𝐕𝐄𝐍𝐎𝐌━ ᵈᵉᵛⁱˡ'ˢ ⁿⁱᵍʰᵗ

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𝐁𝐄𝐂𝐂𝐀 Não saber quem você é, é a pior sensação do mundo. Mas tentar se encontrar é pior ainda. Eu cresc... More

𝐕𝐄𝐍𝐎𝐌
𝐏𝐋𝐀𝐘𝐋𝐈𝐒𝐓
━━━━ 𝐀𝐓𝐎 𝐔𝐌➠ panic room
CUMUNICADO
AVISO IMPORTANTE!!
001 ━ welcome back
002 ━ trauma
003 ━ hello
004 ━ news
CORRE AQUI!!!
006 ━ old friend

005 ━ surprises

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𝙍𝙚𝙗𝙚𝙘𝙘𝙖 𝙈𝙤𝙣𝙧𝙤𝙚
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ᵃᵗᵘᵃˡᵐᵉⁿᵗᵉ



Entro no edifício Hunter Bailey, livrando-me da tempestade do lado de fora. Fecho a porta e percebo o quão encharcada estou. Vou até o balcão da recepção e vejo um homem com o uniforme de recepcionista.

— Boa tarde. — digo ao homem, retirando o cabelo grudado do meu rosto.

Ele levanta seus olhos lentamente até mim com desgosto.

— Boa tarde? — ele diz, soando como pergunta.

— Gostaria de saber se há vagas para as aulas de esgrima?

Minha pergunta o faz soltar uma risada sem humor.

— Aqui é um clube exclusivo para homens. - ele se levanta da cadeira onde estava sentado. — Ou seja, proibido mulheres.

Franzi o cenho. Isso não estava no site deles.

— Algum problema por aqui? — uma voz masculina perguntou atrás de mim.

Espera, eu conheço essa voz...

Puta merda! Eu realmente preciso parar de encontrar os caras simplesmente do nada!

Já faz dois dias que conversamos no vestiário e, desde então, não paro de sentir ainda mais sede por vingança. Eles estão tão perto, tão acessíveis. Mas não posso. Tenho que seguir o plano.

Viro-me e me deparo com os ditos cujos que não saem dos meus pensamentos. Vestindo roupas esportivas que favorecem seus músculos, os garotos ficam surpresos ao me verem ali.

É então que me dou conta que ainda não vi Damon. No refeitório ou no vestiário. Onde diabos ele está?

— Essa moça está querendo fazer aulas de esgrima. — ele diz com um sorriso azedo no rosto.

É minha vez de soltar uma risada áspera.

— Sinto muito, senhor, se não há nada no site de vocês dizendo que mulheres são proibidas aqui! — digo, sentindo minhas roupas pesadas pela água.

— Você está encharcada. — Kai diz, ignorando totalmente a conversa inicial.

— E está tremendo de frio, você pode ficar resfriada. — Michael completa.

Olho para meu corpo encharcado e depois para eles novamente.

— Jura? Eu nem reparei. — debocho.

— Senhora, eu preciso que se retire. — o recepcionista diz, saindo de trás do balcão.

— Não será necessário, ela vai ficar para tomar banho. — Michael disse chegando ao meu lado. — Ou o senhor quer se responsabilizar por uma jovem que pegou uma pneumonia porque você a deixou na chuva?

— Como se vocês se importassem com isso. — digo irônica.

Eles chegam mais perto e o recepcionista fica confuso pela mudança repentina na conversa.

— Nós nos importamos, você sabe disso. — a voz rouca de Will faz os pelos do meu corpo se arrepiarem.

O recepcionista abriu a boca para protestar, mas parou ao ver o olhar dos três garotos ao meu redor.

— Claro, fiquem à vontade. — sua mentira foi bem vinda.

Michael pegou na minha mão e rapidamente o afastei. Eles precisam parar de tentar encostar em mim, pelo amor de Deus!

— Eu sei me deslocar sozinha, e não preciso de banho algum. — digo, me virando para ir embora.

Choco meu corpo em uma muralha de músculos que me fazem parar. Olho para cima, meu olhar sendo puxado pelo sofrido de Will como imãs. Ele tira um cabelo que estava grudado na minha bochecha, seu dedo roçando minha pele com tanta suavidade que parecia uma pluma.

— Não me faça te arrastar até o chuveiro, Becca. — ele diz como se tivesse implorando.

— Você não faria isso. — desafiei.

— Você sabe muito bem que eu faria isso só para você não pegar um resfriado.

Não consegui responder e me irritei pela forma que sua fala me afetou. Passei pelo seu corpo, esbarrando em seu ombro, mas ele foi mais rápido. Ele me pegou e me jogou em seus ombros, arrancando um grito de mim.

— Ponha-me no chão! — me debati, sentindo seu corpo andando.

Minha garganta começou a fechar e pude ver o corredor branco com luzes ainda mais brancas do manicômio. A mesma sensação de quando me levam para as torturas começou a me inundar, mesmo eu sabendo que isso não é real. Tentei me acalmar, dizer ao meu cérebro que ele está me sabotando.

Debati-me contra seu corpo, tentando levantar, mas foi em vão. Quando olhei ao redor, deparei-me com homens nos olhando com confusão, provavelmente não entendendo o que uma mulher faz aqui.

— Will Garyson III, me coloca na porra do chão agora! — gritei, entrando em pânico.

Escutei várias risadas, mas elas chegavam em meus ouvidos com as vozes dos enfermeiros. Will andou mais um pouco e, quando finalmente me soltou, meus joelhos falharam e eu caí no chão. Arrastei-me até uma parede próxima e me encolhi, trazendo os joelhos até o peito e abraçando-os forte, muito forte.

Percebi que estava chorando e não me importei. Importei-me muito menos quando implorei que não me machucassem. Os meninos pareceram entrar em pânico, não entendendo o que estava acontecendo comigo.

— Por favor, por favor....

Os choques entraram em minhas veias e gritei. Esperneei e me debati. A dor era insuportável.

— Becca. — a voz de Will está distante e não consigo vê-lo com os olhos fechados. — Becca, está tudo bem. Nós não vamos te machucar.

À medida que suas palavras entravam pelo meu ouvido, a sensação dos choques diminuía. Sua voz foi ficando mais próxima, mais alta. Quando consegui me acalmar, abri meus olhos carregados de lágrimas.

Assim que olhei para os três homens parados à minha frente com expressões assustadas, levantei-me rapidamente, fazendo Will se afastar para não trombar em mim.

A vergonha tomou conta de mim. Eu acabei de ter um ataque na frente dos caras. Eu demonstrei minha maior fraqueza na frente deles, e isso não poderia acontecer.

Recupero-me, respirando fundo um milhão de vezes. Os caras esperam enquanto volto a realidade novamente. Vejo uma toalha pendurada na mão de Michael e me lembro que deveria tomar um banho. Certo, por isso estou aqui. Passo por Will e ando até Michael, pegando a toalha, fingindo que nada aconteceu.

— Vocês vão ficar aqui ou posso tomar meu banho em paz? — tento parecer indiferente.

Eles se entreolham e sei que estão lutando para me perguntar o que merda acabou de acontecer. Mas também sei que eles não vão perguntar, eles sabem que não devem.

— Vamos ficar de vigia na porta. — Kai deixa uma pilha de roupas sobre um dos bancos e eles me deixam sozinha.







💋࿐








Saio do banheiro abaixando o moletom que tem o dobro do meu tamanho, o qual comportou como um vestido em mim.

— O que ela está fazendo aqui? — uma voz masculina pergunta.

Olho para frente e vejo uma fila de homens suados e irritados. Bem, eles realmente ficaram de vigia.

— Ela estava tomando banho. — Michael responde como se não fosse nada demais.

— É por conta de uma vadia que vocês estão barrando todo mundo de entrar nessa merda de vestiário? — outro cara pergunta.

Will partiu para cima do cara, segurando a gola da sua camiseta com as mãos e pressionando-o contra a parede oposta ao da porta do vestiário.

— Primeiro, não a chame de vadia, seu merdinha. — Will disse entredentes a sentimentos do rosto do cara. — Segundo, sim, nós interditamos a merda do vestiário só para ela tomar banho.

Will soltou o cara e veio até nós. Eu estava com os pés plantados na porta, vendo todos os homens dali me olhando com ódio e algo a mais, como... Curiosidade. Will pegou minha mão e me arrastou dali junto com Kai e Michael. Deixei, estava cansada demais para protestar. Eles me levaram até a recepção e depois até o lado de fora, onde o carro deles estava estacionado.

— Quer que te levemos para casa? — Kai pergunta gentilmente.

— Não. — respondo seca. — Posso pedir um táxi.

Peguei meu celular, pronta para mandar uma mensagem para minhas tias e ver como Roxy estava.

— Não, nem pensar! — Michael protestou. — Onde você mora?

A insistência deles me fez bufar e responder com irritação.

— No Delcour.

Eles se entreolham e ficam surpresos com minha resposta.

— Delcour, é? — Will perguntou abrindo a porta do motorista, pronto para entrar. — Ótimo! Vamos para o mesmo lugar, então. Entra aí!

Duvidei da sua resposta. Impossível eles estarem indo para o mesmo lugar que eu.

— E o que vocês vão fazer lá? — cruzo os braços sob o peito.

— Moramos lá. — é Kai quem responde.

Qual a possibilidade de eu me mudar para um prédio onde as quatro pessoas que mais odeio no momento moram também? Poucas. E eu tive a glamurosa sorte de me foder e fazer parte das baixas porcentagens. Brincadeira...

Aperto o botão de ligar do celular e a tela continua preta. Aperto de novo, então de novo, mas ele não liga. Era só o que me faltava!

Olho para cima e respiro fundo, tentando pensar em outra opção a não ser ir com os caras. Chego a conclusão que vou ter que amarrar a língua e entrar no carro.

Michael está com a porta de trás aberta, esperando pacientemente. Quando entro, Kai já guardou minhas roupas molhadas no porta-malas e juntou-se a mim no banco de trás.

São só quinze minutos de carro... Só quinze minutos. Eu consigo aguentá-los por quinze minutos sem querer matá-los. O caminho começou silencioso, mas senti um par de olhos me encarando. Olhando para o lado, vi Kai com o semblante triste me encarando profundamente. Observando-me da cabeça aos pés.

— Como saiu de lá? — perguntou, hesitando um pouco.

A pergunta atraiu a atenção dos dois na frente. Demorei um pouco para responder, e quando Kai achou que não responderia, comecei a falar.

— Minhas tias entraram na justiça e conseguiram me tirar de lá. — disse, olhando diretamente em seus olhos.

— Como conseguiu sobreviver? — vi Will apertar o volante ao perguntar.

Penso se devo responder. Analiso para ver se vale a pena responder isso a eles. Decido que, não.

— Por que? Ficou decepcionado por eu ter saído viva? — afio tanto minhas palavras que sinto o sangue em minha língua.

Michael balança a cabeça, não acreditando na minha escolha de palavras.

— Estamos falando sério, Becca.

Respiro fundo, segurando-me para não jogar algo em sua cabeça. Fico em silêncio por um tempo. Muito tempo. Sei que eles estão esperando por uma resposta, então decido fazer isso.

— Eu nunca disse que consegui.

Por sorte o carro para, já estacionada na vaga da garagem do Delcour. Abro a porta e saio, não deixando espaço para uma resposta. Pego minhas roupa no porta-malas e subo para meu andar, não fazendo questão de esperar os meninos.

Vou até a porta do meu apartamento e a abro, já sendo recebida por Roxy. Entrando, deixo as chaves na mesinha posta ao lado da porta e vejo que há um envelope ao lado do porta chaves.

Pego a encomenda e vou para o quarto. Sento-me na cama e Roxy se acomoda no colchão comigo, apoiando a cabeça na minha perna. Alcanço meu diário na mesa de cabeceira e abro em uma página nova. Começo a escrever escutando a chuva começar a cair lá fora.


Querido James,

Meu apartamento finalmente ficou pronto, e está mais do que perfeito. A tia Lesli e a tia Hanna deixaram tudo arrumado para mim. Elas são incríveis, pai, são as melhores tias que alguém pode ter. Queria que estivesse aqui para ver como elas cuidam de mim, como fazem o papel que minha mãe nunca fez.

Dentre esses dias, acho que hoje foi o dia com mais surpresas para lidar desde que cheguei. Meu apartamento ficou pronto, minhas tias me deram uma cadela que, por sinal, se chama Roxy, fui convidada para uma festa na casa dos Crist, encontrei os meninos e descobri que moro no mesmo prédio que eles.

Sim, eu sei, é muito para assimilar em um único dia. Nem mesmo eu organizei isso tudo em minha mente, mesmo precisando muito.

Lembro das inúmeras vezes que me disse que a mente é nossa pior inimiga, e hoje eu entendo isso. E acho que você se lembra bem das vezes que o inimigo quase me venceu, e odeio admitir que isso possa estar voltando. Minhas crises estão aumentando, e não há um único dia que não me vejo presa naquele lugar de novo. Não há um único dia que eu deseje que aquele dia desse certo, que você não estivesse ido embora. Mas a vida é assim, ela fode com a gente e não deixa uma única coisa que importa para você. Ela não deixa nada até que você se veja sem saída a não ser seguir o mesmo caminho. Essa é a maior tentação que pode existir.


Com amor,
Becca.


































































Oieee, meu amores!!
Que vontade de colocar a Becca num portinho e proteger ela do mundo.
Desculpa qualquer erro ortográfico. Aproveitem a leitura!
Amo vocês, até a próxima!

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