Lee Minho
A segunda noite em casa do Han tinha sido bem tranquila. Eu e ele dormimos em conchinha, era muito agradável e quentinho. Acordo rapidamente com o som do alarme de Han. Este tinha um barulho estridente e estranho. Ele abre os olhos devagar e desliga-o com preguiça.
-Como eu gostaria de poder dormir mais contigo, amor, agarradinho a ti. -Han diz manhoso apertando-me mais contra o seu corpo quente.
-Também adoraria, mas temos de ir à universidade.
-Verdade-concordou preguiçosamente.
Levanto-me sentindo uma diferença enorme de temperatura. Han e a cama estavam tão quentes e fora da cama estava tão frio que parecia que ia congelar.
Vou à casa de banho e faço as minhas higienes, tomo banho e visto uma camisola amarela larga, um macacão de ganga preta largo e umas botas pretas. Saio da casa de banho vestido e pronto para ir para a universidade.
Han tinha uma pilha de roupa na mão, provavelmente a que ia vestir e quando me viu, este olhava-me de cima a baixo com admiração refletida na sua expressão.
Olho para baixo com vergonha e coro. Ele pousa a roupa em cima da cama e vem até mim. Este segura-me pela cintura e presa-me na parede, os nossos corpos com menos de um centímetro de distância. Uma das mãos sai da minha cintura e vai até à minha bochecha corada.
-Tu és tão perfeito, lindo e fofo.
Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele beija-me apaixonadamente. Um beijo de língua selvagem e apaixonado. Ponho a mão na nuca dele e aprofundo o beijo ainda mais. Han aperta a minha cintura com mais intensidade e eu suspiro durante o beijo. Quando ficamos sem ar, nos separamos ofegantes. Olho nos olhos dele e digo:
-Tu és a pessoa mais carinhosa, linda, fofa, perfeita, com um incrível senso de humor e um sorriso que alegra o dia de qualquer pessoa. E eu amo-te muito, muito mesmo.
-Também te amo muito.
Ele separa-se e vai tomar banho. Enquanto isso, faço a mochila e sento-me na cama à espera. Han sai da casa de banho e ele estava deslumbrante. Este vestia calças largas de ganga, uma camisola branca com corações vermelhos e uns all-star vermelhos. O meu amor estava tão fofo com aquele visual.
-Estás tão fofo com essa roupa-Digo levantando-me animado.
-Obrigado.-ele diz corando.
Pegamos nas nossas mochilas e descemos até á cozinha. Eu não costumava tomar o pequeno-almoço, mas ia comer na mesma.
Quando entramos na cozinha, a única pessoa acordada, sem sermos nós, era a mãe dele. Esta tinha preparado o pequeno almoço. Sentamo-nos e eu como pão com manteiga e bebo um copo de leite.
Depois de comer, saímos de casa e vamos até á paragem do autocarro de mãos dadas. Saimos do autocarro e entramos na universidade. Chegamos à sala de aula e vemos Jeongin, Seungmin e Felix a conversar animadamente. Vamos para pé deles e começamos a conversar pacificamente.
O sinal toca e temos duas aulas quase seguidas com um intervalo de cinco minutos. Quando toca para a terceira aula, somos informados que a professora estava a fazer greve por isso não iamos ter aula. Vamos para o recinto e nos sentamos em um banco a conversar. De repente, um homem, que provavelmente era professor, chega até nós e diz:
-Alguem aqui é o Lee Minho?
-Eu-digo confuso.
-Por favor acompanhe-me até ao escritório do diretor.
Troco um olhor de desespero e confusão com Han e ele diz:
-Não deve ser nada.
Levanto-me e acompanho o homem até ao gabinete do diretor. Entro e curvo-me em sinal de respeito. Quando levanto o meu olhar vejo que na cadeira à frente da secretaria do diretor estava a minha mãe. Uma tristeza e confusão apoderam-se de mim.
-Mãe?! O que estás aqui a fazer?!?
-Olá, Lee Minho, senta-te.-ela diz friamente.
O meu corpo estremeceu, no momento em que ela me chamou pelo nome completo. Sento-me com um pouco de receio ao lado dela. Esta segurava uns papéis que pareciam documentos.
-Resolvam-se e tratem da papelada.-ele diz intercalando o olhar entre mim e a minha mãe- Como Minho é maior de idade, vai ter de começar a pagar a faculdade e não vai precisar de tutor.-diz o diretor.
Como assim não ia precisar de tutor?
Eu já sabia que a minha mãe provavelmente não ia pagar mais a minha universidade, mas mesmo assim fiquei confuso.
-Com licença- diz o diretor retirando-se da sala.
Olho para a minha mãe confuso e ela diz formalmente:
-Lee Minho, a partir de hoje deixaremos de ser mãe e filho. Assine, por favor.
Sinto os meus olhos arderem pelas lágrimas que queriam sair. Ela dá-me a folha e diz aponta no sítio onde era para assinar. Não consigo conter as minhas lágrimas e estas caem em cima da folha, molhando-a.
-Não é para molhar a folha.- ela diz aumentando o tom de voz.
Eu começo a tremer e pego na caneta e tento assinar, mas saí tudo torto, mas a minha mãe, que não seria mais a minha mãe por eu ter assinado aquilo, tira-me a folha da mão e guarda. Começo a soluçar e a chorar ainda mais.
-Agora não sou mais a tua mãe. -ela diz pegando nas suas coisas e retirando-se da sala.
Eu saio atrás dela, mas vou diretamente para a casa de banho. Bom que ninguém me tinha visto a chorar como um bebê.
Fechei-me na casa de banho e choro. Era difícil respirar pelos soluços. As minhas lágrimas molhavam as minhas calças e eu tinha a cara toda molhada. Eu já não conseguia chorar silenciosamente, então estava a chorar e a fazer muito barulho.
De repente oiço uma pessoa a entrar na casa de banho e tento fazer pouco barulho, mas sem sucesso, eu continuava a soluçar e a chorar, agora mais baixo, mas audível. Alguém bate na porta onde eu estava.
Imediatamente reconheço a voz, Han, o meu amor.
-Está aqui alguém?
Provavelmente olhou por baixo da porta e reconheceu as minhas botas.
-Minho? Amor? Estás aí?
Eu não conseguia responder, só soluçar e chorar muito.
-Abre a porta, por favor, amor, eu estou aqui para ti.
Abro a porta e salto para abraça-lo. Aperto-o com muita força como se a minha vida depende-se disso. Fica-mos assim até eu sentir-me mais calmo. Não que eu tivesse mais calmo, mas não conseguia chorar mais, pois já tinha encharcado a camisola do Han. Parecia que a minha cabeça ia explodir e os meus olhos doiam e estavam inchados.
Ainda soluçava, então inspirei o meu inalador. Sentamo-nos no chão gelado da casa de banho e ele pergunta com calma:
-O que aconteceu?
Respiro fundo- A minha mãe, ela estava na sala do diretor com umas folhas.-fiz uma pausa pelos soluços.-Esta pediu-me para assinar e eu assinei.-Antes que eu pudesse continuar Han pergunta:
-Sobre o que eram os papéis?
-Eu agora... Já não tenho mãe. Ela tirou-me da família, ou seja,...não tenho família.
Começo a chorar novamente, sem conseguir controlar o meu choro. Mesmo estando sentados, ele dá me um abraço reconfortante. De repente toca e o Han diz:
-Queres faltar á aula?
-Sim, não vou para aquela aula chata.
Ficamos o resto daquela aula lá e quando tocou para o almoço, fomos almoçar.
Chegando ao refeitório, encontrámos os nossos seis amigos à entrada.
-Olá, onde estiveram?-pergunta o Felix.
-Não quisemos ir á aula.-diz o Han.
-Depois empresto-vos o meu caderno com os apontamentos que fizemos nas aulas-Diz o Jeongin.
-Vamos comer, estou com fome-Diz o Changbin, este parecia um pouco frustrado.
Vamos para a fila da cantina que hoje não estava tão grande. Levamos os nossos tabuleiros e sentamos-nos a conversar animados. Eu, de repente oiço um sussuro.
-Aquela não é a mãe do Minho?
Olho na direção do sussuro e vejo duas raparigas loiras. A outra responde:
-Soubesse que ela veio á universidade porque não queria mais o Minho como filho, ou seja, ele é órfão. Eles assinaram um papel.
Os meus olhos inundam-se de lágrimas e começo a tremer levemente. Um nó forma-se na minha garganta, impedindo-me de falar.
-Mas ele não tem pai?-pergunta a outra.
-Pelo o que eu sei, este morreu quando ele era pequeno.
O meu pai chamava-se Lee Lin-Ho e este tinha morrido quando eu tinha cinco anos, dois dias depois de eu ser diagnosticado com asma, de ataque cardíaco. A minha mãe sempre me culpou, a mim e á minha asma. Mas que culpa eu tinha por ter asma? Eu não tinha pedido para ter asma.
Deixo uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha. Limpo antes que alguém repara-se. Toda a gente começou a sussurrar e olho para baixo com vergonha.
-Aquele é o Minho, o órfão.
- Eu também não gostaria de ter um filho assim, com asma e feio.
-Bem feita.
-Eu se fosse ele morreria, imagina ser rejeitado pela mãe e agora ser órfão.
Estas palavras repetem-se na minha cabeça como um disco riscado. Sinto os olhares de toda a gente em mim, fazendo-me chorar silenciosamente.
-Minho?-pergunta o Chan.
-Amor?-pergunta Han.
Levanto-me subitamente da cadeira fazendo um barulho gigante. Aperto os meus punhos e saio a correr. Só me apetecia desaparecer.
Sinto alguém a seguir-me, provavelmente o Han. Acelero o meu passo e vejo que toda a gente olhava para mim quando eu passava. Era provável que tivessem a olhar para mim, pois eu estava a chorar e a correr que nem um doido.
De repente sinto as minhas pernas fraquejarem e desabo a chorar no chão ao pé da casa de banho. Han corre e abraça-me com toda a sua força. Não sei quntos minutos fiquei a chorar, mas chorei muito. Finalmente pusemos de pé e limpo as lágrimas. Inspiro o meu inalador e abraço o Han.
Sinto-me aliviado por ter chorado e libertado o peso da culpa que me consumia.
Como uma vez vi num dorama: "Chorar limpa o coração" e era verdade. Comecei a beijar a cara toda de Han e este gargalhava com uma gargalhada engraçada e fofa.
-Amo-te muito-digo animado.
-Também te amo muito. Nunca te esqueças que estou sempre aqui para ti.-ele diz dando-me um beijinho rápido nos lábios.
-Tenho os olhos inchados?
-Um pouco.
Damos as mãos e saimos da casa de banho. Eu estava confiante, pois mesmo que algumas coisas que os estudantes diziam magoavam, eu tinha o Han comigo.
Descemos até à nossa sala e vemos os nossos amigos preocupados à frente da porta.
-Minho, estás bem?-Pergunta o Jeongin.
-Sim-digo, bem, eu estava mais ou menos.
Chan aproxima-se de mim e dá-me um abraço reconfortante. Os abraços dele eram tão confortáveis, sentia que ele estava lá para mim independentemente da situação. Retribuo o abraço. Nos separamos e ele diz:
-Sabes que podes contar comigo. Estou sempre aqui para ti.
-E eu para ti.-digo.
-Estamos todos aqui para ti, Minho- Diz o Felix.
Han agarra-me pela cintura de lado e eu olho para ele alegremente. Dou-lhe um beijo na bochecha.
-Ohm, que amor-diz o Changbin.
Coro e sorrio timidamente.
Toca para a penúltima aula do dia. Os meus amigos que estavam no mesmo curso que eu entram comigo e com Han na sala de aula.
Saimos da sala após a aula acabar e de repente aparece Choi San e fala sarcasticamente:
-Deficiente, agora és órfão porque não vais chorar para a tua mãe, áh pois, não tens.
-Cala a boca-digo.
Sinto a raiva a borbulhar dentro de mim.
-Quem é que tu pensas que és?-ele diz chateado.
-Lee Minho.
-Um deficiente e órfão.
A raiva e fúria dominam-me e eu dou com toda a minha força um murro na barriga dele. Este cai no chão e tenta obter oxigénio.
-Não sou deficiente!!-Grito.
-Uau, belo soco-diz o Changbin que tinha acabado de chegar com Hyunjin e Chan. Os outros estavam parados a olhar para mim. Todos com ares surpresos e o Han e o Changbin com olhares orgulhosos.
Afasto-me de San e vou para pé dos meus amigos e do meu lindo namorado.
-Bem feita-diz o Chan animado.
-Devias ter feito isso mais cedo-Disse o Felix.
-Agora aprendeu a lição-Diz o Jeongin.
Temos a última aula do dia e vamos para casa. Eu e Han fomos para casa dele e os pais deles estavam a ver um filme com a irmã dele.
-Olá Min- Sungji diz levantando-se e dando-me um abraço apertado.
-Olá, jiji. Tudo bem?-pergunto.
-Sim.
-Deixa-os ir estudar.-diz a mais velha.
Subimos as escadas e fomos para o quarto dele.
Depois do jantar, pensei: tenho de arranjar um trabalho de meio-periodo. Amanhã não tenho tempo, mas na quarta feira, ou seja, dois dias depois ia passar a tarde a tentar arranjar um trabalho, pois tinha de pagar a universidade. Durmo com estes pensamentos.