IRRESISTÍVEL | VegasPete

By vegaspetit

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No mundo de almas gêmeas, onde a conexão entre duas pessoas é tão forte que os destinos se entrelaçam, Vegas... More

IRRESISTÍVEL | avisos
PRÓLOGO | Vínculo
ONE
TWO
THREE
FOUR
FIVE
SIX
SEVEN
EIGHT
NINE
TEN
ELEVEN
TWELVE
THIRTEEN
FOURTEEN
FIFTEEN
SIXTEEN
EIGHTEEN - JUNELUTER
NINETEEN
TWENTY
TWENTY-ONE
TWENTY-TWO
EPÍLOGO | MATRIMÔNIO

SEVENTEEN

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By vegaspetit

Oi! Como vocês estão? Demorei mas voltei!

Espero que gostem desse, votem e comentem bastante!!!

Boa leitura 💙




Mortem-Daer

Método de punição utilizado pela Coroa Vamphir para executar vampiros desertores e líderes de motins.

Durante o Mortem-Daer, Vamphirs tem permissão para caçar e executar outros Vamphirs caso sejam traidores ou estejam participando de um motim contra qualquer uma das espécies, sejam os próprios Vamphirs, Drudaks, Dunas ou Lúpus.

Mortem-Daer só foi utilizado uma vez, durante a Grande Seca, quando Vamphirs quiseram subjugar outras raças para sobreviver, e para impedir que os vampiros deixassem a Consciência para "trocar de lado".

De maneira fácil, qualquer vampiro que for apanhado desacatando uma ordem dada pela Coroa, deve ser executado.










As pálpebras de Vegas tremem quando ele abre os olhos. Primeiro ele sente a pressão, sua cabeça latejando, e depois a dor, aguda e extensa a partir do abdômen, se estendendo por todo seu corpo até a ponta dos pés. Gemendo, Vegas levanta o rosto, os primeiros raios de sol atravessando as janelas e iluminando a sala.

A dor no abdômen se torna mais intensa, então ele tenta esticar as pernas para tocar o chão, juntando as duas mãos ao redor da barra da ferro atravessada em seu corpo.

"Não se mexa!" Diz uma voz feminina exasperada. Vegas demora para perceber que pertence à Sara.

"O que..."

Sara está parada há alguns passos de distância, o rosto contorcido em claro desespero e desconforto. Mesmo com a visão turva, Vegas consegue ver suas mãos tremerem.

"Acho que não devia falar também." Ela diz, olhando para ele com o cenho franzido. "Eu chamei ajuda."

Encarando o outro lado da sala, Vegas observa o vidro quebrado no chão e o cheiro fraco de sangue alem do dele. Cheira como Pete, embora ele não esteja em lugar nenhum. Vegas tenta alcançá-lo pelo vínculo, chamando por ele, mas parece mudo. Interrompido.

"Pete..."

"Ele não está aqui" Diz Sara, a voz baixa. "Ele já não estava quando cheguei."

Então... para onde...?

A última coisa que Vegas se lembra com clareza é de Pete despencar do segundo andar do apartamento. Ele caiu de costas, gemendo, e foi quando Vegas se distraiu da luta tentando alcançá-lo. Depois disso, tudo é uma bagunça.

O coração de Vegas acelera dolorosamente no peito, sua respiração se tornando ainda mais difícil. Ele força as costas, suas estranhas se contraindo quando ele empurra o corpo para frente, tentando escapar. A ponta fria do ferro começa a escorregar para dentro, atravessando o buraco o no abdômen.

"O que você está fazendo?" Questiona Sara exasperadamente.

Vegas não olha para ela. Ele olha para o outro lado da sala, mantendo o foco enquanto força seu próprio corpo através ferro que está mantendo-o preso à parede. Colocando um pé descalço para trás, ele empurra um última vez antes de cair no chão, sob suas mãos e joelhos. Uma poça fresca de sangue escuro se junta a outra, pingando enquanto Vegas tenta se levantar.

"Você precisa se curar" Sara diz, ajoelhando ao seu lado. Ela toca o ombro de Vegas, insistindo que ele use seu corpo como apoio para se erguer.

A dor se espalha para seus ombros quando ele consegue ficar de pé. Os batimentos cardíacos de Sara estão acelerados, estourando dentro da cabeça de Vegas. As mãos dela, embora firmes ao redor dele, parecem frias e ansiosas.

"Sara" Diz Vegas, sua voz rouca e instável. "Eu preciso de sangue."

Sara olha para ele, balançando a cabeça.

"Eu sei." Diz ela, ajudando Vegas a se sentar.

Sara senta ao seu lado, segurando seus braços enquanto os olhos dela parecem não conseguir desviar do ferimento de Vegas.

"O que aconteceu?" Ela pergunta em voz baixa, como se tivesse medo da resposta.

O maxilar de Vegas se aperta. Ele vai encontrar os desgraçados que se atreveram a invadir sua casa e tocar em sua alma-gêmea, e eles vão se arrepender por todos os segundos que continuarem vivos do dia em que suas mães conheceram seus pais.

"Traição."

Sara pisca, seu rosto empalidecendo.

"Falk e Eli?"

"Eu vou matá-los." Diz Vegas, cerrando os dentes.

Ele tem uma sensação estranha, como vento frio, e sua pele se arrepia. Imediatamente Vegas pensa em Pete, e na forma que ele não conseguiu protegê-lo. A raiva se transforma em algo pior, violento, e Vegas deseja...

"Você precisa se alimentar, Alteza." Diz Sara suavemente, tocando o ombro de Vegas.

O vampiro se aproxima devagar. Ele se inclina sobre Sara, seu abdômen contraindo dolorosamente e suas presas afiadas rompendo as gengivas. Com um movimento rápido, ele afunda o rosto contra o ombro esguio de Sara, e perfura a pele macia do pescoço da mulher, sugando seu sangue com avidez.

A doadora geme de dor, as mãos dela segurando os braços de Vegas em busca de estabilidade. O gosto metálico do sangue preenche sua boca, aumentando sua sede. Ele continua a se alimentar, sentindo a energia vital de Sara fluir para dentro, tocando a ferida, reconstruindo cada camada de músculo e pele novamente.

"Alteza" Diz Sara duramente, seu toque se tornando mais ríspido. "Acho que é o suficiente."

Mas não é. Vegas não está forte, ele não se sente forte. Não o bastante para ir até Pete.

Enquanto se alimenta, Vegas sente uma mistura de prazer e culpa. Ele sabe que está indo longe demais, que está levando-o Sara até o limite mas não consegue resistir à... sua natureza predatória e necessitada. Como nunca aconteceu antes.

Mas ele perdeu Pete. Ele deixou que o levassem e agora o vínculo deles está mudo.

Quando finalmente parece o bastante, Vegas se afasa de Sara, deixando-a pálida e fraca. Ele olha para ela por um momento, sentindo uma pontada profunda e poderosa de remorso. Os batimentos cardíacos de Sara diminuíram, não bastante para matá-la mas o suficiente para mantê-la desacordada.

Ajustando Sara em uma posição confortável no sofá, Vegas garante que a mordida vai cicatrizar antes de se levantar.

"Você matou ela?" Questiona uma voz familiar atrás dele.

Virando-se, Vegas encara Macau com o cenho franzido. E ele não está sozinho.

"O que aconteceu aqui?" Questiona Luter Kylton, os olhos perspicazes olhando ao redor. Luter franze o nariz. "Quem morreu?"

Vegas olha para ele sob o ombro, ignorando a dúzia de outros Vamphirs na porta do apartamento e caminhando para as escadas. Ele precisa se limpar e encontrar Pete. O resto não importa.

"Fomos atacados." Diz Vegas duramente, subindo os degraus depressa. "Levaram Pete."

Ele ouve os murmúrios surpresos quando dobra o corredor na direção do quarto. Há marcas de tiros na porta e uma mancha de sangue seco escorrendo da parede ao lado. Inclinando-se sob os joelhos, Vegas respira profundamente, constatando que o sangue não pertence a Pete.

O quarto deles está... do mesmo jeito, com excessão da pilha de roupas que estava no banheiro jogada pelo chão. O cheiro de Pete ainda está vagando no ar, embora fraco, e se respirar bem fundo Vegas quase consegue sentir o cheiro da adrenalina. O desespero. É amargo e ele não gosta.

"Vocês não foram os únicos atacados" Diz Luter em suas costas. Ele está parado na entrada do quarto, o sobretudo preto cobrindo-o quase completamente como uma capa. Seus olhos verdes passam por Vegas e depois pelo cômodo. "Vamphirs atacaram em grupos durante a madrugada. A Unidade e Willhaven também foram atacadas."

Fechando os punhos, Vegas encara a cama bagunçada. Ele deveria ter prendido Pete na cama, impedido-o seu sair. Ele deveria ter feito qualquer coisa, droga.

"Eu vou matar todos eles."

Luter faz um som irônico.

"Claro que vai" Ele diz no mesmo tom. "Helin está tentando ser razoável mas ela está errada. Se não pararmos eles agora, essa coisa vai... acabar com todos nós."

Aparentemente o Conselho Vamphir concorda com Luter. Todos aqueles vampiros sentados em suas cadeiras discutindo sobre quem está certo e quem está errado enquanto dezenas de pessoas foram assassinadas duramente a madrugada e Pete está desaparecido.

Eles não se importam com os Drudaks, não tem motivo para isso, mas além deles, humanos têm sido vítimas cada vez mais, e ainda que Vegas se importe ainda menos com humanos e Drudaks que não sejam o seu, é terrivelmente incômodo que ninguém esteja fazendo nada.

A Unidade exige uma resposta para ações dos vampiros desertores, e eles não vão ser razoáveis como sua mãe quando descobrirem que Vegas perdeu Pete. Sentar e discutir ao invés de agir dificilmente vai resolver alguma coisa.

"Nosso Príncipe quase foi morto!" Alguém grita no fundo da sala, a voz apenas ecoando na cabeça de Vegas. "Os Drudak vão cortar nossas cabeças se não..."

Ele sobressalta quando Helin bate os punhos fechados na mesa. Uma rachadura na grossura de um dedo corda a madeira de um lado a outro, e Vegas sente a pressão da Consciência quando sua mãe se levanta.

"Eu sei disso, Tereza!" Ela explode, a expressão tensa e olhos cheios de... alguma coisa. Tereza se encolhe em seu assento. "Eu sei de tudo isso."

"Então faça alguma coisa, majestade!" Diz outro conselheiro, empurrando de volta.

Avaliando cada rosto com calma, Vegas observa sua mãe endurecer a postura. Ela olha para ele por último, o rosto se transformando em algo duro como pedra.

"Mortem-Daer" Ela diz em voz alta. Os suspiros horrorizados fazem as paredes estremecerem. "Estabeleçam Mortem-Daer sob a ordem da Rainha."

"Helin" Diz seu pai, olhando para ela com surpresa. Seu tom é igualmente perplexo. "Você tem certeza?"

Helin balança uma mão para ele.

"Isso é um crime contra seu próprio povo." Diz Belion, os olhos afiados sustentando o de Helin.

"O que eles fizeram não tem perdão" Ela rebate duramente. "Eu sou sua Rainha, e eu exijo que estabeleçam Mortem-Daer até que os responsáveis por essa rebelião sejam pegos. Vou espetar suas cabeças em lanças e pendurar nos portões de Willhaven para que cada vampiro se lembre do que acontece quando se desafia a Coroa."

O rosto de Belion empalidece e ele provavelmente está desejando se afundar em sua cadeira.

Que todos eles morram afogados no próprio sangue, pensa Vegas, se levantando.

E que venha Mortem-Daer então.








[...]







Pete aquece as mãos contra o peito, enfiando seus dedos por debaixo das axilas. Ele não se lembra da cidade estar tão fria, mas o pensamento se esvai quando ele se dá conta de que se passaram horas suficiente para ele não estar mais em Nova Iorque.

Pete também não se lembra de muita coisa depois que Falk o carregou para o elevador e eles deixaram a cobertura. Ele acordou há quase duas horas atrás, sozinho no escuro e gemendo com a dor de um osso quebrado.

O ambiente não é familiar, o cheiro de mofo cobrindo as paredes e o eco de uma goteira não muito longe. Ele percebeu que estava no subsolo quando o sol começou a nascer e os raios atravessaram a pequena janela no topo de sua... cela sem portas. Só havia uma abertura no teto.

Mesmo com o sol, está frio o bastante para fazer Pete tremer até último fio de cabelo, e ignorar a dor latente na perna se torna mais difícil a cada minuto.

"Vegas" Diz Pete em voz baixa, como ele fez há alguns instantes atrás e não obteve resposta.

Ele chamou pelo vínculo, encarando a pulseira de diamantes ao redor do pulso, mas é como se o outro lado da linha estivesse... desligado. Pete não sente Vegas, não como antes, embora saiba que ele não está... morto. Mas Vegas também não responde, então não o faz sentir melhor.

Ele pareceu morto. Pregado à parede, sangrando e parecendo tão fraco. Pete fecha os olhos, tentando não repetir essa mesma cena outra vez mas ele não consegue. Ele não consegue não piscar e visualizar sua alma-gêmea daquela forma.

O alçapão no teto da cela range com som de passos, e logo em seguida a portinhola é aberta. Abrindo os olhos rapidamente, Pete olha para cima, sem saber ao certo o que esperar.

Uma pequena escada de madeira desce, então ele vê um par de botas com salto antes das pernas esguias e femininas, e por último um rosto. Um rosto... conhecido.

A vampira que ele esbarrou em sua festa de noivado, Aelli.

"Eu sempre me perguntei porque nós temíamos os Drudaks." Diz Aelli laconicamente, alcançando o último degrau.

Ela para há poucos metros de Pete, sua postura rígida e impecável, cabelos pretos longos e olhos vermelhos, bem como o batom em seus lábios.

O sangue de Pete ferve com a raiva, com a traição a Vegas, mas ele consegue não tentar saltar sobre ela, perseguindo seu instinto de sobrevivência e autopreservação. Ele está ferido e Aelli pode facilmente arrancar seu coração, se ela quiser.

E, Jesus Cristo o ajude, ela parece querer. Muito.

"Sem as armas que podem nos ferir, vocês não são nada" Ela diz, olhando para Pete com nojo e... outra coisa pior. "Vocês não podem fazer nada."

Não tão longe da verdade, Pete sente a súbita vontade rir quando olha para ela. Ele está em uma posição desvantajosa agora, mas é Aelli quem vai chamar por Deus quando Vegas a encontrar. Todos eles vão.

"Ele vai matar você." Diz Pete, sem conseguir conter o sorriso. A dor na perna se torna mais intensa, mas ele engole toda e qualquer vontade de ceder.

Aelli franze o nariz.

"Ele poderia" Ela diz, parecendo ponderar. Depois de um segundo ela olha para Pete novamente com a expressão divertida. "Mas não se pode matar o que não se pode encontrar."

Diminuindo o sorriso, Pete devolve o olhar.

"Estamos ligados." Ele diz rapidamente. "Vegas sempre vai me encontrar."

Aelli não parece perturbada com a informação. Precisamente, ela já sabia disso.

"Não por muito tempo" Diz a vampira, dando o primeiro passo para frente. "Eu encontrei uma coisa que vocês perderam. Alguém. Martin Keller soa familiar para você?"

Martin... Keller? O bruxo que faz magia de sangue?

A boca de Pete se torna seca, e sua garganta parece fechar. Ele se lembra de como Martin Keller apareceu no apartamento de Vegas pela madrugada e de como ele parecia curioso sobre eles. Quando ele foi embora, sem oferecer resistência, eles não falaram mais disso porque dissolver o vínculo não era mais um plano viável. Ou sequer um plano para alguma coisa.

O olhar de Aelli é divertidamente perigoso.

Pete se encolhe um pouco contra a parede quando ela se aproxima mais, se abaixando sob suas botas brilhantes. A essa distância ele não confia em si mesmo para não atacar a maldita vampira mesmo sabendo que não tem chances de vencer.

"Não se preocupe, eu fiz planos para você" Ela diz suavemente. "O meu Principe merece uma punição para os crimes que ele cometeu."

Pete tem vontade de rir de novo.

"Você não pode machucá-lo."

"Você mesmo me disse" Diz Aelli com um sorriso de caninos afiados. Os dentes dela parecem brilhar em contraste com o batom escuro. "Vocês estão ligados. Longe o bastante para não te encontrar, mas nunca bastante para não sentir a sua dor."

Inclinando a cabeça, Pete prende a respiração quando os olhos vermelhos de Aelli caem sobre sua perna ferida. Ele evitou olhar para ela durante um tempo, acreditando fielmente que não olhar faria doer menos, mas agora, cada músculo do corpo inteiro parece latejar de dor por causa dela.

"Acredite em mim, Drudak" Diz Aelli, sua mão tocando o joelho de Pete. Ele ofega, tentando puxar a perna de volta, mas a dor não o faz ir muito longe. "Quando eu acabar com você, romper o elo vai ser um favor."

"Vá se foder" Cospe Pete, tentando ignorar o aperto no joelho.

Franzindo a testa, Aelli desliza a mão mais para baixo, onde o asso se partiu e a estrutura entortou. Ela fecha os dedos com toda força ao redor da canela de Pete, os olhos vermelhos como fogo brilhando quando ele grita com a dor, sua cabeça latejando e o estômago revirando. Pete vomitaria agora se houvesse algo para vomitar.

"Eu sei como vínculos funcionam, e o seu é muito especial" Diz Aelli, afrouxando o aperto. Pete choraminga, tentando se fundir contra a parede, fugir dela. "Vai se tornar miserável sem ele. Como todo Drudak deveria ser."

Usando uma adaga pequena, Aelli corta a palma da própria mão, então Pete assiste com horror quando ela empurra o braço em sua direção. A mão dela cobre sua boca com uma força quase insuportável, amassando seus lábios abertos e empurrando uma quantidade fluida de sangue amargo garganta abaixo. Ele engasga e tosse tentando se livrar, mas é inútil.

Quando ela se afasta, Pete cospe o sangue que ficou acumulado na boca, mas não consegue colocar para fora o que engoliu. Em alguns instantes, uma queimação forte se espalha por todo seu corpo, se concentrando na perna esquerda, e Pete grita ainda mais alto quando sente, relutantemente, seu osso ser ligado a ponte quebrada novamente. Dói um inferno, mas dura pouco mais de quinze segundos antes que a dor se transforme em alívio.

Mas... por que?

"Bom" Diz Aelli, parecendo satisfeita quando se levanta. Ela joga o cabelo para trás com a mão ensanguentada, embora o corte tenha se fechado. "Vamos ver o quanto você aguenta, caçador."

Pete respira profundamente quando ela o deixa sozinho, suor escorrendo por sua testa e o tremor tomando conta de suas mãos. Mas a folga dura pouco, logo a portinhola está se abrindo novamente, e dessa vez dois pares de pernas descem os degraus.

Vamphirs com quase o dobro de seu tamanho, e o triplo de músculos.

Com a perna curada, Pete fica de pé, dividindo seu peso. Ele olha para os dois homens por debaixo das sobrancelhas, analisando-os. Tamanho é sinônimo de lentidão em um combate corporal, ainda que sejam vampiros. Pete é menor, mais leve e mais rápido, ainda que não tenha para onde escapar.

Mas como Tróia, Pete não vai cair sem lutar.






[...]







"Beba" Alguém murmura na escuridão, empurrando um braço contra o rosto de Pete. "Beba!"

Ele não abre os olhos para ver quem é, ofegando quando o sangue morno e amargo preenche sua boca a caminho da garganta. Em poucos instantes suas costelas quebradas estão de volta no lugar, a dor intensa se espalhando por suas costas antes de chegar ao corte no couro cabeludo que o deixou zonzo e enjoado por horas.

Com forças para empurrar o braço, Pete grunhi na escuridão, se encolhendo contra a parede, com os braços ao redor dos joelhos.

Os passos se afastam, a escada é puxada e o alçapão se fecha. Os olhos de Pete se tornam úmidos no silêncio, frio abraçando seu corpo trêmulo. Quanto tempo se passou desde que o pegaram? Horas? Talvez um dia ou mais? Pete não tem certeza, as surras até a exaustão e desmaio interromperam a contagem. Ele acordou e apagou duas ou três vezes, sem saber quanto tempo se passou entre cada uma delas. As vezes estava claro e as vezes estava escuro.

Pete foi... quebrado, de novo e de novo. Um braço, depois o outro, as pernas novamente, suas costelas e clavículas. Então alguém veio, encheu sua boca com sangue e o curou. Todas as vezes, de novo e de novo. E Pete ainda não sentiu Vegas, em nenhum momento, não importava o quanto ele tentasse.

Ainda sim, a exaustão o faz dormir imediatamente depois de fechar os olhos, ignorando o som de passos no andar de cima e das vozes abafadas que atravessam as paredes. Em algum momento o sol começa a nascer novamente, os raios atravessando a janela. A porta do alçapão se abre e Pete se sobressalta no lugar, praguejando em voz baixa quando suas costas doem com a mudança de posição repentina.

De todas as pessoas, esse é quem Pete definitivamente não está esperando.

O Vamphir mais velho olha para ele cuidadosamente, embora não pareça irritado, ele também não parece satisfeito. Não há expressão alguma no rosto dele.

De alguma fodida forma, olhar para ele quase trás conforto para Pete, a maneira como ele se parece com Vegas, ao mesmo tempo que faz seu coração apertar no peito.

"Machucaram você?" Kan Theerapanyakul questiona com a voz uniforme.

Pete não diz nada a ele, suas palavras de repente sumindo. Ele tenta assimilar o que está acontecendo, como Kan Theerapanyakul foi capaz de trair o próprio filho, trair a Rainha, mas não se parece com nada além de um pesadelo sem fim.

"Eu não queria que tivéssemos chegado a isso" Diz Kan Theerapanyakul, enfiando às mãos nos bolsos das calça. Ele parece simples, calças sociais e camisa escura, mas há um forma intrínseca de poder sob a pele dele que deixa Pete assustado. Mais assustado. "Mas ela não me escutou. Ela nunca me escuta."

Abrindo a boca, Pete tenta dizer algo, mas não consegue. Nada parece bom o bastante.

"O Destino está nos punindo por anos de guerra sem fim" Ele continua, encarando a parede. "Que punição seria melhor do que um elo entre um Drudak e um vampiro?"

Engolindo o nó na garganta, Pete molha os lábios.

"Ele é seu filho." Diz Pete, a voz rouca e baixa. "Como você..."

Kan olha para ele, seu rosto tão frio que Pete se arrepia dos pés a cabeça.

"Como eu pude?" Ele interrompe duramente. "Vegas vai sobreviver. Nós sempre sobrevivemos. Nunca viver, mas sobreviver."

"Ele não vai perdoar você."

"Nós temos uma rainha" Diz Kan laconicamente, ignorando Pete. "Nós temos centenas de anos de poder correndo nas nossas veias, mas sobrevivemos como uma praga, uma doença, sob o comando de Drudaks."

"Ele não vai perdoar você." Diz Pete novamente, o lábio inferior tremendo quando as lágrimas caem por suas bochechas.

Todas as lágrimas que ele segurou agora estão caindo. Seus joelhos ficam fracos também, desejando levá-lo para o chão. Pete se sente um idiota, esperando que Kan demonstre alguma misericórdia.

Mas Kan Theerapanyakul não está afetado.

"Vegas vai sobreviver" Diz o pai de Vegas categoricamente. Ele olha para Pete com a mesma frieza. "Diferente daqueles que morreram por sua causa.

"Ele—"

"Ele estava defendendo a alma-gêmea dele" Interrompe Kan outra vez, revirando os olhos. "Não vai ser um problema quando não estiverem mais ligados."

"Me matar não é a solução para os seus problemas." Diz Pete duramente. Ele quer chorar mais, na verdade, porque a morte certa parece cada vez mais próxima. "A Unidade vai revidar."

"Eu quero que revidem" O Vamphir mais velho diz, com um sorriso quase irônico. "Eu quero eles todos eles venham."

"A rainha—"

"Ela pode me odiar mas não vai me matar" Kan diz com certeza. "Temos um vínculo. Eu sei como doeria, por isso não posso matar você enquanto estiver ligado ao meu filho."

Sem ter mais o que dizer, Pete se encolhe contra a parede novamente, cedendo em seus joelhos. Ele olha para Kan de baixo, sentindo dolorosamente quase como... nada. O silêncio do vínculo deles apenas apavora mais Pete, ainda que os outros pareçam achar com absoluta certeza que Vegas pode sentir sua dor. O desespero, a angústia.

Secretamente, Pete também deseja que ele sinta. E como cada osso que foi quebrado e restaurado em seu corpo, Pete deseja que Vegas caia sobre eles. E nenhum vampiro vai ficar de pé quando ele o fizer.






[...]








Pete acorda com o som familiar de sua cela sendo aberta. Ele olha para cima com o coração acelerado, não sabendo o que esperar outra vez. Faz horas desde a última vez que alguém veio depois que Kan Theerapanyakul saiu. Ele bebeu um pouco de água e comeu uma fatia de pão. Mesmo que quisesse, Pete não conseguiria comer ou beber mais do que isso sem vomitar.

Ele prende a respiração quando o rosto de Falk se ilumina. O Vamphir olha para Pete com a testa franzida, parecendo irritado. Pete não consegue evitar de se encolher quando o vampiro chega mais perto.

"O que você está fazendo?" Ele consegue perguntar, usando os pés para empurrar Falk para trás quando ele tenta tocar Pete.

Falk empurra suas pernas de volta, agarrando Pete pela camisa e forçando-o a ficar de pé. Fraco, Pete rapidamente cede para o aperto, seus pés mal tocando o chão.

"Onde está?" Questiona o Vamphir, forçando Pete contra a parede, uma das mãos mantendo o aperto enquanto a o outra percorre seu corpo em busca de algo. "Onde está?!"

Tentando afastá-lo, Pete usa um pouco de suas forças para acertar Falk na garganta.

"Me solta!"

Com os olhos ainda mais avermelhados, Falk se recupera facilmente e agarra um punhado de cabelo na nuca de Pete, forçando sua cabeça para trás.

"Me diga onde está." Ele exige, a voz arranhando na garganta. "Onde está o maldito rastreador?"

Segurando o braço dele, Pete perde o fôlego com a dor se espalhando no couro cabeludo. Ele percebe que mal está tocando o chão de novo, apenas as pontas de seus pés arranhando a superfície.

"Drudak idiota!" Grita Falk, segurando Pete com mais força. Com a outra mão, ele agarra o pulso de Pete, seus olhos foçados na pulseira de diamantes pretos de Vegas. "Achou que podia nos enganar?"

Com um puxão, o elo da pulseira de desfaz, embora as contas de pedras preciosas continuem intactas. O coração de Pete afunda mais um vez, e sua respiração quase impossível.

"Me devolve" Pete consegue grunhir duramente. Embora ele tente, não dá para segurar a quantidade de lágrimas que enchem seus olhos.

Ele poderia implorar agora.

Por favor, me dê volta.

Mas Pete não faz.

"Ele só vai encontrar você quando nós quisermos que encontre" Diz Falk, balançando a pulseira de Pete entre os dedos. "E nem um minuto antes."

O Vamphir sorri quando deixa Pete sozinho novamente, levando a pulseira com ele. Tudo dói profundamente, e Pete se escolhe em um canto da cela, as mãos trêmulas limpando o rosto.

Ele não vai chorar.

Ele não vai chorar.

Ele não vai chorar!

Levantando o olhar, Pete encara o outro lado vazio da cela, o maxilar endurecendo quando ele fecha os punhos e promete para si mesmo que não vai ceder. Não vai ceder e não vai chorar.

Pete vai fazer melhor.

Ele vai matar todos eles.






[...]

E aí? Gostaram?

Juro que o Vegas vai ser mais útil no próximo!

Espero que tenham gostado desse!

Beijo!

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