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Por catratonks

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𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? ΰ₯§ 𝐒. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concret... MΓ‘s

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π˜π„π€π‘ π…πŽπ”π‘
π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: Truth Or Dare
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
π˜πŸ•: Breaking Hearts
π˜πŸ•: Godric's Hollow
π˜πŸ•: The Sword
π˜πŸ•: The Deathly Hallows
π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
π˜πŸ•: Highs And Lows
π˜πŸ•: The Talk
π˜πŸ•: The Plan
π˜πŸ•: Knives? Sure!
π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ•: Intertwined Fates

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Por catratonks

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Harry, comigo de novo, depois de ter tragicamente morrido durante a guerra contra as Artes das Trevas.

Era bom demais para ser verdade, tanto que pensei que fosse uma miragem. Ou uma aparição, um presente exclusivo da Morte. O fato é que fiquei paralisada por tanto tempo que quase esqueci de que eu precisava respirar. Lágrimas formaram-se em meus olhos, escorrendo antes que eu me desse conta. Minhas mãos tremiam. Harry percebeu isso, e levantou-se, visivelmente preocupado. Dei um passo para trás, morrendo de medo de que ele me tocasse e de que sua pele atravessasse a minha. Caso acontecesse, eu acho que me mataria. Eu definitivamente não aguentaria me despedir de novo dele.

Só que acabei tropeçando. Minhas pernas cederam. Eu teria caído com tudo no chão, mas Harry me segurou antes que acontecesse, mantendo seu corpo junto ao meu, os braços em volta de meu tronco. Seu calor familiar me atingiu como uma onda quebrando contra as rochas de uma praia, o impacto tão terrivelmente real que eu não consegui segurar o choro. Comecei a soluçar sem controle, totalmente aliviada e morrendo de medo de ele sumir a qualquer momento; mas Harry me abraçou com força, me deixando enterrar a cabeça em seu peito, me segurando com tanta convicção que eu poderia morrer ali mesmo, sabendo que meus últimos momentos seriam ao lado do homem que eu amava, que o resto não teria importância.

— Está tudo bem, meu amor — disse ele em meu ouvido, e eu chorei mais. — Estou aqui com você.

Quando Harry disse isso, e eu senti sua carne contra minha carne, foi como se uma chama acendesse dentro de mim. Meu peito pegou fogo, subitamente cheio de vida e de esperança, aliviada e ao mesmo tempo totalmente desesperada. Aquilo transcendia qualquer barreira, atravessava qualquer parede de pedra. Ter Harry de volta foi como avistar terra firme depois de meses à deriva num contêiner em meio à água, possivelmente beirando um afogamento. Embora eu não estivesse entendendo nada, e que não compreendesse como Harry de repente estava comigo no mundo dos vivos outra vez, senti que eu finalmente poderia fazer esforços para superar os horrores fatídicos da guerra. Estávamos juntos de novo, e assim poderíamos reconstruir o nosso caminho. Isso era o que mais importava.

Dei-lhe um abraço muito forte, agarrando seu pescoço. Harry me ergueu, e eu rodeei sua cintura com as pernas, ficando o mais perto dele possível. Ele me levou até a cama, sentando-se comigo em seu colo. Começou a fazer carinho em meus cabelos, sussurrando palavras doces para me acalmar. Vai ficar tudo bem, amor. Estou aqui com você. Eu te amo. Esperei tanto para ouvir aquelas palavras de novo que, quando de fato aconteceu, quase tive uma convulsão.

Consegui ficar estável depois de alguns minutos, sentindo meus olhos vermelhos e inchados. Uma ou outra lágrima ainda escorria, mas eram mínimas se comparadas às antecedentes.

Não consegui pensar no que dizer. Nada era bom o suficiente. Eram tantas as minhas perguntas — não para ele, até porque eu sentia que Harry não saberia responder — a respeito do que estava havendo, e eram tantos os meus pensamentos sobre essa questão. Parecia extremamente improvável e, ao mesmo tempo, completamente maravilhoso, que Harry estivesse de volta.

Percebendo que eu jazia imersa numa espécie de estado de choque, ele segurou meu rosto nas mãos e deu um beijo em meu nariz. Depois, um em minha boca. E meu Deus, eu quis me agarrar a esse momento para sempre.

— Não precisa dizer nada — disse ele, lendo meus pensamentos.

— Eu te vi morto — sussurrei. — Você estava dentro de um caixão e tudo. Como isso é possível?

— Houve um enterro para mim? — perguntou Harry, perplexo.

Fechei a cara e dei um empurrão em seu ombro, chateada.

— Óbvio que sim! — falei. Meus olhos se encheram de lágrimas pesadas de novo. — Não seja idiota.

A ficha dele pareceu cair, e Harry imediatamente se arrependeu do comentário.

— Desculpe, amor. Por favor, não chore — pediu, me dando um beijo na testa e enxugando meu rosto com os dedos, suavemente. — Eu estou aqui agora. Eu só... Eu não sabia que estava morto. Tudo de que me lembro foi que Voldemort lançou um Avada Kedavra que não funcionou contra mim, na floresta. Depois, Narcissa veio verificar. Ela percebeu que nada tinha acontecido, então começou a perguntar sobre Draco. Quando respondi, ela me deu um frasco de veneno, que era de Bellatrix. Acho que ela tinha medo de que Voldemort descobrisse que eu estava vivo, e de que a culpasse. Depois... Apenas acordei aqui.

— Como se nada tivesse acontecido? — perguntei, num murmúrio.

— Como se nada tivesse acontecido — concordou Harry.

Era bom demais, miraculoso demais para estar realmente acontecendo. Claro que ousei sonhar com isso durante cada uma de minhas lágrimas, em cada instante de sofrimento; mas eu sabia que era totalmente improvável.

Bem, pelo menos, até a Morte me fazer uma visita.

Pensei que ela não iria perder tempo comigo se não quisesse alguma coisa, então minha primeira suposição foi que queria tirar de mim o pouco que eu ainda tinha. Estive tão imersa na fúria que não prestei atenção em todos os detalhes. Então, veio à minha mente o que o vulto encapuzado disse ao me encontrar miserável e sem esperanças. "Fiz isso porque uma fênix renasce das cinzas, e porque te vejo como uma. Eventualmente, é o que vai acontecer com você".

Durante esse tempo todo, a Morte estava me dizendo que Harry retornaria. Mesmo como uma sombra. Apenas não me atentei às variáveis reais... E isso fez toda a diferença.

— Voldemort está morto — falei, quebrando o silêncio de minha mente. — Matei-o com uma facada no peito, logo depois de ter destruído a cobra com a espada de Gryffindor. Regulus deu-a a mim.

— Regulus? O seu tio? Como assim?

— Ele está vivo — respondi. — Aparentemente, libertei-o da maldição que o prendia ao Lago dos Inferi, quando estivemos na caverna com Dumbledore, no final do nosso sexto ano. Desde então, ele disse que tinha uma dívida comigo, e nos rastreou até aqui. Acredito que seja por isso que andei tendo sonhos estranhos com ele. Regulus queria falar comigo durante todo esse tempo, e meus sonhos eram a maneira mais fácil. Meus poderes o libertaram, da mesma forma que o conectaram a mim. Meu tio apenas aproveitou a oportunidade.

— Isso é... Nossa, eu nunca esperaria algo assim.

— É, nem eu. Foi uma surpresa. Eu até teria te falado antes, mas estávamos em guerra, e depois... Bem, depois você não estava aqui.

Harry mordeu o lábio, sentido, mas ao mesmo tempo parecia aliviado com a possibilidade do fim de nossos dias de luta. Encheu-se de expectativas com isso.

— Então... Acabou? — quis saber, esperançoso. — A guerra? Acabou mesmo?

Assenti.

— Sim.

Harry deixou escapar o ar que estava prendendo, tentando relaxar. E eu, que ainda estava totalmente abismada em poder olhá-lo de novo, fiquei apenas encarando.

Ele deu uma breve olhada em volta, ficando levemente confuso com a decoração.

— Ainda estamos em Hogwarts?

— No dormitório que era de Draco, na Sonserina. Ele disse que eu poderia ficar com o quarto enquanto reconstruímos a escola — respondi. Depois, fiquei em silêncio por alguns segundos, fazendo cafuné em seus cabelos. Harry fechou um pouco os olhos, aproveitando o carinho. — Você está de volta mesmo. Deus, acho que eu posso morrer de alívio a qualquer momento.

— Não faça isso, por favor — pediu Harry, o que me fez dar um sorriso choroso. — É sério.

— Não vou fazer — prometi.

Os lábios dele já estavam próximos o suficiente para que eu sentisse o seu sorriso. Uma das mãos de Harry segurou meu pescoço com firmeza, pela nuca, por dentro dos meus cabelos, enquanto a outra puxou a minha lombar para perto. Senti seu beijo como um balde de água gelada, despertando os meus sentidos. Imediatamente correspondi, pressionando minha língua contra a dele. Sua resposta carinhosa foi tão impactante que me rendeu um gemido.

Com aquilo, Harry me fazia lembrar de quem éramos; de que nada poderia nos destruir. Éramos um universo de estrelas cadentes e de constelações, movendo-nos em uma órbita fixa, imutáveis e transcendentes. Um tsunami após um abalo sísmico; um desastre cósmico imensurável, de inúmeras partículas soltas em nuvens de poeira galáctica. Seríamos eternos, dali em diante, e eu soube, então, que era um fato verídico.

Ficamos assim por algum tempo, até que Harry finalizou o beijo com vários outros menores. Ele não se afastou muito, mas senti saudades mesmo assim.

— Amei o seu poema — disse Harry. — Estava aqui quando acordei, junto às pétalas de girassóis. Vou guardá-lo para sempre.

— Você leu? — perguntei, encabulada.

— É claro que li — respondeu, pegando o papel dobrado e mostrando-o a mim. — "Porque, se girassóis enxergassem através de espelhos, o essencial – verdadeiro – deixaria de ser invisível aos olhos". O que significa?

— Você sabe o que significa — falei. — Você é o girassol. Aos meus olhos, é lindo, embora você às vezes não se enxergue assim. Eu gostaria de ter escrito muito mais, mas não consegui pôr em palavras. Os sentimentos que tenho por você deixaram de ser dignos de fala há bastante tempo... Mas acho que você já sabe.

Harry deu um sorrisinho.

— Posso ler a sua mente, sim. Estou fazendo isso agora — respondeu ele, com o nariz colado no meu. — E sabe de uma coisa? Eu acho que eles são dignos de fala, sim. E também de gritos, de poesias, de músicas. Não tenha medo de expressá-los, amor. Se você é uma artista, e as suas palavras são a tinta em seu pincel... Não me importo nem um pouco de me transformar no quadro, desde que seja você quem o manuseie.

— Mesmo se eu errar nos tons de cores?

Harry assentiu, convicto.

— As melhores obras de arte são aquelas que quase ninguém entende. Seu ar misterioso é o que faz delas tão especiais.

Senti tanta falta disso. De Harry, e de suas frases que faziam o meu coração disparar no meio do nada. E agora que ele estava comigo outra vez, e que eu podia sentir sua presença em minha cabeça de novo, não tive dúvidas de que um meteoro poderia atingir o planeta Terra, e que eu não daria a mínima.

Inclinei-me para beijá-lo de novo, suavemente. Harry correspondeu na mesma hora, entrelaçando nossos dedos das mãos com carinho e aproveitando cada toque. Quando nos separamos, reparei em nossos anéis de compromisso. As minúsculas pedrinhas brilhavam com intensidade, emitindo uma luz esverdeada. Verdes como a Maldição Imperdoável da Morte.

Durou por aproximadamente dez segundos, e depois desapareceu. Ao analisar melhor, vi que nossos anéis permaneciam como quando Harry os havia comprado: de prata pura, mas sem outros adereços. Não havia esmeralda nenhuma, como eu bem me lembrava.

— Você sabe o que significa, não sabe? — perguntei.

Harry pensou por uns segundos antes de responder.

— É por isso que estou de volta, não é? Por causa dela?

— Bem, acho que sim. Nunca pensei... Nunca pensei que a Morte fosse ter empatia para fazer uma coisa dessas, mas agora que estou pensando nisso, recordo-me do que me disse quando me obrigou a seguir seus rastros até os jardins.

— Como assim? — perguntou Harry.

Rapidamente, expliquei a ele sobre como acordei com rastros de fumaça por todo o meu quarto, e sobre como o vulto encapuzado me encontrou quando deixei o castelo, algumas horas antes. Além disso, aproveitei para contar a ele sobre as memórias de Audrey, e sobre como isso tinha relação com meus poderes — que eu e a Morte éramos uma só, e ao mesmo tempo completamente diferentes; que eu podia invocar exércitos de mortos-vivos das profundezas do solo; que eles se curvaram diante de nós, os Senhores da Morte.

— Você acha que ela resolveu me trazer de volta porque consegui reunir as relíquias? — perguntou Harry. — Ou você acha que o Poder da Destruição teve influência sobre nosso destino?

— Não há como isso ter acontecido. Regulus me explicou que, como portadora da Destruição, eu nunca poderia trazes pessoas de volta à vida. Isso seria contraditório.

— Então, o que aconteceu?

Mordi o lábio.

— Não tenho certeza. Penso que a Morte te viu como uma pessoa digna de atenção, assim como fez comigo. Disse que estou livre da maldição, a propósito. O que quer dizer que as futuras gerações de nossa família estarão seguras.

— Isso é incrível, meu amor — disse Harry, sincero. — Mas não entendo. Como assim, "digno"?

— A Morte comentou que ficou intrigada com a sua pouca ganância — expliquei. — Disse que você não deu bola para o fato de que estava portando a Pedra da Ressurreição, e que não imaginava que fosse acontecer dessa forma.

— A pedra não ajudaria em nada.

— Sei disso, foi o que falei a ela. Mas a Morte disse que mesmo assim... Você nem tentou. Você aceitou o seu destino de tal modo que sua coragem superou tudo — respondi. — Por isso que você é digno, Harry. Mas, honestamente, estou tão surpresa quanto você. Eu não estava esperando por nada disso, e estou morrendo de medo de que acabe. Pode ser apenas mais uma brincadeirinha de mal gosto, assim como pode ser verdade. Não sei o que vai acontecer quando fecharmos os nossos olhos e acordarmos de volta.

Harry segurou minhas mãos com firmeza, olhando em meus olhos. Não havia medo ali. E isso me fez ficar um tantinho mais calma.

— Estou aqui — afirmou. — É real, e vamos fazer valer a pena. Finalmente teremos nossa chance de felicidade, meu amor, e eu prometo que nada nem ninguém estragará isso. Vamos ficar bem, você vai ver.

Senti uma súbita vontade de chorar de novo. Não porque duvidava de sua palavra, mas porque parecia surreal que o improvável tivesse virado do avesso.

— Promete?

Harry assentiu, envolvendo meu corpo com os braços e me dando um beijo carinhoso na testa.

— Prometo.

Quando ele me beijou de novo, as estrelas da noite se desintegraram, formando poeira cósmica. Cada fragmento brilhava como um pequeno vagalume fluorescente aproveitando o luar.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

No momento em que acordei com as batidas de Maddie na porta, percebi duas coisas: ela ainda estava trancada, e a madrugada tornara-se dia. O que significava que, quando eu abrisse os meus olhos, Harry poderia muito bem estar ali, deitado ao meu lado. Ou não.

Eu não queria testar. Tive muito medo de encarar uma verdade difícil. No entanto, ao mesmo tempo, eu estava muito ansiosa para me encontrar ao lado dele, prestes a pular em seus braços abertos, como sempre fazia.

Entrei num duro dilema, que só se resolveria quando eu criasse coragem. Portanto, apesar da dificuldade, levantei uma pálpebra, depois a outra. Não havia janelas nos dormitórios da Sonserina, então precisei me acostumar ao escuro nebuloso. Quando aconteceu, entrei em pânico por um momento, pois não enxerguei Harry. Mas ele estava lá, meio escondido sob uma montanha enorme de cobertores.

Uma risada alegre escapou de minha garganta, mas não alta o suficiente para que Maddie, do outro lado da porta, pudesse ouvir. Harry já estava meio acordado, e rolou para se aconchegar em mim, passando as pernas sobre as minhas, me prendendo na cama.

— É muito frio aqui embaixo, nas masmorras — resmungou ele, contra meu pescoço. — Podemos dormir mais? Por favor?

Dei um sorriso, beijando sua mandíbula. Depois dei outro beijo em seu queixo, fazendo-o se inclinar na direção de meu rosto; um pedido mudo para que eu também desse atenção para a sua boca.

— Acho que Maddie não vai deixar — murmurei, capturando seus lábios nos meus num selinho demorado. — Bom dia, meu amor.

Harry sorriu contra a minha boca, empurrando a língua para dentro, sem que eu esperasse. Correspondi, meio tonta de felicidade, e me desfazendo em uma outra risada quando ele deixou minha boca e começou a passear com seus beijos pela carne de meu pescoço.

— Maddie precisa ser mais paciente — murmurou ele, mordiscando o ponto que ele sabia que era o meu mais sensível. Senti o reflexo disso começando a fazer efeito, mudando a temperatura de meu corpo.

Entreguei-me a ele, aproveitando a sensação de sua boca descendo cada vez mais, por meus ombros e clavícula. Harry parou um pouco, mexendo sua mão por baixo das cobertas, até encontrar a fita que prendia meu roupão espesso. Ele brincou com ela, voltando a beijar a minha boca. Mas ele não parecia bem saber o que estava fazendo.

— Esse nó está muito apertado. Difícil de tirar — resmungou ele. — Por que você está de roupão, amor?

— Não tenho nada por baixo — respondi.

— Melhor ainda. Você me ajuda a tirar? O tecido está atrapalhando.

Maddie bateu na porta com força de novo, interrompendo. Harry ignorou, e voltou a beijar meu pescoço, se preocupando unicamente com isso, e com desfazer a amarra em minha cintura.

— S/N! — berrou minha irmã. — Você está viva?! Já são duas da tarde, e se você não responder vou precisar arrombar a porta, porque estou seriamente preocupada com a possibilidade de você ter se matado!

— Não me matei, Maddie! — exclamei de volta. — Estou me preparando. Será que você não pode chamar Ron e Mione para mim, por favor?

Minha irmã fez silêncio por um instante. Depois respondeu:

— Tudo bem. Nossa, você me deu um susto. Estou indo.

Ouvi os passos dela se distanciando. Enquanto isso, Harry parou de lutar contra a fita do meu roupão e fez uma carinha de cachorro abandonado enquanto me encarava nas íris.

— Não quero falar com eles agora. Quero você.

Dei uma risada.

— Precisamos conversar com eles para sabermos o que fazer a respeito do seu retorno. Todos pensam que está morto, Harry. Você não pode sair andando por aí.

— Mas podemos resolver isso depois, amor — insistiu ele, cutucando minha barriga para fazer cócegas.

— Na verdade, acho que essa é a nossa pendência mais urgente — revidei, me contorcendo quando ele aumentou a frequência das cócegas. Comecei a rir muito, tentando me livrar de suas mãos. Mas Harry era mais forte, e me prendeu contra a cama com firmeza, impossibilitando isso. Quando cansou, parou com as cócegas, subindo completamente sobre o meu corpo e me abraçando. — Amor. Terei todo o tempo do mundo para você, depois. Mas agora realmente precisamos resolver isso.

— Não. Estou sequestrando você.

— Me sequestrando? — ri.

— Sim. Vamos fugir para a Transilvânia para nos tornarmos um casal de vampiros felizes.

Dei outra risada, desacreditada.

— Não podemos ser vampiros!

Harry se afastou para me encarar, sério.

— Por quê?

— Porque já somos bruxos, é claro.

— O que uma coisa tem a ver com a outra?

— Tudo. Os poderes dos vampiros são completamente diferentes dos poderes dos bruxos. Se já somos um deles, não podemos ser os dois.

Harry ficou me encarando por um tempo, mas ele não tinha realmente uma resposta melhor. Então ele saiu de cima de mim, se sentando. Eu tinha vencido com meus argumentos.

— Vou ter minha vingança — disse ele, fingindo chateação.

— Tenho certeza de que sim — respondi. — Prometo estar usando renda quando acontecer.

E ele, que não esperava por tal resposta, limitou-se a dar um sorrisinho com o canto dos lábios.

Momentos depois, ouvimos batidas na porta. Sentei-me também, agora séria, agarrando um travesseiro por puro hábito.

— S/N? — perguntou Hermione, hesitante. — Está tudo bem? Maddie disse que você estava nos chamando.

— É, e você não apareceu para almoçar — disse Ron. — Já reconstruíram a Comunal da Corvinal, a propósito. Ficou bonita.

— Legal. Ei, acho que seria bom se vocês entrassem. Fechem a porta quando fizerem isso — foi o que eu respondi.

Houve uma pausa, na qual supus que meus amigos trocaram uma sequência de olhares. Em seguida, a porta se abriu. Hermione ainda teve tempo de trancá-la antes de que o choque tomasse sua face, e de que ficasse estagnada no mesmo lugar, as pupilas miúdas preenchidas por perplexidade. Seus músculos retesaram, e pequenas lágrimas brilharam em seus olhos. Ela levou as mãos à boca, para conter um grito, mas não saiu nada. Parecia ter perdido a capacidade de falar.

A reação de Ron, por outro lado, foi mais rápida e simples. Ele congelou parado, se tremeu inteiro e caiu no chão, desmaiado.

Harry e eu corremos para ajudar. Pessoalmente, precisei me segurar para não rir, porque eu não estava esperando que Ron fosse reagir assim. Mas o colocamos sentado com as costas contra a cama, para que respirasse melhor.

— Será que devemos encher um copo de água para jogar nele? — perguntei.

— O que diabos está acontecendo?! — exclamou Hermione, interrompendo o que quer que Harry fosse responder. — S/N, o que você fez?!

— Como assim, "o que eu fiz"? Eu não fiz nada!

Minha melhor amiga enxugou as lágrimas dos olhos, meio enraivecida, e me encarou com muita seriedade.

— Você o trouxe de volta! — disse ela, falando alto. — S/N, isso não está certo! Você não pode mexer com o curso do tempo assim! Convocar mortos-vivos para lutar numa guerra decisiva é uma coisa, mas fazer isso com Harry... Você sabe que ele não aprovaria esse tipo de comportamento!

— Ei, eu estou bem aqui, sabia? E eu não sou um morto-vivo, sou de carne e osso! — protestou Harry.

— Claro, né, porque ela resolveu mexer com o espaço-tempo para resgatar você!

— Calma, Hermione, eu não fiz nada disso! — falei, ficando de frente para ela. — Não entendo por que está tão zangada. Pensei que quisesse Harry de volta.

— É óbvio que quero, mas mexer com coisas assim... É uma falta de respeito enorme!

— Certo, mas eu já disse que não fiz nada, ok? — falei, chateada. — Escute, eu estava dormindo quando acordei com uma névoa escura. A porta do quarto escancarou, e eu segui a fumaça até os jardins, até o túmulo de Harry. Lá, encontrei o vulto encapuzado da Morte, que conversou comigo sobre uma série de coisas. Fiquei com raiva e dei-lhe as costas, só que a Morte insistiu em falar sobre Harry, e sobre como eu era digna por controlar o Poder da Destruição. Também disse algo sobre uma fênix que renasce das cinzas, e que isso iria acontecer comigo.

— E depois o quê? Harry surgiu do nada?

— Exatamente! — exclamei. — Voltei para o quarto e tomei banho. Quando saí do chuveiro, Harry estava sentado na cama, em carne e osso, e eu entrei em choque, como você está agora!

— É verdade, Hermione — disse meu namorado, chegando perto de nós duas. — Eu simplesmente acordei aqui, como se só tivesse dormido por bastante tempo. Não me lembro de nada entre o que aconteceu na floresta, e o que houve depois. S/A me contou que a guerra acabou, então não temos muito mais com o que nos preocuparmos, certo?

Hermione parou para analisar a situação, incerta. Sua carranca foi desaparecendo, mas ela ainda parecia pouco convencida.

— Acredite em nós, Mione. Estamos falando sério — disse eu. — Veja por você mesma, segure a mão dele. Você vai perceber no mesmo instante.

Ela me olhou de esguelha, mas acabou aceitando. Segurou a mão que Harry estendia a ela, e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha esquerda.

— Se vocês estiverem brincando comigo, vou bater em vocês dois — ameaçou ela.

— Não é brincadeira, prometemos — disse Harry, apertando a mão dela para comprovar isso.

Hermione deixou escapar um soluço que antecedeu o choro, e se jogou nele, abraçando-o. Dei uma risada feliz, pois a cena aqueceu meu coração, e abracei os dois ao mesmo tempo, pelo pescoço.

Quando nos separamos, Hermione começou a bater no braço de Harry, o que fez com que ele se escondesse atrás de mim para que pudesse evitar os socos. Hermione continuou tentando atingi-lo, procurando contornar meu corpo, e eu fiquei dividida entre rir e permanecer séria.

— Você é um idiota, Harry Potter! — exclamou ela, por fim desistindo e contentando-se com reclamar dele.

— Quê?! Por quê?!

— Por quê?! Porque foi para a Floresta Proibida sem se despedir, seu imbecil! — disse ela, como se fosse o óbvio.

Harry encolheu os ombros.

— Eu não queria preocupar vocês — disse ele, baixinho.

— Mas preocupou, né?! — ela balançou a cabeça, cruzando os braços. — Meu Deus, isso tudo é surreal. Nunca, em um milhão de anos, eu pensaria que fosse viver para ver um dos meus melhores amigos morrer para depois voltar à vida. É loucura total. Vocês já pensaram como vão lidar com isso?

— Como assim? — perguntei.

— Bem, as pessoas vão falar. Algumas vão até mesmo ficar com raiva, porque não vão engolir essa história do "vulto encapuzado". Pensarão que S/N usou o Poder da Destruição a seu favor, e vão querer que faça isso com os outros mortos da guerra.

— Mas não fui eu! — exclamei. — Além disso, o Poder da Destruição não pode trazer pessoas de volta ao mundo dos vivos. Não sou nenhuma pessoa milagrosa.

— Mas a questão não é a verdade em si, mas o que o Mundo Bruxo vai concluir ao deparar-se com ela — respondeu Hermione. — É claro que muitos ficarão felizes, porque vêem Harry como motivo de esperança. Só que não podemos concluir que isso é tudo.

— Vamos dar um jeito — disse Harry, firme. — Não é a primeira vez que nos metemos em situações assim. E, pelo menos, não tem mais Voldemort para atrapalhar os nossos planos.

Hermione sorriu.

— Isso é verdade. Nem Voldemort, nem Bellatrix.

— Ah, sim — falei. — Às vezes penso que ela era ainda mais terrível do que ele. Não, na verdade, eu tenho certeza.

— O que houve com Bellatrix? — quis saber Harry, curioso.

— Pergunte para a sua namorada — disse Hermione. — Pelo que me lembro, ela se vingou com tanta força que uma poça enorme de sangue manchou o chão do Pátio Principal. Mas posso estar me esquecendo de algum detalhe.

Harry não pareceu surpreso.

— Estamos em paz, então?

— É, acho que sim. Ainda tem uns Comensais da Morte à solta, mas nada que não possa ser resolvido sem muitas dificuldades. Eu mesma quero caçar alguns.

Hermione me deu tapinhas compreensivos nas costas.

— Vamos com calma, tá? Primeiro temos que nos concentrar em como vamos explicar o retorno de Harry para Ron sem que ele desmaie de novo.

— Ah, sim — falei. — Por sinal, você sabia que eles estão namorando, amor?

Harry ficou chocado, ao passo que Hermione ficou vermelha como um pimentão.

— Como é?!

— Pois é. Você ouviu direito. Ah, e eu ganhei a nossa aposta.

— Que aposta?

— Vocês apostaram na gente? — quis saber Hermione, encabulada.

— Óbvio que sim — respondi. Depois me virei para Harry de novo, falando: — Eu apostei que eles só iam confessar os sentimentos que tinham um pelo outro quando todos estivéssemos morrendo. Não lembra?

— Agora que você está dizendo, eu me recordo, sim — disse Harry, pensativo.

Nesse momento, Ron começou a acordar. Nos concentramos em tentar explicar para ele da melhor forma possível que Harry era mesmo real, e não uma miragem. E quando estávamos seguros de que ele não desmaiaria de novo, expliquei o que eu havia falado para Hermione, deixando claro que não tive nenhuma participação na ressurreição de meu namorado. A cada palavra, Ron parecia ficar ainda mais chocado. Sua boca estava aberta, como se prestes a deixar escapar uma exclamação, e seus olhos jaziam arregalados.

Mas ele acabou aceitando, e, assim como Hermione, partiu para um abraço caloroso com o melhor amigo, que depois tornou-se um abraço coletivo. Estávamos muito felizes, e pela primeira vez após a guerra, meus amigos e eu tínhamos certeza de que um futuro incrível esperava por nós.

Caímos os quatro na cama. Poderíamos falar sobre banalidades, ou sobre assuntos sérios, que nada tiraria os sorrisos de nossos rostos. Éramos uma família formada por amigos que se amavam muito, e são justamente uniões desse tipo que fazem toda a diferença na vida de uma pessoa.

— Cara, estou exausto — comentou Ron, para ninguém em particular. — Acho que eu poderia dormir por meses, estou falando sério.

Fiquei apoiada em meus cotovelos, olhando para eles.

— Deveríamos tirar férias — falei. — Vamos! Nós bem que merecemos. Podemos organizar uma excursão pelas montanhas, ou então alugar um apartamento numa praia paradisíaca. Pensaremos no resto quando voltarmos.

— Você está esquecendo de uma coisa — disse Ron, me encarando. — Não sou rico como vocês, nem de longe. Como vou pagar por tudo isso?

— Não tem que ser uma viagem cara — disse Harry. — A gente faz um orçamento.

— É! — exclamei. — Além disso, eu não me preocuparia muito, se fosse você. Daqui a uns dias o pessoal do Ministério deve nos chamar para uma baita cerimônia de comemoração ao final da guerra, e nós receberemos todos os tipos de prêmios. Você vai ganhar tanto dinheiro que não vai saber aonde guardar, Ron.

Ele abriu um sorriso enorme depois disso.

— Que Merlin te ouça, S/N! Estou mesmo precisando ficar podre de rico. Vou fazer os Malfoy parecerem uma piada!

Todos demos risada.

— Acho que você está exagerando um pouquinho — disse Hermione. — Mas eu apoio muito a ideia.

— Não estou, não! — revidou o ruivo.

— Claro que está, é só somar dois mais dois e fazer as contas. Veja: os Malfoy são uma família rica há gerações. É difícil encontrar alguém que os supere, porque essa pessoa precisaria ultrapassar séculos de acúmulo de patrimônio...

— É, mas fora isso, os Malfoy não fizeram nada de importante — interrompeu Ron. — Eles só metem o nariz aonde não são chamados, e se dão bem por isso. Tudo bem que Draco agora é legalzinho, mas o resto da família dele fede a ovo podre.

Hermione revirou os olhos.

— Não é porque eles são insuportáveis que esse fato anula o outro, Ronald.

Eles entraram numa discussão, como sempre, na qual Hermione obviamente saiu ganhando. A única diferença era que, agora, eles estavam mais unidos do que nunca, o que contribuía para evitar brigas maiores.

Sorri. Com meus amigos e meu Harry, eu enxergava em cores de novo. A vida não era mais chata, feita de tons de preto e de branco; reconstruiríamos as nossas muralhas caídas.

Estávamos bem.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Narradora ON

Maddie estava sentada na beira do Lago Negro, contemplando a paisagem, quando Draco apareceu, e sentou-se ao lado dela. Maddie olhou-o, parando de pensar em Tonks quando encontrou seus olhos. Imediatamente, sentiu-se culpada.

— No que está pensando? — perguntou Draco.

— Em nada — mentiu Maddie.

Draco sentiu que ela estava omitindo algo, mas decidiu não pressioná-la.

— Certo — disse ele. Passou a observar a vista também, como ela fazia antes. Só que, por algum motivo, Maddie continuou encarando-o. — Qual é a sua flor favorita?

Maddie contraiu as sobrancelhas, surpresa.

— Por quê?

— Porque quero saber — respondeu ele. — Então?

— Nunca parei para pensar nisso — confessou.

— Pense agora.

Maddie permaneceu em silêncio por um tempo. Depois, respondeu:

— Acho que... Adoro margaridas.

— Sério?

— Sim.

Eles voltaram a ficar em silêncio. Draco ficou mudando de posição constantemente, parecendo inquieto. Maddie percebeu. No entanto, resolveu não dizer nada a respeito.

— E a sua cor favorita? — perguntou ele, depois de um tempo.

— Roxo.

— Entendi. A minha é preto, mas também gosto de verde.

Maddie riu.

— O quê? — quis saber Draco. — Eu disse algo de errado?

— Não. É que a sua resposta foi totalmente previsível.

— Por quê?

Ela deu de ombros.

— Você é da Sonserina.

— Você também.

— Tá. Mas eu prefiro roxo.

— Por quê?

— Você faz umas perguntas difíceis, né? — comentou Maddie. — Para quê esse inquérito todo?

Draco contraiu a mandíbula.

— Desculpe. Eu estava tentando puxar conversa.

— Está entediado?

Ele negou.

— É meio impossível ficar entediado com você.

— Por quê? — perguntou ela, sem entender.

Draco deu um sorrisinho.

— Quem está fazendo perguntas agora? — implicou.

— Besta — resmungou Maddie, revirando os olhos. — Você entendeu errado. Quero saber por que motivo está fazendo isso. Sendo legal comigo.

— Não é óbvio?

— Bem, é meio óbvio que você está dando em cima de mim, sim, mas não me refiro a essa parte em específico.

Draco suspirou, assentindo.

— Você quer que eu pare.

— Não, não é isso — respondeu Maddie, sem realmente pensar. — Eu só... Não entendo. Por que justamente eu? O que você viu em mim? Não mereço o seu interesse.

— Pelo contrario. É por pensar que você não merece o mundo que você é capaz de ter todo ele — respondeu Draco, sério. — Estou sendo honesto. Não sei o que me fez gostar de você, Maddie, mas eu nunca senti isso antes. É como um ímã que me puxa. Acho que somos parecidos nesse aspecto.

Maddie piscou algumas vezes, assimilando. Claro que ela tinha percebido que Draco e ela tinham características em comum, sim, mas ele falava como se fosse maior do que seus olhos podiam ver. E por mais que Maddie pudesse concordar, não queria tocar muito nessa tecla; não depois da dor que sentira quando viu Dora morrer. Ela havia implorado para que ficasse, havia pedido sem descanso que alguém fizesse alguma coisa. Rezara como nunca antes; para Deus, para Merlin, para quem quisesse ouvir.

Suas preces nunca foram atendidas.

— Como? — indagou.

— Você pensa que eu não percebo, mas você fica me olhando também — respondeu Draco. — Você se sente atraída, e isso te coloca num dilema. Te faz questionar as coisas nas quais você sempre teve certeza de que acreditava, mas que agora aparecem como um borrão. Não porque duvida de mim... Mas por outros motivos.

Maddie desviou de seu olhar, evitando o contato. Draco continuou:

— Eu nunca te forçaria a nada. Sou paciente, essa é uma de minhas virtudes — e então, quando ela olhou de novo, notou que Draco segurava uma pequena margarida. A flor que disse que amava. — Eu te espero. Para quando você estiver pronta.

O coração de Maddie bateu mais forte contra seu peito. Ela recebeu a flor, sentindo as pontas dos dedos de Draco quando tocaram as suas. Estavam surpreendentemente quentes, ao contrário do que ela imaginava: frias como os ventos mais gelados do inverno.

Todo o resto do mundo evaporou. Mesmo quando Draco se levantou; mesmo quando foi embora. Restaram apenas Maddie e sua margarida, com pétalas brancas bonitas que a faziam lembrar de tempos melhores. Então, lembrou-se de uma brincadeira que fazia quando era mais nova, e saiu arrancando todas, uma por uma, até que nada sobrasse, senão o miolo seco.

Bem-me-quer. Mal-me-quer. Bem-me-quer. Mal-me-quer. Bem-me-quer. Mal-me-quer. Bem-me-quer. Mal-me-quer.

A que tocou o solo por último não fez um único e singelo ruído, permanecendo intacta, digna de olhares atentos. Embora fosse a mais importante.

Bem-me-quer — sussurrou Maddie, a voz saindo como um fiapo de seda frágil.

Narradora OFF

——————————————

notas da autora:

oii gente, o que acharam? vou postar os capítulos depois da guerra com calma, ok? não estou muito bem emocionalmente, mas vou fazer o possível, mesmo que demore. por favor, tenham paciência comigo!!

beijos!! bebam água e se cuidem! ainda tem muita coisa boa para acontecer em masterpiece!! ❤️❤️

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