Flor Selvagem • jjk+pjm

By castlepjm

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[CONCLUÍDA] Entre castelos de areia e fantasias de pirata, sentimentos foram desabrochando no coraçãozinho d... More

welcome & warnings
[🌼]
1. papinhas de ameixa
2. guerra de fraldas e mamadeiras
3. estúpido cupido
4. esconda o biscoito!
5. flor selvagem
6. corações partidos
7. engula o sapo!
anéis de plástico
8. chocolate com menta
9. faça um pedido
10. nossa infância
11. estrela cadente
12. amor, amor
13. o incidente da lagartixa
14. coragem
pães de mel
15. fora de ordem
16. extraordinário
18. parque de diversões
19. sacrifícios
20. o pesadelo
21. paranóia
epílogo.

17. nostalgia

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By castlepjm

JIMIN

Algumas horas mais tarde, naquele mesmo sofá, deita confortavelmente meu corpo e o de Jungkook.

Na mesa de centro à nossa frente há um balde grande de pipoca vazio, já devidamente devorado, e mais um episódio de A Turma do Charlie Brown passa na televisão, provavelmente um que já vimos na infância, mas a memória distante não nos permite lembrar.

Seu corpo está embaixo do meu, e eu estou aconchegado em seu peito com uma perna entre as suas, num encaixe confortável. Eu deixo cheirinhos em seu pescoço vez ou outra, relaxando ao sentir suas mãos acariciando minhas costas, subindo e descendo suavemente.

Dengo.

— Não sei quanto tempo faz desde a última vez que a gente assistiu isso. — Jungkook diz, deixando um beijo no topo da minha cabeça. Uma atmosfera de nostalgia nos cerca, cheia de memórias da infância, na qual passamos um tempo considerável assistindo a vários episódios do desenho, um atrás do outro. — A gente deveria colocar Sunhye pra assistir também, como a gente fazia quando era criança. Fazer tipo uma tradição de família, ou coisa do tipo.

— De família? — Ergo o rosto com rapidez para encará-lo, sem conseguir conter um sorriso ao ouvir aquela palavrinha que soa tão bem aos meus ouvidos.

— Sim... — Reafirma, simplista, não fazendo ideia de como enlouquece as borboletas em meu estômago. — É como se uma partezinha da nossa infância pudesse crescer com ela, sabe? Eu sei que ela não vai entender o que está acontecendo, mas seria bom compartilhar uma memória tão boa. Não conte, mas o presente que comprei pro aniversário dela é uma pelúcia do Snoopy, igual a que eu tinha quando era pequeno e hoje é só um pedaço de maltrapilho. Então seria legal se ela pudesse reconhecer ele no desenho.

— Jungkook... — O chamo baixinho, apaixonado, subindo minha mão ao seu rosto e iniciando um carinho calmo em sua pele macia.

— O que foi?

Ele realmente parece alheio à bagunça que provoca em meu peito, me fitando com uma confusão adorável.

— Você não sabe o quanto me deixa feliz ver você se referindo a Sunhye, a nós, como família... — Meu sorriso cresce um pouco mais enquanto derramo meu olhar sobre o rosto do homem que amo. — E ver como você reage tão bem quando ela te chama de papai me deixa... Ugh! — Choramingo, me apertando mais em seu abraço. — Adoro te ver todo responsável e maduro... Me deixa feliz, principalmente porque sei que não era essa a ideia de família que você tinha... — Deixo um beijo em sua bochecha. — Só me arrependo de ter perdido tanto tempo sentindo medo de arriscar, quando poderia ter aproveitado e sentido um pouco mais desse seu amor...

Jungkook sorri largo, soprando um riso.

— Ai, como é romântico esse meu homem... Está tendo aulas com o amante da Dona Ângela? — Ele provoca, me devolvendo o beijo na bochecha enquanto eu gargalho. — Você acreditaria se eu te dissesse que não me arrependo de nada?

Ergo as sobrancelhas, surpreso.

— Nada? — Pergunto, e ele concorda com a cabeça. — Nadinha de nada? Você não faria nada diferente?!

— Não, não faria nada diferente. Tipo, é claro que muita dor poderia ter sido evitada, mas eu acho que até ela é necessária às vezes, entende? Sem querer ser clichê. — Ele diz, continuando com o carinho em minhas costas. — Pense comigo... Se eu tivesse confessado antes, você teria me rejeitado mais cedo, eu não teria insistido nisso e teria seguido em frente. Mas se fosse o contrário e você me quisesse de volta, a gente até poderia estar junto, mas então você não teria Sunhye e eu provavelmente continuaria sem querer filhos. E você sim. E como a gente resolveria isso? Quem cederia? Quanto tempo a gente duraria sendo dois inexperientes numa relação imatura? — Ele questiona, suspirando. — Às vezes, só não é a hora certa. Meu amor por você só cresceu, minha mente amadureceu e minhas opiniões mudaram... O que eu sei é que eu não poderia estar mais feliz com a minha vida agora, e eu faria tudo de novo, sem tirar nem pôr, se eu soubesse que no final eu teria você nos meus braços desse jeito. — Sorrindo, ele aproxima o rosto para me roubar um selinho. E sussurra: — Eu te amo, Park Jimin.

— Eu acho que quem está tendo aulas com o amante da Dona Ângela é você. — Respondo, sentindo seu corpo balançar sob o meu quando ele gargalha. — Você me ama mesmo, Tchuco? — Mesmo sabendo a resposta, eu pergunto, bobão.

Porque gosto de ouvi-lo dizer que me ama. Adoro como soa...

— Amo. Sou capaz de fazer loucuras de amor por você, meu amor. As barbaridades mais sombrias e malignas que poderia me pedir. — Sua confissão exagerada me faz rir. — Eu troco minha paz, por um beijo seu. Eu troco o meu destino pra viver no seu. Eu troco minha cama pra dormir na sua. Eu troco mil estrelas, para te dar a lua.

— Isso é uma música do Luan Santana.

— Eu que compus para ele. É um grande amigo meu e foi um presente, por isso você não encontra meu nome nos créditos. — Rolo os olhos com a mentira que ele conta, mas ele não vê. — Mas não muda o fato de que eu te amaria em qualquer circunstância, em qualquer universo e com todo meu coração.

— Mas você me amaria se eu fosse careca?

— É claro que eu te amaria se você fosse careca! — Sua voz sai num tom quase ofendido de obviedade. — Pra ser sincero, eu me sinto muito atraído por homens carecas. Por que você acha que eu assisti A Múmia de 1999 tantas vezes e é meu filme favorito?

Eu levanto a cabeça imediatamente, o olhando horrorizado.

— Você acha a múmia atraente?!

— Por que fala como se fosse um choque? Ele é um carequinha muito charmoso e simpático, perverso, miserável e sanguinário, e eu gosto de homem assim: errado, cheio de passagem pela polícia, em constante contato com o mundo dos mortos. — Jungkook divaga por uns segundos, me deixando assustado sem saber se era sério ou outra de suas brincadeiras que eu não entendo. — Aquele homem tinha sede de sangue, vingança, poder, e por fim, tinha aquela cabecinha careca que parece meu ovo raspado. Ele me atrai.

Isso explica todas as vezes que ele dispensou uma saída em grupo para assistir esse filme pela milésima vez, e porquê ele troca qualquer outra coisa por essa forma de entretenimento. Explica também o porquê de ele estar, no momento, digitando "A Múmia" na barra de pesquisas na televisão, para mais uma vez apreciar a careca do vingativo morto-vivo.

E me desperta certo ciúmes também, me fazendo ponderar por três segundos se eu deveria raspar a cabeça por ele...

Não.

— E eu aqui pensando que você só era obcecado por esse filme porque o Brendan Fraser estava uma delícia de tão gostoso interpretando o Rick O'Connell. — Jungkook me olha com uma sobrancelha arqueada. — O quê?! Não sou cego. Algo na combinação dos suspensórios, armas e no jeito que ele é engraçado me desperta formigamentos. Inclusive, ele foi o segundo homem que eu descobri sentir atração. Você foi o primeiro.

— Então é esse seu tipo? — Aquela mesma sobrancelha arqueada sobe e desce repetidas vezes em provocação. — Homens engraçados e corajosos?

— É. Mas você só preenche uma dessas qualificações, amor. Te falta coragem.

Os minutos que se seguem são basicamente Jungkook tentando me convencer que a forma mais verdadeira da coragem vem quando se enfrenta seus medos, tomando como base sua bravura no dia do Incidente da Lagartixa™, e em como ele sequer hesitou em dar a mão para Cacau, a cachorra das nossas amigas. Ambos os exemplos eram mentirosos e exageradamente manipulados para esconder o cu-frouxo que ele é.

Mas eu amo meu medrosinho mesmo assim.

— Foda-se, sou covarde mesmo! Foda-se! — Jungkook vocifera, se rendendo com raiva depois de todos os exemplos que dei de sua covardia aguda, começando pelo finado Brutus, cachorro do nosso antigo bairro, e indo até ontem, quando ele se assustou com a própria sombra. — Mas eu sou covarde e tenho você. O que o Rick O'Connell ganhou sendo corajoso, hm?! Fracassado! Fracassado!

— É verdade. Talvez coragem não influencie tanto assim na minha atração por homens. Você é suficiente para mim. — Deixo um beijo em seu pescoço, vendo de relance na televisão o filme tão adorado por ele sendo deixado de lado. — Por falar em atração, eu meio que estive pensando na minha sexualidade ultimamente... Acho que encontrei um rótulo que me encaixo e me faz sentir bem.

— Quer me contar qual?

— Bissexual. — Revelo sem rodeios, me sentindo verdadeiramente feliz por dizer em voz alta, sorrindo automaticamente quando ao dizer a palavra. — Eu nunca tinha parado para pensar com cuidado e me definir. Eu sabia que sentia alguma coisa por homens, bem... por você. — Minhas bochechas esquentam ao confessar. — Mas eu também nunca tive oportunidade para explorar mais e me descobrir, então... É. Agora eu entendo que realmente não me importo com gêneros... Minha atração vai além disso, entende?

— Entendo, benzinho. — Sua mão sobe para encontrar a lateral do meu rosto e me faz encará-lo, o encontrando com aquele sorriso bonito, com os dois dentinhos da frente adoravelmente proeminentes. — E tenho muito orgulho de você por ter se encontrado. — Jungkook deixa um beijo demorado em meus lábios enquanto acarinha minhas bochechas, então cessa o contato para enfatizar: — Muito mesmo.

— Eu também... — Concordo num murmúrio, me inclinando para roubar outro beijo que me provoca um friozinho gostoso na barriga. — Não vi necessidade de me rotular antes, mas é bom demais me sentir... Acolhido? Compreendido... Não sei explicar direito. Eu só me sinto bem e sinto que pertenço à algum lugar. Que há pessoas como eu... — Suspiro, com uma sensação deliciosa no peito. — É muito bom me sentir assim, Jungkook.

Jungkook continua a me fitar, com aquele sorriso que expressa uma felicidade sincera por mim. Ele ainda acarinha minha bochecha, escaneando meu rosto com seus olhos que reluzem orgulho, e silenciosamente me diz que está tudo bem.

E com ele, eu me sinto seguro.

— E você? — Pergunto, em meio aquele silêncio confortável e tão íntimo. — Com você foi tranquilo? Se encontrar...

— Até que não, Ji. Eu sabia que gostava de você e minha falta de atração por mulheres sempre foi meio óbvia. Felizmente cresci numa família que sempre me apoiou em tudo, então foi relativamente fácil por causa de todo acolhimento e tudo mais.

— Fico feliz por isso... — Digo, sendo sincero, e ele sorri. — Uma coisa que eu queria saber é por que você nunca me contou sobre os caras que ficou? — Indago. — Eu nunca soube de nenhum casinho sequer seu, só Taehyung, e porque eu descobri. Isso me deixa indignado, sabia? Achei que fosse seu melhor amigo. Amigo conta esse tipo de coisa.

— Acho que eu só... nunca tive alguém que valesse a pena contar ou que durasse tempo o suficiente para ter algo mais sério. — Ele dá de ombros. — Não que eu trocasse de homem como troco de cueca! Não que eu esteja julgando quem troca de homem como se trocasse- Enfim, você entendeu. — Jungkook esclarece com uma risada, e sim, eu entendo. — Minha primeira vez foi no meu último ano da escola, depois da festa de formatura. Foi com um garoto que me quis como par e foi surpreendentemente bom para uma primeira vez, apesar de acabar rápido demais. Eu estava emocionado, é compreensível. — Ele conta, soprando um riso, subindo as mãos por minha cintura. — Desde então, só tive relacionamentos casuais.

Enquanto ele fala, me estico para pegar o controle da televisão e abaixar o volume para poder escutar melhor o som da sua voz e acompanhar o que diz.

— Taehyung foi o mais recente, mas a gente era bem mais amigos do que ficantes. Eu precisava de ajuda na floricultura porque Namjoon estava em lua-de-mel, então contratei ele temporariamente, mas agora ele é fixo. O flerte só começou porque nos encontramos na Aphros, acredita? Enfim, nós flertamos, rolou uma indecência, mas nunca fomos exclusivos então nada de sentimentos. Inclusive, esqueci de contar, mas ele e Dalila já estão namorando... — Pela minha expressão perdida, ele especifica: — Barista da Aphros. Cabelo curto e preto, branca, usa muitos brincos...

— Ah, sei! Nossa, faz bastante tempo que não dou uma passada por lá... — Murmuro, fazendo uma nota mental para ir na boate qualquer dia. — Vida de pai. Sabe como é, não é?

— Sei. — Ele ri, passando os dedos por minha franja e escondendo uma mecha atrás da orelha. — Mas e você, Ji? Também nunca me contou suas experiências antes de mim.

— Eu não tive muitas, na verdade. — Confesso, dando de ombros. — Eu demorei para me adaptar em Busan, então no primeiro e metade do segundo ano de mudança eu só vivia para a faculdade e estágio. Depois que comecei a ir em festas e... você sabe... — É, ele sabe. Definitivamente se lembra das noites que eu passava com alguma mulher que conheci e não voltava para o nosso apartamento, o qual dividimos quando ele veio para a capital após se formar. — Eunji foi minha primeira namorada de verdade. A gente era chamado de casal-ioiô na faculdade, acredita? De tanto que a gente terminava e voltava. — Rio com a lembrança, negando com a cabeça. — Acho que estávamos fadados ao fracasso. Meu psicólogo odeia que eu fale isso, mas é o que eu acho. — Solto um riso nasal, lembrando do homem velho que sempre me faz refletir sobre as frases pessimistas que solto vez ou outra nas consultas esporádicas. — E mesmo depois do divórcio, não estive com mais ninguém por causa da correria da vida de um pai de vinte e seis anos e o trabalho. Então, é. Não tenho muito para contar.

— Bem... Espero que a gente possa ganhar novas experiências juntos. As melhores. — Jungkook começa, abraçando minha bochecha enquanto completa num quase sussurro: — Vou cuidar bem de você.

Sorrio, me rendendo a proximidade e deixando que ele tomasse minha boca em um beijo calmo e carinhoso.

De todas as coisas que amo em Jungkook, seu beijo com toda certeza está no topo da lista, e não é hipérbole quando digo que poderia beijá-lo por horas seguidas sem cansar. Mas eventualmente, a gente se desgruda. Seus olhos, tão intensos, expressam o que sente com uma transparência cristalina, sempre tão fáceis de decifrar.

Naquele momento, é amor.

E é recíproco.

Testando um novo encaixe, eu giro meu corpo, deixando que seu peito encontre minhas costas e suas mãos ágeis tornem a enlaçar minha cintura, como se ali pertencessem por natureza, num aperto confortável. E minhas mãos caminham até as suas, falhando em cobrí-las pela diferença no tamanho; um contraste nosso que, no fundo, faz meu coração sorrir.

Meus olhos fixam-se na televisão, uma tentativa de assistir o filme de volume tão baixo que necessita de uma atenção extra. Mas fica cada vez mais complicado me concentrar na tela quando sinto a respiração quente de Jungkook em meu pescoço, que tampouco parece focar no filme que ele mesmo escolheu, roçando a ponta do nariz por minha pele que ele tem plena consciência da sensibilidade.

No primeiro beijo que ele dá, eu contesto, em meio ao arrepio que sinto: — Achei que você quisesse assistir o filme.

— Eu tô assistindo o filme. — Diz, beijando novamente meu pescoço.

Abro um sorriso instantâneo quando ele começa a deixar cheirinhos ali, levando minha mão aos seus cabelos ainda longos e fazendo um cafuné, sem afastar seus toques.

— Com a boca? — Minha cabeça inconscientemente inclina-se um pouco mais para o lado, sobre seu ombro, dando-lhe espaço para continuar com os beijos.

— Aham. — Ele confirma, sem vergonha. — Filme gostoso de beijar...

Sua boca beija o ponto entre meu pescoço e ombro antes de lentamente sugar a pele, tão devagar que me faz fechar os olhos e suspirar baixinho.

Sua voz soa covardemente baixa e grave. Não consigo decifrar se o tom ligeiramente sedutor que usa é proposital, mas arrisco um sim, devido ao fato das suas mãos começarem a brincar com a barra da minha camisa, e as pontas de seus dedos não demorarem a tocar minha pele desnuda, provocando cócegas leves por onde passava.

Engulo seco ao que os chupões fracos subiam por meu pescoço, sentindo minha respiração acelerar, assim como meu ritmo cardíaco.

Jungkook continua me beijando, me tocando, serpenteando as mãos inquietas por todo meu corpo; aperta, na medida certa, tudo o que pode. Ele adentra minha blusa com as palmas quentes, sentindo todo tronco e trilhando o abdômen com os dedos, então molda-se à minha cintura e explora meu corpo sem pressa, com uma suavidade que me deixa maluco. Ele toca minhas coxas, sobe até os joelhos e desce pela parte interna; então torna a subir novamente, e dessa vez, ele escolhe descer pela parte de trás, não se envergonhando em apertar as laterais de minha bunda no processo.

— Eu posso parar, se você quiser. — Jungkook diz, rente ao meu ouvido, com os lábios rentes à minha orelha me fazendo arrepiar com o tom arrouqueado e com o beijo que ele deixa no espacinho logo abaixo dela.

— N-não... — Gaguejo, vergonhosamente nervoso, sentindo minhas bochechas arderem quando ouço seu riso soprado e baixinho, notando minha inquietação ao responder. — Não p-para não...

Veja bem, não é como se Jungkook e eu não tivéssemos tido esse tipo de contato mais íntimo... desde que decidimos estar juntos.

Era comum beijos mais fervorosos, mãos aqui e ali, afobadas demais. Definitivamente há química e muita, mas muita, tensão acumulada entre nós dois. Mas, apesar de chegarmos muito perto, nunca passamos dos limites -os quais sequer estabelecemos-.

Também não é como se não tivéssemos vontade de ir além.

O que não havia era oportunidade.

Trabalhamos a semana inteira de manhã até o final da tarde, e quando os horários se batem, nos permitindo ter um tempinho juntos, tenho Sunhye para cuidar. E quando não tenho, estamos cansados demais para sequer pensar em fazer qualquer safadeza. Acabamos por ficar de chameguinho, trocando mais beijos e carinho sem malícia. O que é suficientemente bom, de qualquer forma.

Mas essa seria a primeira vez que temos o combo tempo, oportunidade e disposição para tentar algo a mais... Então, me perdoe se meu nervosismo me faz gaguejar. É Jungkook me tocando. É Jungkook beijando áreas sensíveis do meu corpo, fazendo meu coração acelerar e meu corpo esquentar.

Eu resfolego quando sinto a língua quente deslizando pelo meu pescoço de forma tão lenta que beira a tortura. Minha respiração fica mais pesada, e totalmente rendido, aperto seus fios em meus dedos, incentivando-o a intensificar a estimulação. Suas mãos grandes continuam a escorregar pelo meu corpo, enquanto a língua macia e úmida fazia um belo trabalho no meu pescoço, com beijos, pintando-o com chupadas e mordidas lentas que fazem o fisgar na minha virilha denunciar o início de uma ereção que Jungkook não deixa de notar, porque logo sua mão faz o caminho até o volume em minha calça, apertando-o levemente e sentindo a rigidez que se forma, me arrancando um gemido baixinho.

Ele dedilha a marcação da ponta até a base, acariciando com a ponta dos dedos em uma quase dança. Não poupa mordiscadas em meu lóbulo que só me fazem pulsar ainda mais em sua mão que me pirraça gostoso. Ele ouve meus suspiros, sente meus quadris se movimentando para cima em busca de um pouco mais daquele toque, mas não me dá o que quero.

— Olha como você tá duro, porra... — Engulo em seco, me arrepiando com o palavrão praguejado tão rouco em meu ouvido.

Ofego, virando meu rosto em direção ao dele e tocando a lateral de sua bochecha com a mão que antes puxava seu cabelo, fazendo que me encare e veja o quão excitado ele me deixa com tão pouco.

Umedeço os lábios com a língua e me inclino para beijá-lo, iniciando um beijo molhado e surpreendentemente calmo. Massageio seu lábio inferior com a língua antes de prendê-lo entre meus dentes, soltando bem devagarinho. Seus olhos continuam fechados mesmo quando eu quebro o beijo, mas nossos lábios continuam escorregando um sobre o outro numa provocação inquieta, ainda não completamente satisfeita.

— Assim... — Solto uma lufada de ar contra seus lábios que estão tão próximos aos meus que se esfregam a cada sílaba sussurrada. — Bem assim, Jungkookie...

Não contenho um gemido quando ele cessa a provocação e massageia com um pouco mais de pressão e gosto, circulando a cabecinha marcada com o indicador. Com a mão livre, ele percorre por meu torso, levantando minha camisa até a altura do peitoral e tendo a visão de meu corpo entre o seu, minhas pernas abertas com sua mão entre elas, me punhetando.

Seus dedos vão até a barra de minha calça e a puxam um pouco mais para baixo, expondo os pelos ralos no início da minha virilha. Ele brinca com o elástico, abaixando e ameaçando se enfiar ali dentro, mas só o faz depois de perguntar: — Posso?

— Por favor...

Minha resposta sai em um fio de voz quase choramingado, completamente afetado pela antecipação. Jungkook deixa um beijo na linha de minha mandíbula, trilhando ao pescoço e, ali, deixa mais e mais beijos molhados que me arrepiam até a alma, vagarosamente sugando a pele e por vezes, deixando marcas fracas, me fazendo soltar arfares carregados. Sem demora, ele escorrega para dentro de minhas calças e me liberta do aperto já incômodo. Mordo meu lábio inferior com força, contendo um gemido alto com a visão e sensação da mão grande ao redor do meu caralho, subindo e descendo com a intensidade perfeita pelas veias saltadas que denunciam o quanto eu desejo aqueles toques, assim como a glande avermelhada e brilhante pelo pré-gozo que escorre, transbordando.

— Jungkook, — O chamo ofegante e próximo aos seus lábios, olhando-o nos olhos quando peço: — devagar... — Levo minha mão até a sua, guiando a intensificar os movimentos para que se mantenha lento. Contra sua boca, suspiro, então deslizo a ponta da língua por seus finos lábios, do inferior ao superior, demoradamente. — Quero sentir você devagarinho, amor...

É a vez dele suspirar.

Ele continua me punhetando de forma preguiçosa quando iniciamos mais um beijo lento, assim como a velocidade da sua mão, do jeitinho que eu queria. Nossas línguas se encontram com calma, entrelaçando-se a cada junção de lábios e provocando sons úmidos sempre que se separam.

— Você não faz ideia do quão gostoso você é. — Entre os selares, meus suspiros pesados e gemidos baixinhos, feitos apenas para ele ouvir, Jungkook diz. Então, num tom arrouquecido que me provoca uma fisgada intensa na virilha, ele confessa: — Quero você todinho na minha boca.

Não consigo evitar ofegar enquanto o beijo novamente, fechando os olhos e imaginando como seria sentir a ponta de sua língua, puxando seus cabelos enquanto me empurro sem dó em sua boca. Murmuro algo, atordoado, puxando ar entre meus dentes sentindo seu polegar esfregando-se em minha glande tão sensível.

A atmosfera entre nós é carregada de desejo, como se uma neblina de pura volúpia estivesse ao nosso redor. É abrasador estar sentindo seus toques com tanta malícia, explorando cada canto e descobrindo meus gostos, me fazendo pulsar em sua mão e gemer necessitado por qualquer coisa que ele estivesse disposto a me oferecer.

Entretanto, apesar do tesão inegavelmente estar presente, também existe algo delicadamente íntimo naquele cenário. O som baixo da televisão; nossas respirações aceleradas; o bater frenético do meu coração que sobrepõe o som úmido e baixo de nossos beijos, fazendo com que eu mal consiga escutá-lo; as súplicas sussurradas por mais; o desejo implícito de todas as indecências que passam por nossas cabeças; e os suspiros, baixinhos e sôfregos, que se misturam em nossas bocas tão perto.

Meu polegar em seu rosto faz o caminho de sua mandíbula, deslizando até encontrar os lábios finos e avermelhados, pressionando a carne macia e a repuxando para baixo. Nossos olhares se encontram mais uma vez, cheios de luxúria e com um desejo em comum.

— Jungkook... — Chamo, num tom tão manhoso e necessitado que soa como uma súplica, arrastando minha boca por sua bochecha e deixando beijos por onde passo, até chegar perto da sua orelha e implorar: — Me chupa, vai...

Para a minha felicidade, Jungkook não perde tempo.

Num piscar de olhos, o tenho de joelhos para mim, com minhas costas apoiadas no encosto macio do sofá que me sento. Minha camisa é rapidamente retirada naquele meio tempo, descartada em qualquer canto que não me importo. Tudo que me importa é ele e a saciação dos nossos corpos efervescentes.

Jungkook já é naturalmente sensual, mas daquele jeito, ajoelhado entre minhas pernas e parecendo tão hipnotizado pelo meu pau... ele é de tirar completamente o fôlego.

Suas mãos primeiro me tocam as coxas, deixando apertos de intensidades que oscilam, ora fracos e suaves, ora mais fortes e com mais vontade. Beija a carne torneada, arrastando a bochecha por ela enquanto acarinha numa provocação gostosa.

Os beijos sobem pelo o tecido da calça, trilhando seu caminho até meu abdômen, onde coloca a língua para fora e lambe, bem ao lado do meu pau, com um sorriso desgraçado estampado no rosto. Minhas pernas se abrem um pouco mais, acolhendo bem seu corpo entre elas, e minha mão vai no automático de encontro aos seus cabelos, colocando uma mecha atrás da orelha ao que seus lábios passam a deixar chupões em minha pele.

Sem aviso, ele deixa uma lambida lenta desde a base do meu pau até o topo, junto com um sorriso sacana que me desmonta inteiro. Minha cabeça tomba para trás, liberando um arfar pesado e alto ao sentir sua língua macia como veludo.

Jungkook parece adorar o que está fazendo. E vê-lo daquela maneira, sorrindo ao colocar a cabecinha em seus lábios, lambendo a fenda e coletando o pré-gozo que vaza, antes de colocá-la na boca e sugar com gosto e com os olhos fixos aos meus, é pecaminoso em todas suas definições.

Ele não faz cerimônias para começar a me chupar, nem se preocupa em me torturar por mais alguns minutos: Deixa para o fazer enquanto tem meu pau dentro da boca tão quente quanto aquilo que abocanha. Minha mão agarra os fios de sua nuca, apertando-os sempre que ele vai mais fundo ao me engolir, subindo e descendo preguiçosamente. Ele me tem na boca, mas não por inteiro, mesmo que eu soubesse que ele é capaz de me enfiar todinho no momento que quiser. Mas permanece a sugar pouco menos da metade, enquanto sua mão faz o trabalho de masturbar o que sobra no mesmo ritmo.

— Que bom que não cortou o cabelo. — Digo com um punhado de seus fios em mãos, voz ofegante e peito subindo e descendo com rapidez, assistindo-o repuxar um sorriso suspeito quando me tira da boca e solta um breve ar pelo nariz, desviando seu olhar do meu para fixá-lo no pau que se empenha em punhetar gostoso.

— Me avisa quando for gozar? — Ele pede, num tom tão natural que a frase quase perde o sentido sexual, e volta a me engolir quando assinto em confirmação.

Assisti-lo descer e subir com a cabeça em movimentos repetitivos, engolindo meu comprimento cada vez mais fundo, vendo a marcação do meu pau em suas bochechas e o barulho molhado da sucção poderia ser facilmente minha coisa favorita no mundo, a partir de agora. Nem em meus sonhos mais sujos eu poderia imaginar que puxar seu cabelo e me empurrar mais fundo em sua boca poderia ser tão excitante; que senti-lo engasgar com meu pau poderia ser tão delicioso, vendo sua saliva escorrendo em abundância quando se afasta para respirar, sem parar de me tocar; que gostaria tanto de ver suas bochechas e nariz vermelhos, e saber que não era por vergonha; que eu me sentiria tão perto de um orgasmo com sua garganta a meu alcance enquanto fodo sua boca.

Jungkook transformou aquela experiência na junção do céu e o inferno: o sagrado e o profano convergindo em um único ponto.

Eu cumpro com o que garanti, afastando-o quando já estou perto demais de gozar, resfolegando enquanto seus lábios continuavam conectados a mim por um único filete de saliva.

— Vem cá. — Chamo, me inclinando para beijá-lo. — Boca gostosa do caralho.

— Sempre ao seu dispor.

Ele sorri, retribuindo o beijo por alguns segundos, mas logo se levanta para tirar as calças, ficando apenas com a cueca escura com uma mancha enorme de pré-gozo onde a glande visivelmente marcada está.

Sem perceber, minha boca saliva, e meus olhos não conseguem olhar para nada que não fosse suas coxas e o volume entre suas pernas. Prendo a respiração ao vê-lo se tocar devagar, me olhando com provocação enquanto aperta a própria ereção. Eu não preciso verbalizar: ele sabe que eu gosto do que vejo, pelo jeito que o como com os olhos.

Desgrudo minhas costas do encosto do sofá para me inclinar para frente, podendo alcançar seu corpo e tocar a parte traseira das suas coxas, puxando-o para sentar em meu colo e tomá-lo em mais um beijo voraz.

Minhas mãos estão inquietas, sem saber por onde começar. Querem tocar em tudo ao mesmo tempo; nas coxas, na cintura, adentrar o tecido da camisa e percorrer suas costas e peitoral... Mas se contentam em ir devagar, escolhendo um cantinho de cada vez para apertar e demorando-se nele, e me satisfaço ao ouvir seus gemidos graves vibrando na garganta a qual beijo, lambo e chupo o pomo-de-adão.

Me dedico com os apertos em sua bunda macia e gostosa demais, afundando meus dedos na carne e me deliciando com os sons que ele deixa escapar, engolindo-os quando o beijo novamente, já sentindo falta da sua língua.

— J-Jimin... — Jungkook chama num arfar surpreso que dá lugar a um gemido baixo e entrecortado quando, ambiciosos, meus dedos vão além, escorregando por entre as bandas cobertas pelo tecido fino da cueca, e eu pressiono a ponta do meu dedo médio ali, começando a fazer movimentos circulares.

Ele não se mostra relutante ou desconfortável em nenhum momento, continuando a soprar seus gemidos e arfadas com a boca colada na minha ao que eu movimento o dedo, devagar, massageando com suavidade e assistindo suas reações e adorando senti-lo começar a rebolar em meu colo, estimulando o próprio pau com o atrito.

Os minutos passam e tudo se intensifica; a busca pelo orgasmo, a velocidade e pressão que nos tocamos, nosso sangue em ponto de ebulição.

Até o ponto que nada é suficiente e nenhum toque parece bastar.

É por isso que em algum momento entre aquela bagunça, Jungkook sente a urgência de tirar a cueca, voltando a sentar em meu colo com rapidez sem nada o acobertando além da blusa, nos fazendo testar um encaixe novo: O do meu caralho pulsando entre sua bunda, deslizando sem dificuldade, lubrificado pelo pré-gozo que transborda em abundância. Minha mão agarra seu pau, sentindo o quão quente e sensível está, tão gotejante quanto o meu, e trabalho em dá-lo prazer, pressionando a glande entre uma punhetada e outra. A mão dele me mantém firme contra si, se certificando que eu escorregasse da maneira certa enquanto ele ondula o quadril para foder minha mão ao mesmo tempo que rebola no meu pau.

Era realmente uma bagunça. As respirações descontroladas e os gemidos se misturam em meio aos beijos atrapalhados, cheios de línguas que se encontram ainda fora das bocas, inquietas e necessitadas de algum contato.

— Jungkook... — Chamo seu nome, apertando a coxa com a mão que não está ocupada o punhetando. Ofegante, suplico, beirando a loucura: — Deixa... deixa eu colocar...

Ele sopra um riso.

— Desesperado assim pra me foder, amor? — Pergunta, o desgraçado, e eu só sei assentir, porque é a mais pura verdade. — Minha boca não foi suficiente?

— Foi. Mas eu quero você sentando... — Choramingo, selando sua boca. — Não aja como se você também não estivesse louco por isso...

Ele balança a cabeça em negação, mordendo os lábios com força e esfregando com ainda mais lentidão, torturando quando me empurra contra si, ameaçando se penetrar, mas não o faz. Filho da puta.

— Eu passei... — Ele começa, sem fôlego, umedecendo os lábios secos e tanto permanecerem entreabertos soprando seus suspiros. — Eu passei anos esperando por você, Jimin. — Diz, abrindo os olhos para me encarar com as bochechas rubras e a expressão mais sensual possível. — Você pode esperar um pouco por mim. — Seu corpo sobe apenas para que descer bem devagar em seguida, sentindo meu pau deslizando entre as bandas da sua bunda. — E quando você finalmente for me comer gostoso, do jeito que eu gosto, vai compensar todo o tempo que perdemos. — Jungkook prende meu lábio inferior entre seus dentes, mordiscando antes de sugá-lo com lentidão, massageando com sua língua quente. E solta, para continuar: — Até lá, eu vou me divertir te torturando.

Contra sua boca, é minha vez de gemer, tombando minha cabeça para trás e deixando que seus lábios ataquem meu pescoço novamente, com mordidas que deixam meu orgasmo cada vez mais próximo. E quando chega, me desmancho em um gemido rouco, me sentindo zonzo, com a cabeça pesada e os batimentos desenfreados. Gozo ali mesmo, sujando sua bunda com porra quente, e me divido entre fechar os olhos e aproveitar a sensação do orgasmo, ou aproveitar a visão de Jungkook em meu colo, gozando em minha mão e soltando um gemido manhoso delicioso.

No fim, não preciso decidir, porque Jungkook me beija, um beijo agora bem mais íntimo e calmo, num ritmo que conseguimos aproveitar vagarosamente enquanto regulamos as respirações. Minha mão limpa toca a lateral de seu rosto, e com o polegar em seu queixo, me ponho a guiar aquele ósculo delicado e cheio de significados.

Então, depois de um tempo, a gente se separa. Jungkook me fita com os olhos cansados, mas seus lábios avermelhados sorriem, o que me faz sorrir também.

— O que está pensando? — Pergunto, curioso pelo silêncio.

— Que quero um misto quente.

Eu gargalho, surpreso pela resposta.

— Se você me ama mesmo, me faz um misto quente. — Jungkook propõe, me fazendo rolar os olhos e negar com a cabeça, mesmo que ainda tenha um sorriso no rosto. — Foi bom pra você, Jimin? — Ele pergunta em um tom baixo e calmo. Eu assinto com um sorriso no rosto, sendo sincero. — Então está pronto para mais uma?

— Me dê uns minutos.

— É o tempo do meu misto quente. — Jungkook se levanta, me dando um último beijo antes de me dar as costas e caminhar quase saltitante pela casa, exibindo sua bunda pelada e suja de gozo.

Franzo o cenho.

— Onde você vai? — Pergunto, fazendo-o parar antes de sumir entre o corredor e se virar em minha direção.

— Vou me preparar pra você, amor.

Há uma pausa de longos segundos onde processo sua informação. E depois de muita análise, ainda não entendo o que ele quis dizer.

— Como assim, "preparar"? — Faço aspas com as mãos.

— Você não quer me foder?

Há uma segunda pausa de longos segundos. A resposta para aquela pergunta é óbvia, mas eu não entendo como ela se encaixa no contexto.

— Querer eu quero, mas você disse que ia me fazer esperar, me torturar, e só depois disso eu ia poder... você sabe.

— Oh, meu amor... Eu disse aquilo na hora do tesão. Deus que me livre esperar pra te dar. — Jungkook solta uma risada logo após esclarecer. — Torturar você desse jeito seria me torturar também, e meu masoquismo não tende para esse lado, não. Vai me comer, sim Senhor. — Eu sorrio. Ah, como eu sorrio. — Faça meu misto quente. — Repete uma última vez antes de me dar as costas novamente, desfilando para longe com aquela bundinha linda que já já será toda minha, antes de entrar no meu quarto.

Sozinho na sala, limpo minha mão e barriga suja de gozo na minha camisa jogada em qualquer canto e recolho a calça dele e cueca no chão. Sorrio com as memórias ainda frescas do que fizemos, com um calorzinho em meu peito, mal podendo esperar para repetir. Jogo as roupas no cesto de roupa suja e lavo as mãos no banheiro, antes de ir para a cozinha.

Entretanto, é quando já separo os ingredientes do sanduíche de Jungkook que estranho ao ouvir o barulho de batidas na porta. E a partir do momento que eu decido abri-la para ver quem me espera, as coisas não acontecem como esperado.

É surpreendente, de fato, porque é minha mãe. E meu pai. E a mãe de Jungkook. E um homem que não conheço. Todos sorrindo, empolgados com a visita completamente desavisada, e parados na minha frente.

Eu deveria ficar contente por vê-los, já que vieram para tão longe de casa apenas para fazer uma visita em família, e pelos primeiros segundos eu até que fico. Mas só até que eu me vire para trás ao ouvir um segundo chamado.

Quase em câmera lenta, no meio de um "surpresa!" gritado que perde a força antes de ser pronunciado completamente, Jungkook aparece no corredor: Com um roupão aberto até o umbigo, exibindo além dos do abdômen magro, o sutiã azul bebê rendado que ganhou de presente de aniversário muito bem posicionado em seus peitos.

— Amor, se eu usar isso você broxa? — Ele pergunta enquanto ajeita a peça íntima, fazendo minhas bochechas esquentarem.

O silêncio de todos é ensurdecedor.

E quando Jungkook ergue a cabeça e vê todos os nossos familiares plantados na nossa porta, o encarando completamente vermelhos de vergonha e imóveis, ele arregala os olhos com a realização, cobrindo os seios e saindo correndo, se trancando no quarto com uma batida forte, deixando em minhas mãos o trabalho para lidar com aquela situação.

🌻

Jungkook

Eu realmente gostaria de saber o porquê da vida ter tanto tesão em me colocar em maus lençóis.

É um infortúnio, de fato, pensar que eu estava prestes a levar uma surra de piroca bem gostosa, e agora estou sentado no sofá vestindo um roupão de banho ao lado da minha mãe e do meu primo David, após eles e meus sogros terem me visto de sutiã após ter feito sacanagens com o filho deles. De longe, eu observo Jimin e seus pais na cozinha, conversando em coreano, então eu realmente não consigo entender nada do que dizem e muito menos o tom.

— Bom, está tudo resolvido e esclarecido. — Jimin diz, voltando da cozinha com seus pais atrás de si e um prato com meu misto-quente, parecendo constrangido. Mas, bem, quem não está? — Eles vieram pelo aniversário de Sunhye, semana que vem. Infelizmente ela não estava aqui quando chegaram... Então vão precisar esperar até amanhã, vou ligar para Eunji e arranjar. — Assinto, pegando o prato e já começando a comer o sanduíche. — Pensei em dividir os quartos, colocando meus pais no meu, Dona Yori no quarto de hóspedes, E Jungkook e eu podemos dormir na sala. Temos um colchão extra, deve caber David também.

— Eu não vou dormir com esse maltrapilho. — Me recuso prontamente, recebendo um tapa na nuca da minha mãe.

— Respeite seu primo.

— Você sabia que é crime bater em filho?! A Lei da Palmada, aprovada em dois mil e quatorze, tem como pena detenção de dois meses a um ano, ou multa. — Informo, acariciando meu machucado. — Agressão aos filhos podem causar traumas e-

Ganho um novo tapa em cima do outro.

— E porque ele está aqui, hein?! — Pergunto, com um bico emburrado olhando para o indesejado. Na cara dele, pergunto: — Você não tem casa não?

— Enfim, pessoal... — Jimin chama nossa atenção antes que uma batalha de farpas rolasse entre David e eu, provavelmente me poupando de mais uns tapas. Ele solta um pigarro, desconcertado, coça a nuca e olha para os pais uma última vez, antes de começar: — Eu só gostaria de dizer que... caso não tenha ficado claro, Jungkook e eu estamos juntos. Romanticamente falando.

— E sexualmente também, pelo visto. — David murmura baixinho para que apenas eu ouvisse, venenoso.

— Coisa que você não deve saber como é. — Rebato, usando o mesmo tom.

Jimin tosse falsamente e alto, atraindo minha concentração em seu discurso, mais uma vez.

— Nós dois já somos oficialmente namorados há um tempo, — Não posso deixar de sorrir bobo quando suas bochechas ficam vermelhinhas quando ele diz a palavra "namorados", me fazendo esquecer até da presença de satanás ao meu lado no sofá. — e eu me sinto muito feliz ao lado dele. Eu estava esperando o momento e oportunidade certa para contar a vocês, mas por conta dos... acontecimentos recentes... precisei adiantar a notícia.

— Eu já sabia! — Minha mãe grita, animada, e eu a fuzilo com o olhar. — Jungkook me ligou chorando desesperado quando vocês se resolveram, e eu estive rezando todas as noites desde então esperando o pedido de namoro! E quando aconteceu, ele me ligou chorando de novo. Nossa, Jungkook, você chora muito, já percebeu? Mas eu estou tão feliz por vocês, de qualquer jeito!

— Mãe! — Exclamo em repreensão, mas ela não se contém e continua sorrindo entusiasmada. — Que véia fofoqueira miseráv-

— Você contou, Jungkook? — Jimin cruza os braços, me fazendo engolir seco e congelar em meu assento.

Tínhamos combinado de atualizar a família juntos, na primeira reunião que aparecesse. Mas, bem, eu sou filho da minha mãe. Bocudo, que nem ela.

— Vida, a gente discute isso depois. Ainda estou tão abalado pela situação que aconteceu, tão recente, tão constrangedor... — Dramatizo, forçando uma voz de choro e sendo abraçado por mamãe, que entra no personagem e finge me acalmar.

Meu namorado deixa passar, dessa vez, sem fazer perguntas sobre meu chororô e ou me dar sermões sobre como deveríamos ter contado juntos.

E o resto da noite segue tranquila, com parabenizações ao nosso relacionamento e ameaça de morte por asfixia de travesseiro no meio da madrugada por minha parte, ao filho da puta do meu primo.

Mas eu poderia aguentar uma noite da tortura de estar em sua presença, se eu tivesse Jimin ao meu lado.

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