dividia com Cannibal. Fenrir aparentava admirar o jovem, se aproximando de seu senhor assim que Cregan lhe ordenou para se sentar.

Analisando o garoto, ela pode notar que ele segurava um arco em sua mão direita e possuía uma bolsa de flechas em suas costas. Algumas com suas pontas desgastadas, parecendo já terem sido usadas.
—Gosta de arco e flecha?— perguntou e se voltando a ela o garoto assentiu dizendo:
—Prefiro machados e espadas, mas tenho a obrigação de aprender a atirar com arcos.–

O jovem segurou o objeto curvado com suas duas mãos firmemente, pondo-o apoiado no chão. Ao perceber o interesse da garota pelo assunto e na tentativa de prolongar a conversa, resolveu perguntar a ela:
—Pratica arco e flecha, Princesa?— A garota negou com a cabeça rindo para si mesma de uma memória antiga.
—Minha mãe já tentou me ensinar, afinal é a única arma que nós mulheres poderíamos usar, mas sou péssima, e também nunca tive interesse o suficiente.— Ela explicou ajustando a própria postura. —Prefiro espadas, mesmo que duvide algum dia poder praticar.—

Aquilo era frustrante, óbvio. Nas poucas vezes que se aventurou a segurar uma espada, a garota fora repreendida por Alicent Hightower. A mulher até mesmo conseguiu pôr na mente do rei, que aquilo não era para uma princesa.
“Espadas são para homens, nós mulheres temos outras obrigações” A víbora verde dizia.

E claro que Niary ficava irritada com isso, ofendendo mentalmente a mulher todas as vezes que se encontravam. Entretanto, ela sabia a verdade, naquele mundo, uma lâmina portada por uma mulher era algo perigoso. E se fosse portada por uma Targaryen, certamente faria cabeças rolarem.

—Logo a Rainha será Rhaenyra Targaryen, acredito que muitas coisas mudaram— O Stark disse numa tentativa de animá-la. Ela sorriu gentilmente, imaginando quando sua prima reinaria. Mesmo com tantas pessoas contra, ela era a herdeira, e Niary e Vallys estariam dispostas a fazer de tudo para a colocar em seu trono.

—Será. A primeira rainha dragão a governar Westeros—

O dragão ao lado lançava seu ar quente na direção da neve tentando aquecer o local.
Durante as duas semanas que haviam se passado, Cannibal permaneceu afastada de Winterfell e de fazendas, muito provavelmente pelos sentimentos que dividia com sua montadora. A dragão parecia se adaptar cada vez mais, se tornando até apreciado pelos moradores que algumas vezes a viam voando e muitas vezes levantavam a questão "Dragões podem morar no norte?"

—Cannibal parece ter se acostumado com o frio– Cregan comentou, notando a maneira como a dragão ronronava ao estar próxima de sua montadora. Niary assentiu se virando e descansando suas mãos sobre o longo pescoço do ser alado, sem temer as escamas e espinhos em sua pele e logo em seguida afirmou com um leve sorriso ladino:
—Ela está bem mal humorada, parece até uma velha ranzinza. Mas tenho a impressão que o Norte não foi tão ruim para suas chamas quanto imaginávamos.–

Em um rugido baixo Cannibal pareceu resmungar, como se houvesse entendido o que a garota havia falado. Naquele momento Cregan percebeu que a conexão da princesa com seu dragão era como a dele com seu lobo. Ambas pareciam se comunicar, mesmo que não falassem a mesma língua.

Após alguns segundos, Niary facilmente se moveu sumindo atrás da cabeça do animal, passando próxima a uma de suas asas, arrastando a ponta de seus dedos sobre as escamas e depois aparecendo do outro lado.
—Se comporte Cannibal—
Ordenou em valiriano e Cregan a escutando estranhou. Ele já havia ouvido a garota falar em sua língua materna, mas todas as vezes que uma nova palavra saía de seus lábios, mais difícil Alto valiriano parecia ser.

—Já estou a algum tempo aqui. Acredito que eu deva voltar para Winterfell.– Ela concluiu ajustando sua capa cinza sobre os próprios ombros. Cregan, encarou durante alguns segundos seu lobo até voltar seus olhos cinzentos para a princesa.

—Eu também vou. Duvido que o coelho vá sair da toca, e Fenrir precisa descansar. — Ele afirmou e a garota assentiu acompanhando-o, até estarem lado a lado.
Ambos gostavam da companhia um do outro, e uma caminhada não seria um incômodo.

A floresta em que estavam era um local admirável, com diversas fases. Em certos momentos era extremamente fechada, deixando apenas um caminho repleto de sombras livres, entretanto, mais a frente, se tornava um bosque vago e luminoso.

Niary, com seus olhos brilhantes observava as copas das árvores em silêncio. Pouco ela havia apreciado do Norte, mas nos mínimos momentos que se sentia segura para isto, um sentimento de conforto parecia começar a se enraizar.
Cregan ao lado dela, podia perceber a admiração da princesa pelo local, e sentia um sorriso leve em seus lábios com isso.

Atrás deles, Fenrir seguia, sem se atrever a passar adiante. O lobo curiosamente analisava Niary, farejando sua capa, onde provavelmente o cheiro de dragão se mantinha, algo novo que despertava sua curiosidade.
Ao sentir o animal em seus calcanhares, a garota riu baixo, desviando seus olhos até Fenrir. Ela o achava adorável, certamente perigoso, mais adorável.

—Eu acredito que tenha direito de perguntar. Por que você também está fora de Winterfell sem escolta? Afinal é o futuro lorde do Norte, certamente estaria em risco aqui fora— A princesa questionou a Cregan, desviando seu olhar até o chão. Entretanto, após alguns minutos de puro silêncio ela olhou para ele que tinha seus olhos desconcentrados como se sua mente estivesse nublada.
—Cregan?— Ela chamou e então ele a encarou.
—Está tudo bem?—
Ambos diminuirão a velocidade de seus passos. Ele assentiu com a cabeça em silêncio, mas a princesa podia perceber que algo o incomodava.

O garoto não planejava falar, mas temia não ser um lorde tão bom quanto seu pai, mesmo que desde o dia em que nasceu fosse treinado para isso.
Ele era bom em muitas coisas, mas sempre tinha alguém para criticá-lo ou dizer que algo não estava certo, esse alguém sendo muitas vezes o próprio tio.

Por fim, quando a última árvore do bosque ficou para trás, ela parou de caminhar recebendo um olhar confuso do garoto.
—Eu falei algo de errado?– indagou temendo tê-lo ofendido de alguma maneira e ao perceber a preocupação da garota, Cregan se sentiu levemente envergonhado, movendo sua cabeça em um sinal de "não".

Poucos sabiam o que o garoto pensava, e entre esses poucos a principal seria sua irmã, Sara Snow. Naquele momento, a garota diria para o irmão falar o que sentia, mas Cregan não poderia.

—Não é nada. Não se preocupe.— O garoto garantiu, mesmo que o nó em sua garganta dissesse ao contrário. E a princesa sabia que era mentira, mas preferiu permanecer em silêncio, caminhando à frente, atrás dela Fenrir deixava seu mestre. Niary sabia que se fosse preciso, ela descobriria o que atormentava o garoto. Ela era boa nisso.

—Eu finalmente apareci. Peço desculpas pelo sumiço e de presente estou postando o maior capítulo que eu já escrevi. Realmente demorei bastante para fazê-lo pois cada trecho adiciona em algo na história

—Por favor deixem comentários e estrelinhas isso me anima a escrever.

— Ultimamente tive uma grande baixa criativa, e os comentários e estrelinhas de vocês me ajudaram muito a ter animo para escrever. Eu ficava vendo vocês comentando e me perguntando o que acharam de cada frase da fanfic. De verdade muito obrigada pelo apoio.

—(Nesse tempo também tentei evoluir na escrita, mas honestamente, quero saber a opinião de vocês sobre isso)

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