Mil Tsurus • JJK + PJM

By lilyuguedes

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[EM ANDAMENTO] [NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DESSA OBRA] Jeon Jungkook nasceu com um dom que odeia: ele consegue ve... More

[📸] CAST & INFORMAÇÕES
[0.0] ESPECIAL
[1] Red Velvet
[2] Strawberry
[3] Tequila Blood
[4] Red Card
[5] Peppery Flames
[🛹] Metas e desejos para o ano novo
[6] Raspberry Cake
[7] Pomegranate
[8] Blood Orange
[9] Prickly Pear
[10] Tourmalinen Line
[11] Mahogany
[12] Garnet Sky
[13] Amaranth
[14] Redwood
[15] Cranberry
[16] Cardinal
[17] Elderberry
[18] Begonias
[19] Maple Leaves
[20] Nasturtiums
[22] Obsidian
[23] Amanita
[24] Mars
[25] Crawfish
[26] Octopus

[21] Crimson Star

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By lilyuguedes

TÁ SERVIDO O CAFEZINHO DA TARDE, GALERAAAA!

N/A: Antes de começar o capítulo, queria agradecer a todo mundo que fez questão de me mostrar carinho e a minha história, seja por mensagens, vídeos, usando a Hashtag... chorei todas as vezes. Sério. Muitooooo obrigada! Vocês são incriveis! (Coloquei tudo nos meus destaque no insta!)

#APorraDoFioVermelho

🛹

Na sexta, eu fui chamado à sala do diretor do laboratório onde faço estágio. Pessimista como sou, pensei logo no pior: eu seria mandado embora, sem direito a nem uma carta de recomendação, o que resultaria no fim da minha carreira como cientista, dos meus sonhos e de qualquer esperança de que um dia eu poderia ser minimamente feliz fazendo algo que amo. Contudo, ao invés de olhares pesados e uma notícia ruim, o que recebi foi o extremo oposto. O diretor e o chefe da pesquisa em que trabalho, me fizeram a proposta de terminar meus estudos enquanto trabalho em um outro laboratório deles. Na China.

Uma ótima notícia, mas que não me deixou tão feliz quanto eu acho que deveria ter ficado. Me sinto ansioso e apreensivo por causa da experiência que tive com uma notícia dessas no passado. Estou tão aflito, que não contei nem para Jimin ou meus amigos sobre a oferta, — para ninguém, na verdade —, simplesmente porque sinto que se eu contar, tudo vai ser real demais para escapar por entre meus dedos e eu prefiro sofrer a perda de algo idealizado do que algo real.

Estamos eu, Yoongi, Hoseok, Sunny e Namjoon na praça de alimentação do shopping tomando milkshake. Eu convidei Namjoon e Sunny, porque faz tempo que não os vejo e aqui estamos todos, jogando conversa fora numa tarde de domingo.

— Eu... estava pensando em levar Jimin a um encontro. — digo, chamando a atenção de todos. — É sempre ele quem me convida, então pensei em fazer algo diferente, mas nada me veio à cabeça.

Jimin me ajudou em muitas coisas, incluindo o emprego que tenho agora, e eu simplesmente não fiz nada por ele em troca. Imagino que ele nem queira algo, mas ainda assim sinto que eu poderia ao menos tentar fazer algo bacana por ele pra apartar um pouco meu sentimento de dívida eterna.

— Ah, meu deus! Vocês são tão endgame! — Yoongi bate palminhas animadas.

— Que tal um passeio no lago? Ou um piquenique no parque? — Hoseok sugere, enquanto solve do milkshake de morango que pediu.

— Hm, não sei...

— Do que ele gosta? — Sunny apoia o rosto nas mãos e os cotovelos na mesa e sorri cheia de interesse.

— Ele parece gostar de coisas sofisticadas. Não sei...

— Como não sabe? Tá com ele há sei lá quanto tempo e não sabe do que ele gosta?

— Eu sei do que ele gosta, mas não significa que eu sei transformar qualquer informação sobre isso em algo romântico, ok? — Pego uma batata e jogo nela, que revira os olhos e volta a de recostar na cadeira com os braços cruzados.

— Que tal um parque de diversões? — Namjoon sugere.

— Nem pensar! — Yoongi interfere. — Não basta eles serem o clássico do garoto pobre e o CEO rico, ainda por cima terem um date no parque onde eles rodam no carrossel e usam tiaras combinando.

— Não vi onde isso é ruim... — Namjoon faz um biquinho confuso.

— É ruim, porque não é como se andar o dia todo num parque seja apenas sobre ir nos brinquedos e construir memórias fofas. Tem filas, calor humano em excesso e pouca privacidade!

— Tá, e que tal uma aula de yoga juntos? — Sunny volta a sugerir. — Ótimo pra tirar uma casquinha um do outro.

— Aula de cerâmica tem o mesmo apelo e de uma forma bem menos sexual — diz Hoseok, afundando uma batata no milkshake.

— E qual seria a graça?

— Um museu? — Namjoon torna a falar.

— Não acho que Jungkook consiga sustentar uma conversa sobre quadros e esculturas — Yoongi rebate.

— Dói no meu orgulho, mas eu vou ter que concordar com ele — admito, derrotado. — Sou amplamente uma pessoa de exatas.

— Tá, cabeção. Então o que você sugere? — Sunny se volta para Yoongi.

O sorriso dele cresce nos lábios. O mesmo sorriso que ele dá sempre que tem algo bem planejado em mente.

🛹

— Então é aqui seu esconderijo? — A voz que eu já conheço tão bem me alcança e imediatamente meu sorriso se alarga.

Jimin está na entrada do terraço do meu prédio com um buquê de flores coloridas a tiracolo.

— Não precisava de flores — digo, quando me aproximo, observando como elas são bonitas.

— São camélias — ele diz, me entregando o buquê. — Achei que combinariam com a ocasião.

Observo-as mais um pouco, tentando conter um sorriso. Parece loucura que eu esteja finalmente recebendo flores, mais loucura ainda eu, finalmente, aceitar.

— O que elas significam?

— Hm, vou deixar para você descobrir sozinho. — Jimin sorri todo encantador. — Uau, você preparou tudo isso?

Ele finalmente dá uma boa olhada em volta no que meus amigos me ajudaram a preparar. No centro de tudo, está a mesa decorada com flores artificiais e velas eletrônicas que Yoongi e Sunny arrumaram. Ao redor há luzes penduradas e também algumas dentro de potes de vidros, como se fossem vaga-lumes capturados que Hoseok achou que daria um toque "de conto de fadas".

Para mim, é quase inacreditável que todo esse preparo tenha partido da minha vontade, porque se alguém um dia dissesse que eu planejaria um encontro desses pro eu de meses atrás, eu provavelmente passaria mal de tanto rir. No entanto, aqui estou eu, segurando um buquê e tudo.

— Desculpa, não sou bom em planejar encontros, então precisei da ajuda dos meus amigos. Na verdade, eles fizeram grande parte de tudo — admito, sem jeito.

Jimin não me julga, no entanto. Ele sorri e balança a cabeça para os lados.

— Isso só fez tudo mais especial. Eles são bons amigos.

— Sim... eles são.

Jimin se aproxima de mim sorrateiramente, sorrindo de cantinho como quem está prestes a aprontar.

— Você já deve saber, mas está lindo demais hoje, moreno — ele sussurra como se fosse um grande segredo.

Deixo escapar um sorriso bobo, que eu engulo de imediato por me sentir estúpido demais.

— Valeu. Você também... tá muito... tá ótimo... — As palavras saem engasgadas, porque nem sou muito bom em verbalizar coisas doces. Limpo a garganta com um pigarro, tentando disfarçar minha falta de jeito mudando de assunto e apontando para a comida disposta na mesa. — Olha, eles me ajudaram a fazer tudo isso. A maioria foi praticamente Namjoon sozinho, já que ele tem mais jeito, mas...

— Está perfeito, Jung. — Ele me acompanha até a mesa e se senta junto comigo em uma das almofadas que Sunny espalhou pelo chão.

Mais uma vez, preciso controlar meu sorriso bobo. Estou tão feliz de ter dado certo e ele ter gostado que nem me dou conta do quão forte está o vento, apenas quando seguro por pouco um enfeite de mesa que o vento carrega por conta de sua força.

— Jung, meu bem. — Jimin me chama, olhando para o céu sobre nós. — Eu... acho que vai chover.

Como se fosse combinado, no minuto que ele termina sua fala, um trovão irrompe o céu, anunciando o temporal que está por vir. Olho em volta e, imediatamente, fico em pânico. Em questão de segundos, nosso encontro vira uma corrida pela sobrevivência do jantar e dos bens que meus amigos me emprestaram. E a chuva não vem gentil ou com segundos pensamentos, cai decidida e impiedosa, como um tabefe bem dado em nossas cabeças. O exemplo prático do que a expressão "balde de água fria" significa.

Entramos no meu apartamento aos trancos e barrancos, pingando pelo chão e esbaforidos pela adrenalina que nos acometeu.

— Vou buscar toalhas.... — É a primeira coisa que digo, correndo para meu quarto.

Pego uma camisa limpa e decente para Jimin, junto com uma toalha do guarda roupa.

— Então é assim que se parece o seu quarto.... — Jimin aparece na porta, observando tudo em volta com um sorrisinho curioso.

— Você pode ter seu momento "conhecendo o quarto do crush" depois de se secar. — Empurro contra ele a muda de roupa e a toalha, já puxando a minha por cima da cabeça para trocar. — Não tenho secadora, então vou colocar sua roupa atrás da geladeira, mas vai levar um tempo pra secar.

— Oh, atrás da geladeira? — Suas sobrancelhas se erguem de surpresa, enquanto ele tira a camisa na minha frente e troca pela minha do AC/DC. — E isso funciona mesmo?

Ele me entrega a camisa molhada.

— Por favor, não deixe tão evidente de que você não faz ideia do que é ser pobre — resmungo, passando por ele para ver o que restou do jantar que Namjoon passou a tarde toda me ajudando a preparar.

A massa de ravióli que Namjoon alagou dentro da travessa, a torta de frutas vermelhas quebrou inteira e salada perdeu o charme de antes, quando montada com flores de casca de tomate. Suspiro de frustração, pensando em como nem mesmo um simples encontro eu sou capaz de planejar sem que o universo, a mãe natureza e os escambau venha me atrapalhar. A chuva do lado de fora continua com toda força, então sem chances de pedir sequer uma pizza. Abro a geladeira e penso no que posso fazer com o que temos aqui, mas é tudo bem básico e eu confesso que meu lado capricorniano está muito afetado pelo dinheiro que gastei comprando os ingredientes para os pratos de hoje — não que eu entenda de signos, é Yoongi que me fala deles o tempo todo.

Fecho os olhos e me viro, abrindo o armário e pegando os pacotes de macarrão instantâneo. Jimin aparece ao meu lado e se oferece para ajudar em alguma coisa, então deixo ele fazer coisas básicas. Por mais que não seja o que eu planejei, acaba sendo divertido ver ele fascinado com as incrementações que um macarrão instantâneo pode receber, desde ovos, acelga, cebolinha — que Jimin fez questão de picar —, broto de feijão e tudo o que eu consegui encontrar na geladeira. Tudo fica pronto muito rápido, nós nos sentamos um ao lado do outro no balcão da cozinha com a panela cheia entre nós.

— Está com um cheiro ótimo! — Jimin diz com um sorriso radiante, pegando um pouco para si. — Acho que a última vez que eu comi um desses foi no dormitório da faculdade.

— Como você era na faculdade?

— Eu passava grande parte do tempo entre o dormitório, a biblioteca e as aulas, sequer fui a festas, não era muito de me envolver com as pessoas. Seokjin era meu único amigo.

— Não consigo imaginar você sem ser essa borboleta social que é hoje.

— Acho que isso mudou depois que eu sofri o acidente. — Ele solta um longo suspiro, enquanto se ajeita melhor onde está. — Quando dizem que esse tipo de experiência muda você, não é brincadeira. Me fez perceber que a vida é frágil demais para certos rodeios, embora eu ainda tenha meus momentos de fraqueza e covardia, claro. — Ele me olha agora. — Meu pai dizia que para se ter coragem é preciso ter medo de perder uma oportunidade. No fim, as pessoas sentem medo o tempo todo.

Balanço a cabeça, absorvendo suas palavras. Jimin parece ter passado por um bocado de coisas. Me traz curiosidade para saber mais dele, não apenas do Jimin brilhante e sorridente, mas o pacote completo.

— E na escola? Como você era? — pergunto.

— Eu tinha bastante amigos, mas não era de sair. Minha vida na escola, na universidade e no intercâmbio era estudar. Sem qualquer outra opção.

— Por que você não teria outra opção? — Me aconchego perto dele.

Seus olhos encararam a frente, mas ao mesmo tempo, não parecem olhar nada. Ele fica pensativo, com o rosto estóico e vazio, como se tivesse visitado uma memória não muito boa do passado.

— Era a única forma de me livrar da minha mãe. — Ele me olha e sorri fracamente, como se o que acabou de dizer fosse nada demais. — Embora, receber herança familiar não seja a melhor forma de fugir da família.

— Eles.... eram tão ruins assim?

— Meu pai era bom. O grande erro dele foi amar mais os negócios do que a própria esposa. Minha mãe... Ela... Você viu como ela é... — Jimin respira fundo. — Demorou um tempo considerável para eu perceber que ela amava mais ter controle sobre mim, do que a mim de fato. E quando eu mostrei a ela que não estava disposto a ser controlado mais, foi como se eu simplesmente deixasse de existir. Ela chegou a dizer isso, na verdade... Quando ela vem me ver, é sempre para pedir algo ou fazer com que eu me sinta culpado pelo acidente.

— Sinto muito...

— Não sinta, não é sua culpa que ela seja assim, de qualquer forma.

— É que eu queria que hoje fosse mais especial. Tomamos chuva, o prato principal já era e agora eu te fiz pensar em coisas não agradáveis.

— Do que está falando? Hoje está sendo especial. Corremos da chuva, eu estou no seu apartamento, fizemos esse macarrão e estamos aqui juntos. — Jimin sorri, o rosto corado por causa do calor do macarrão e da pimenta. — Por que você está tão preocupado com isso?

Dou de ombros, cutucando o macarrão com o talher.

— Você faz tanta coisa para mim, eu só queria fazer algo legal por você.

Jimin fica em silêncio por um tempo, parecendo pensativo. Ele engole a porção que tem na boca e depois me olha com o cenho franzido.

— Se você disser algo assim com esse olhar adorável, o que espera que eu faça? Vou acabar te fodendo na cozinha mesmo.

— Jimin! — Apesar da advertência, eu mesmo estou rindo.

Ele sorri também, feliz por ter me arrancado um sorriso com seu comentário pervertido.

— Apesar de eu estar feliz que você tenha pensando em tudo isso, não quero que se sinta em débito comigo sobre qualquer coisa. Eu gosto de você e gosto de fazer as coisas com você e por você, é meu jeito de demonstrar carinho.

— Eu sei... — Sorrio fracamente, voltando a comer macarrão. — Eu só... queria que você soubesse que é especial pra mim.

Jimin volta a ficar em silêncio, então sopra o ar com violência antes de soltar o talher, limpar os lábios e se levantar. Eu nem consigo colocar uma porção na boca, porque em questão de segundos ele está segurando minha nuca com força e me beijando fervorosamente. Tudo em mim esquenta de repente, como lava escaldante descendo pela garganta, alcançando o estômago e se alastrando até as extremidades do meu corpo. Sua outra mão, me puxa pelo quadril e me tira do banco com um solavanco que me faz tropeçar contra seu corpo.

— Porra... — protesto, me sentindo zonzo de excitação repentina.

— Vamos pro quarto ou eu vou tirar sua roupa aqui mesmo.

Nós vamos aos tropeços para meu quarto, porque Jimin continua me beijando por todo o caminho e eu levo um tempo para achar o interruptor e acender a luz. Quando o faço, Jimin já está me empurrando para a cama, ficando por cima de mim. Ele se afasta um pouco e me observa de cima com um sorrisinho por um tempo.

— O quê? — sussurro a pergunta.

— Você é tão lindo... — ele sussurra de volta.

Sorrio sem jeito, porque a forma com que ele diz é carregada de intensidade. Na minha cabeça, penso em repostas malcriadas apenas para que ele não note meu rosto esquentando, mas o som de alguém abrindo a porta me alerta. Praticamente jogo Jimin para o lado para sair da cama e, quando chego na entrada do quarto, me deparo com minha mãe parada ainda perto da soleira, encarando o par de sapatos extras ao lado dos meus e os dois pratos de comida na bancada. Meu corpo congela no lugar, quando ela ergue o olhar arqueado para mim.

— Tem mais alguém aqui?

— Tem, mas... não é o que você tá pensando.

— E o que eu estou pensando?

Percebo o meu erro e fecho a boca imediatamente. E eu sei que sou adulto e tals, mas... porra, é minha mãe, sabe?

— Ao invés de ficar aí parado, porque não me apresenta logo o... — Ela olha o tênis novamente. — Rapaz, eu suponho, que tá escondido aí no seu quarto?

— Não tem ninguém escondido, pelo amor de Deus!

— Hm... — Ela cruza os braços. — Ele está nu, por acaso?

— Mãe!

— Eu estou vestido, senhora Jeon — Jimin diz, aparecendo logo atrás de mim com uma pose confiante e voz calma, embora suas orelhas avermelhadas entreguem seu real estado de espírito.

Preciso fechar os olhos e me preparar mentalmente para o que virá a seguir. Minha mãe não é do tipo que faz perguntas demais, mas ela não chega nem longe do que eu chamaria de discrição. Minha primeira namorada, ainda no ensino médio, foi encarada tão incisivamente, que saiu com a sensação de ter sido perfurada na testa e nas mãos — assim como eu, minha mãe tem tendência em analisar possíveis parceiros de acordo com a intensidade do fio. Penso que a pior parte, que é o teste da mão, Jimin com certeza já passou, uma vez que o fio dele é quase invisível. E não que eu esteja pensando sobre coisas demais, é só que eu meio que gostaria que minha mãe o aprovasse.

— Mãe, esse é-

— Senhor Park! — Ela praticamente grita, quase derrubando sua bolsa e as coisas que tem na mãe.

— Dona... Hiora?

— O que o senhor... O quê?

Pisco algumas vezes olhando de um para o outro, me perguntando o que porra tá rolando aqui. Essa, definitivamente, não é a reação que eu esperava em nenhuma das hipóteses de cenário que criei na minha cabeça.

— Você conhece minha mãe?

— Jungkook! — A mulher vem com tudo até mim, me puxando pelo braço para perto dela.

— Mas que reação é essa? Alguém pode me explicar o que tá rolando, por favor?

— Ele é o dono da empresa que eu trabalho — ela sussurra para mim, e eu quase sinto meus olhos pulando da cara.

— A senhorita Hiora é minha contratada particular. Ela vai a minha casa, esporadicamente.

— É a sua forma de dizer que minha mãe é sua empregada?! — Mal termino a frase e minha mãe me acerta um tapa no braço. — Ai, mãe!

— Respeito! — Ela quase rosna para mim, mas sua expressão suaviza quando ela se vira para Jimin. — Peço desculpa, senhor Park. A que devo a honra de sua visita? Como sabe onde eu moro, aliás?

— Mãe...

— Hm? — Ela me olha de relance.

— Não é a senhora que ele veio ver — respondo, forçando um sorriso pra tentar amenizar as coisas.

Minha mãe fica em silêncio, com o sorriso congelado igual o meu. Ela olha de mim para Jimin, de Jimin para mim e só então se dá conta que as roupas que ele usa são minhas. Ela solta do meu braço e dá um passo pra trás com um pequeno engasgado. Jimin dá um passo à frente para tentar ajudar, mas para quando minha mãe parece se firmar no lugar.

— Aí... meu... deus... — Ela olha para nós dois de novo. — Ai... meu DEUS! Você está saindo com meu chefe!

— Eu nem sabia que ele era seu chefe! E a gente não tá saindo... Quer dizer, a gente tá, mas... eu... Meu Deus, respira!

— Como que... — Ela se apoia no balcão da cozinha. — Como que você... Onde você.... Quando... Há quanto tempo? No que você estava pensando, hein, Jungkook?!

— Fui eu que comecei isso, senhora Jeon. — Jimin interfere, mantendo a voz calma. — Eu fui atrás do seu filho.

— Mas... — Ela está vermelha feito um tomate. — Pare de me abanar!

— Tá, foi mal. — Dou um passo pra trás.

— Por quê meu filho? Tanto homem no mundo.

— Hey! Assim você me ofende!

— Não que você não seja ótimo, mas olha nossa casa. — Ela aponta em volta. — Já esteve na casa dele pra saber o tamanho?

Arregalo meus olhos em silêncio.

— Aí, meu Deus, você já esteve.

— Melhor se sentar. Vou pegar água.... ou talvez chá.

— Eu ajudo a senhorita — Jimin oferece de acompanhá-la.

— Não precisa, senhor!

— Eu insisto.

— De jeito nenhum!

E eles ficam nessa até chegar no sofá feito dois caranguejos andando de lado com as mãos pra cima. Minha mãe tentando agradar Jimin, porque ele é o chefe e Jimin tentando agradar minha mãe porque ela é... minha mãe. Volto para a sala com as canecas e o chá, atravessando a massa invisível de constrangimento que paira no ar antes de deixar tudo na mesa de centro e me sentar ao lado de Jimin no sofá.

— Então... há quanto tempo vocês...?

— Se contar o início, quando nos encontramos... uns cinco meses — Jimin responde calmamente. — Mas seu filho terminou comigo alguns meses atrás, então, oficialmente, tem quase dois meses que eu estou tentando reconquistá-lo.

Minha mãe engasga com o chá, tossindo compulsoriamente para limpar a garganta. Com a caneca de volta à mesinha de centro, ela esfrega as mãos nos joelhos, completamente sem jeito.

— Ele é direto desse jeito mortificante mesmo. — Preciso avisá-la.

— Certo... — Ela sorri torto. — Oh, só agora reparei em suas mãos...

Eu percebo que foi um comentário completamente impensado, por puro nervosismo, mas não deixo de gritar com ela na minha mente, ainda mais quando ela não se dá conta que encarando incisivamente as mão onde o fio quase transparente de Jimin está.

— Minhas... mãos? — Jimin as ergue, observando a palma depois as costas, tentando procurar alguma coisa que obviamente ele não vai achar. — O que tem elas?

— Ah, nada! — Minha mãe finalmente se toca. — São, hm, interessantes.

Estapeio minha testa mentalmente. Não tem explicação lógica para uma conversa dessas. Contudo, Jimin deixa uma risada escorregar, agradecendo ao elogio.

— Jungkook disse algo parecido uma vez. Estou começando a considerar virar modelo de cremes de mãos de tanto que ouço sobre.

Minha mãe solta uma risada nervosa que reflete a minha. Novamente, ficamos todos calados de forma estranha. Jimin é o único que parece estar minimamente no controle de suas emoções.

— E, respondendo sua pergunta de antes, do porquê, de todos no mundo, logo o Jungkook... é porque é o Jungkook.

Levanto meus olhos na direção dele, que sorri para minha mãe de forma inabalável.

— Claro, ele já fez muitas coisas por mim, mas as coisas que sinto, a pessoa que quero ser quando estamos juntos... só sinto porque ele é ele.

Engulo em seco, sentindo minha cabeça ficar leve como se meus pensamentos estivessem escorrendo por meus ouvidos, anestesiando todo o caminho que percorrem e deixando minha mente em branco.

— Coisas que ele fez por você?

— Ah, seu filho já me salvou pelo menos seis vezes nessa vida, senhorita Hiora — ele conta com um sorriso brando. — Ele sempre aparece em momentos assim. Talvez "salvar" seja uma palavra forte, talvez seja como se, sempre que eu me fecho em um quarto escuro, ele me lembra que posso ao menos abrir as cortinas.

Ele finalmente olha na minha direção, dando o golpe final na minha consciência e atravessando tudo, como se minha alma estivesse dentro de uma caixa de vidro e tudo de repente viesse ao chão. No branco da minha mente, completamente exposto, eu me pergunto se já não estou no caminho de pagar o preço mais alto.

— Muito intenso? — Ele se volta para minha mãe, soando descontraído ao se levantar. — De qualquer forma, peço desculpas por vir aqui sem sua permissão. Acho melhor eu ir agora.

— Não, não, imagina! — Minha mãe se levanta também, demonstrando-se verdadeiramente aflita.

Jimin insiste em ir, dizendo que está tarde de qualquer forma e que a chuva já parou. Eu me levanto devagar, sentindo minhas pernas fracas, e me ofereço para levá-lo até a saída do prédio assim que fica claro que ele não ficará mais, como minha mãe pede. Ela nos deixa a sós e se despede de Jimin da porta do apartamento com um aceno desajeitado. Nós dois descemos a escada em silêncio, que não acho que possa ser descrito como desconfortável, embora não seja confortável também, bom ou ruim. É apenas esquisito, das duas maneiras.

— Sua mãe é doce, assim como você — ele diz com o sorriso gentil e sincero de sempre.

Me lembro de como a mãe dele agiu naquele dia no hotel. Jimin provavelmente pode estar pensando o mesmo.

— Pode vir aqui sempre que quiser — digo, beliscando meus próprios dedos.

— Ficarei feliz em vir de novo. Eu devolvo sua roupa amanhã, tudo bem? — Concordo com a cabeça, ainda meio desnorteado. — Certo. Então, boa noite, moreno.

Sorrio em sua direção, porque é natural que eu o faça e desejo boa noite também, assistindo ele se afastar aos poucos até chegar em seu carro estacionado do outro lado da rua e acenar para mim uma última vez antes de entrar e dar partida. Fico onde estou, observando-o tomar distância.

Subindo as escadas, sinto o sentimento nem bom nem ruim me abraçando. Me sento, sentindo minhas pernas me traírem novamente e aqui fico por um tempo, contemplando o nada em minha mente. Meu celular vibra indicando uma mensagem e, ao desbloquear a tela, o nome de contato de Jimin brilha para mim.

Park Jimin 🫀| eu disse que era covarde em alguns momentos e esse é um deles, porque tenho coisas que quero te dizer, mas não consegui juntar coragem para fazer isso olhando nos seus olhos. Estou me escondendo através dessas mensagens, mas prometo que essa será a última vez. [09:47 PM]

Em seguida, ele manda uma sequência de áudios.

Park Jimin 🫀 [áudio] | — Por algum motivo, eu tinha essa ideia de que, se eu declarasse meus sentimentos em voz alta, por mais sinceros que sejam, eu estaria te pressionando de alguma forma, mas me dei conta de duas coisas durante esses sete minutos desde que saí daí. [09:47 PM]

Park Jimin 🫀 [áudio]| A primeira delas é que, se eu encarar meus sentimentos por você como coisas incômodas, como espero que você encare eles de outra forma? — ele sopra uma risada. — Quando foi que o ódio se tornou menos vergonhoso do que o amor? Percebi que não quero ser assim. Não quero estar ansioso e muito menos te deixar ansioso. Não quero jogos para tentar descobrir coisas que posso simplesmente perguntar e não quero te deixar inseguro, muito menos me sentir assim. Simplesmente porque não é assim que deveria ser o amor, então não é assim que eu quero tratar ele. [09:48 PM]

Park Jimin 🫀 [áudio]|E a segunda é que, talvez você realmente não tenha ideia.... Talvez eu precise dizer.... Não, eu devo dizer. — E então ele sussurra: — Eu te amo, Jungkook. Eu te amo de forma gloriosa e miserável, não tem forma melhor de descrever. — Jimin sopra uma risada fraca. — Quero sorrir com você e até sofrer está tudo bem, se for por você. Porque é... você, e eu te amo... [09:50 PM]

O celular escorrega das minhas mãos. Minha mente permanece em branco. Nada e tudo. Bom e ruim. É início da primavera. Jimin me ama e isso é bom, é tudo. Mas também é ruim e também é o nada. 

||🛹|🛹|🛹||

CORREÇÃO:

Blondy ㅡ @Blondy_wtt (Blondy_wtt)

||🛹|🛹|🛹||

HEY, HOW, REBELDES!

E ai? Como vocês estão! Por que eu tô largada na vala depois desse capítulo.

Queria agradecer de novo a todos que me mandaram suas reações, mensagens etc, sério, chorei muitoooo, porque me senti muito amada. Obrigada por me proporcionarem isso, de verdade!

Vamos às perguntas:

1) Qual sua parte favorita? Talvez uma que você chorou? Ou uma que jogou o dispositivo que está usando para ler e ficou com faniquito ahahaha.

2] E sua parte menos favorita? Não pense nisso como hate, veja como "Ai, não gostei dessa parte porque senti muita raiva desse personagem".

3] Qual foi o sentimento predominante nesse capítulo? Raiva? tristeza? Você pode mudar cores para ajudar! Por exemplo, eu vejo amarelo como uma cor alegre! Verde como uma cor que passa conforto, lilás é aconchego, rosa é romance puro, daqueles de deixar a bochecha rosinha ao segurar as mãos, saca?

4] Qual frase e/ou fala te marcou e ficou gravada de imediato na sua cabeça?

5] O que você espera pro próximo capítulo?

6] Tem alguma teoria que queira compartilhar? Ou alguma "cena" que imagina acontecendo na história?

Beijos da Lyu

🛹

• Até o próximo capitulo: [22] Obsidian


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