INOCENTE ANYA

By Sicilu

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CONTO DARK 🔞 🖤 Anya, é resgatada dos abismos da dor pela improvável benevolência de John, um assassino bru... More

Avisos / Personagens
Prólogo
01 | Entre Sombras e Pecados
02 | Despertar em Pesadelos
03 | Diálogos Silêncios e Fé
04 | Fios de Ódio e Repugnância
05 | Dilemas do Passado
06 | Memorias Amargas e Caminhos Cruzados
07 | Ressurreição das Memórias
08 | Chegada Inesperada
09 | O Toque da Desobediência
10 | Anjo ou Demônio?
11 | Espinhos da Verdade
13 | Verdades Turvas a Beira do Lago
14 | Um crucifixo e fantasmas do passado

12 | Refúgio na Cabana

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By Sicilu

A presença dela ao meu lado se torna um paradoxo entre a dor física e a fascinação inexplicável. Mesmo nesse estado fodido, debilitado, meu instinto parece intensificar a percepção dela, e por um momento, as linhas entre a realidade e a fantasia se tornam indistintas.

Ela tornou-se uma mulher, mas a lembrança da menina que um dia ela foi ainda ecoa com força na minha mente. O que torna tudo ainda pior.

O Adrian me garantiu que ela não se lembra do que houve em seu passado... Que não há memórias claras de mim, apenas fragmentos, como a cor dos meus olhos...

__ Você não pode deixar ela se aproximar de mim, Adrian.
__ Por que? __ Seus olhos perplexos me sondando. __ Você a salvou quando a trouxe ate mim. Quando praticamente implorou para que eu cuidasse dela. Ela parecia tão importante pra você... Então por que a repudiou ainda apouco, tratando-a daquela forma?
__ Você não sabe as razões que me levaram a salvá-la. Como isso foi possível. Já parou pra se questionar?
__ É óbvio, durante esses anos, imerso na culpa por não poder dizer a ela quem era você, eu pensei em inúmeras possibilidades, mas eu ainda quero acreditar que foi por benevolência. Que os seus atos foram motivados...
__ Por bondade... __ Completei a frase clichê dele, provando que mesmo após tanto tempo separados eu ainda o conheço.
__ Sim. Aquela noite você jurou que não havia sido o monstro a praticar aquela crueldade com ela. Que os horrores pelos quais a Anya tinha sido submetida não tiveram origem em suas mãos.
__ E não tiveram, mas não esqueça que eu não sou nem de longe um bom homem...
__ Eu sei que não. E compreendo que mesmo que não tenho sido você a fazer aquelas atrocidades, mas estava muito perto...

Meu olhar ainda está voltado pra ela, que parece se esforçar para não me encarar. Perceber que ela usa o crucifixo que um dia me pertenceu, um presente dado a mim por minha mãe é como um soco no estômago. Ela se apegou a cada fragmento do que eu deixei pra trás com ela...

“ Deus... Se ela soubesse. ”

Tão linda com seus cabelos negros, seu rosto de traços suaves e delicados, e esses olhos inocentes e confusos. Ela é como um uma luz suave em meio à escuridão da minha agonia.

“ O que será que ela está pensando nesse momento? Sentindo? Até que ponto ela realmente se lembra de mim? ”

Os contornos dos seus lábios de um tom quase avermelhado, se destacam em contraste com a pele alva e me faz desejar algo que deveria ser impensável... Beija-la, sentir o gosto da sua boca. Eu me sinto tentado a tocá-la, a me aproximar mais e sentir o seu perfume, tocar sua pele e me aconchegar a ela... Foi só no que pensei ao observa-la com atenção desde ela sentou ao meu lado no carro. 

Quase posso ouvir o tom e a melodia suave e carinhosa que era a sua voz. A voz que foi que foi arrancada dela.

“__ Oi Jonh.”

Toda essa merda está errada... Eu sou um doente, eu não devia estar tão... atraído. Eu devo ficar longe dela, jamais serei digno de tocá-la.

Eu devia estar com a minha mente focada em pensar nos próximos passos que devo seguir para garantir que agora que sobrevivi, irei permanecer vivo, e o mais importante, eles permanecerão em segurança.

Eu irei me amaldiçoar eternamente, isso se eu tiver a chance, por ter sido fraco no último minuto... Ferido, tão perto da morte, uma parte ainda muito viva da minha alma desgraçada implorou  por vê-los uma última vez, meu irmão e ela.

Que decisão mais covarde, idiota. O Drake já estava morto, talvez ninguém nunca descobrisse o que houve. Quando o Burter me acertou com os disparos e eu caí eu devia ter permanecido ali, mas um instinto de sobrevivência que sempre foi tão forte em mim, me fez resistir.

Agora, ambos estão em perigo, por minha culpa. Não posso confiar em ninguém. Nem mesmo no delegado do condado de Lublin, que subornei durante anos para manter sua atenção primeiro em meu irmão e depois nela, em Anya.

O que ocorreu na autoestrada foi imprevisível. O maldito do Drake planejava retornar a Lublin e vingar-se dela. Passamos dias fiscalizando a produção de entorpecentes no laboratório, acelerando todos os processos. No entanto, ao voltarmos, ele começou a falar...

__ Agora vamos fazer o mesmo caminho de volta. Eu quero ver aquela muda desgraçada.

Volto minha atenção ao momento presente.

__ Reduza a velocidade. Você vai precisar entrar a direita daqui a dois quilômetros, e depois cortaremos caminho algumas vezes. A estrada é de chão, e se for a essa velocidade, vai nos matar. __ Dou as coordenadas, iremos seguir para a minha cabana no lago, ela é isolada e lá terei algum tempo para me recuperar.

Eu sabia que em algum momento aquele lugar seria útil, só não imaginei que em tais circunstâncias.

__ Tem certeza que esse será um lugar seguro? __. A voz dele denota o seu temor.

No momento eu não tenho certeza de muitas coisas, a dor nubla a minha capacidade de raciocinar claramente.

Eu sei do que ele acaba de abdicar, da paz que rodeava sua vida, mas irei garantir que seja momentâneo.

__ Por um tempo será. Eu preciso... __ Engulo seco, suportando a onda de dor. __ Apenas de um tempo para me recuperar dessa merda e garantir que voltem para as suas vidas. __ Concluo a frase de forma ofegante.

É inevitável não olhá-la. Ao dar de encontro com seus lindos olhos de um tom de verde selvagem, um pouco mais intensos que os meus, sinto de maneira estranha que posso suportar tudo e sobreviver. Ela conseguiu, a pequena Anya, ela sobreviveu e eu também irei. Preciso!

Em meio à dor que lateja por todo o meu corpo, não consigo evitar. A pergunta está presa na minha garganta louca pra sair.

__ Está com medo? __ Pergunto-a.

Depois do que fiz, eu sei que não faz muito sentido demonstrar preocupação, mas o desejo de falar com ela agora, é mais forte que qualquer sensatez em mantê-la distante.

Ela me encara nitidamente confusa, e amedrontada. Em um movimento sutil, ela confirma; sim, ela está com medo.

Seu olhar adquire nuances de pavor, e vejo o instante em que ela se aproxima para me tocar.

O sangue dele mancha os meus dedos. É claro que se locomover causaria isso.

__ Está tudo bem. __ Ele toca os meus dedos que pressionam o ferimento dele. Seu rosto pálido não é nem de longe um sinal de está tudo bem.

A maneira como ele me olha, é inexplicável, eu me sinto confusa, pois em seus olhos parecem haver uma espécie de fascínio. Eu pensei tanto, fantasiei tanto com seus olhos...

__ Merda! Acho que vou desmaiar, Anya... __ Sussurrou, e ele tinha razão. A forma como ele pronunciou o meu nome, tão familiar.

A apreensão me consome enquanto sua cabeça pende para o lado, e a camisa branca se transforma progressivamente em uma tapeçaria vermelha e macabra.

__ Anya, na pequena maleta, há injeções que o médico deixou. Aplique uma nele. __ A voz do padre Tadeusz mal disfarça seu próprio abalo. __ Ele desmaiou, mas vai acordar. As injeções são para dor. Aplique.

Mesmo diante da situação de tensão e angustiante não consigo deixar de sentir mágoa, raiva ao ouvir a voz dele. Como dói saber que ele mentiu pra mim, que todo esse tempo ele sabia de tudo.

Muito pior, eles são irmãos...

Mesmo nervosa, segui as orientações do padre Tadeusz e, em seguida, tentei amparar John... Jonh, seu nome flutuando como uma reflexão em minha mente.

Encontrar a cabana sem as instruções do seu dono provou ser um desafio, apesar das direções previamente fornecidas não deixou de ser confuso e muito difícil.

Parece que ele antecipou a possibilidade de desmaiar, o que indica uma experiência em situações dolorosas e aterrorizantes.

A proximidade com Jonh gerou um calor compartilhado entre os nossos corpos, uma sensação de vulnerabilidade. Sustentar seu corpo pesado contra o meu criou uma proximidade estranha, uma sensação de que eu o conheço, de que quero desvendá-lo até me recordar de absolutamente tudo.

Ao chegar à cabana, a sensação de deslumbre me dominou por um instante, a visão deslumbrante do lago, suas águas azuis cristalinas refletindo uma beleza serena. A atmosfera ao redor com aspectos de intocada. A cabana, aninhada entre árvores altas, parece um refúgio perdido no tempo.

Desperto, meus sentidos retornam devagar, como a luz que lentamente preenche o escuro. O ambiente familiar da cabana se desenha ao meu redor, mesmo com poucas noites aqui, o ambiente é famíliar. As dores que antes dominavam cada canto, cedeu, dando uma trégua ao meu corpo.

Ao olhar em volta, meu olhos dão de encontro com outro par de olhos. O mesmo tom de azul dos olhos dele era o da nossa mãe. Adrian está presente, expressando uma mescla de preocupação e alívio em seu semblante.

A necessidade de respostas ecoa em minha mente imediatamente.

__ Cadê ela? Onde ela está? __ Ao proferir as primeiras palavras após acordar, sinto minha garganta seca, o que provoca uma tosse incomoda e desagradável.

__ Você precisa tomar água e comer. Meu deus pensei que não fosse acordar mais. __ Ele se move e no instante seguinte me entrega o copo com água. __ Beba.

__ Eu perguntei onde ela está? __ Refaço a pergunta.

__ Calma Jonh, ela está lá fora olhando o lago. Ela ficou encantada com a beleza desse lugar, não que isso tenha diminuído o medo e a raiva que ela está sentindo de mim.

__ Você não devia ter dito a ela, que é o meu irmão. Isso nunca servirá de nada, pois assim que eu estiver um pouco melhor, voltarei para o lugar que me pertence, a Holy Cross.

__ Você enlouqueceu?__ Ele me encara assustado. __ Não pode fazer isso, é assinar a sua sentença de morte.

__ Eles não sabem que fui eu que fiz aquilo. Posso contornar essa situação facilmente se eu pensar em um plano. O que eu não posso é tirar a vida que pertence a você e a ela. Eu quero que ela vá para a faculdade, e que você seja quem nasceu pra ser.

__ Jonh...

__ Não. Eu farei isso do meu modo.

__ Tudo é sempre do seu modo. __ Ele se exalta. A emoção é nítida em seus olhos lacrimejados. __ Você não tem que decidir tudo sozinho. Você não tem mais que se sacrificar por mim, Jonh. E se pode contornar a situação assim tão facilmente como diz, por que estamos aqui? Por que tivemos que sair de Lublin as pressas?

__ Por que eu não gosto de correr riscos desnecessários, e eu não posso ter absoluta certeza que o filho de uma puta do Graham Sikora, não sabe da sua localização. Eu não posso confiar que durante esses anos todos, ele não tentou rastrear você.

__ Se ele tivesse feito isso, saberia da Anya...

Capítulo concluído ✅

Mores, beijos e até o próximo. 🌹😘

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