PS Tudo ficará bem no final (...

Bởi anluspamp

2.9K 270 1.7K

Carina Deluca e Maya Bishop são divorciadas há alguns meses. Além de estarem lidando com o divórcio, estão en... Xem Thêm

Prólogo: You forgot me
I want to be more present
Mommy doesn't like me?
Can you forgive me?
Italy
The truth will emerge
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
She doesn't love me anymore
The birthday
Let's try again?
We are in this together.
Ti voglio bene

Revelations and Consequences

210 17 175
Bởi anluspamp


                       MAYA BISHOP

                       𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗡

Era o dia do aniversário da Andy, e ela havia chamado o pessoal: Ben, Jack, Travis , eu e Dean, para comemorar no bar do Joe.

Carina, estava inexplicavelmente ausente o dia inteiro, não tinha visto minhas mensagens e nem chamadas. Eu estava me sentindo péssima, precisando desesperadamente do apoio e conforto dela. Estava chateada, magoada e, sim, com raiva. Como ela pôde me deixar assim?

Decidi ir para o aniversário da Andy, mas não por vontade própria. Fui movida pela raiva e pelo desejo de me vingar. Deixei nossa filha, aos cuidados de uma babá, enquanto eu mergulhava na festa com um coração pesado.

— Maya! que bom que veio — Andy diz com um sorriso no rosto me abraçando

— Feliz aniversário, Andy —digo retribuindo o abraço

— E Carina? Ela não vem?— pergunta gentil

— Está trabalhando— falo sem entrar muito no assunto

— E Lizzie está com quem? —Andy pergunta preocupada

—Ah, ela está com uma babá—digo com um sorriso forçado

Enquanto os outros riam e brindavam, eu estava cheia de ressentimento e amargura. A raiva borbulhava dentro de mim, alimentada pelo vazio deixado pela ausência de Carina. Eu sabia que não era justo descontar minha dor nela, mas naquele momento, era difícil raciocinar de outra forma.

— Está tudo bem? — Andy pergunta se aproximando de mim

— Sim — falo forçando um sorriso

—Maya, eu te conheço — ela fala com uma expressão calma

—Está tudo bem, Andy— digo levantando e saindo

Caminhei até o balcão do bar, sentindo o peso do dia sobre meus ombros. Tudo o que eu queria naquele momento era esquecer, esquecer de tudo o que tinha acontecido aquele dia.

O barmen me cumprimentou com um sorriso gentil enquanto eu me sentava no banco. Pedi uma bebida forte, algo que pudesse me tirar daquele estado de consciência que parecia uma tortura.

Ele preparou três copos de tequila e os deslizou na minha direção. Olhei para eles por um momento, hesitando por um instante. Mas então, a necessidade de escapar era mais forte do que qualquer outra coisa.

Levantei o primeiro copo e o inclinei para trás, sentindo o líquido quente queimar minha garganta. O segundo copo seguiu o mesmo caminho, e então o terceiro.

Olhei em volta e vi todos dançando, rindo e se divertindo, enquanto eu me sentia como se estivesse presa em um pesadelo. Pela manhã, tive o desprazer de ver o rosto do homem que me destruiu por anos, o meu pai, trazendo à tona todas as memórias dolorosas que eu lutava para esquecer.

Além disso, a ausência de Carina durante todo o dia só agravava minha dor. Enquanto eu estava lutando para lidar com tudo o que estava acontecendo, ela estava ocupada com o trabalho, sem nem mesmo se dar ao trabalho de mandar uma mensagem para ver como eu estava.

Sentindo-me completamente destruída e abandonada, virei-me para o barmen com os olhos marejados e a voz embargada. Pedi um copo de vodka pura, sem me importar com o julgamento silencioso que eu podia sentir emanando dele.

Ele me entregou o copo sem fazer perguntas, apenas com um olhar de compaixão que só fez minhas lágrimas ameaçarem cair com mais força. Peguei o copo tremendo, sentindo as mãos trêmulas enquanto levei-o à boca.

A vodka queimou minha garganta, mas era uma queima bem-vinda, uma dor física que temporariamente substituía a dor emocional que eu carregava dentro de mim. Fechei os olhos por um momento, deixando-me afundar na sensação de entorpecimento que a bebida proporcionava.

Enquanto eu estava conversando com alguns amigos, percebi algo fora do comum: os olhares persistentes de Jack em minha direção. Ele estava em um canto do bar, mas seus olhos não se desviavam de mim por um segundo sequer. Era como se ele estivesse me devorando com o olhar, deixando claro seu desejo.

Inicialmente, me senti desconfortável e até um pouco envergonhada com tanta intensidade, mas conforme o tempo passava, uma sensação de poder começou a surgir em mim. Eu sabia que ele me desejava, e isso despertou uma faísca de interesse em mim também.

Decidi retribuir os olhares, deixando-me envolver pela troca de olhares carregada de desejo. Cada olhar que trocávamos era como uma faísca elétrica, alimentando a chama do desejo que queimava entre nós.

Enquanto me deixava levar pela atmosfera do bar, uma voz interior começou a sussurrar em reprovação: "O que você está fazendo, Maya? Você é casada." Uma onda de culpa e conflito interno inundou meus pensamentos quando olhei para a aliança reluzente em meu dedo, lembrando-me do compromisso que fiz com Carina.

Comecei a brincar nervosamente com a aliança, girando-a em meu dedo enquanto a raiva crescia dentro de mim. Carina tinha passado o dia todo ocupada com o trabalho, ignorando minhas mensagens e chamadas. O ressentimento borbulhava dentro de mim, e por um momento, desejei que ela pudesse sentir tudo que eu estava enfrentando naquele momento com a ausência dela.

Mas rapidamente afastei esses pensamentos sombrios. Não era justo desejar mal a ela, não importa o quão magoada eu estivesse. Respirei fundo, tentando acalmar os ânimos e afastar a raiva que ameaçava me consumir.

Decidi afogar esses sentimentos em mais uma dose de bebida, pedindo ao barmen outro copo.

Foi então que senti a presença de Jack atrás de mim e por um momento, toda a confusão e tumulto ao meu redor pareceram desaparecer. Uma mistura de excitação e nervosismo se espalhou dentro de mim enquanto me perguntava o que estava por vir.

— Ei! — Jack fala dando um gole na sua bebida

Seu corpo estava tão perto do meu que podia sentir o calor irradiando dele, enviando arrepios pela minha espinha. O cheiro de sua colônia misturava-se ao aroma de bebidas do ambiente, criando uma aura intoxicante ao nosso redor.

Cada vez mais perto, podia sentir sua respiração suave em meu pescoço, enviando uma onda de arrepio pelo meu corpo. Era como se o mundo ao nosso redor desaparecesse, deixando apenas nós dois naquele momento, em um mundo à parte.

— O-Oi Jack — digo com uma voz arrastada pela bebida

Quando Jack saiu de trás de mim e se sentou na cadeira ao meu lado, pedindo uma bebida ao barmen e olhando nos meus olhos, senti uma onda de excitação me percorrer. Era como se sua presença tivesse acendido uma faísca dentro de mim, despertando sensações que eu não esperava.

No entanto, eu sabia que nós éramos apenas amigos de trabalho, nunca houve nada além disso. Era apenas a bebida e o ambiente do bar que estavam mexendo comigo.

Decidi me afastar, cortando os olhares intensos e seguindo em direção ao banheiro feminino. Enquanto lavava as mãos, olhei para o espelho e me deparei com minha própria imagem refletida nele. Meus olhos encontraram os meus, buscando respostas para as emoções conflitantes que eu estava enfrentando.

Por um momento, fiquei ali parada, observando minha própria expressão no espelho.

Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos que inundavam minha mente.

— Maya? — Jack me chama abrindo a porta do banheiro

— Por que diabos você não está no banheiro masculino? — digo rindo

— Eu vim apenas verificar se não está precisando de ajuda— fala com um sorriso gentil

— Eu estou bem, Jack —digo confirmando com a cabeça

A tensão entre nós era palpável, quase tangível, como se o ar ao nosso redor estivesse carregado de eletricidade. Nenhum de nós quebrou o contato visual, ambos presos na troca de olhares intensa e cheia de significado.

Então, num movimento suave e decidido, Jack fechou a porta atrás de si, criando uma sensação de intimidade entre nós. Ele se aproximou lentamente, sem quebrar a troca de olhares, como se estivesse sendo puxado por uma força magnética invisível.

Meu coração batia forte no peito enquanto ele se aproximava, cada passo aumentando a tensão entre nós. Eu me sentia hipnotizada por aqueles olhos profundos, incapaz de desviar o olhar ou de afastar-me.

— Jack... — tento falar em um tom normal, mas minha voz sai como um sussurro

Enquanto eu estava no banheiro, sentindo a presença de Jack cada vez mais próxima, percebi que ele estava perto demais. Sua respiração rápida e quente roçava meu rosto, criando uma sensação arrebatadora de eletricidade que percorria todo o meu corpo. Naquele momento, nada mais importava para mim. O mundo exterior desapareceu, e tudo o que eu conseguia sentir era a presença intensa de Jack ao meu redor.

Sem pensar nas consequências, deixei-me levar pelo desejo avassalador que me consumia. Minha mente estava em branco, e eu não conseguia lembrar de nada além daquele instante, daquele momento em que estávamos juntos, naquele banheiro escuro de um bar.

Com um movimento impulsivo, passei minha mão pelo pescoço dele, puxando-o para mais perto de mim. Nossos lábios se encontraram em um beijo ardente, uma explosão de excitação que incendiou todo o meu ser. Eu podia sentir a maciez dos lábios dele contra os meus, o calor do seu corpo se fundindo com o meu.

O tempo parecia ter parado enquanto nos entregávamos àquele momento de pura entrega e desejo. As mãos de Jack encontraram meu rosto, acariciando-o com ternura enquanto nossos lábios continuavam a se mover em um ritmo frenético.

Em um impulso ousado, eu pulei no colo de Jack, sentindo suas mãos firmes segurando minha cintura enquanto continuávamos a nos beijar apaixonadamente. As pernas envolveram seu quadril instintivamente, enquanto eu me entregava completamente ao momento.

Sem hesitação, Jack me levou rapidamente para uma das cabines do banheiro, fechando a porta com o pé enquanto mantinha o beijo. A sensação de adrenalina pulsava em minhas veias enquanto éramos envolvidos pela escuridão do banheiro, isolados do mundo exterior.

Contra a parede, Jack me pressionou com firmeza, intensificando ainda mais o calor do nosso beijo. Nossos corpos estavam colados um ao outro, o desejo fluindo entre nós de forma incontrolável.

Cada toque, cada movimento, era uma explosão de sensações avassaladoras que me deixavam sem fôlego. A batida acelerada dos nossos corações ecoava no pequeno espaço, preenchendo o ar com a eletricidade da nossa conexão intensa.

                     𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗙𝗙

— Tá pensando em quem? Carina?—  Emma pergunta entrando na cozinha me fazendo sair do transe

— Em ninguém Emma, para de ser inconveniente—  digo tomando um gole do meu café

— Sei, sei... - diz rindo — E vem cá... você não vai pra casa nunca não? preciso transar, mas com você aqui, não tem como trazer ninguém — diz enquanto pega uma maçã para comer

— Me expulsando? — pergunto arqueando a sobrancelha

— Sim — diz rapidamente concordando com a cabeça

— Idiota, vai transar ué, não estou com sua buceta — falo dando de ombros

— Que horror Maya — diz incrédula me fazendo rir

— Mas vem cá... você vai transar com quem? — pergunto curiosa

— Com você é que não é — diz revirando os olhos

— Mas está  doidinha querendo—digo me aproximando dela que me dá um tapa no braço

— Sai sua louca, tarada —diz irritada saindo de perto de mim me fazendo rir

— E aí não vai me dizer? — Pergunto novamente

— Não — fala dando de ombros

— Então tá bom — falo me fazendo de triste

— Ai Maya, eu não sei, ridícula — fala revirando os olhos irritada — só vou sair pra beber com um pessoal e vou ver no que vai dar, mas tô afim de transar com um homem bem forte — fala mordendo o lábio provavelmente imaginando e eu solto uma gargalhada alta

— O que foi? —diz seria

— Nada, nada— digo tentando me recompor

— Você só está rindo, porquê está na seca - diz mostrando a língua para mim

Ela tem realmente 24 anos?

— Quem disse?—  digo saindo da cozinha deixando ela me chamando

                  CARINA DELUCA

A luz da manhã começava a espreitar pelas cortinas quando eu senti o corpo de Amélia se mexendo debaixo de mim. Lentamente, eu despertei do sono, percebendo que ela estava se movendo para se acomodar melhor. Com um sorriso sonolento nos lábios, afastei-me um pouco para dar espaço, observando-a enquanto ela se ajeitava. Seus olhos se abriram lentamente, encontrando os meus, e um pequeno rubor coloriu suas bochechas quando ela percebeu que me acordou. Nos olhamos por um momento, compartilhando um sorriso suave

— Desculpa te acordar — Amy fala enquanto faz um carinho nas minhas costas nua — bom dia meu amor —Amelia diz, com a voz rouca de sono

— Buongiorno  —digo com a cabeça no seu peito nu

Depois da noite passada onde descobri a traição de Maya, decidi não dar explicações para Amelia naquela noite. Tomamos um banho juntas e, em seguida, adormecemos, deixando as preocupações de lado, pelo menos por enquanto.

                    𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗡

— Não, não vai ficar tudo bem — digo ainda com a voz embargada

— Vamos tomar um banho, vem — diz estendendo a mão

Nos dirigimos ao banheiro, buscando um refúgio depois daquela noite horrível. Juntas, tiramos nossas roupas lentamente, deixando para trás o peso das emoções tumultuadas. Enquanto a água quente caía sobre nós, sentimos um conforto reconfortante, como se lavasse as mágoas e incertezas da situação passada. Sob a luz suave do banheiro, compartilhamos silêncios e abraços, encontrando consolo uma na outra. Naquele momento, era como se o mundo lá fora não existisse, apenas nós duas, juntas, enfrentando as adversidades da vida com amor e apoio mútuos.

Percebi  que Amy sentiu minha dor, mesmo sem saber o motivo do meu choro. Seus olhos expressavam compaixão e seus braços envolviam-me com ternura, como se dissessem que estaria ali para mim, independentemente do que acontecesse.

Amy e eu saímos do banheiro, cada uma imersa em seus próprios pensamentos. Envolta na toalha, sentei-me na cama, olhando para minhas mãos enquanto tentava não reviver as dolorosas palavras de Maya.

Enquanto isso, Amy procurava algo para vestirmos no closet, sua presença silenciosa ao meu lado era reconfortante, mesmo que eu ainda estivesse lutando para processar a traição e a dor.

Minha mente insistia em criar cenas de Maya e Jack juntos na cama, mesmo sem nunca ter visto tal cena. As palavras de Maya ecoavam em minha mente, alimentando a imaginação com detalhes dolorosos e perturbadores. Eu me sentia como uma espectadora involuntária de uma traição que nunca testemunhei, mas que parecia se desdobar diante dos meus olhos na tela da minha mente. Cada pensamento alimentava a dor e a angústia, tornando difícil separar a realidade das imaginações dolorosas que me assombravam.

— Me beija — falo olhando para Amelia que saia do closet com uma camiseta larga e comprida e apenas uma calcinha e segurando um pijama para mim 

Sem dizer uma palavra, Amelia fica de frente para mim, enquanto permaneço sentada na cama. Seus olhos encontram os meus, transmitindo um misto de compaixão e desejo. Lentamente, ela se inclina e me beija suavemente.

Deito na cama, permitindo que Amelia se posicione por cima de mim. Nossos lábios se encontram em um beijo calmo. Sinto-me envolvida pela ternura e pelo desejo que transbordam desse momento. Com as mãos trêmulas, começo a deslizar a camiseta de Amelia para cima, revelando sua pele macia e os contornos delicados de seu corpo. .

Com um desejo ardente, levo minha mão até a nuca de Amy, puxando-a suavemente para mais perto de mim. Ansiava por sentir seu calor, meu corpo se contorcia sob o de Amelia enquanto nos beijávamos, ansiando por mais contato, mais proximidade. Cada toque inflamava ainda mais a paixão que ardia entre nós. Em um movimento rápido, Amelia retirou a toalha que cobria meu corpo, deixando-me exposta à sua vista. A sensação do ar fresco contra minha pele despida apenas aumentou a intensidade do momento.

Sinto um arrepio percorrer meu corpo quando a boca de Amelia começa a explorar meu pescoço, seus lábios deixando um rastro de beijos e mordidas suaves que se transformam em marcas. Cada toque é como uma explosão de sensações, fazendo-me perder o fôlego enquanto me entrego ao prazer do momento. Seus beijos são uma mistura irresistível de ternura e desejo, deixando-me ansiando por mais.

Sinto um arrepio de prazer percorrer meu corpo quando os lábios de Amelia descem até meu seio, sua língua traçando círculos ao redor do mamilo antes de chupá-lo suavemente. Cada toque é como uma explosão de sensações, fazendo-me arquear as costas em êxtase. A ternura e a paixão misturam-se em uma dança ardente enquanto me entrego ao toque sedutor dela.

Os gemidos de prazer escapam dos meus lábios involuntariamente, ecoando pelo quarto enquanto sinto o hálito quente de Amelia em meu seio. Cada respiração dela é como uma carícia sensual, aumentando ainda mais a intensidade do momento. Minha unhas encravadas nas suas costas, meu corpo se contorcendo de prazer sob seus toques.

— Ca... eu não vou fazer isso — diz recuperando o fôlego olhando para mim

— Amelia, me fode — digo em um tom sério com a voz rouca

— Carina você sabe que sexo não vai melhorar nada não é? o que aconteceu? por que você estava naquele estado? o que Maya fez? — ela fez todas essas perguntas sem pausa

— MERDA, ME FODE LOGO— grito seria

— Não, Carina! você não está bem, você quer transar pra esquecer algo que amanhã você vai estar lembrando novamente e eu não vou fazer isso, eu quero que você sinta a sua dor, que você chore se sentir vontade de chorar, pare de se limitar tanto Carina, sinta os seus sentimentos— ela diz aumentando o tom

— Merda, Amelia— digo colocando as mãos no rosto e jogando a cabeça para trás

Enquanto eu ouvia o som do meu próprio choro ecoando no quarto, sentia-me afundar em um abismo de dor e desespero. Sob o peso opressivo da traição e da culpa que carregava por tanto tempo, senti o corpo de Amelia se movendo sobre mim. Ela se deitou por cima de mim mais confortavelmente, envolvendo-me em seus braços com toda a força do mundo oferecendo conforto e apoio. Enquanto ela me abraçava, eu me permitia afundar em seu calor reconfortante, deixando-me levar pela sensação de segurança que ela me proporcionava.

— Ela... ela me traiu — digo com a voz embargada pelo choro

— Shh...Eu estou aqui — fala fazendo um carinho nos meus cabelos

Senti o calor de Amelia ao redor de mim me abraçando, mas tudo o que eu conseguia sentir era a dor e a confusão. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto enquanto eu me afundava no abraço de Amelia, incapaz de conter a dor que consumia meu coração.

Depois de um tempo na mesma posição, senti o movimento suave de Amelia sobre mim, indicando que ela estava se levantando. Levantei o olhar e observei em silêncio enquanto ela pegava a blusa que estava vestida momentos antes.

— Você... você pode dormir sem? eu queria sentir você — pergunto com a voz embargada

— Claro— ela sussurra com um pequeno sorriso

Ainda com as lágrimas insistindo em cair, eu me rendi ao cansaço emocional e me deitei na cama grande. O lençol macio me acolheu enquanto eu me cobria, buscando algum conforto físico para a dor que me consumia por dentro. Ao meu lado, Amelia deitou-se silenciosa.

— Eu te amo, sabe disso não é?— sussurra olhando nos meus olhos, colocando uma mecha de cabelo caída no meu rosto por trás da minha orelha

— Eu também— falo baixo suspirando

Com um suspiro de alívio, eu me aproximei de Amelia, buscando aconchego em seus braços. Ao me deitar no peito nu de Amelia, uma sensação reconfortante de segurança me envolveu. Sentir o calor do seu corpo e o ritmo tranquilo da sua respiração era como uma canção de ninar que acalmava minha alma atribulada. Enquanto nos aconchegávamos, os dedos habilidosos de Amelia começaram a acariciar suavemente meus cabelos, fazendo um cafuné que era como uma carícia para minha mente cansada.

                      𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗙𝗙

— Você se sente melhor? —  pergunta dessa vez olhando nos meus olhos com um sorriso gentil

— Amy, eu não quero falar sobre isso —  digo seria puxando o cobertor sobre meu corpo

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o som irritante do despertador começou a tocar.

— Vou me ajeitar pra levar Eliza para a escola— digo me levantando e indo até o banheiro fechando a porta atrás de mim

— Carina— Amelia me chama, na porta do banheiro

—Amelia, se for pra falar sob...

Começo sendo interrompida por ela

— Não irei falar sobre ontem, só queria falar que posso levar Lizzie para a escola se você preferir— diz calmamente

— Tanto faz — digo, entrando debaixo do chuveiro

— Você tem plantão hoje à noite, não? — pergunta um pouco mais alto para que eu possa ouvir, já que o chuveiro está ligado

— Estava esquecida disso — digo, enquanto sinto a água quente escorrendo sobre mim

Depois de alguns minutos debaixo do chuveiro, deixando a água quente acalmar meus pensamentos, finalmente decidi sair. Enquanto as gotas de água escorriam pelo meu corpo, meu pensamento vagava pela conversa que tive com Maya ontem à noite. Era difícil não ficar remoendo as palavras trocadas e as dúvidas que ainda persistiam em minha mente.

Assim que saí do banheiro, dei de cara com Lizzie, já vestida com o uniforme da escola. Seus cabelos ainda úmidos, indicando que tinha acabado de tomar banho. deitada confortavelmente na minha cama, seu ursinho de pelúcia, bambi, estava ao seu lado, mexendo os pézinhos enquanto ela segurava um copinho rosa com bico, provavelmente com leite quente e toddy, uma combinação que ela adora. Seus olhinhos estavam quase se fechando novamente, lutando contra o sono.

Com um sorriso carinhoso nos lábios, aproximei-me dela e delicadamente afaguei seus cabelos molhados.

— Mama—  diz, ainda com o bico do copo na boca o que fez sair um som abafado

— Buongiorno — digo com um sorriso no rosto

— Eu não quero ir para escola— diz com um bico nos lábios

— Eu sei que não, bambina, mas lembra que a escola é muito importante para sermos pessoas melhores?— explico fazendo um carinho nos seus cabelos

— Mas eu não gosto deles e eles falam coisas ruins —  diz fazendo uma carinha de brava

— Tudo bem, não se sinta obrigada a gostar de todo mundo, mas sabe que precisa ir para escola — digo calmamente

— Acabei — diz me dando o copo ainda pela metade

— Não quer mais? — pergunto vendo que ainda tinha bastante

— Não —  ela fala abrindo os braços para eu pegá-la no colo

— Filha, eu preciso me trocar — explico e ela cruza os braços fazendo um bico

— Procurei as outras e só achei as suas meias brancas, Lizzie— Amelia diz entrando no quarto com dois pares de meias nas mãos

— Eu não quero essa, eu quero a rosa — diz virando o rosto com birra

Deixei Lizzie e Amelia discutindo sobre qual par de meias Lizzie usaria naquele dia e segui em direção ao closet para me trocar. Enquanto procurava por algo para vestir, podia ouvir suas vozes.

— Eu quero a mamãe Maya— ouvi Lizzie dizer

— Podemos passar na casa dela, depois que eu te buscar na escola pode ser? —  Amelia pergunta e Lizzie responde algo que não ouvi direito

me visto e quando saio do armário vejo a cena da Amy amarrando os cadarços do tênis de Lizzie

—  Mama, você pode comprar bolo de chocolate hoje? —   pergunta com os benditos olhinhos fofos

— Se você for uma boa garota na escola— falo colocando uma camiseta grande

— Pronto, pegue sua lancheira na mesa e vá para o carro, Lizzie— diz ajudando Lizzie a descer da cama que é um pouco alta

— Você vai assim? — digo apontando para ela com uma cara incrédula

— Oh meu Deus —  ela diz com uma cara espantada e eu começo a rir

Amelia ainda estava vestindo uma camiseta grande e uma calcinha preta de renda, dei uma risada.

— Sua filha tira os meus neurônios —fala enquanto eu ainda estava rindo

Ela sai correndo para o closet para se arrumar. Enquanto a via se afastar, não pude deixar de sorrir com sua distração.

Desci para a cozinha e, ao chegar lá, deparei-me com Lizzie completamente distraída, enchendo sua lancheira com uma pilha de biscoitos recheados. Ao mesmo tempo, o armário estava completamente revirado, com doces espalhados por todos os cantos enquanto ela escolhia seus favoritos. Em um tom sério, chamei sua atenção enquanto ela ainda estava distraída.

— Eliza!  — grito em um tom sério chamando sua atenção fazendo ela tomar um susto ao me ver

— Mama — diz sorrindo

— Você não vai levar isso para a escola—digo pegando todos os biscoitos e colocando de volta dentro do armário

— Mas...

Antes que ela comece eu corto suas palavras

— "Mas" nada — falo irritada

— O que aconteceu aqui?— Amelia diz entrando na cozinha

— O que você colocou de lanche para ela?— pergunto seria

— O que você sempre faz, panquecas, talvez não estejam tão boas quanto as suas, mas eu tentei — fala, dando de ombros

— Mama, eu não gosto da comida da Amelia— fala fazendo uma careta

— Lizzie, por favor, não complique as coisas — digo com uma expressão fechada retirando todos os doces de dentro da lancheira dela

— Pode ir indo para o carro, já estou indo —Amelia diz e Lizzie vai pisando forte revirando os olhos

— Carina, vá descansar, você precisa ficar acordada hoje a noite— Amelia fala olhando sério para mim, pegando a lancheira de Lizzie e saindo

Assim que vi Amelia sair apressadamente da cozinha e ouvi o barulho da porta da frente se fechando, Dirigi-me ao quarto e peguei meu celular, digitando uma mensagem rápida para Amelia: "Por favor, não deixe Lizzie ver Maya hoje. Preciso de um tempo e não quero que ela se envolva nessa situação." Eu hesitei um pouco antes de apertar enviar, sabendo que estava tomando uma decisão difícil, mas necessária para proteger minha filha do possível desconforto.

Desci as escadas e fui direto para a cozinha, sentindo a necessidade de alimentar meu corpo.

Abri a geladeira e dei uma olhada rápida no conteúdo, buscando algo rápido e nutritivo. Optei por preparar um sanduíche de peru com queijo e algumas fatias de tomate fresco.

Após alguns minutos, meu sanduíche estava pronto, e eu o coloquei em um prato, ao lado de uma xícara de café fumegante. Sentei-me à mesa da cozinha e dei uma mordida no sanduíche, apreciando o sabor reconfortante e familiar.

                      MAYA BISHOP

— Acha que devo ir na casa de Carina saber se ela está bem depois de ontem? — pergunto pegando a chave do carro

— Provavelmente ela não vai querer te ver nem pintada de ouro, para pra pensar, ela acabou de descobrir que a mulher que ela mais amava traiu ela e escondeu esse tempo inteiro  — diz me olhando calmamente — Ela precisa de um tempo, Maya, se coloca no lugar dela —Emma diz, em seguida levando a xícara de café até a boca

— Mas...

começo mas ela corta minhas palavras

— Vá para casa e descanse, Carina deve está bem, ela tem uma boa namorada que irá cuidar dela — Emma diz com um pequeno sorriso

— Eu ferrei com o nosso casamento, não é? — Falo finalmente caindo na real

— Não é porque sou sua amiga que irei passar a mão na sua cabeça, Maya. Você traiu uma mulher incrível. Carina sempre esteve ao seu lado, e por uma coisa boba, você dormiu com outra pessoa. Além disso, você foi imatura ao fazer isso, querendo se 'vingar' de Carina só porque ela não respondeu suas mensagens aquela noite— fala séria

— Eu estava bêbada — me defendo

— Você só usa isso como desculpa para não ter que assumir que você destruiu o seu casamento. Além disso, está fazendo sua filha sofrer com a separação. — Fala enquanto leva a xícara até a pia

— Acho que eu deveria ir ver se a Carina está bem... — digo sentindo um nó se formando na minha garganta

— Você apenas não superou e fica arrumando desculpa para ir lá —fala dando de ombros — você sabe que nesse momento ela deve está deitada nos braços da namorada gostosa — fala rindo e eu dou um tapa no seu braço

— Nossa, sua idiota, isso doeu — diz gemendo de dor

— Estou indo, qualquer coisa me ligue— digo indo para a porta com um sorriso largo

— Espera —  diz correndo até mim e beija os meus lábios me deixando surpresa

— O que foi isso? — digo sorrindo

— Para alegrar o seu dia, já que sou mulher e gostosa, e sei que é isso que você gosta - diz sorrindo e eu mostro o dedo do meio para ela

— Que coisa feia, beijando sua chefe  — digo negando com a cabeça e ela revira os olhos

— Tchau, Bishop— diz fechando a porta na minha cara

                       𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗡

Dentro da cabine apertada do banheiro, minhas mãos trêmulas desceram até a calça de Jack, enquanto meus dedos buscavam desfazer o cinto. Com movimentos rápidos, ajudei-o a descer a calça junto com a cueca, revelando seu membro duro. A respiração entrecortada e os olhares cheios de desejo intensificavam ainda mais o clima quente e provocante.

Enquanto eu estava ajoelhada diante de Jack, comecei a chupá-lo com uma mistura de desejo ardente e urgência. Ao mesmo tempo, podia sentir as mãos fortes de Jack percorrendo meus cabelos, guiando-me suavemente, como se quisesse me mostrar exatamente como ele gostava.

Cada gemido abafado e suspiro sôfrego ecoava no banheiro, envolvendo-nos em uma atmosfera carregada de desejo e luxúria.

Enquanto minhas mãos massageavam em volta do volume de Jack, senti a tensão crescente em seu corpo, fazendo-o gemer cada vez mais alto. Cada movimento era calculado para aumentar seu prazer e levá-lo ao limite do êxtase. Senti sua respiração ofegante, suas mãos agarrando-se aos meus cabelos enquanto ele se entregava completamente à sensação deliciosa que eu estava proporcionando.

À medida que continuava a estimulá-lo com minha boca e minhas mãos, percebi uma mudança sutil em seus gemidos, uma tensão extra em seu corpo. Sabia que ele estava chegando ao ápice do prazer, prestes a se entregar ao clímax avassalador que o aguardava.

E então, finalmente, senti seu corpo tenso e seus gemidos se intensificarem, enquanto ele alcançava o clímax, entregando-se completamente

Então, num instante de pura êxtase, senti-o preencher minha boca com o seu líquido quente, seus gemidos atingindo um novo ápice de intensidade.

Jack me puxou para um beijo ardente e molhado, seus lábios encontrando os meus com uma urgência palpável. Cada toque dos seus lábios contra os meus era uma chama que incendiava meu corpo, deixando-me ansiando por mais. Enquanto nossas bocas se fundiam em um beijo sedento, senti suas mãos explorando meu corpo, buscando desesperadamente por mais contato.

Com os lábios grudados nos meus, Jack começou a desabotoar minha calça com pressa, suas mãos deslizando pelos botões com determinação.

Desci minha própria calça junto com a calcinha, deixando-as caírem no chão da cabine com um sussurro suave. A urgência do momento parecia consumir todo o espaço ao nosso redor, enquanto eu me entregava ao calor do desejo que nos envolvia.

Em seguida, com as mãos trêmulas de excitação, despi minha blusa e meu sutiã, deixando minha pele exposta à vista de Jack. O olhar intenso e faminto nos seus olhos enquanto ele observava meu corpo despido só aumentava a intensidade do momento.

Jack me pegou no colo com uma firmeza que me deixou sem fôlego, colocando minhas pernas ao redor de sua cintura e me prendendo contra a parede estreita da cabine do banheiro. O calor do seu corpo pressionado contra o meu enviou arrepios de desejo por toda a minha pele, enquanto nossos lábios se encontravam em um beijo urgente.

Com uma intensidade palpável, ele começou a beijar meu pescoço com fome, seus lábios traçando um caminho de desejo ardente que me fazia tremer de antecipação. Cada toque era uma explosão de prazer que percorria meu corpo, deixando-me ansiando por mais.

Sem aviso prévio, Jack entrou dentro de mim, pegando-me de surpresa. Um grito escapou dos meus lábios quando senti uma pontada de dor aguda, mas logo ela deu lugar a uma sensação de plenitude e prazer à medida que eu me acostumava com ele dentro de mim. O calor do momento nos consumia, cada movimento dele enviando ondas de prazer por todo o meu corpo.

Enquanto Jack me penetrava com força, senti-me completamente dominada pelo prazer avassalador que nos consumia naquele banheiro. O som dos nossos gemidos preenchia o ar, ecoando pelas paredes da cabine, testemunhas silenciosas da nossa paixão ardente.

Ao mesmo tempo em que me movia dentro dele, senti sua mão deslizar até meu seio, massageando-o. Cada toque era uma fonte de excitação que percorria meu corpo, fazendo-me arquear as costas em busca de mais.

— Me fode, Jack —digo com a voz arrastada pelo álcool

— Então me pede — sussurra no meu ouvido

— Me fode... por...favor —digo entre gemidos manhosos

com Jack pressionando seu corpo contra o meu. À medida que ele me penetrava com vigor, senti um tremor percorrer minhas pernas, quase desejando se fechar ao redor dele para sentir ainda mais de sua intensidade. Um gemido escapou dos meus lábios, e minhas mãos instintivamente foram para as costas dele, cravando as unhas na pele enquanto eu me entregava ao êxtase do momento naquele lugar íntimo e secreto.

minhas mãos deslizando sob a camisa de Jack, sentindo a textura da sua pele suada contra meus dedos. Com um impulso ansioso, puxei sua camisa para cima e a joguei no chão da sala, revelando seu torso musculoso e suado. Cada toque era elétrico, cada contato me deixava ansiando por mais enquanto eu me perdia na sensação da pele dele contra a minha.

Jack entrou completamente dentro de mim. Senti cada centímetro dele me preenchendo, levando-me ao limite. E quando finalmente alcançamos o ápice juntos, gemi loucamente e nossos gemidos ecoaram pelo banheiro enquanto, eu podia sentir o líquido quente descendo entre as minhas pernas enquanto ele continuava dentro de mim.

Ainda sentindo os espasmos percorrendo meu corpo, deitei minha cabeça no ombro de Jack, suas mãos acariciando suavemente minhas costas enquanto eu recuperava o meu fôlego.

E então foi aí que eu percebi, eu havia traído Carina com Jack ali, dentro daquele banheiro. No entanto, em meio ao turbilhão de pensamentos e emoções, e naquele momento eu não me arrependi de nada.

Enquanto ainda estava no colo de Jack, ouvi o celular tocando no bolso da minha calça que estava jogada no chão. Desci do colo de Jack e alcancei o celular, sentindo uma pontada de nervosismo enquanto olhava para a tela iluminada. Era Carina. Meu coração acelerou por um instante, misturando-se ao turbilhão de emoções que eu estava sentindo.

Decidi ignorar a chamada de Carina e coloquei o celular no modo silencioso. Uma onda de raiva pulsava dentro de mim, e eu simplesmente não queria lidar com ela naquele momento.

Senti a mão firme de Jack adentrando entre meus cabelos, e meu corpo inteiro se arrepiou com o gesto. Lentamente, ele me fez virar de frente para ele naquela cabine estreita, nossos olhares se encontrando em um misto de desejo e intensidade. Em seguida, ele puxou levemente meu cabelo para trás, expondo meu pescoço delicadamente. Uma onda de antecipação percorreu meu corpo quando sua língua começou a percorrer meu pescoço, enviando arrepios deliciosos por toda a minha pele.

— Não deixe marcas —digo entre gemidos

Eu não estava com um sentimento de culpa pelo que estava acontecendo ali, mas sim uma indignação por Carina não ter respondido às minhas mensagens, por não ter estado ao meu lado na hora que eu precisei dela. Cada carícia de Jack era como uma chama alimentando minha raiva.

Naquele instante, eu não sentia remorso por estar ali com Jack.

                       

                       𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗙𝗙

                     CARINA DELUCA

Enquanto mexia a panela no fogão, absorta nos aromas tentadores que emanavam da cozinha, fui abruptamente retirada do meu transe pelo som insistente da campainha. Franzindo o cenho, desliguei o fogo e fui em direção à porta.

Ao abrir a porta, meu coração saltou uma batida quando me deparei com Maya parada diante de mim. Uma mistura de choque e raiva começou a ferver dentro de mim ao lembrar da traição dela com Jack. A raiva borbulhava dentro de mim, corroendo qualquer resquício de ternura ou compaixão que eu pudesse ter sentido por ela no passado..

— Vai embora — digo desviando o olhar dela

— Carin...

Antes que ela comece eu a interrompo

— Eu mandei você ir embora — digo com firmeza na voz

— Carina, me escuta...— fala quase implorando

— Eu sei que você está mal — Maya continua

— Vai embora, Maya — grito fazendo ela dar um passo para trás

Antes que eu pudesse controlar minha reação, quase impulsionada pelo impulso, ordenei que ela fosse embora, quase fechando a porta na sua cara.

Quase automaticamente, eu movi-me para fechar a porta na sua cara, mas Maya, com um rápido movimento, colocou o braço na frente, impedindo-me de fazê-lo.

Por um momento, hesitei, sentindo uma torrente de emoções conflitantes dentro de mim. No entanto, mesmo com a raiva fervendo, eu sabia que não podia simplesmente ignorá-la. Suspirando profundamente, dei um passo para trás, permitindo que ela entrasse, mas deixando claro que a conversa seria difícil e dolorosa.

Com o coração acelerado pela torrente de emoções que inundava meu ser, eu descontei toda minha raiva em Maya, sem hesitar. Meu punho batia no peito dela repetidamente, cada golpe impulsionado pela mágoa e pela traição que eu sentia.

Maya permanecia imóvel diante de mim, não recuando nem um centímetro, aceitando silenciosamente meu desabafo de dor e raiva. Seus olhos encontraram os meus, transbordando de tristeza e arrependimento, mas ela não fez nenhum movimento para se defender.

Com lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto e a raiva fervendo dentro de mim, eu levantei minha mão para acertar mais um tapa em Maya. Mas antes que eu pudesse fazê-lo, ela segurou meus pulsos com firmeza, fazendo-me olhar diretamente em seus olhos.

Naquele momento, minha raiva e dor encontraram o olhar penetrante de Maya, e algo dentro de mim se despedaçou. Eu queria me afastar do toque dela, queria fugir da confusão de sentimentos que ela despertava em mim, mas ao mesmo tempo, algo me impedia de fazê-lo.

Enquanto lutava contra as lágrimas e tentava me libertar de seu toque, fui dominada por uma sensação avassaladora de vulnerabilidade. Era como se todos os muros que eu havia construído ao redor do meu coração estivessem desmoronando diante dela, expondo minha alma ferida e despedaçada.

— Carina, olhe para mim —  diz calmamente

— Eu te odeio, Maya— digo com a voz trêmula

— Eu sei que sim, mas eu te amo e eu odeio te ver dessa forma, se quiser bater em mim, vá enfrente, mas me deixe falar com você —diz olhando nos meus olhos

A sensação de desconforto pairava no ar enquanto eu permanecia em silêncio. O único som que ecoava no ambiente era o choro suave que escapava dos meus lábios.

— Eu só quero que você saiba que eu e o Jack não tivemos nada além de uma noite. Estávamos completamente bêbados, e nunca existiu sentimento algum. Eu nunca senti atração pelo Jack de forma alguma. Você foi e sempre será a única pessoa por quem eu me apaixonei de verdade, Carina. E desde aquele dia, eu me culpo todos os dias por ter permitido que tudo isso acontecesse, por ter destruído o nosso casamento, a infância da nossa filha, e você continua sendo a única pessoa que eu amei, a única por quem meu coração bateu de verdade — ela diz com a voz embargada e lágrimas nos olhos

— Você não sabe o tamanho da culpa que eu carreguei por ter desistido do nosso casamento, por ter pensado que talvez fosse culpa minha. Maya, você ao menos me contou o que havia acontecido, eu te liguei diversas vezes quando vi as suas mensagens. Eu tentei tanto fazer você ficar, mas você se distanciava cada vez mais, e agora eu sei o porquê. Eu confiei em você de olhos fechados, Maya — digo sentindo as lágrimas descerem no meu rosto

— Carina... 

Ela começa, mas eu corto suas palavras

— Maya, eu fui até a estação naquele dia no meu horário de almoço, e perguntei se você estava bem, porque percebi que você não estava. Eu estava preocupada com você. Então, você gritou comigo na frente de todos os seus amigos. Se lembra disso? Sabe o quão humilhante foi isso?  — pergunto com uma expressão séria

— Você estav...

— NÃO VENHA DIZER QUE VOCÊ ME TRAIU COM JACK PORQUE EU NÃO ESTAVA LÁ PARA VOCÊ QUANDO VOCÊ PRECISOU, VOCÊ ME TRAIU, MAYA. EU ESTAVA TRABALHANDO, MERDA! NÃO DIGA QUE EU NÃO ME IMPORTEI COM VOCÊ AQUELE DIA PORQUE VOCÊ SABE, VOCÊ SABE QUE SE EU SOUBESSE QUE VOCÊ NÃO ESTAVA BEM, EU LARGARIA TUDO À MINHA VOLTA PARA CORRER ATÉ VOCÊ, PARA TE TER NOS MEUS BRAÇOS. NAQUELE TEMPO, EU MATARIA PARA TE VER BEM. EU ERA TÃO TROUXA QUE QUANDO VOCÊ SUMIU POR DIAS, EU IMAGINEI QUE VOCÊ ESTAVA MORTA — solto uma risada sarcástica — E OLHA LÁ, VOCÊ ESTAVA ME TRAINDO COM O SEU COLEGA DE TRABALHO, O MESMO QUE FREQUENTAVA A NOSSA CASA, O MESMO QUE ME CONSIDERAVA UMA AMIGA, O MESMO QUE EU AJUDEI DIVERSAS VEZES QUANDO ELE NÃO TINHA PARA ONDE IR. MERDA, NEM PARA VOCÊ DEIXAR UMA MENSAGEM, VOCÊ SIMPLESMENTE SUMIU, ME DEIXANDO SOZINHA. SABIA, MAYA? QUE EU ESTAVA SOZINHA? ENQUANTO VOCÊ ESTAVA COM AS PERNAS ABERTAS PARA O JACK— grito enquanto as lágrimas insistiam em descer no meu rosto

— A mamãe... te traiu? —Lizzie pergunta, em pé atrás de Maya

não percebi que Eliza, estava ali parada, com o rosto expressando pânico, atrás de Maya.

Nossos olhares se cruzaram, percebi o pânico no rosto de Eliza. Viramos juntas para olhar para ela, e foi então que notei Amelia, de pé diante da porta aberta, observando tudo com uma expressão preocupada.

— Bambina, você já chegou? — digo indo até ela, ignorando completamente sua pergunta

— RESPONDE, MAMA — ela grita se afastando de mim

— Lizzie... —  digo com um olhar preocupado

— A MAYA TE TRAIU? —  ela grita e eu pude ver as lágrimas descendo no seu rosto

— filha, isso é um assunto de adultos —  tento explicar

— NÃO, EU SOU SUA FILHA, EU QUERO SABER —  ela grita, chorando mais ainda — VOCÊ DISSE QUE QUEM TRAI SAO PESSOAS RUINS QUE NÃO AMAM DE VERDADE, MAMA — grita com a voz embargada

— Filha...

Maya tenta se ajoelhar para ficar da altura dela, mas a mesma empurra Maya

— ME CHAMA DE FILHA, EU NÃO SOU MAIS SUA FILHA, VOCÊ É UM MONSTRO IGUAL O SEU PAI— Eliza grita correndo subindo as escadas

— Vai embora Maya—digo soltando um suspiro e coçando a nuca sem muita paciência

Percebi Amelia ainda paralisada na porta de entrada, dando espaço para Maya sair. O olhar preocupado nos olhos de Amelia, mesmo diante da tensão no ar, era como um lembrete gentil de que eu não estava sozinha.

             ELIZA DELUCA BISHOP

Às vezes, a mama diz que certas coisas são apenas para adultos, mas eu acho que entendo as coisas mais do que ela pensa. Eu só quero que minha família volte a ser como era antes, com minhas duas mães juntas de novo.

Lá na sala, eu vi elas discutindo. As vozes delas estavam altas e me deram medo. Eu não queria ouvir, mas não pude evitar. E então, a mama Carina disse algo que me deixou confusa.

"VOCÊ ESTAVA ME TRAINDO COM O SEU COLEGA DE TRABALHO" a mama disse, e eu me perguntei o que isso significava. Por que alguém trairia alguém que ama? A mamãe é uma pessoa ruim? isso significa que o amor acabou, não é?

Eu não entendo o que é traição, mas sei que quero que minhas mães sejam felizes juntas de novo.

Quando ouvi minha mama dizendo que a mamãe a traiu, meu coração doeu muito. Corri subindo as escadas, as lágrimas correndo pelo meu rosto.

Eu sabia que a mama guardava uma chave especial no quarto dela, uma que ela nunca usava. Era a chave do antigo escritório da mamãe, que estava trancado desde que ela foi embora. Eu sabia que não deveria entrar lá, mas eu estou com medo.

Com cuidado, peguei a chave da gaveta da mesa de cabeceira da mama e segui até a porta do escritório. Minhas mãos tremiam enquanto eu girava a chave na fechadura. Quando a porta se abriu, entrei devagar, sentindo um misto de medo e curiosidade.

O escritório estava escuro e empoeirado, cheio de lembranças da mamãe.

Ele não era como os escritórios que eu via nos filmes. Não tinha papéis importantes ou computadores. Era um lugar mágico onde ela ia quando precisava resolver alguma coisa.

Às vezes, quando a mamãe brigava com a bagunça dos meus brinquedos na sala, a mamãe Maya me levava para o escritório.

Ela pegava todos os meus brinquedos e os levava para lá, onde podíamos brincar juntas sem nos preocupar com bagunça.

"Elas nunca se amaram de verdade? Será que elas mentiram para mim?" Esses pensamentos me deixaram tão triste que eu comecei a chorar muito, sem parar.

Eu só queria que as coisas voltassem ao normal, com as mamães se abraçando, rindo juntas de novo e brincando comigo. Por que as coisas tinham que ser tão difíceis? Eu só queria que a mama falasse para mim o que estava acontecendo e fazer tudo ficar bem de novo.

Tranquei a porta do escritório da mamãe e acendi a luz, mas o lugar estava assustador. Fui para debaixo da mesa empoeirada, minhas mãos tremendo muito.

Meu coração batia tão rápido que parecia que ia explodir. Comecei a sentir um frio terrível, como se estivesse dentro de um freezer. E então, eu não conseguia mais respirar.

Cada respiração parecia mais difícil que a anterior, como se eu estivesse presa dentro de um balão que estava se esvaziando. O medo tomou conta de mim. Medo de que a mama fosse embora igual a mamãe, medo de que tudo fosse uma mentira, medo de ser a culpada por tudo isso.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu tentava desesperadamente respirar.

— Não é verdade, não é...— sussurro para mim mesma tentando acreditar naquilo

Enquanto eu tentava respirar debaixo da mesa, ouvi o som do trinco da porta sendo pressionado. Será que era a Amelia? Ou talvez fosse a mama Carina, vindo me resgatar do medo.

Meu choro se intensificou enquanto o som da porta continuava.

— Bambina sou eu, me diga que está aí —diz, seu tom de voz estava preocupado

— Mama, eu não vou sair daqui — chamo, tentando respirar

— Lizzie não faz assim... sou eu, apenas eu, me deixe entrar— diz e então saio debaixo da mesa e destranco a porta, logo a mama entra

Vi a porta se abrindo e a mama entrando. Ela me viu ali, assustada e chorando, e veio correndo me pegar no colo.

Eu estava com tanto frio e trêmula, meus lábios tremiam. Por mais que eu tentasse respirar, o ar simplesmente não entrava nos meus pulmões. Eu queria tanto aquele colo quentinho das minhas mães, onde eu me sentia segura e protegida.

Eu segurei a mama com força, desejando que ela pudesse fazer todo o medo e a dor irem embora.

                  CARINA DELUCA

— Bambina, ei respire comigo— digo e rapidamente pego ela no colo abraçando com toda minha força enquanto sentia sua mãozinha agarrando minha blusa

Meu coração se partiu ao ver Eliza chorando compulsivamente, lutando para respirar em meus braços. Ela tremia tanto, e aquela crise de ansiedade parecia nunca mais acabar.

Eu me senti desesperada, sem saber o que fazer para acalmar minha filha. Eu a abracei com toda a força que tinha, tentando transmitir todo o amor e segurança que eu podia. Mas por mais que eu tentasse, parecia que nada funcionava.

Eu queria poder tirar toda aquela dor e medo do peito dela.

— Sente os batimentos do meu coração? Consegue sentir eles? — falo colocando a mãozinha gelada dela para sentir os meus batimentos

Vendo Lizzie tão vulnerável em meus braços, deitei sua cabeça em meu ombro e comecei a acariciar seus cabelos soltos. Era como se eu pudesse sentir toda a sua dor e medo, e eu só queria que ela soubesse que estava segura comigo.

Então, comecei a cantar uma música italiana suave, uma que minha mãe costumava cantar para mim e para meu irmão Andrew quando éramos crianças. Era uma música que sempre nos acalmava e nos fazia sentir amados.

Enquanto eu cantava, senti o corpo de Lizzie relaxar aos poucos.

— Está tudo bem — falo fazendo carinho nos seus cabelos

Percebi aos poucos que ela estava se acalmando. Suas lágrimas haviam diminuído, mas ainda podia sentir seu corpo tremendo e ouvir seu nariz fungando baixinho.

— Bambina, está com frio?— pergunto preocupada

— S-Sim — responde com a voz embargada do seu choro

com Lizzie ainda tremendo em meus braços, saímos do escritório. Corri até o banheiro do quarto, segurando-a firmemente, enquanto minha mente se concentrava em encontrar algo para aliviar seu desconforto.

Abri a caixinha de primeiros socorros com pressa, procurando desesperadamente pelo termômetro. Finalmente, avistei o termômetro e o peguei com cuidado.

Com um suspiro de alívio, coloquei-o sob o braço de Lizzie, tentando não incomodar ela mais do que já estava.

coloquei debaixo do braço dela esperando dar o tempo

percebi Amelia no banho, olhando para mim com um olhar preocupado.

E então, o termômetro apitou, ela estava com 39° graus de febre

tudo estava em um silêncio pesado, apenas interrompido pelo som do chuveiro correndo e o choro baixo de Lizzie em meu ouvido, enquanto ela descansava com a cabeça em meu ombro.

Desci até a cozinha em busca de algum remédio que pudesse ajudar a baixar a febre da minha filha. Abri a caixa de remédios com cuidado, procurando algo que pudesse aliviar seu desconforto. Encontrei um frasco e coloquei algumas gotas em uma colher.

Com todo o cuidado, me aproximei de Lizzie e tentei levar a colher até sua boca. Mas ela virou o rosto, recusando o remédio. Eu senti um aperto no peito ao ver sua resistência, sabendo que ela estava sofrendo e eu não podia fazer nada para aliviar sua dor.

— Bambina, abra a boca — falo quase implorando  e assim ela faz

Peguei um copo de água na geladeira e dei para ela tomar. Com delicadeza, coloquei o copo nos lábios de Lizzie e a ajudei a beber um pouco de água. Ela deu alguns goles, fazendo uma careta ao sentir o gosto estranho do remédio misturado com a água.

— Non farmi andare mamma(Não me solte, mamãe) — diz com a voz abafada pelo meu pescoço

— Va tutto bene, sono qui (Está tudo bem, estou aqui) — digo apertando mais ela em meus braços

preocupada com Lizzie, tentei de tudo para fazê-la comer algo. Ofereci diferentes opções de comida, desde frutas até a mamadeira, mas ela recusou tudo. Fiquei cada vez mais preocupada e insisti mais do que deveria, na esperança de que ela aceitasse pelo menos um pouco de alimento.

Infelizmente, minha insistência teve um efeito contrário. Lizzie acabou vomitando, o que me deixou ainda mais angustiada. Foi então que percebi que estava forçando demais a situação e que precisava dar um tempo para ela.

Com cuidado, limpei-a e aconcheguei-a em seus cobertores. Ela parecia exausta, e eu sabia que ela precisava descansar.

depois de algumas horas acalmando Lizzie e fazendo-a dormir, finalmente consegui fazê-la dormir no meu quarto. Fiquei ao seu lado por um tempo, garantindo que ela estivesse confortável e tranquila antes de me preparar para começar meu turno no hospital.

Amelia, entrou no quarto com um sorriso reconfortante no rosto. Ela me abraçou e disse que adiou a cirurgia de sua paciente para outro dia e que ficaria com Lizzie enquanto eu terminava as 24 horas de plantão.

Saber que Lizzie estaria em boas mãos, me trouxe um imenso alívio. Eu sabia que Amelia cuidaria dela com todo o amor.

Além disso, eu sabia que Lizzie não estava pronta para ver Maya, o que só aumentava minha gratidão pela ajuda de Amelia.

Eram quase sete horas da noite quando saí de casa e fui para o hospital.

                      MAYA BISHOP

                      𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗡

Sentadas à luz suave da sala, compartilhando nossos sonhos mais profundos, chegamos a uma conclusão que mudaria nossas vidas para sempre.

Conversamos sobre o futuro e nossos desejos de formar uma família juntas. Sentíamos que aquele era o momento certo, o momento de dar um novo passo em nossa jornada juntas. Olhamos uma para a outra com amor e convicção, sabendo que queríamos compartilhar o vínculo mais profundo que existe: o de sermos mães.

Foi uma decisão tomada com amor e confiança mútua.

Carina concordou em ser a que carregaria nosso bebê, e optamos por usar um doador anônimo para realizar nosso sonho de formar uma família.

Nos primeiros meses, enfrentamos uma montanha-russa de emoções. Houve momentos de esperança e alegria, mas também momentos de incerteza e ansiedade. Carina enfrentou dificuldades físicas e emocionais durante o processo de fertilização, e eu estava lá ao seu lado, oferecendo todo o apoio e amor que podia.

Carina havia passado mal na noite anterior, vomitando constantemente e mal conseguindo se alimentar. Parecia que tudo o que ela colocava para dentro, ela rapidamente expelia para fora.

Já havíamos feito cinco testes, e todos eles deram negativo. A frustração e a ansiedade estavam começando a pesar sobre nós.

— Eu não consigo mais, Maya— diz deitada no meu colo enquanto lágrimas desciam no seu rosto

— Se quiser parar, está tudo bem—digo fazendo um cafuné na sua cabeça

— Eu não quero parar eu só... eu estou cansada, bambina — diz suspirando

— Está tudo bem — falo calmamente

— Faça o último teste e então nós paramos de tentar por um tempo, hm? — sugiro com o pouco de esperanças que me restavam

Observei com preocupação quando via Carina se levantar com um ar cansado e sem ânimo. Ela parecia cansada enquanto se dirigia ao banheiro.

— Estarei aqui esperando — falo na frente da porta do banheiro que estava meio aberta

Meus nervos à flor da pele enquanto espero do lado de fora do banheiro, tentando conter a ansiedade que ameaça me consumir. Cada minuto que passava parece uma eternidade, e minha mente estava cheia de preocupação e incerteza sobre o que Carina estava passando lá dentro.

O tempo parecia se arrastar enquanto esperava, meus ouvidos atentos a qualquer som que vinha do outro lado da porta. Então, finalmente, ouvi um som abafado, um choro soluçante que me fez congelar no lugar. Meu coração apertou de angústia, e um milhão de pensamentos passaram pela minha mente enquanto me apressei em abrir a porta do banheiro.

Quando entrei, encontrei Carina encostada na pia do banheiro com lágrimas escorrendo por seu rosto pálido.

— Está tudo bem, meu amor, podemos tentar de novo dep...

Faleu e ela cortou minhas palavras

— EU ESTOU GRÁVIDA, MAYA—ela gritou pulando no meu colo e rapidamente eu segurei ela tentando entender o que ela havia acabado de falar

— VOCÊ ESTÁ BRINCANDO?— perguntei com um sorriso largo se formando no rosto

—NÃO, BELLA, NÃO, EU NÃO ESTOU — Carina disse me beijando

—N-Nós vamos ter um bebê— disse sentindo lágrimas formadas nos meus olhos

— Nós vamos, bambina— disse sorrindo

— Precisamos comprar roupinhas, e mamadeiras e um berço, e arrumar o quartinho e...

Falei animada e antes que eu pudesse falar mais alguma coisa Carina colocou o dedo indicador na minha boca em sinal de silêncio e iniciou um beijo calmo nos meus lábios

— Eu te amo, bella, eu te amo — disse calmamente com nossas testas coladas

— Eu te amo, meu bem — Eu disse beijando ela novamente

                  𝗙𝗟𝗔𝗦𝗛𝗕𝗔𝗖𝗞 𝗢𝗙𝗙

"VOCÊ É UM MONSTRO, IGUAL O SEU PAI"  Essa frase, dita com tanta raiva e amargura, atingiu-me como um golpe no coração, deixando uma ferida que parece nunca cicatrizar.

As palavras da minha filha, ecoam em minha mente desde o momento em que saí da casa de Carina. 

— Essa é a mais forte que temos, moça— o barmen me entrega o copo de bebida

E ele me entrega um copo cheio até a borda. Sem hesitar, eu viro a bebida de uma só vez, sentindo o líquido queimar minha garganta.

— Preciso de outro — falo séria

— Tem certeza? — o homem pergunta com um olhar preocupado

— TENHO, EU TENHO CERTEZA SIM — grito, sem paciência

                CARINA DELUCA

Assim que entrei no hospital, fui direto para o meu escritório. Havia algumas coisas para arrumar antes de enfrentar a agitação da emergência, que estava lotada naquele dia.

Na emergência atendendo alguns pacientes com ferimentos leves. Enquanto estou ocupada cuidando deles, mais e mais ambulâncias chegam, trazendo consigo um fluxo constante de pessoas feridas. A sala de emergência está rapidamente se enchendo com o som de vozes preocupadas e o cheiro de antisséptico no ar.

— O que está acontecendo? — pergunto a Teddy que estava o mais próximo de mim

— Acidente na estrada — Teddy diz e logo sai com um olhar preocupado

Vejo um homem sendo trazido em uma maca, com um ferimento grave que está derramando pingos de sangue pelo chão do hospital.

"Ok, eu tenho cem por cento de certeza de que amo trazer bebês ao mundo." Penso

Há pacientes chegando de todos os lados, vítimas do acidente. Entre eles, uma adolescente está deitada em uma maca, seu rosto exibindo sinais de angústia e dor. Com mãos firmes, começo a fazer o curativo em seus ferimentos, tentando acalmar sua aflição.

Enquanto estou ocupada fazendo o curativo da adolescente, meu olhar vagueia brevemente em direção à recepção da emergência. Lá, vejo Maya, e por um momento, meu coração salta em preocupação, temendo que ela também tenha sido uma vítima do acidente. No entanto, volto meu foco imediatamente para a paciente diante de mim.

— CARINA, ME DESCULPA POR TER TE TRAÍDO COM O JACK — ouço de repente o grito de Maya embargado e alto

As palavras que ela grita ecoam em minha mente, sinto uma onda de humilhação me inundar, sinto um nó apertar em minha garganta enquanto todos ao redor parecem se tornar espectadores silenciosos. O mundo ao meu redor parece desacelerar, e tudo se transforma em um borrão. Os ruídos do hospital se misturam em um zumbido distante, e minhas mãos começam a tremer incontrolavelmente. Sinto como se estivesse à beira de um precipício emocional, à beira de um colapso. Tudo o que consigo fazer é ficar parada, lutando contra as lágrimas que ameaçam transbordar a qualquer momento. O peso da humilhação e da traição se torna quase insuportável, e sinto que estou à beira de um abismo emocional. 

— CARINA, ME PERDOA — ela grita chorando novamente, me fazendo sair do transe

As lágrimas que eu estava segurando finalmente escorrem pelo meu rosto. Sinto-me completamente exposta sob os olhares de julgamento que pairam sobre mim na emergência. Todos, desde os médicos até os pacientes, parecem me encarar com uma mistura de surpresa e reprovação. Exceto Teddy, que tenta disfarçar sua preocupação, todos os olhares parecem perfurar minha alma.

Maya chora descontroladamente, seus soluços ecoando no ar carregado de tensão. Seu olhar fixo em mim apenas intensifica minha sensação de vulnerabilidade. Enquanto as vozes sussurrantes dos médicos preenchem o espaço ao meu redor, sinto-me como se estivesse no centro de um furacão de emoções conflitantes.

É como se o chão tivesse sido arrancado sob meus pés, e estou lutando para encontrar uma maneira de me manter de pé

— VOLTEM A TRABALHAR— Teddy grita percebendo o meu desconforto

O choro de Maya, alto e cheio de dor, ecoa pela sala da emergência. Mas desta vez, não senti pena. Em vez disso, sinto uma onda de raiva se acumulando dentro de mim. Maya expôs nossas vidas pessoais diante de todos no meu trabalho. Enquanto ela desaba no chão, suas desculpas embriagadas sussurradas entre soluços, eu percebo sua condição: completamente bêbada.

O ódio sobe pelo meu sangue, uma fúria queimando em meu peito enquanto eu assisto à cena diante de mim. Eu não consigo suportar a maneira como ela me expôs, a maneira como ela me humilhou na frente de colegas e pacientes. Com passos decididos, eu me aproximo dela, a raiva pulsando em cada fibra do meu ser.

— Levanta— exijo com a voz firme e séria

— desculpa, desculpa —  ela sussurra sentada no chão, perdida em suas próprias lamentações.

Seu choro era uma cacofonia de arrependimento, e o cheiro forte de álcool pairava no ar, mesmo a uma distância considerável. A raiva dentro de mim fervia, alimentada pelo constrangimento e pela humilhação que ela estava me causando.

Sem hesitação, eu me aproximo dela e, com um aperto firme, puxo seu braço com força, cravando minhas unhas em sua pele. Maya levanta com um sobressalto, seu rosto contorcido pela dor.

Seguro firmemente o braço de Maya e a arrasto pelos corredores do hospital. Não há delicadeza em meus movimentos, apenas a urgência de afastá-la daquele lugar para ela não falar mais nada desnecessário. Encontro uma sala vazia e, com um gesto brusco, jogo Maya para dentro.

O som do impacto de seu rosto contra a prateleira de remédios corta o ar, seguido pelo gemido de dor dela e vidros de remédios caindo. Sinto um aperto de remorso em meu peito, mas a raiva ainda queima dentro de mim. Maya, desequilibrada pelo álcool, luta para se endireitar, suas mãos tremendo enquanto ela toca o pequeno corte em seu rosto.

Apesar do arrependimento momentâneo, não posso me dar ao luxo de mostrar fraqueza.

— VOCÊ ESTÁ LOUCA? — grito o mais alto que posso tentando me livrar de toda aquela raiva que eu estava sentindo

— Eu estou sangrando — diz passando a mão no corte e vendo o sangue, próximo da boca

Um pensamento rápido atravessa minha mente: "Acho que exagerei".

Não era minha intenção machucá-la daquela forma, mesmo que minha raiva tenha me levado a agir impulsivamente.

No entanto, antes que eu possa me deixar levar pelo remorso, outro pensamento surge: "Bem feito".

A voz da raiva ecoa em minha mente, justificando o ocorrido como uma punição merecida por suas ações.

— OLHA PARA MIM MAYA — exijo gritando vendo ela recuar um pouco pelo grito

Um silêncio tenso pairou sobre nós por um momento.

Não era a primeira vez que eu a confrontava, mas desta vez era diferente. Havia uma intensidade em meu grito, uma determinação de fazer com que ela enfrentasse as consequências de suas ações.

— ESTOU NO MEU AMBIENTE DE TRABALHO, VOCÊ TEM NOÇÃO? — grito novamente o máximo que eu posso, sentindo as lágrimas insistirem em descer do meu rosto

— eu...

antes que ela comece algo eu grito novamente

— CALA A BOCA —  grito a fazendo arrepiar

— Carina se acalma, dá para ouvir seus gritos da emergência —  Teddy diz abrindo a porta atrás de mim

— Desculpa —  digo coçando a nuca impaciente

— Vem, eu vou fazer um curativo em você—  digo em um tom sério

Peguei algumas coisas para fazer a sutura do corte na sua boca e a conduzi até a sala de descanso, onde poderíamos ter mais privacidade.

Enquanto eu preparava o material para a sutura, ouvia Maya chorando baixinho ao meu lado.

— Senta aí — falo apontando para a cama e ela assim faz

Observo Maya sentada na cama, com o olhar fixo no chão e soluços baixos ecoando pela sala, sinto uma mistura de emoções conflitantes dentro de mim. O cheiro forte de álcool emana dela e com uma mistura de raiva e preocupação, coloco uma cadeira perto da cama.

— Você está puro álcool, me dá o seu celular — peço séria

— Não, você gritou comigo— diz com um tom manhoso e chorando ainda mais

Sempre que Maya bebe demais, ela se torna incrivelmente manhosa.

Ela fica carente, procurando atenção e afeto.

— Me dá logo essa droga— falo sem paciência, colocando a mão no bolso dela tentando achar o celular

— Dorme comigo, vamos tentar de novo —  diz com a voz arrastada enquanto chora

— Sua senha ainda é a mesma? — pergunto ignorando completamente o que ela havia dito

Maya tenta responder à minha pergunta, mas suas palavras estão enroladas e ininteligíveis. É como se ela estivesse falando em uma língua estranha, tornando impossível entender o que ela está tentando dizer.

Lembro-me da senha que Maya usava antes em seu celular e decido tentá-la novamente. Sinto uma pontada de esperança quando as teclas do celular respondem ao toque e a tela se ilumina.

Para minha surpresa e alívio, a senha é a mesma.

Com o celular de Maya desbloqueado em minhas mãos, começo a procurar pelo número de Emma em sua lista de contatos. Entre os nomes conhecidos e os números desconhecidos, finalmente encontro o que procuro. Com um nó de ansiedade se formando em meu estômago, toco no nome de Emma e escolho a opção para ligar.

O telefone chama algumas vezes antes de ser atendido, e cada segundo parece uma eternidade. Finalmente, ouço uma voz do outro lado da linha.

                           - 𝙾𝚒? -

  -𝚅𝚎𝚗𝚑𝚊 𝚗𝚘 𝙶𝚛𝚎𝚢-𝚂𝚕𝚘𝚊𝚗 𝚋𝚞𝚜𝚌𝚊𝚛 𝚊 𝙼𝚊𝚢𝚊-

         
                 -𝙾 𝚚𝚞𝚎 𝚊𝚌𝚘𝚗𝚝𝚎𝚌𝚎𝚞?-

pergunta com o tom preocupado.

                    
                   -𝙿𝚎𝚛𝚐𝚞𝚗𝚝𝚎 𝚊 𝚎𝚕𝚊 -

-𝙲𝚊𝚛𝚒𝚗𝚊, 𝚗ã𝚘 é 𝚑𝚘𝚛𝚊 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚜𝚎𝚞𝚜
𝚌𝚒𝚞𝚖𝚒𝚗𝚑𝚘𝚜 𝚋𝚘𝚋𝚘𝚜, 𝙼𝚊𝚢𝚊 𝚎𝚜𝚝á 𝚋𝚎𝚖? -

pergunta preocupada

-𝚂𝚒𝚖, 𝚎𝚕𝚊 𝚜ó 𝚋𝚎𝚋𝚎𝚞 𝚍𝚎𝚖𝚊𝚒𝚜,
𝚟𝚎𝚗𝚑𝚊 𝚋𝚞𝚜𝚌á-𝚕𝚊 -

digo sem dar detalhes e desligo na mesma hora que ela ia falar algo

— Você é tão sexy, linda — diz com a voz arrastada e um sorriso largo

— Maya, chega. Vou chamar algum interno para vir fazer um curativo em você. Já basta o que você me fez passar na frente do hospital inteiro. Não me importa se está bêbada ou em qual estado você está. Eu quero que você suma da minha vida, me esqueça. Nunca mais apareça desse jeito no meu ambiente de trabalho ou na minha casa. Eu quero você longe de mim. Você está entendendo?—  digo em um tom alto e irritado e então apenas o choro dela é ouvido ali

Era um som angustiante, ecoando como um lamento solitário no vazio. Observando-a na cama, encolhida e abraçando suas próprias pernas, ela parecia frágil e vulnerável, como uma criança que busca conforto.

Minhas palavras duras pareciam ecoar no ar, misturando-se ao som do choro de Maya. Parte de mim queria ir até ela, envolvê-la em um abraço reconfortante e consolá-la. Mas outra parte de mim, mais forte e segurava essa vontade. A raiva fervia dentro de mim, alimentando a sensação de traição e indignação que se apoderava do meu coração.

— Tudo bem, eu acho que é isso— digo me levantando e ela puxa minha mão

— Fica, por favor, por favor, Carina— ela fala com a voz embargada quase implorando

Seus olhos suplicantes me procuraram em busca de conforto e companhia, mas eu permaneci em silêncio, incapaz de articular uma resposta. Em vez disso, virei as costas e saí da sala, deixando Maya para trás.

O corredor do hospital se estendia à minha frente enquanto eu me afastava, mas mesmo à distância, pude ouvir o grito de angústia de Maya ecoando pelas paredes. Um nó se formou em minha garganta, apertando meu peito com a dor da decisão que tomei.

— Wilson, você pode fazer um curativo na Maya Bishop?, Ela está na sala de descanso— aviso indo para o meu escritório

No momento em que entrei no escritório, trancando a porta atrás de mim, a dor que me consumia se tornou insuportável. Era uma mistura de raiva, culpa e tristeza que pesava em meu peito, tornando cada respiração difícil. Deixar Maya naquela situação era uma fonte de dor intensa, mas ao mesmo tempo, eu estava furiosa com ela.

O peso da responsabilidade pelo divórcio e pela confusão que minha filha estava enfrentando era avassalador. Eu me sentia impotente, incapaz de protegê-la dos efeitos colaterais de nossas escolhas.

Foi então que uma ideia surgiu em minha mente turva pela dor. Eu precisava me encontrar novamente, me reconectar com a vida e comigo mesma. Sentia-me perdida, à deriva em um mar de sofrimento, e sabia que precisava de um refúgio, um lugar para onde pudesse escapar e encontrar a paz interior novamente.

Durante muito tempo, Maya foi a minha casa. Era ao lado dela que eu me sentia segura, acolhida, como se pertencesse verdadeiramente a algum lugar. Mas agora, Maya já não é mais esse refúgio para mim. Ela se tornou uma estranha em um lugar que costumava ser meu lar. E diante dessa ausência de lar, resta-me apenas um destino para onde ir.

Então, uma ideia começou a surgir em minha mente: Itália.

Đọc tiếp

Bạn Cũng Sẽ Thích

134K 8.5K 29
Isís tem 17 anos, ela está no terceiro ano do ensino médio, Isis é a típica nerd da escola apesar de sua aparência não ser de uma, ela é a melhor ami...
14.4K 1K 10
Depois da morte de seu irmão, Carina DeLuca encontra-se sem chão, mas Seattle não cansa de a surpreender. Será que a realidade deixará de ser tão cru...
1.1M 119K 59
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
1.2M 62.6K 153
Nós dois não tem medo de nada Pique boladão, que se foda o mundão, hoje é eu e você Nóis foi do hotel baratinho pra 100K no mês Nóis já foi amante lo...