Estação Inverno | Isaac Garcí...

By hyebloom_

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A vida da maior patinadora de Nova York, Daisy Miller muda drasticamente após um acidente que ocasionou a mor... More

Casting.
O Lago Congelado
Culpa
Mentiras Manchadas com Sangue
Felicidade Momentânea
Sentir-se Viva
A Morte se Aproxima
Mar de Desesperos
Daisy's
Estação Inverno
Primavera

Seja bem-vinda, gatinha.

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By hyebloom_

Capítulo 01.
"Seja bem-vinda, gatinha"

Daisy Miller

Sinto a brisa gelada bater em meu rosto ao encostar a cabeça na janela do carro, que estava entreaberta.

O clima está extremamente frio, meu coração está congelado e meus olhos permanecem quentes.

Tento conter a vontade indescritível de chorar, odeio demonstrar vulnerabilidade diante de outras pessoas. Principalmente quando são pessoas que eu nunca vi na vida e que por acaso estou indo morar com elas agora.

Não consigo assimilar o que aconteceu, há uma semana, por volta desse horário, eu estava com minha mãe e meu irmão, provavelmente jantando em família enquanto conversávamos sobre nosso dia.

E agora estou sozinha, indo morar com desconhecidos, que apenas sei o nome.

Daria de tudo para poder voltar no passado e ter impedido tudo o que aconteceu.

— Chegamos, Daisy. — George diz ao parar o carro

Saio do automóvel e o espero perto do porta malas para pegar minhas bagagens.

— Daisy, querida — Katherine se aproxima de mim e coloca suas mãos em meus ombros — Escute, eu sei que está sendo terrível para você, sei que passar por toda essa situação não é nada fácil. Você não nos conhece tão bem, mas garanto que iremos cuidar de você com todo amor do mundo.

— Não vamos substituir sua família, mas prometemos nos esforçar para te fazer bem, como eles fizeram. Como sua mãe cuidava de você. — George completou já tirando minhas malas do carro

Apenas assenti com a cabeça, não quero falar nada, se eu abrir a boca, sei que vou chorar.

Katherine segura minha mão e me guia para a porta de entrada. Prendo o ar, e entro na casa nervosa.

A casa parece vazia, sei que além de Katherine e George, tem uma garota aqui. Jackie, filha da estilista que morreu ano passado. Mas como ela é da minha idade, talvez não encha meu saco.

Me recordo também de dois garotos que meu irmão costumava falar, esqueci seus nomes e no momento não os vejo.

Arregalo meus olhos ao chegar na cozinha.

Quem é essa gente toda?

— Bem, pessoal — George fala e todos presentes no cômodo nos encaram — Essa é a Daisy Miller, a garota sobre quem conversamos. Ela vai passar um tempinho aqui por motivos pessoais. Por favor, tratem ela bem.

Ouço diversos "Seja bem-vinda, Daisy" mas minha cabeça dói tanto que não consigo assimilar quem está falando.

Estou prestes a chorar. Quero minha casa.

— É... Katherine, onde vou ficar? — fixo meu olhar na mesma que logo entende meu verdadeiro desejo de ficar sozinha.

— Vou te mostrar. — ela faz um sinal para George que apenas concorda com a cabeça

Subo as escadas junto a mulher e paramos de frente a porta que supostamente seria meu quarto.

— Você vai dividir o quarto com a Jackie, tudo bem? Pode entrar, algum dos meninos vai subir com suas malas em breve. Vamos dar um momento para você se acostumar.

— Tudo bem... — digo baixinho — É... Só uma pergunta, quem eram todas aquelas pessoas?

A mulher sorri fraco

— São meus filhos, exceto por dois sobrinhos, que moram conosco — ela revela e fico perplexa — Sinto muito por não ter comentado isso com você, sabemos que não gosta de ambientes com muitas pessoas e na sua situação...

— Tá tudo bem, Katherine. Vocês estão sendo muito generosos me acolhendo, isso que importa... — dou um sorriso forçado enquanto me viro para a porta — Muito obrigada

Entro no quarto e sento na cama. Afundo minha cabeça nas minhas mãos e deixo as lágrimas descerem.

Estou vivendo um pesadelo, onde nunca irei acordar, apenas seguirei com as memórias do passado, que antes foram felizes, agora estão manchadas de sangue.

Não quero ouvir nada a não ser a voz suave da mamãe de manhã cedo, me pedindo para levantar logo para tomar café antes que ela fosse trabalhar.

Preciso ouvir meu irmão dizer mais uma vez que sou a metade mais insuportável que ele poderia ter.

Esse é meu desejo que nunca poderá se realizar.

Não sei por quanto tempo chorei, acredito que se passaram algumas horas quando ouço a porta bater. Endireito minha postura rapidamente e seco meus olhos com força.

— Pode entrar — falo com a voz embargada

A porta abre um pouco, a cabeça de um rapaz surge enquanto me encara.

— E aí? Garota. Trouxe suas malas. — ele diz um tanto cuidadoso ao perceber meu rosto inchado

— Ah, pode deixar aqui... Eu acho — aponto para perto da cama

Ele entra no quarto carregando uma das minhas malas e me levanto para ajudá-lo.

Coloco minha mão sobre uma das bagagens para carregá-la quando sinto a mão do garoto sobre a minha.

Ergo meu olhar e noto que ele me encara. Seu olhar parece distante, profundo.

O garoto tira sua mão rapidamente e pega outra mala.

Sinto minha respiração pesar e coloco uma das bolsas em cima da cama com todo cuidado.

— Obrigada — olho para o rapaz

— Que nada. — ele põe as mãos no bolso do seu moletom — Cê vai passar quanto tempo aqui?

— Não sei. — respondo baixinho

— Entendi. Meu nome é Lee, se precisar de algo, pode bater na porta do meu quarto, é aquela ali — ele aponta para um dos quartos

Lee sai do "meu" quarto dando passos rápidos, como se desejasse sair logo dali.

Estou com o coração acelerado. Nem dá tempo de entender o que rolou quando Jackie entra no quarto.

— Oi — ela sorri empolgada — É muito bom conhecer você pessoalmente. Sempre gostei de te assistir. Você parece um anjo quando está patinando.

— Obrigada — sorrio fraco — Jackie Howard, não é? Sua mãe já fez uma das minhas roupas, para a competição.

— Isso — Ela confirma enquanto seu semblante fecha

— Sinto muito, pela sua família, Jackie.

— Sinto muito pelo seu irmão e pela sua mãe.

— O pessoal da casa sabe? Do acidente? — pergunto aflita

— Acredito que só a Katherine, George e eu. Pesquisei um pouco sobre você antes de chegar. Não sei se os outros fizeram o mesmo. — Jackie disse um pouco envergonhada.

Fiquei calada enquanto abria minha bolsa. Tirei meus patins dali. Meu coração aperta. Sinto meus olhos lagrimejarem novamente.

Sou considerada uma das melhores patinadoras de Nova York, minha vida era patinar no gelo. Mas, como agora tenho que morar por tempo indeterminado nesse lugar, não tem como continuar com minha carreira.

— É difícil nos primeiros meses, sabe? Mas depois de um tempo você se acostuma com o luto — ela quebra o silêncio — Sempre que quiser falar comigo, saiba que estou aqui. Tá bom?

— Obrigada, Jackie — respondo com a voz trêmula

— Amanhã posso te mostrar um lago congelado para que possa patinar. — ela continua — Ou se quiser, amanhã cedo podemos correr juntas.

— Quero patinar, se possível... — olho para Jackie — Onde fica o banheiro? Quero tomar banho.

— O banheiro das garotas é lá em baixo, pode ir! — a garota sorri — Pedi para o Danny preparar um lanche para você. Passa na cozinha depois!

Assinto pegando minha necessaire e desço as escadas para ir ao banheiro.

Tomo um banho quente e relaxante, me enrolando num roupão que estava no box.

Escovo meus dentes e bufo com raiva ao perceber que não trouxe minha roupa para me trocar no banheiro.

Ótimo, vou ter que subir pelada, apenas de roupão numa casa cheia de macho.

Respiro fundo e abro a porta do banheiro, mas acabo batendo de frente com um garoto

— Olha por onde anda, Jackie! — ele reclama passando as mãos na sua camisa que molhou um pouco devido ao meu cabelo

— Desculpa... — digo envergonhada

Ao ouvir minha voz e concluir que não sou a Jackie, o garoto me encara. Nossos olhares fixam um no outro, ficando em silêncio por um tempo

Dou um passo para frente, me afastando do mesmo

Ele segura meu braço me impedindo de caminhar e me olha de cima a baixo.

— Então você é a famosa Daisy Miller? — pergunta com desdém

— Isso mesmo, Katherine e George me apresentaram para vocês enquanto jantavam. Não viu? — respondo ríspida ao notar seu olhar e seu tom de voz

— Não, eu não estava na mesa. Acabei de chegar. — ele sorri — Ouvi muito de você. Você se parece com seu irmão.

Isaac, agora me lembro. Com certeza é ele.

Sabia que meu irmão e minha mãe vinham sempre nas férias para o Colorado, eu nunca vim pois viajava com meu pai para outros países.

Ano passado, James voltou de viagem arrasado e com uns hematomas pelo corpo. Ele tinha um melhor amigo por aqui que por acaso pegou a menina que ele estava gostando. Depois disso, meu irmão nunca mais quis vir ou falar com o garoto.

Isaac Garcia, era o nome dele.

— Eu sei bem disso. — me desvencilho do rapaz

Saio rapidamente de perto dele para evitar conversas.

— Miller — ele diz meu nome antes que eu subisse as escadas, me viro para o mesmo — Tenha uma boa noite, você vai precisar.

O garoto sorri com deboche e entra no banheiro, que até onde eu sabia, era das garotas.

Sinto uma pontada de ódio, mas decido subir logo para o quarto antes de esbarrar com alguém só de roupão.

Coloco um pijama leve e um casaco longo por cima. A casa já está escura, desço as escadas novamente para lanchar.

Vejo um cara conversando com a parede. Fico quieta e sento na cadeira da mesa.

Não entendo nada do que ele fala, acho que ainda não percebeu minha presença no cômodo.

Tenho vergonha de interromper, seja lá o que ele esteja fazendo. O garoto se vira, imediatamente arregala os olhos e engole um grito de susto.

— Que susto, Daisy — ele ri com a mão no peito — Quase me matou de susto

— Desculpa — dou uma risada sincera — Você é o Danny?

— Isso. Não pense que sou esquisofrênico, eu só estava ensaiando para a peça. — Danny se apressa em justificar

Em seguida, ele tira um prato do microondas e um copo com achocolatado.

— Fiz esse sanduíche para você, a Jackie pediu, já que você não jantou.

Agradeço e como em silêncio. Danny senta na minha frente e me olha

— Quando será sua peça? — questiono

— Próxima semana, estou bem nervoso. — Danny se ajeita na cadeira — Tem... Uma garota, vou ter que beijá-la, não sei se tenho coragem suficiente.

— Você tá afim dela? — digo após dar um gole no achocolatado

— Não, eu não! Ela é bem popular e eu sou só eu. Mesmo se estivesse interessado, ela nunca iria me querer — fala com tanta rapidez que preciso me esforçar para entender

Apenas o encaro com um sorriso torto.

— Beleza! Eu tô afim dela — ele assume — Meu irmão gêmeo já teve um lance com a Erin. Cole não vai se importar, mas estou com medo de que ela fique me comparando com ele, somos bem diferentes, se é que você me entende.

— Eu entendo. Ainda não vi o seu irmão gêmeo, mas sei que independentemente da diferença que há entre vocês dois e do seu medo de ser rejeitado, não perca a oportunidade. Beija ela, aproveita o momento.

— Valeu — Danny fica em silêncio — Sua forma de falar lembra seu irmão. Eu sinto muito por tudo.

— Você pesquisou?

— Minha mãe contou só para mim e o Cole. Eles não contaram o motivo de você vir para o resto pois ficaram com medo da reação deles, já que conheciam sua mãe e seu irmão. Além de que não sabíamos se era o que você realmente nqueria.

— Entendi. A Jackie pesquisou sobre mim antes que eu chegasse e viu as notícias...

— Então — ele suspira — Não sei se o resto pesquisou também, estão guardando segredo se souberem.

Termino meu sanduíche e subo para o quarto junto a Danny.

— Boa noite, Daisy — ele dá um tapinha leve nos meus ombros

— Boa noite, Danny — espero ele adentrar no seu quarto para abrir a porta do meu

Jackie está dormindo, quase caindo da cama. Deixou um grande espaço para que eu pudesse deitar.

Sento ao seu lado e fico parada, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Preciso adormecer logo.

Tomo dois comprimidos do meu remédio e me enrolo com a coberta.

Em instantes ouço a voz da minha mãe, cantando para que eu possa dormir.

E é nesse estado de alucinação que caio no sono.

[...]

Ao acordar, sinto algo enroscar o meu braço

— Jackie? — pergunto sem abrir os olhos

Passo as mãos pelo colchão e não sinto o corpo da garota ao meu lado.

Abro os olhos sonolenta, quando vejo apenas o vulto da coisa.

Tenho uma reação imediata de sair da cama, me fazendo cair no chão.

Grito o mais alto que posso e corro em direção a porta para sair dali.

A porta está trancada, começo a bater desesperadamente sem ter coragem de olhar para a cama e ver a cobra.

— Socorro — grito quase chorando — Alguém abre a porta por favor!

— Miller? — ouço uma voz familiar

— Isaac? Por favor abre a porta! — imploro — Tem uma cobra na cama!

Isaac não me responde, aos poucos, o silêncio é preenchido com uma risada do mesmo que vai ficando cada vez mais distante.

— Seja bem-vinda, gatinha.

Sei nem o que dizer mores!!! Esse Isaac é um cachorro.

Essa interação do Lee e da Daisy foi bem estranha, não acham?🤫

Próximo capítulo terá algumas explicações e uns queridos aí se estranhando, vai se formando um clima terrível!!!

Confesso que estou meio nervosa, espero mesmo que tenham gostado!! Perdão por qualquer erro ortográfico. Até o próximo cap mores, beijinhos💗

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