IRRESISTÍVEL | VegasPete

Od vegaspetit

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No mundo de almas gêmeas, onde a conexão entre duas pessoas é tão forte que os destinos se entrelaçam, Vegas... Více

IRRESISTÍVEL | avisos
PRÓLOGO | Vínculo
ONE
TWO
THREE
FOUR
FIVE
SIX
SEVEN
EIGHT
NINE
TEN
ELEVEN
TWELVE
THIRTEEN
FIFTEEN
SIXTEEN
SEVENTEEN
EIGHTEEN - JUNELUTER
NINETEEN
TWENTY
TWENTY-ONE
TWENTY-TWO
EPÍLOGO | MATRIMÔNIO

FOURTEEN

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Od vegaspetit

Olá! Feliz Natal atrasado para vocês e um ótimo Ano Novo!

Espero que gostem desse!

Para os meus leitores que tem vergonha de comentar, seus comentários são sempre bem vindos e eu adoro ler!

Boa leitura 🤍










June Saengtham encara Luter Kylton profundamente. É fácil olhar para ele dessa distância, e mais fácil ainda lê-lo quando ele parece tão à vontade. Exceto que June não consegue ler nada, os movimentos dele são suaves e naturais, até mesmo a respiração parece normal. A forma como Luter se comporta, a postura adequada, as mãos tocando a prataria com leveza, tudo isso... e ao mesmo tempo nada.

June não consegue ver nada.

"Eu aprecio que esteja curioso sobre mim" Diz Luter, sem levantar os olhos do prato. Ele pediu codorna assada com um molho peculiar de laranja e uma garrafa de vinho para dividirem. Não que June tenha tocado no vinho. "Mas sua comida vai esfriar se passar mais tempo me encarando do que comendo."

Encarando seu próprio prato, June questiona a si mesmo o que estava pensando quando aceitou o convite para sair com um Vamphir. Não que ele os odiasse, embora mamãe com certeza ache que sim, mas existem regras, aquelas que não podem ser quebradas e que quando são, precisam de uma punição.

June viu isso acontecer com Pete, quando eles descobriram sobre seu vínculo. Todos os olhares, os comentários maldosos quando pensam que ele não está ouvindo, o repúdio, o ódio... Como ele poderia sequer pensar numa hipótese quando tudo isso ainda está acontecendo com seu irmão mais novo?

Não, definitivamente não. Além de que, não faz sentido que alguém como Luter Kylton, um Vamphir na fila da trono, com muitos dígitos na conta e um patrimônio familiar avaliado em bilhões de dólares esteja minimamente interessado em alguém como June. Um inimigo.

Então June se pergunta mais uma vez o que diabos ele está fazendo. E por que não conseguiu evitar.

"Por que você me convidou para jantar?" Questiona June, afastando o prato e apoiando os braços na mesa. A verdade é que a comida está cheirosa e parece boa, mas ele não tem a real intenção de comer. E June não perde a expressão genuína que Luter faz quando levanta a cabeça para olhá-lo. "Para espionar o meu irmão?"

Rindo, Luter revira os olhos. Ele é... estranho. Não é a melhor palavra para descrevê-lo, mas ele é exótico. Fisicamente falando, ele é muito atraente, do tipo elegante que exala confiança e as pessoas encaram na rua. Mas tem algo nele que deixa June inquieto. Além de que as luvas são bizarras.

"Querido" Ele diz, lambendo o lábio. "O seu irmão não é um ponto tão interessante quanto você."

Resistindo a vontade de bufar, June endurece o maxilar e cruza os braços na frente do peito. Luter pensa que ele é um idiota? Qual outra razão além dessa ele teria para convidá-lo para sair? Qual a chance de um casamento entre um caçador e um Vamphir ter mudado tão rápido a cabeça de alguns?

Exatamente, nenhuma.

"Isso não responde a minha pergunta" Insiste June. "Por que você me convidou para jantar?"

Luter apoia os talheres no prato, olhando para June com divertimento. Irrita June que o vampiro pareça tão confortável enquanto os pensamentos caóticos e confusos de June apenas dizem para ele ir embora.

"Para ser sincero" Diz Luter lentamente, lambendo os lábios. "Olhar para você quase me faz sentir... vivo de novo."

Engolindo palavras, June apenas continua olhando para ele, perseguindo qualquer sinal de mentira eloquente ou alguma... coisa. Mas Luter é estranhamente sincero, e seu rosto livre de qualquer expressão faz June enrubescer até o último fio de cabelo.

Felizmente ele é muito mais sútil que Pete, e duvida que Luter tenha percebido.

"Eu não sou um idiota" Diz June, se forçando a soar estável. "E não sei o que você acha que vai conseguir de mim, mas não vai ser maior que nada."

Piscando os olhos esverdeados, Luter continua olhando-o com a mesma expressão suave.

"Eu não quero nada de você" Diz Luter laconicamente. "O que eu quero... Você não está pronto para saber o que eu quero."

Maldito seja.

Se ele quer assim, então assim será.

"Ótimo" Diz June, afastando a cadeira. Só... já chega. É o suficiente. "Eu também não pronto para... isso."

Cada passo na direção da saída é como pisar em areia movediça, mas melhora quando ele chega do lado de fora e consegue respirar ar puro. Enfiando as mãos no bolso da calça escura, June começa a andar pela calçada, a dúvida perturbando seus pensamentos.

O que Luter quis dizer com aquilo?

Para o quê June não está pronto?





[...]






Vegas está distraidamente olhando para Macau quando Belion bufa, claramente em discordância com o assunto.

Ele ainda não superou o que aconteceu na festa de noivado, com sua filha Aelli, mas sinceramente Vegas não poderia se importar menos com isso. Ela foi uma vadia com Pete e teve o que mereceu. Vamphirs ou não, eles tem que aprender a respeitar sua alma-gêmea, temê-lo tanto quanto temem Vegas.

Eles precisam aprender que Pete não é um igual, mas superior. Porque Vegas quer assim.

"É a terceira ocorrência em quinze dias." Diz Kan duramente, olhando para Helin com os ombros tensos. "É como se tivessem perdido a cabeça. Estão matando humanos."

A rainha Helin suspira, e Vegas quase consegue ver as engrenagens de seu cérebro funcionando enquanto ela pensa.

Terceira ocorrência em quinze dias? Isso é mais do que eles tiverem em meses, Vamphirs atacando humanos. Não é fora do comum mas as leis serviram por muito tempo para manter todos os lados da balança em equilíbrio. Vamphirs não caçam, não se alimentam de humanos sem que haja explícito consentimento e Drudaks não se envolvem. Esse é o acordo.

Não é do interesse de Vegas saber o que eles fazem com Lúpus e Dunas, mas é de seu interesse saber por que Vamphirs estão atacando pessoas. E ele sabe que não vai gostar da resposta.

"A Unidade vai intervir" Continua Kan, quando Helin não diz nada. "O garoto Drudak estava—"

Vegas olha para ele, franzindo o cenho.

"Drudak?" Interrompe Vegas, se inclinando sob a mesa. Ele não sabia disso. "Não foi um humano?"

"Não" Diz Helin com pesar. "Uma criança Drudak foi morta. O garoto estava em pedaços."

A sala inteira fica em silêncio. Olhando ao redor, Vegas percebe que todos os outros onze conselheiros de sua mãe parecem incisivos em busca de uma solução, embora também não pareçam particularmente chocados ou horrorizados com a notícia. Belion é o único que não faz questão de não parecer satisfeito.

Mas se um Drudak foi morto por um Vamphir, as coisas são diferentes. Não é apenas um crime ou caso descumprimento de leis, é uma declaração de guerra.

Mesmo que insatisfeitos, eles não faziam esse tipo de coisa.

"Está claro agora?" Diz Belion com prepotência. "Nós não queremos esse casamento."

Luter Kylton solta uma risada baixa, os olhos esverdeados encarando Belion.

"Diga a Aelli que ela vai conseguir pretendentes melhores." Ele diz. "Ela não precisa ficar chateada."

É quase divertido a expressão furiosa no rosto de Belion. Vegas teria rido se eles não estivessem tão claramente desesperados.

"Como você se atreve?!"

"O destino escolheu" Diz Luter, revirando os olhos. "Achei que fosse impossível, mas eu estava errado."

"Uma coisa assim não é obra do destino!" Diz Belion, se exaltando. Ele respira fundo e então olha para Helin, buscando apoio. "Esse acordo de paz não nos servirá de nada."

"E o que você sugere, Belion?"
Questiona Helin em voz alta.

Belion franze a testa.

"Eu sugiro que cancelemos o casamento, majestade" Diz Belion, olhando firmemente para ela. "Sugiro que cancelemos esse ultraje e restabeleçamos o acordo original, casando sua alteza com minha filha, Aelli."

Resistindo a vontade de gargalhar, Vegas encara o conselheiro profundamente.

"Isso não vai acontecer" Diz. "Achei que tinha sido bastante claro."

Helin se vira.

"Vegas." Diz sua mãe duramente, olhando para ele.

A expressão no rosto dela não deixa Vegas mais tranquilo, nem a expressão no rosto de seu pai. Mas eles não podem realmente estar cogitando isso...

"Não vai acontecer." Diz Vegas duramente, sustentando o olhar.

Os conselheiros se agitam, as conversas se espalhando pelo salão.

"Eles virão atrás de nós" Diz David Bellser, falando pela primeira vez. Ele é jovem, expressão dura e sobrancelhas grossas. Vegas se lembra que ele foi um dos primeiro a votar a favor de um acordo. "Muitos Vamphirs não ficaram contentes com isso."

"Podemos adiar o casamento" Diz Helin com um suspiro. "Até que se acalmem, ao menos. Eu reivindiquei esse acordo para trazer paz entre nossos povos, não para trazer mais lutas."

Vegas faz uma careta, fechando os punhos.

"Não vai ser cancelado."

Macau solta um chiado impaciente.

"Ninguém disse isso" Diz Macau, levantando as sobrancelhas. Ele está largado em sua poltrona, parecendo tão desinteressado que soa tedioso. "Apenas adiado."

Isso não vai resolver o problema, e não tem diferença, Vegas quer dizer. Mas ele olha ao redor e percebe que ninguém está discordando ou oferecendo uma outra solução. Embora ele também não goste da ideia, esperar as coisas se acalmarem um pouco pode ser uma boa tentativa.

Vegas volta o olhar para frente, tentando ser racional. O que mais perturba não é hipótese, mas saber que eles podem estar certos. Era meio óbvio antes que Vamphirs não aceitariam tão fácil estarem ligados a Drudaks com essa aliança mas ele esperava que a rebeldia fosse cessar. Que eles fossem ceder em algum momento, em nome da paz. Mas não aconteceu, então agora, mesmo que odeie a ideia, Vegas pensa que pode realmente funcionar.

"Podemos esperar mais um mês" Diz sua mãe, com a voz mais rígida. Ela olha para Kan, buscando apoio, e então depois para os outros. "Concordamos?"

"Sim, majestade" Diz o coro de vozes.

O restante da reunião é como deve ser.

Quando Vegas finalmente consegue sair da sala, Luter Kylton está esperando do lado de fora.

"Tem uma coisa me incomodando." Ele começa, caminhando ao lado de Vegas.

E Jesus Cristo, Vegas não está com paciência para Luter agora. Ele precisa ver Pete e colocar seus pensamentos no lugar. Não necessariamente nessa ordem.

"Pete tem um rosto familiar" Diz Luter pragmaticamente.

O que?

Vegas para de andar, olhando para Luter. Ele não esperava que Luter fosse se lembrar disso.

"O que você quer dizer?"

"Ele me lembra alguém..." Diz Luter, a expressão de quem está tentando se lembrar de algo. "Mas não tenho certeza."

"E isso está te incomodando?"

"Não" Ele diz, abanando uma mão. "O que me incomoda é o irmão. Ele é tão..."

Franzindo a testa, Vegas vira de costas para ele.

"June?"

"Sim!" Diz Luter, emparelhando seus passos. "Ele está me incomodando. Eu vi algo quando toquei nele pela primeira vez, mas—"

"Luter" Diz Vegas, interrompendo. "Eu realmente não tenho tempo para isso agora. Preciso ver Pete."

Afiando os olhos, Luter se afasta um passo, olhando para Vegas com uma expressão estranha.

"Claro" Ele diz secamente. "Ah. Agora eu me lembrei. O rosto dele realmente é familiar. Se parece com o pai."

Prendendo a pouca respiração, Vegas impede a si mesmo de fazer algo contra Luter que provavelmente se arrependeria depois.

Dois conselheiros passam por eles no fim da escada, concedendo a Vegas uma curta reverência antes de caminharem para a saída principal.

"Luter." Diz Vegas, a voz arranhando no fundo da garganta.

"Eu não tinha certeza porque não consegui ver com tanta clareza naquela noite mas—"

"Luter" Insiste Vegas. "Se contar isso para alguém..."

Luter pisca, sorrindo para ele.

"Para quem, Alteza?" Ele diz, fazendo aquela coisa com o rosto como se não soubesse do que Vegas está falando. "Eu não tenho intensão nenhuma de contar para ninguém o que aconteceu na noite que sua alma-gêmea nasceu."

Vegas sustenta o olhar dele, tentando interpretar alguma coisa. No fim, ele percebe que Luter provavelmente está apenas perturbando-o, como uma lembrança infernal e eterna do que aconteceu na noite que Vegas fez uma escolha por Macau que custou anos da vida dele, mas que também o poupou da morte.

Vegas sinceramente esperava que Luter tivesse esquecido, mesmo sabendo que a chance disso acontecer era mínima. Mas ele nunca disse nada sobre aquilo durante anos, nem sobre o que ele viu um dia antes da morte de Anne.

Mas o exílio de Macau foi revogado e agora ele está de volta. Não surpreenderia Vegas se seu irmão quisesse vingança. Também não poderia culpá-lo.

"Ótimo." Diz Vegas duramente, olhando para Luter uma última vez antes de caminhar para saída.

E com a volta de Macau, não dá para ignorar o que aconteceu. A verdade dói, machuca e faz sangrar, mas é a verdade.

Vegas só espera nunca ter que ferir Pete com ela.





[...]






Pete encara o fim do corredor com os olhos arregalados enquanto o alarme soa em todos os andares. Um grupo pequeno de caçadores passou por ele às pressas, carregando o corpo em pedaços de um novato. Ele não conseguiu ver muito, mas o garoto não tinha um dos braços e uma das pernas, e ainda estava sangrando o  bastante para manchar todo o corredor.

Alguém esbarra em seu ombro com força então Pete pisca para fora do transe e olha para o lado.

"Está feliz agora, aberração?" Diz o rapaz mais velho, olhando para Pete com a expressão enojada. "Enquanto você se diverte sendo a puta de sangue de um vampiro, é isso que eles fazem com as nossas crianças!"

É... isso que eles acham? Que Pete está feliz com a morte de alguém?

"Ei" Diz Porsche, empurrando o peito do rapaz para trás. Pete sequer o viu se aproximar tão rápido. "Cai fora se não quiser levar a maior surra da sua vida."

"Kai, já chega." Diz uma segunda voz feminina, surgindo ao lado de Kai. A garota de cabelo loiro toca o ombro dele, puxando-0, mas o olhar dela para Pete não é tão diferente assim. "Vamos."

Nenhum dos olhares que ele recebe quando vira de costas e começa a andar na direção do elevador é tão diferente assim. O nojo, a decepção, o olhar de um povo traído.

"Pete, espera!" Grita Porsche, quando Pete está longe o bastante para não ser alcançado.

Mas eles tem direito de sentir assim, certo? Da mesma forma que Pete tem direito de sentir tão... culpado por uma coisa na qual ele não teve culpa.

Os ataques de Vamphirs aumentaram na última semana enquanto Pete estava brincando de casinha com Vegas e ignorando o mundo além das paredes do apartamento dele. Ele não voltou para casa depois daquela noite, embora seu pai... Embora Tull tenha pedido, e também não voltou em nenhuma das noites seguidas da próxima semana.

E para ser sincero, foram os melhores dias da vida de Pete. Ter Vegas quase o tempo todo ao redor dele, se sentir seguro com ele por perto e tão envolvido pela ligação que eles compartilham fez Pete se sentir tão adorado que parecia que o ar era denso e irrespirável sempre que precisava sair e Vegas não estava mais ao seu redor.

Mas Pete não podia fugir da realidade, não por tanto tempo quanto ele queria. Então no segundo em que ele colocou os pés na Unidade, a notícia de que um esquadrão encontrou uma criança Drudak sem vida em um dos becos da cidade, claramente atacada por um Vamphir também o fez perder o ar.

A resposta está tão clara quanto água. Ninguém além dos representantes que assinaram aquele acordo parece querer paz de verdade.

Ao invés disso, declararam guerra.

"O que aconteceu?" Diz June, quando Pete esbarra nele ao sair do elevador. "Por que você saiu de casa?"

Tudo aconteceu. E muito rápido. Pete só precisa... respirar um pouco e sair da mira dos olhares crucificando-o.

"Pete!" Diz June, segurando seu ombro. Ele parece genuinamente preocupado, o cenho franzido e lábios entreabertos. "O que houve?"

Então Pete olha para ele, se sentindo sufocado como nunca antes. Ele observa o rosto bonito de June, reconhecendo os traços da junção perfeita de Tull e sua mãe. Toda a comparação parece estúpida agora quando ele pensa sobre isso, todas as vezes que Pete quis ser mais parecido com June.

Como ele poderia? Eles só são meio-irmãos.

"Tull Saengtham não é meu pai biológico." Diz Pete em um único fôlego, esperando que um pouco do peso diminua, mas isso não acontece.

Os ombros de June enrijecem, sua expressão mudando drasticamente para algo limpo, não surpreso. Por que ele não está surpreso?

June se aproxima um passo.

"Quem te contou?" Ele murmura a pergunta, os olhos observando ao redor. Ninguém está prestando atenção neles, no entanto. Porque uma criança foi assassinada e cortaram fora dois de seus membros.

Mas June ainda não está surpreso.

"Você sabia?" Questiona Pete, tentando afastar as mãos dele. O olhar de June vacila, e ele abre a boca sem saber o que dizer. Ele sabia. "Você sabia."

"Pete" Diz seu irmão... Meio-irmão, agarrando seus braços. "Isso não muda nada."

Como.... Como isso não muda nada? Claramente é a razão pela qual sua mãe sempre o tratou tão mal. Ele não era filho do homem com quem ela casou, mas de uma alma-gêmea que morreu. Que foi assassinado. Como ela poderia olhar para ele...

"Por isso era tão fácil para você" Diz Pete, as palavras amargas na ponta da língua. Racionalmente falando, ele sabe que a culpa também não é de June, mas ele poderia ter feito algo. Dito a Pete que seus esforços para conquistar o carinho de sua mãe eram em vão porque ela nunca daria isso para ele.

June poderia ter dito a ele para parar de tentar ser perfeito, parar de tentar arrancar algo dela porque sua mãe jamais olharia para ele com amor. Ela não era capaz disso. Não com Pete.

"Você é meu irmão, e eu te amo." Diz June com os olhos úmidos. E emoção no rosto dele também não faz Pete se sentir melhor. "Mas eu não era meu segredo para contar."

Está bem. Tudo bem.

Pete respira fundo, encarando June profundamente. Ele percebe que não quer mais falar sobre isso.

"Eu preciso ir." Diz Pete, forçando suas pernas a funcionar.

Ninguém o impede de sair. Na realidade, Pete pensa, o impediriam de entrar se pudessem.

Montando na moto, Pete encaixa o capacete e dá partida. Ele não tem exatamente um lugar para ir. Casa parece estranho demais, a sensação de pertencimento já era pequena mas agora... soa como se tivesse sido criado por estranhos, sem um lar para voltar. E Vegas... Pete não quer incomodá-lo com seus problemas familiares, ele também não disse a Vegas sobre Tull e San, mas eles precisam conversar sobre o que aconteceu. Sobre os ataques.

Ele chega relativamente rápido em frente ao prédio corporativo do grupo Theerapanyakul. Embora hajam dezenas de fotos na internet, nenhuma delas faz jus ao tamanho e poder real do arranha-céu.

"Oi" Diz Pete gentilmente a recepcionista. "Eu sou o Pete. Preciso falar com Vegas."

Todo o hall de entrada é enorme, muitas pessoas entrando e saindo, câmeras e segurança a cada metro quadrado que Pete conseguiu olhar. Todavia, ele repara, os funcionários parecem todos humanos, e meio-humanos. Não há nenhum Vamphir, Duna ou Lúpus em seu campo de visão.

A mulher olha para ele debaixo de cílios grossos e expressão tranquila.

"Um segundo." Ela diz, voltando o olhar para a tela do computador. "Seja bem vindo, senhor Saenghtam."

Cinco minutos depois, Pete está sendo escoltado por um grupo de dez seguranças ou mais para dentro do prédio. Há roletas para identificação mas alguém passa o cartão para ele, liberando sua passagem. No elevador espaçoso, ele tem uma vista panorâmica de todos os andares, as mãos atrás das costas, cutucando os elos de diamante da pulseira.

Por Deus, tinha que ser tão alto?

No penúltimo andar, as portas se abrem. O escritório de Vegas é o único no andar inteiro, e é onde Pete reconhece dois Vamphirs para segurança. Além deles, há somente uma secretária na sala adjunta, teclando desesperadamente em frente ao computador.

Se ela notou sua presença ou não, Pete não sabe.

Empurrando a porta principal, Pete observa o lado de dentro lentamente. Levantando a cabeça, Vegas olha para ele com interesse.

"Entre." Ele diz, acenando para Pete.

Quando ele fecha a porta, Vegas já está tão perto que o pouco calor que emana de seu corpo envolve Pete como fumaça.

"Não sabia que..."

"Vamphirs assassinaram um dos nossos." Diz Pete, sem conseguir se conter.

Ele quer... se agarrar a Vegas agora, subir em cima dele e sentir seu cheiro mas... Pete sabe que se eles começarem não vão conseguir parar e todo e qualquer assunto vai se tornar irrelevante. Como um grão de poeira no espaço.

"Sobre isso" Diz Vegas, limpando a garganta. Ele toca os ombros de Pete, gentilmente, enviando tranquilidade através do vínculo. "Vamos—"

"Por que estão fazendo isso?" Interrompe Pete, olhando ao redor.

A sala é grande, com móveis de madeira e couro. Uma mesa no centro com apenas uma única cadeira, de frente para as enormes janelas de vidro. A vista da cidade à noite deve ser maravilhosa.

"Estão insatisfeitos com o acordo de paz" Diz Vegas duramente. Sua expressão também não é boa. "Pensamos que faria bem para todos os lados, mas estávamos errados."

Apavorado com a ideia de algo que Pete não sabe o que é, ele abraça Vegas firmemente, escondendo o rosto contra a curva do pescoço dele. Embora seja ótimo, não alivia o peso no peito de uma culpa inexistente que ele está carregando.

Tudo isso porque ele aceitou o destino escreveu para eles?

"O que nós vamos fazer?" Questiona Pete em voz baixa.

O que eles podem fazer, afinal? Se essa decisão não agrada, o que mais eles podem fazer? E por que abominam a ideia de um mundo sem lutas? Pete não é tolo de achar que seriam tratados como iguais, mas eles não teriam mais motivos para brigar, para derramar sangue.

"Helin quer adiar o casamento. O nosso Conselho já concordou, vamos passar para os seus pais." Diz Vegas contra seu pescoço, as mãos firmes em suas costas. Isso faz a barriga de de Pete pesar como chumbo. "Até que as coisas se acalmem. Acredito... que vai ser melhor assim."

Quer dizer, pode ser bom, ou pode fatalmente ruim. De qualquer forma, se ajudar a parar o que está acontecendo agora, Pete não vai negar.

"Eu estou uma bagunça" Diz Pete, segurando a voz. O choro agarra em sua garganta, como um par de mãos, e ele suspira contra o ombro de Vegas. "E o meu pai... não é meu pai biológico." 

Algo atravessa a ponte do vínculo deles, mas é tão rápido que Pete não consegue perceber o que é.

"O que?" Diz Vegas, endurecendo em seus braços.

"Tull Saengtham não é meu pai" Diz Pete com mais firmeza. "O meu pai... se chamava San, e era alma-gêmea da minha mãe."

Afastando-o, Pete quase tropeça para frente quando Vegas segura seus ombros com mais firmeza. O rosto dele está petrificado com uma expressão tensa, seus ombros igualmente endurecidos.

"Ela disse que ele foi assassinato no dia em que eu nasci" Completa Pete, a angústia apertando no peito e um nó difícil de engolir na garganta. "Por Vamphirs."

"O que mais ela te disse?" Questiona Vegas.

A coisa que ele deixou atravessar antes vem de novo, mas dessa vez Pete conseguir entender. Como June, não é surpresa, nem choque. É diferente... é amargo e doloroso, parecido com o próprio sentimento que Pete está carregando.

É culpa.

"Por que está se sentindo culpado?"

Vegas vacila.

"O que a sua mãe te disse?" Questiona Vegas novamente, ignorando-o. Os olhos dele, castanho-âmbar estão escuros, ansiosos. "O que ela disse sobre a noite que seu pai foi assassinado?"

Sustentando o olhar dele, Pete percebe outra coisa. Além do sentimento de culpa, ele percebe que assim como June, o fato de Vegas não estar surpreso, significa que ele... também sabia.

"Vegas." Diz Pete, se afastando um passo. "Você sabia disso antes de eu te contar."

Consciente de que Vegas não está negando a informação, isso cai em Pete como um soco no estômago. Ele poderia, se quisesse, uma vez que tem muito mais controle sobre o vínculo do que Pete, seria fácil não deixar passar nada, mas ele não está fazendo.

Ou Pete está enganado e Vegas não tem tanto controle assim.

De qualquer forma, Pete não consegue esconder a mágoa. Afinal não é divertido ser o último a saber das coisas. Ainda mais algo assim.

"Isso vai além do que eu posso te falar agora" Diz Vegas pragmaticamente meio segundo depois.

Mas a pergunta ainda está lá, se remexendo inquieta nos pensamentos de Pete, aumentando a confusão.

Como Vegas sabia disso quando aparentemente mais ninguém além de sua própria família parecia saber?

"Está mentindo para mim?" Questiona Pete em um murmúrio.

"Não" Diz Vegas rapidamente, se aproximando todos os passos que Pete andou para trás. "Não, eu só... eu sabia sobre o seu pai, mas eu não tinha o direito de contar isso para você."

"Não era seu segredo, não é?" Diz Pete amargamente, se arrependendo quase no mesmo momento.

Não é culpa dele.

"Pete" Diz Vegas, a expressão mudando para algo suave. "Você não ia acreditar em mim. E para ser sincero, eu não pretendia."

Engolindo o nó, Pete permite que Vegas o toque novamente. Ele tenta, mas não consegue se sentir verdadeiramente chateado com ele. Pete só... quer um abraço agora. E fingir que o dia de hoje não existiu.

"Por que?"

Sorrindo, Vegas pega seu rosto entre as mãos mornas, os polegares acariciando suas bochechas. Como Pete poderia ficar irritado com ele?

"Porque isso não muda nada sobre quem você é" Diz Vegas suavemente. Depois ele se aproxima o bastante para beija-lo na boca. Não é um beijo de verdade, mas seus lábios se encostam e todas as borboletas adormecidas levantam voo no estômago de Pete. "Sobre o Pete que eu amo. Não muda nada."

Pete olha para ele, se sentindo um idiota.

"Você me ama?" Ele se ouve perguntando, todas as outras coisas no mundo de repente se tornando tão pequenas e não importantes.

Bem, foda-se que ele não seja filho de Tull Saengtham, e que sua mãe guarde rancor por isso. Não vai trazer seu verdadeiro pai de volta, e nada disso importa para Pete agora.

"Claro que eu amo" Os olhos de Vegas se iluminam, e sua voz é tão doce que Pete poderia morrer agora. "Eu te amo há muito tempo, Pete Saengtham."

Pete deseja bater em si mesmo quando se sente enrubescer, seus olhos automaticamente ficando úmidos.

"Se tiver brincando, não tem graça." Ele diz a Vegas, não querendo parar de olhar para ele.

Divertindo-se com sua reação, Vegas se inclina para perto e o beija lentamente. Pete não se surpreende quando se dá conta de que seus sentimentos são precisamente os mesmos.

Ele provavelmente já estava louco por Vegas ainda quando eles estavam tentando se livrar um do outro, embora Pete não planeje assumir isso em voz alta nem sob ameaça de morte.

"Eu sei disso" Diz Vegas contra sua boca, segurando Pete mais perto. "Você não é bom escondendo as coisas de mim."

Que coisa, então.

Pete se sente muito melhor agora, no entanto. Ele não consegue disfarçar o sorriso enquanto pilota de volta para casa, e nem mesmo saber que vai ter que encarar tudo aquilo de frente, é capaz de derrubá-lo.

Nada pode me derrubar, é o que Pete pensa quando estaciona na garagem de casa.

Ele percebe que está errado no segundo em que os olhos frios de sua mãe viram em sua direção.

"Você está pronto para o resto da história?" Ela pergunta laconicamente, olhando para Pete como se ele não passasse de uma coisinha irritante.

Se machucou antes, agora não machuca mais.

"Eu não quero saber" Diz Pete, sustentando o olhar dela. "Tull Saengtham foi o homem que me criou, e quem eu chamei de pai, então ele é meu pai. Eu sinto muito pela sua perda, mãe. Mas nada disso vai trazê-lo de volta."

Papai o abraça pelos ombros, apertando Pete em seus braços.

"Você é meu filho" Ele diz em seu ouvido, a voz estranhamente rouca. "Você é meu filho."

Mas mamãe não parece satisfeita. Ela nunca está.

"San estava feliz por ter você" Nya diz, sobre o ombro de seu pai. Pete fecha os olhos, não querendo olhar para ela, não querendo ouvir mais. "Mas ele foi arrancado de mim."

Papai se afasta o suficiente para olhar para ela.

"Nya, ele não quer saber." Ele diz, a expressão cansada.

"O seu pai biológico não te criou porque não deixaram" Ela continua, a voz profundamente hostil e dolorosa. "Ele não te criou porque foi assassinado pela família que rege os Vamphirs."

O coração de Pete acelera.

"O que?"

"Macau Theerapanyakul transformou uma humana" Diz sua mãe, os olhos queimando em raiva e dor. "Ela se descontrolou como todo recém-transformado e tivemos que interferir. Eu implorei para San ficar mas ele não me ouviu."

"Nya..." Murmura Tull, em vão.

"Ela matou o seu pai, e Macau Theerapanyakul assassinou muitos dos nossos..." Diz Nya, os olhos perdidos em lembranças. "A família o protegeu. Eles sempre se protegem."

Seu celular vibra no bolso da calça, então Pete para de ouvir qualquer coisa depois disso. Com uma mão dormente, ele alcança o aparelho e com os olhos cheios de lágrimas lê o nome no leitor.

"Você não vai atender?" Questiona mamãe ironicamente.

O celular vibra mais uma vez antes de parar. O nome de Vegas aparece na tela, logo abaixo do registro de chamada perdida.

Está mentindo para mim? Pete perguntou a Vegas, uma hora atrás.

Não, ele respondeu, olhando em seus olhos.

A família o protegeu, disse sua mãe. Eles sempre se protegem.

Ela é fria e distante, mas não é mentirosa.

Vegas sabia sobre Macau e a recém-transformada Vamphir que assassinou seu pai biológico.

Algo se parte no peito de Pete, como o coração.

Vegas, seu Vegas, mentiu para ele.






[...]

O que acharam desse e pelo amor de Deus o que acham que vai acontecer agora?

Espero que tenham tido um bom Natal e virada de ano 🤍

Até a próxima! Beijo!

Pokračovat ve čtení

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