Quando chegamos à mansão Malfoy, papai, tio Rodolphus e Severus estavam nos aguardando na porta de entrada. Severus estava sentado, parecendo ainda mais pálido e frio do que o habitual, mas ao menos ele estava vivo, e isso era o que mais importava no momento.
— Papai — Falo, correndo até ele, que me encontrou no meio do caminho, me dando um abraço.
— Céus, eu fiquei preocupado. Você está bem? Deixe eu olhar para você — Ele fala, segurando o meu rosto, para logo em seguida me olhar dos pés à cabeça.
— Aconteceu tanta coisa, mas o que realmente importa é que estamos todos bem, e o Potter está vivo — Falo, indo até tio Rodolphus e Severus para lhes dar um abraço também.
— O que aconteceu? — Lúcio pergunta, apertando o ombro de Severus.
— O Lorde das Trevas mandou Nagini me matar. Se não fosse pelo Bart e pelo Rodolphus... eu estaria morto agora — Ele fala sério.
— Como eu disse, Lynx teve um pressentimento ruim, então resolvemos ficar de olho em você, o que foi bom, já que, pelo jeito, Voldemort não estava nada contente. Ele, na verdade, parecia ainda mais desequilibrado do que o normal; ele até deu um tapa na cara do Lúcio — Papai fala, olhando de rabo de olho para o mesmo.
— Vocês já estavam lá? — Lúcio pergunta, sem graça.
— É claro que sim! Se Severus era um alvo, imagina você, Lúcio — Tio Rodolphus responde, olhando-o de maneira séria.
— O importante é que estamos todos aqui juntos. Só temos que aguardar as notícias de Hogwarts — Narcisa fala, séria, segurando o braço de Lúcio em conforto.
— Vamos para dentro, então. Só estamos nós aqui, o que eu senti falta... imensamente — Papai fala, ajudando Severus a se levantar.
Então, fomos todos para a sala principal da mansão, onde poderíamos descansar um pouco e aguardar por mais notícias, sejam elas boas ou ruins.
— Até que não está tão destruída — Falo, olhando para todos os lados.
— A mansão em si está em ótimo estado, só está tudo muito sujo e impregnado de magia negra — Narcisa fala, tocando as coisas.
— Como Potter saiu daquela floresta vivo? — Draco pergunta para Lúcio e Narcisa.
— Ele sobreviveu a outra maldição da morte — Narcisa fala, nos olhando. — Então, quando eu fui até ele, vi que ele ainda respirava. Perguntei se vocês dois estavam vivos, e ele balançou a cabeça. Então, eu soube o que tinha que fazer — Ela fala de forma séria.
— Você foi muito corajosa, mamãe — Draco fala, a abraçando. — Você mentiu na cara do lorde das trevas e saiu viva para contar a história — Ele fala, sorrindo.
— Você poderia ter me contado, Cissa — Lúcio fala, a olhando sério.
— Lúcio, sejamos francos, você está mal. Você mal consegue manter suas barreiras mentais erguidas. O lorde das trevas estava a um triz de te matar; tirar informações suas seria tão fácil quanto tirar um doce de uma criança — Papai fala, o olhando de maneira séria.
— Sim, eu poderia, Lúcio, mas não iria fazer diferença alguma — Narcisa interrompeu qualquer tipo de monólogo, olhando de maneira incisiva para Lúcio.
Que apenas concordou com a cabeça, já que, a contragosto, ele não poderia negar nada do que havia sido dito. Azkaban foi implacável com ele, e com certeza ele estaria voltando para lá muito em breve. Então, a única coisa que ele, e todos nós, tínhamos a nosso favor no momento era nosso orgulho e a vontade de sair por cima e, de alguma forma, vitoriosos no final.
— Muito em breve saberemos o final do lorde das trevas... E então, só nos restará saber o nosso próprio final — Lúcio fala, com um aceno de cabeça.
— Azkaban, esse é o nosso final — Falo, séria.
— Lynx tem razão — Severus fala. — Não podemos fugir, mas podemos ficar aqui e tentar nos salvar. Temos provas de que ajudamos o Potter. Tenho algumas memórias com Dumbledore; pode ser útil para nós.
— Rodolphus não pode ficar — Papai fala, sério.
— A casa na França está pronta, os objetos amaldiçoados já estão indo para lá, então só restará o próprio tio Rodolphus — Draco fala de modo sério.
— Os elfos de toda a mansão estão transportando as coisas para lá, e então, como meu doce sobrinho disse, só restará esse pobre senhor — Tio Rodolphus fala, debochado.
— Agora não, Rodolphus — Severus fala, o olhando de modo repreendedor.
O que faz o mesmo apenas revirar os olhos e erguer as mãos em rendição.
— Como vamos saber se o lorde das trevas foi derrotado para podermos começar a nos preparar? — Narcisa pergunta, nos olhando.
— Max — Falo, séria.
— Quem é Max? — Narcisa pergunta, confusa.
— Um elfo de Hogwarts. Ele irá vir até a mansão quando tudo acabar — Falo, me sentando.
— Então tudo o que podemos fazer é aguardar — Draco fala, vindo sentar-se ao meu lado.
— A propósito, tio Rodolphus, acho que devemos falar sobre uma coisa que você pouco conhece, e isso é "Discrição" — Falo, o olhando de modo sério.
— Como assim? — Tio Rodolphus pergunta, de modo indignado.
— Você é quase um pavão, Rodolphus — Papai fala, o olhando.
— Quem tem pavões brancos aqui é o Lúcio — Tio Rodolphus aponta.
— Por isso vocês dois são tão próximos — Papai fala, rindo.
— É você que guarda segredinhos com o Lúcio, ou você acha que ninguém aqui percebeu? — Tio Rodolphus fala, arqueando uma sobrancelha.
— Em questão de personalidade, você e Lúcio são quase gêmeos siameses — Papai rebate. — Eu sempre me identifiquei mais com o Severus e o Régulos... Vocês dois não sabem ser discretos — Papai fala, meio irritado agora.
— Bart tem razão, Rodolphus, você não é nada discreto — Severus concorda.
— Eu nem sei o que eu tenho a ver com isso — Lúcio fala, revirando os olhos.
— A questão é que você não pode sair da mansão por motivos banais, tio Rodolphus — Draco fala de modo sério. — Tanto eu quanto Lynx e o padrinho fizemos uma boa quantidade de poção polissuco, mas você só pode usar para motivos realmente importantes, e no caso, isso é se você precisar ir pessoalmente ao Gringotts ou por qualquer motivo que seja, alguma fuga de emergência — Ele fala, sério.
— Max irá para a mansão na França com você. Ele cuidará de tudo e também garantirá uma fuga bem-sucedida para você, se alguém te descobrir — Falo, o olhando de modo sério. — Você deve se livrar da sua varinha e escolher outra... Senhor Novak — Falo, arqueando uma sobrancelha.
— Tinha me esquecido desse nome ridículo — Tio Rodolphus fala, revirando os olhos.
— É o pseudônimo que contém toda a sua fortuna. Como você pode ter esquecido isso? — Severus pergunta, indignado.
— Não sei, Severus, talvez seja porque vivi por trinta e oito anos sendo chamado de Rodolphus Lestrange — Ele responde, debochado.
— Agora você tem menos de vinte e quatro horas para se acostumar com o sobrenome Novak — Papai fala, o olhando.
— A propósito, qual o meu primeiro nome? — Ele pergunta, olhando para Draco.
Então Draco olha para mim, e nós dois começamos a rir.
— Amado Novak — Draco fala, tentando parecer sério.
Então papai começa a rir, e Narcisa e Lúcio a disfarçar seus próprios risos, enquanto Severus apenas arqueia uma sobrancelha em descrença.
— Eu vou matar vocês dois — Tio Rodolphus fala, com descrença.
— Ninguém vai te chamar de Amado, só de senhor Novak — Falo, segurando o riso.
— Tinha que ser um nome diferente, e bom, você tem um nome diferente. Ninguém nunca pensaria que o cruel Rodolphus Lestrange usaria um nome desse — Draco fala, dando de ombros.
— Draco tem um bom ponto, Rodolphus — Papai concorda.
Tio Rodolphus não fala mais nada além de revirar os olhos, já que ele sabe que é verdade, até porque todo mundo sabe quem ele é e o que ele fez. Esse nome ridículo é a garantia de anonimato e segurança.
Então, quando todos nós entramos em um silêncio plácido, não tendo mais nada para discutir, eu resolvo liberar Fawkes, já que eu devo passar todo o tempo possível que eu tenha com ele também.
"Fawkes"
Chamo o pássaro místico, que, de forma extremamente rápida, surgiu em uma labareda de fogo, indo diretamente para o meu ombro, o que fez Draco pular e eu rir do mesmo.
— Desde quando ele faz isso? — Draco pergunta chocado.
— Acho que desde sempre — Falo, dando de ombros e soltando um pequeno sorriso, já que o pássaro estava fazendo seu clássico carrinho em minha bochecha.
— Fawkes pode transportar Lynx para onde ela quiser, ou até mesmo para onde ele quiser, e achar seguro — Papai explica.
— Incrível — Draco fala, fazendo um rápido carinho em Fawkes, já que ele ultimamente andava muito irritado e não estava gostando de receber carinhos de ninguém quando estava comigo.
— Você deve mandar Fawkes embora, Lynx — Papai fala de modo abrupto, o que faz todo mundo arregalar os olhos.
— E por que eu faria isso? — Pergunto, olhando-o de maneira séria.
— Como você acha que os aurores vão reagir ao encontrar ele aqui, conosco? — Papai pergunta também de modo sério, já que eu raramente falava dessa forma com ele.
O que, por consequência, fez todo mundo ficar em um silêncio completamente estoico, apenas nos observando. Até mesmo Fawkes estava encarando papai, e, se eu estiver certa, ele não está nada feliz com o que escutou.
— Todo mundo sabe quem foi Albus Dumbledore, todo mundo sabe que os Dumbledore têm fênixs, e somente o grande bruxo Albus Dumbledore é conhecido por ter uma fênix... E eu sou acusada de participar, conspirar e observar a morte do mesmo... Então todos vão achar que, além de ter feito tudo isso, eu também roubei Fawkes... E mesmo que eu dissesse que não o roubei e que ele veio por livre e espontânea vontade até mim, ninguém acreditaria... Dando mais motivos para a santa comunidade bruxa me jogar em uma pira de fogo... De nós jogar em uma pira de fogo — Falo tudo isso a contragosto, entendendo muito bem o ponto de papai, mas ainda assim, estando no meu direito de estar descontente com essa dura verdade.
— Fico feliz de você ter entendido os motivos por conta própria — Papai fala com um aceno de cabeça. — E eu não disse para você se livrar dele para sempre; a única maneira disso acontecer será quando você morrer, então Fawkes queimará uma última vez. Ele se ligou a você... Você só precisa dizer a ele para ficar longe da mansão e só voltar quando for seguro. Ele é inteligente — Papai fala, olhando para Fawkes.
Eu apenas aceno com a cabeça, já que não posso rebater nada do que papai disse. Então, quando tiver oportunidade, mandarei Fawkes ir nidificar em algum lugar seguro para ele e só voltar para a mansão quando souber ser seguro, ou seja, quando um de nós estiver aqui, até porque o lugar dele é conosco, com a família, e eu não quero perder outro animal de estimação.
Logo, todos nós entramos em um silêncio mútuo e não tão agradável, já que realmente não podíamos fazer mais nada além de esperar. Tudo estava nas mãos do Potter, e tínhamos que esperar para ver se ele realmente conseguiria matar o lorde das trevas.
Então começaríamos a nos preparar para a hora em que os aurores viriam atrás de nós, já que não podíamos viver fugindo, e a rota mais fácil era se entregar e realmente torcer para que não pegássemos sentenças grandes, já que, muito provavelmente, as únicas pessoas que não iriam para a prisão eram Severus e Narcisa. Então, eles teriam que cuidar de tudo; e agora tinha mais essa do Fawkes, o que eu nem tinha parado para pensar. Então, eu só podia desejar que Fawkes aceitasse os dois, já que geralmente ele só preferia eu e papai, e quando não tinha essas opções, ele ficava junto de Draco, que, obviamente, era sua terceira pessoa favorita.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Severus e Narcisa teriam que lutar outras batalhas sozinhos, mas bastante atenuadas por papai e Draco, que fizeram com que grande parte da nossa fortuna fosse transferida para várias contas com diferentes nomes, uma preocupação que os dois passaram semanas cuidando, já que com certeza o ministério da magia iria querer tomar bastante das nossas coisas. Então, cuidamos para deixar mais que o necessário para eles esbanjarem e fingirem para o mundo bruxo que fomos devidamente punidos, já que, obviamente, seríamos usados como bode expiatório do ministério.
Então, nem mesmo uma hora depois de chegarmos de Hogwarts, o elfo Max nos surpreendeu aparecendo no canto da sala, já segurando uma pequena mala, que com certeza continha alguns poucos pertences do mesmo.
— Max — Falo, me levantando.
— Mileide Malfoy — ele fala animado. Então, ele olha para papai e abaixa a cabeça, como se não quisesse notar sua presença. — Mestres — Rle fala, sem olhar para ninguém agora.
— Voldemort morreu? — Pergunto de forma rápida.
— O senhor Harry Potter matou o lorde das trevas. Todos estão no saguão do castelo. Max veio assim que todos estavam distraídos comemorando — Ele fala com orgulho.
— Você fez muito bem, Max — Elogio. — Tinker — Chamo.
— Sim, Mileide Lynx — Ela aparece.
— Leve Max, ajude-o com tudo o que for preciso para eles poderem levar. Daqui a meia hora, ele e tio Rodolphus devem partir — Falo, séria.
— Sim, Mileide — Ela fala, fazendo uma reverência e sumindo com Max.
Então, todos nós olhamos um para o outro e começamos a sorrir, já que realmente aquele mestiço imundo havia morrido. De certa forma, estávamos livres; de agora em diante, poderíamos viver sem o medo constante dele. Além disso, era o fim do nosso voto perpétuo; eu e Draco não precisaríamos mais viver preocupados com a possibilidade de matar um ao outro.
— Ao fim de uma era — Tio Rodolphus fala, erguendo um copo de whisky.
— Eu e Draco não somos mais ligados ao voto perpétuo — Falo, olhando para ele.
— Você tem razão — Ele fala, me dando um beijo na testa.
— Espero que, daqui em diante, tudo seja um pouco melhor — Severus fala, se encostando um pouco mais relaxado na poltrona.
— Você deve se preparar, Rodolphus — Lúcio fala, olhando para ele.
— Estão com tanta pressa para se livrar de mim assim? — Ele pergunta, fingindo aborrecimento.
— Melhor não arriscar — Papai fala, sério.
Então, bebemos todos uma última vez juntos, já que realmente não sabemos quando vamos poder ver o tio Rodolphus novamente.
Somente havia passado uma semana, uma semana para os aurores virem até nós. Então, agora estávamos aqui, literalmente de mãos atadas, vendo, no mínimo, vinte aurores, juntamente com o novo ministro da Magia itinerante, Quim Shacklebolt, revistar toda a mansão à procura de Rodolphus Lestrange e de qualquer outro Comensal da Morte que sumiu do mapa.
— Vocês não fugiram — Ele fala, olhando para Severus e, por consequência, para todos nós também.
— Não precisávamos fugir — Severus responde, olhando-o de modo sério.
— Eu vou levar vocês para o ministério. Eu acredito em um julgamento justo, mesmo para pessoas como vocês... Então, vocês aguardaram seus julgamentos lá — Ele fala de forma séria.
— Temos advogados que entraram em contato com você — Severus fala por todos nós.
Já que, quando papai ou Lúcio abriram a boca, Severus os olhou de modo repreensivo e mandou os dois calarem a boca, já que não estávamos em vantagem aqui, e os dois só nos colocariam ainda mais em apuros, já que eles eram foragidos de Azkaban também, como eles viviam se esquecendo.
E então escutamos um barulho de flash e vimos a própria Rita Skeeter nos encarando, sorrindo, o que fez Draco rosnar e eu revirar os olhos.
— A tirem daqui — Shacklebolt grita.
— Você não pode me tirar daqui, viu? Eu não estou invadindo a propriedade — Ela fala debochada.
— Sim, você está. A nossa propriedade é muito extensa, e essa terra que você pisa é nossa, assim como cada pedra ou poeira daqui até o condado de Dorset, a sudoeste, e o condado de Somerset, a oeste — Eu falo, olhando-a séria.
— Como a senhora Malfoy falou, você está invadindo uma propriedade que está sob investigação do Ministério da Magia. Saia, ou eu terei que usar da força — Shacklebolt fala sério.
— Eu já consegui a minha foto de capa mesmo — Ela fala, rindo e se virando.
O que faz eu pensar e lamentar profundamente que não tivemos nenhuma oportunidade de matar ela, o que, parando para analisar agora, é uma pena. Teria sido uma boa morte e muito apreciada.
— Os levem para o ministério, celas longe uma da outra, sem permissão para qualquer tipo de visita, a não ser que seja eu — Shacklebolt rosna, olhando para as costas da Skeeter.
O departamento de aurores só foi ágil na hora de nos capturarem, mas também nenhum de nós lutou, o que com certeza não deu nenhum crédito a eles, e nem o merecimento de uma medalha de honra. Então, eu não entendia o porquê de estarem demorando tanto para nos julgarem, o que era francamente irritante, já que eu queria saber o que estava acontecendo lá fora.
Eu também não sabia quanto tempo havia se passado, já que não era possível ver se era dia ou noite, e nenhum auror que vinha até a minha cela falava mais do que insultos a mim. Isso quando alguns deles falavam algo, mas eu também nunca procurei conversar com eles; eu não estava no clima, e minha irritação só crescia mais e mais, já que me parecia uma eternidade longe de Draco. Então, eu só podia imaginar a frustração do próprio Draco.
— Achei que eu não tinha permissão para receber visitas — Falo sem me virar.
— Acho que ser o salvador do mundo bruxo me concede algumas regalias — Potter fala pelo vão da porta.
Vão esse que é usado somente para passar comida e permitir que algum auror de mente pequena e ego menor ainda saiba se estou viva e comendo minha ração, porque aquilo é qualquer coisa menos comida. Não que qualquer pessoa aqui se importe se eu coma algo decente ou não, já que a minha existência para qualquer pessoa vale menos que um grão de areia, palavras do auror Júnior, que não me dignei a saber o nome e nem olhar mais do que o estritamente necessário.
— E como regalia por ter salvado a todos nós, você decidiu visitar a escória do mundo bruxo na prisão? — Pergunto de forma retórica, finalmente me virando para ver o Potter, ou basicamente seus olhos. — Nossa, as pessoas do ministério devem estar escandalizadas ou, no mínimo, achando que você veio aqui em alguma tentativa de humilhação — Falo sorrindo ironicamente.
— Eles devem estar escandalizados e até mesmo frustrados, já que virou notícia a minha decisão de depor a favor de você e toda a sua família, não que Narcisa e Severus pareçam estar em grandes apuros — Potter fala calmamente.
— Há quanto tempo estou aqui? — Pergunto realmente curiosa.
— Três semanas — Potter fala. — Todos os mortos foram enterrados, todos os seus familiares tiveram tempo de processar suas perdas, e agora eles têm tempo suficiente para pedirem sangue e retaliação contra vocês — Ele fala sério.
— Sabíamos das consequências — Falo dando de ombros.
— E mesmo sabendo das consequências, vocês não fugiram. Por que você não fugiu? — Ele pergunta nervoso.
— Eu não sou o tipo de mulher que se arrepende, Potter, e principalmente o tipo de pessoa que foge... E eu e minha família não podíamos viver para sempre fugindo, ou podíamos? — Pergunto arqueando uma sobrancelha.
— Vocês são inteligentes, tenho certeza de que encontrariam uma maneira de se safar — Ele aponta de modo amargo.
— Encontramos uma maneira, e foi essa nossa única opção... Lamento que não seja o que você esperava, Potter — Falo olhando-o sem realmente entender o motivo de sua frustração.
— Shacklebolt não gosta dos dementadores, então se vocês forem condenados, vocês não passarão pela guarda deles — Ele fala soltando um suspiro.
— Diga-me, Potter, o que você pretende fazer quando tudo isso acabar? — pergunto realmente curiosa.
— Eu... Eu realmente não sei... Os Weasleys me convidaram para morar com eles. Fred... Um dos gêmeos morreu, tudo está estranho — Ele fala de modo triste.
— Você sabe que eu não faço ideia de quem seja Fred Weasley, não é mesmo? — Pergunto arqueando uma sobrancelha.
— Certo, não faz diferença. O George é quem está vivo, mesmo que você não saiba quem é — Ele fala pensativo.
— E você aceitou morar com eles? — Pergunto contendo minha careta de nojo.
— Eu não tenho realmente para onde ir — Ele fala dando de ombros.
— Potter, por mais que você se vista como alguém abaixo da linha da pobreza e tenha feito amigos tão pobres quanto, você não é pobre — Falo de modo sério. — Você é um Potter, você tem uma herança e tem direitos a imagens suas sendo usadas para criar livros sobre você e por todos os outros que ainda serão escritos. Você sabe disso, né? — Pergunto arqueando uma sobrancelha.
— Eu nunca parei para pensar sobre isso — Ele fala dando de ombros.
— E você tem a mansão Black, é sua — Falo meio frustrada. — Por Merlin, Potter, você não precisa se preocupar com mais ninguém, você não precisa salvar mais ninguém, vai viver a sua vida, gaste seu ouro com você — Falo meio irritada. — Vire um auror se você precisa tanto assim alimentar esse seu complexo de menino salvador, então mostre para todo mundo quem você realmente é.
— E quem eu sou, Lynx? — Ele pergunta realmente parecendo não saber.
— Provavelmente o bruxo mais poderoso que existe hoje em dia — Falo olhando-o de modo incisivo.
— Se eu sou o bruxo mais poderoso que provavelmente existe, por que não consigo salvar você? — Ele pergunta irritado.
— Porque eu não preciso ser salva, Potter — Falo me aproximando da porta que nos separa. — Eu sou o monstro que as pessoas vão contar histórias para assustar seus filhos, e esses monstros não precisam ser salvos.
— Muitos diriam que esses monstros deveriam ser contidos e mortos — Ele aponta com amargura.
— E você conseguiria matar esse monstro? — Pergunto curiosa.
— Eu nunca poderia matar você, Lynx, eu realmente nem consigo sentir raiva de verdade por você — Ele fala abaixando os olhos em frustração.
O que me faz abrir um largo sorriso, que se Draco pudesse ver, ele com certeza falaria: "Este é aquele sorriso assustador que você dá quando está pronta para cravar seus dentes em uma presa distraída; no caso, essa presa é sempre alguém facilmente manipulável".
— Quero que você me faça um favor, Potter — Falo olhando-o de modo sério agora.
— Qualquer coisa — Ele fala se endireitando.
— Certo, antes de qualquer coisa, como a família Weasley reagiu ao saber da sua decisão de depor a nosso favor? — Pergunto realmente curiosa.
— Rony surtou, obviamente. Ele disse que já bastava termos voltado para buscar vocês nas chamas, então Gina surtou e praticamente virou um caos... Mas a senhora Weasley disse que isso deveria ser uma decisão minha e que mais ninguém tinha nada a ver com isso — Ele fala com um suspiro.
— A senhora Weasley é uma mulher esperta — Falo rindo. — Ela não pode ir contra o futuro genro, ou será que pode? — Pergunto arqueando uma sobrancelha.
— O que? Eu... Não...
— Sério, Potter, você vai acabar casando com a Weasley fêmea — Falo revirando os olhos. — Eu e Draco sempre pensamos que você e a Granger iriam ser espertos o suficiente e se juntarem, mas com certeza não contávamos com a esperteza da senhora Weasley — Falo rindo.
— Hermione e eu somos amigos — Potter fala fazendo uma careta.
— Todo relacionamento deve começar com uma amizade — Falo como se fosse óbvio. — Mas isso não importa mais, claramente ela já escolheu o cabeça de cenoura — Falo com nojo. — Você com certeza era uma opção melhor, você tem grande potencial para se portar como um cavalheiro, mas o Weasley, céus, aquele lá é um caso perdido — Falo estremecendo.
— Certo, eu não vim aqui para falar deles, eu vim para ver você — Ele fala revirando os olhos.
— Claro que sim, você não pode ficar sem coçar a sua coceira, não é mesmo? — Falo sorrindo.
— Sim, e você é particularmente uma coceira bastante irritante — Ele fala com um pequeno sorriso.
Eu apenas dou de ombros, já que isso é um problema inteiramente do Potter e não meu para lidar, mas eu realmente espero poder ver o caos que vai ser quando ele quiser me ver, porque ele vai querer e terá que lidar com a Weasley fêmea. Será uma situação realmente muito desagradável, bom, não para mim, mas com certeza muito divertida de se ver de longe.
— Certo... — Falo totalmente séria agora. — Quero falar com Shacklebolt. Se ele se recusar a me receber, fale que temos um contrato, aquele contrato que toda a Ordem da Fênix assinou me devendo um favor, que também contém a assinatura dele... Use de sua influência de garoto que sobreviveu para me arranjar essa reunião, e não conte para mais ninguém isso. Você pode me fazer esse favor? — Pergunto próxima a ele.
— Sim — Ele fala com um aceno de cabeça.
Então, eu finalmente me afasto da porta e volto para a minha posição inicial, onde eu estava de costas para a porta da minha cela, com os braços cruzados atrás de mim, vivendo em meu palácio mental um momento muito agradável da minha infância e a de Draco, onde estávamos tomando chá juntamente com Lúcio, Narcisa e papai, e os pavões brancos estavam soltos nos jardins, totalmente despreocupados com os horrores que nos aguardavam alguns anos depois.