CLOSED EYES | sope

By hobitx

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Em um mundo onde o cem por cento não existe, o perfeito nunca chega e ninguém nunca está satisfeito com o que... More

[01] routine
[02] piano
[03] rain
[04] one week
[05] park
[06] bulgogi
[07] shower
[08] hug
[09] cafeteria
[10] brother
[11] return
[12] drinks
[13] screams
[14] talk
[15] conversations
[16] admiration
[17] madness
[18] patient
[19] sexuality
[20] dinner
[21] dream
[22] jiseok world
[23] birthday
[24] doubts
[25] date
[26] needy
[27] weekend
[28] gift
[29] kisses
[30] beach
[31] truths
[32] relationship
[33] family
[34] stay
[35] why
[36] time
[37] deserve
[bonus] fun
[bonus] kims
[38] alone
[39] solution
[40] thanks
[41] soulmate
[42] adrenaline
[43] phenomenon
[bonus] call
[44] trip
[epilogue] open eyes

[extra] christmas

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By hobitx


OIIII!!!!!!!!!!
esse é um especialzinho de natal dos meus queridos que eu fiz tem um tempinho e esse ano decidi postar para vocês. tem só 13k porque realmente é bem simples, mas dá pra matar a saudade 🥺

aproveitem!

🎁


— Você sabe onde nós estamos, não sabe? – Yoongi perguntou.

— Sim, eu sei. Ela falou que ia encontrar a gente aqui – Hoseok respondeu olhando o celular. — Só deve estar atrasada.

Yoongi olhou para o chão, depois para os lados e por fim para o céu escuro. Assoprou para cima e viu a fumaça devido ao clima gélido sair de sua boca. Começou a rir sozinho e Hoseok o encarou franzindo as sobrancelhas.

Permaneceu fazendo isso até notar que estava sendo encarado. Sorriu e assoprou na cara do mais novo, o fazendo fechar os olhos e rir.

— Você é louco.

Yoongi deu de ombros.

— Já que estamos perdidos, tenho que encontrar alguma forma de me distrair.

— Não estamos perdidos! – repetiu e o mais velho virou o rosto para rir da cara de emburrado do outro.

De repente viram alguém correndo numa velocidade absurda na direção deles e Hoseok riu fraco ao reconhecer o cabelo loiro de Byul balançando com o vento conforme corria. Yoongi sorriu grande e abriu os braços para que a garota pulasse e o abraçasse. O impacto do corpo pequeno da loira fez com que ambos fossem para trás quase caindo se não fosse o maior os segurando.

Byul envolveu os braços ao redor do pescoço de Yoongi e o apertou sendo retribuída com os braços fortes em sua cintura, ainda a segurando fora do chão. A garota só se afastou para beijar sua bochecha diversas vezes.

— Que saudades, meu Deus! Vocês cresceram! – a loira brincou e os homens riram.

— Pois é, e você ainda está no mesmo lugar, neném – Hoseok devolveu e a garota fez um biquinho. O maior a puxou para um abraço e beijou sua testa — Está tudo bem? Você está tão linda.

— Estou bem sim! Só estou cansada por vim correndo. Esqueci que vinha buscar vocês e me distraí com uma loja de instrumentos musicais – deu de ombros — Inclusive no meio do caminho esqueci que vim de carro e deixei ele estacionado na frente da loja. Vamos – disse voltando a andar puxando os dois homens enquanto falava sem parar.

Hoje é dia 20 de dezembro, o relógio marcava quase 10 horas da noite e com certeza fazia menos de 5°c. Era a primeira vez que Hoseok e Yoongi conheciam Nova Iorque no final do ano, mas não estavam prestando muita atenção no céu escuro cheio de nuvens e muito menos nas ruas no momento. O frio que fazia não se comparava ao frio na barriga que a ansiedade estava causando.

Jiyoon não fazia ideia de que eles estavam no mesmo lugar que ela.

Byul, melhor amiga de Jiyoon, estava levando os dois homens para a casa que compartilhava com a mesma. Já faziam um ano e meio que haviam se mudado, a última vez que foram para a Coreia já fazia pouco mais de um ano. Então Hoseok e Yoongi pediram ajuda a garota para fazerem uma surpresa a Jiyoon, pois iriam passar o Natal com ela.

No carro a loira continuava a falar com Yoongi sobre como estudar música é agradável e como os ensinos dos países eram diferentes. Hoseok olhava para a janela, vendo as decorações de Natal na entrada das casas passarem depressa.

Quando a loira finalmente anunciou a chegada a eles, o celular de Hoseok começou a tocar e não o deu tempo de respirar fundo antes de descer do carro. Pegou o aparelho e olhou rapidamente, arregalando levemente os olhos ao ver o nome de Jiyoon na tela.

— Ela sabe? – ele perguntou baixo mostrando a tela do celular.

Byul negou e fez um gesto para que ele atendesse, então fez.

— Oi, princesa – atendeu sorrindo.

Pai eu não faço ideia de que horas deve ser aí porque eu nunca gravo fuso horário, mas se for cedo: bom dia. Como se amarra uma gravata? – falou rápido, com a voz um pouco longe.

Hoseok riu, fazendo com que Yoongi risse também mesmo sem saber o que estavam falando. Abriram a porta do carro e foram colocando as malas para fora, enquanto mantinha o celular preso entre a orelha e o ombro.

— Por que está amarrando uma gravata agora? – perguntou confuso.

Você está questionador hoje.

— Essa foi literalmente a única pergunta que eu fiz até agora.

Eu tenho certeza de que hoje deve ter feito alguma pergunta pra alguém que não tenha sido eu.

— Ah, sim. Hoje eu perguntei pro Yoongi se ele ainda quer casar comigo.

Jiyoon riu. De uma maneira tão gostosa que quase fez Hoseok abrir a porta e ir até ela.

E ele aceitou?

— Não. Disse que eu sou lindo demais pra ele e não vai dar pra casar comigo.

Sinto muito, lindão – Jiyoon respondeu com um tom triste.

— Não sinta. Eu ainda vou fazer ele mudar de ideia – respondeu e Yoongi associou a conversa e colocou as mãos na cintura. Hoseok lhe mandou um beijo no ar — É isso mesmo que você ouviu. Eu ainda vou conquistar esse seu coraçãozinho difícil.

Jiyoon riu de novo.

Ele está aí? Diga que eu mandei um beijo e que pedi pra ele te dar uma chance. Enfim, como que se amarra?

Hoseok franziu o cenho, pois não estava entendendo o propósito.

— Espera um pouco, meu amor. Pergunte para o recusador de pedidos de casamento.

Passou o celular para Yoongi e fez um gesto com os dedos para ir a enrolando. Enquanto o mais velho procurava como explicar como se amarrava uma gravata, Byul abriu a porta da casa e foi colocando as malas na sala junto do mais alto. Ouviam a voz da Jiyoon brigando com fitas de cetim na bancada da cozinha enquanto o celular estava no viva-voz.

Yoongi entrou e parou no meio da sala, a vendo sentada de costas para eles. Seu coração deu um sobressalto de alegria ao ver a cabeleira escura e longa, muito bem conhecida por si.

De costas Jiyoon parecia ser a mesma de muitos anos atrás. O seu tamanho era quase o mesmo e nunca se livrava de seu cabelo batendo no final das costas. Estava sentada de uma maneira que não conseguia ver quem entrava em casa e aparentemente estava muito distraída. Os três pensaram que talvez fosse o destino colaborando com eles em não deixar que a mulher os visse.

— Agora você passa essa mesma parte por dentro do arco, como um lacinho de cadarço. Você sabe amarrar um cadarço, não sabe?

— Isso não é um cadarço, é um inferno! Como ele faz isso todos os dias e não explode? – quase gritou e os três riram bem baixo — Vou desmanchar e fazer de novo. Começa do começo, por favor. Última vez. Fala como se estivesse explicando Bhaskara para um alce, talvez desse jeito eu aprendo.

— Tudo bem, coração, vamos tentar de outro jeito. Abre a gravata e pendure na sua mão – disse e viu a garota levantar a mão e pendurar a fitinha nela. Yoongi estava se controlando o máximo não largar o celular e ir correndo até sua princesinha — Depois você vai pegar o lado menor e dar uma volta no maior – explicou e viu a garota fazer errado, bufando em seguida.

Hoseok foi andando até chegar atrás dela e como se fosse completamente normal, segurou em seu cotovelo e o levantou para sua mão ficar numa posição melhor.

— Deixe-me te ensinar. Preste bem a atenção – falou e Jiyoon assentiu emburrada, não notando quem estava falando.

Yoongi e Byul se encararam com os olhos arregalados.

— Fica com a mão aberta e pendure desse jeito. A fita vai por cima, com a parte menor para trás. Agora enrole essa parte menor na outra.

— Assim? – mostrou levantando a mão e Hoseok assentiu mesmo sem ela ver.

Yoongi e Byul ainda os encaravam incrédulos. Olhando os dois como se estivessem pintados de verde.

Hoseok estava a ensinando a amarrar uma gravata pessoalmente, e aparentemente Jiyoon até agora não notou o que estava realmente acontecendo. Parecia mais uma cena de desenho animado.

— Muito bem. Agora essa parte maior você passa por cima, depois puxa isso e passa por dentro desse arco – falava com paciência enquanto Jiyoon fazia como se estivesse desarmando uma bomba. Quando conseguiu, olhou para a gravatinha de longe e fez um biquinho triste.

— Não ficou igual, está feio – reclamou.

— Para uma primeira vez está perfeito, minha vida. Tenta fazer outro.

— Tudo bem – assentiu e começou a procurar outra fita.

Jiyoon levou exatos dez segundos para paralisar e ficar completamente imóvel. Notou o que tinha acabado de falar e o que estava acontecendo, parou de procurar e olhou para um ponto fixo até processar o que tinha acabado de acontecer. Olhou para o lado e viu Hoseok e Yoongi parados a encarando. Ficou uns bons segundos olhando para os dois, quando assimilou levantou em um pulo, fazendo com que o banco que estava sentada caísse. Enlaçou os braços ao redor do pescoço dos dois e apertou forte, causando até dor.

Byul caiu numa risada escandalosa, vendo Jiyoon tentando escalar os dois homens.

— Amor está machucando, afrouxa o braço senão eu vou morrer – Yoongi falou rindo e se soltou de seu braço.

Hoseok segurou sua cintura e a trouxe para cima, a abraçando forte. Jiyoon enlaçou suas pernas em sua cintura como um coala, ainda abraçando seu pescoço. Não se importava nem um pouco se estava pesando, independente de tudo seu pai sempre a daria colo.

Não falavam nada, apenas permaneciam abraçados por muitos segundos.

O mais alto conseguia sentir seu coração acelerado contra si, mesmo estando enrolado em três casacos. Desconfiava que Jiyoon desmaiou em seu colo, pois nem se mexia. Hoseok afastou o rosto para dar beijinhos em sua cabeça. Ainda apertando sua cintura, começou a mexer o corpo como se a ninasse, como sempre costumava fazer. Seu coração estava batendo numa velocidade anormal, mas não estava ligando nem um pouco.

Yoongi sorriu e a abraçou por trás, antes dando um beijinho atrás de sua cabeça. Só então Jiyoon tirou o rosto do ombro de Hoseok para olhar para trás.

Sua cara estava lavada em lágrimas, mas sua expressão era de nervoso.

— Como que vocês fazem uma coisa dessas comigo? Eu quase infartei! – falou alto e os dois riram — Não é pra rir! Meu Deus, eu estou sonhando... – murmurou.

— Você é lenta demais – Byul falou e Jiyoon mostrou a língua para a mesma, descendo do colo do maior — Ele estava literalmente te ajudando a amarrar uma gravata, Jiyoon!

— Eu estava transtornada de nervoso com isso, não notei! – disse e olhou para os dois mais velhos, um de cada vez. Então sorriu e abaixou a cabeça pra chorar de novo com as mãos fechadas nos olhos.

Ambos se encararam e a abraçaram ao mesmo tempo, tentando fazer com que parasse de chorar.

— Ei, coração, não chora. Eu vou acabar chorando junto – Yoongi resmungou e isso fez a garota rir.

Jiyoon se virou para abraçar o mais velho, sentindo as mãos grandes acariciarem suas costas e seu cabelo ao mesmo tempo. Estava tão feliz que não sabia nem o que fazer, a única coisa que tinha vontade era de gritar.

Quando se soltaram Byul se enfiou entre os três e abraçou os dois homens enquanto ria da amiga.

— É bem fácil te enganar. Não sei se isso é triste ou adorável – falou e Jiyoon cruzou os braços. — Tem que parar de ser otária.

— E você acha legal chamar a própria amiga de otária na frente dos pais dela?

— Acho.

Jiyoon fez uma careta nervosa para a amiga, mas não ficou assim por muito tempo já que notou os dois homens ali e voltou a sorrir.

Qualquer motivo para ficar brava a partir de hoje seria anulado, pois seus pais estavam consigo novamente.

— Voltei, minhas lindas! Meu coração ficou apertado em deixar vocês sozinhas – ouviram uma voz feminina alta dizer em inglês ao abrir a porta com força — Estou brincando, na verdade eu desisti de ir pra outra cidade agora e acabei decidindo ficar aqui com vocês – disse e brincou fazendo um biquinho. Ao notar que tinha duas pessoas que não conhecia, recolheu os ombros — Eita. Não notei que tinha visita.

Jiyoon viu a garota que morava consigo e com Byul e sorriu, correndo para seu encontro e pulando em seu colo.

— É um sonho! Todas as minhas pessoas favoritas no mundo reunidas! – falou, e agarrou os ombros da garota, sacudindo.

A garota não era conhecida por Hoseok e Yoongi de vista. Jiyoon havia falado sobre ela, mas não chegaram a conhecer, mesmo que por ligação.

— Lindos e charmosos. Se não forem o FBI vindo interrogar vocês, são da agência secreta. Mas são lindos até demais. São solteiros? – a garota falou descontraída e ambos sorriram. Jiyoon arregalou os olhos com a espontaneidade da amiga — Ah, meu Deus! Vocês entenderam o que eu falei, né? Desculpa! Okay, vamos começar de novo. Ji quem são esses dois bonitões? Com todo respeito.

Yoongi deu uma risada tão gostosa que levou todos a rirem.

— Madison esses são meus papais, Hoseok e Yoongi. Meus papais, essa é Madison, conhecida por ser a mãe da casa – Jiyoon falou animada, gesticulando com a mão enquanto os apresentava.

Madison foi até eles e os cumprimentou com um abraço caloroso, seu jeitinho descontraído e extrovertido não a permitiu que se sentisse acuada perto deles.

— Então isso responde minha pergunta: não são solteiros – fez um bico e eles riram.

— E talvez velhos demais pra você? – Yoongi sugeriu — Principalmente ele – apontou pro Hoseok, que fez uma carranca para o marido.

Madison arqueou a sobrancelha.

— Isso nunca foi um problema pra mim – brincou e Jiyoon riu.

Em seguida teve um choque de realidade e começou a sapatear no mesmo lugar.

— Céus, meus pais estão aqui! – Jiyoon falou alto, chamando atenção de todos.

Voltou a os abraçar forte, rindo como se estivesse presenciando algo totalmente engraçado.

— É um dos melhores natais da minha vida! – gritou novamente.

— Homem pelo amor de Deus largue essa xícara! – Jiyoon falou voltando pra sala, cruzando os braços para Hoseok. O homem, que estava rindo distraído, escondeu a xícara atrás as costas mesmo que não adiantasse de nada — Yoon ele está bebendo café de novo!

Yoongi voltou da cozinha com uma xícara na mão também.

— Me chamou?

Jiyoon rosnou, fazendo com que todos presentes rissem.

Madison havia se entendido com Hoseok mais do que nunca, pois estava cursando Direito e amava conversar com quem já tinha experiência. O mais velho não se importava nem um pouco em conversar sobre seu trabalho e muito menos em ensinar outras pessoas, aquilo só deixou a garota mais animada. Estavam a mais de uma hora conversando sem parar enquanto Yoongi, Byul e Jiyoon conversavam sobre música em geral.

Hoseok e Yoongi haviam passado a viagem inteira sem dormir e estavam cansados. Por mais que quisessem passar mais tempo com as garotas o sono era maior. Notaram isso quando nem o café estava fazendo efeito.

Enquanto falava, Jiyoon notou como Yoongi estava piscando lentamente e levantou do sofá para se sentar ao seu lado. Passou o braço ao redor de seu corpo, duas vezes maior do que o seu, e o confortou em seu corpo.

— Vocês podem ir dormir, devem estar bem cansados da viagem. Arrumei o quarto de vocês lá em cima – falou e Yoongi sorriu.

— Desculpa, princesa. Queríamos passar o resto da noite te ouvindo falar, mas o seu pai quando está ansioso consegue falar mais do que você e eu fui obrigado a ouvir ele a viagem inteira – disse baixinho e Jiyoon e Byul riram — Amanhã eu prometo que sou todo ouvidos para vocês.

Jiyoon sorriu assentindo e se jogou em seu colo para o abraçar.

No quarto Yoongi pensava se deixa as malas do jeito que estão ou se lutava com a preguiça para desfazê-las ainda hoje. Chegou a conclusão que iria pensar nisso enquanto dormia. Estava cansado, estava feliz, estava com preguiça, tudo misturado.

Hoseok entrou no quarto com um bico enorme nos lábios.

— Eu nunca, nunca, nunca mesmo, inventei história para não tomar banho – disse atraindo a atenção do mais velho — Mas está fazendo menos de dez graus. Esse provavelmente foi o primeiro e último banho que eu tomei dentro dessas duas semanas que vamos passar aqui.

Yoongi começou a rir.

— Não foi tão ruim assim, imundo.

— Então amanhã você toma o banho junto comigo para eu ver se não é ruim mesmo – disse subindo uma sobrancelha e Yoongi fechou o sorriso.

— Essa foi perspicaz. Parabéns pelo seu esforço.

— Isso significa que...? – questionou esperando.

— Que você vai ficar sem tomar banho – Yoongi piscou — Seu porco.

Hoseok bufou e se jogou na cama. Só quando sentiu o colchão sob seu corpo e os três cobertores, percebeu o quanto estava cansado. Absurdamente cansado. Yoongi apagou as luzes e deitou por cima do seu corpo. Ia fazer uma massagem como sempre costumava fazer quando o via deitado de bruços, mas notou que aparentemente o outro já estava dormindo. Beijou sua nuca e rolou para o outro lado, jogando um dos cobertores por cima do corpo adormecido.

O silêncio na casa mostrava que todas já estavam dormindo, mas Yoongi notou a porta abrindo e se virou para ver Jiyoon parada ali na porta entrando e fechando a porta atrás de si com cuidado. Viu o mais velho acordado e o encarou com a mesma carinha que fazia quando era uma criança e queria pedir algo.

— Eu posso dormir com vocês? Estava com muita saudade e não consigo dormir sabendo que vocês estão debaixo do mesmo teto que eu – pediu baixinho.

Yoongi sorriu e levantou o cobertor para que ela ficasse entre os dois. A garota sorriu e se deitou ali, não demorando nada até abraçar o corpo do mais velho.

Jiyoon ainda tinha o mesmo cheiro doce que sempre teve, mostrando não ter perdido a essência de uma criança doce e adorável. Hoje estava com quase 28 anos, mas parecia ter 10. Não havia mudado nada além de seu tamanho. Yoongi continuava se encantando com sua delicadeza a cada dia que passasse.

A garota lhe encarava fixamente, perdida em seus pensamentos, pensando se era possível uma pessoa ficar tão feliz em apenas um dia.

E sim, era muito possível.

— Eu estou tão feliz que vocês estão aqui que estou desconfiando ter um treco – a mais nova comentou e Yoongi riu.

— Eu não vim de outro país pra você vim ter um treco do meu lado. Pelo menos espera o Natal chegar.

Jiyoon fez uma careta desgostosa.

— É desse jeito que você fala com a sua filha?

— Sim – respondeu simples.

A garota resmungou e tentou sair da cama, mas foi puxada pelo mais velho, que ria.

— Eu te amo muito, meu bebê – beijou sua testa e a abraçou forte, a apertando em seus braços.

Hoseok se virou para o lado e sentiu uma cabeleira maior do que estava acostumado roçar em seu nariz. Abriu os olhos e sorriu ao ver quem estava ali. Abraçou sua cintura, deu um beijinho atrás de sua cabeça e voltou a dormir.

Pelo costume de sempre acordar ao amanhecer, Hoseok acordou primeiro, mas desejou continuar dormindo. O frio da manhã era extremo e não queria nem pensar em como sairia da cama sabendo que congelaria no primeiro segundo.

Abriu os olhos e permaneceu olhando para o teto até acordar por completo. O peso que sentia em cima de si era dos edredons que o impediu que congelasse durante o frio da madrugada, mas também tinha as pernas de Jiyoon por cima das suas. Se isso fosse a alguns anos atrás, a primeira coisa que faria era jogá-las para o outro lado da cama e levantar antes que a mesma notasse que perdeu a fonte de calor. Porém, neste momento, ele conferiu para ver se a garota estava confortável daquele jeito e continuou parado.

Queria pegar seu celular para conferir a hora, mas não fazia ideia de onde o aparelho estivesse e também não queria de jeito nenhum acordar Jiyoon.

Até que notou uma coisa: só tinha ele e Jiyoon na cama.

Yoongi normalmente não acordava mais cedo do que ele, mas especialmente hoje ele não estava na cama. Levantou o pescoço e olhou em volta do quarto para ver se ele estava por ali, mas não estava.

— Ele levantou faz uma hora – ouviu Jiyoon resmungar e se assustou.

— Então a senhorita está se jogando em cima de mim mesmo estando acordada? – disse e a ouviu rir.

— Você é tão quentinho... Não me mata de frio não, por favor – disse e o abraçou — Hoje está mais frio do que o normal.

— Minhas pernas estão dormentes – reclamou e a garota tentou se arrumar de modo que livrasse suas pernas — Não aperte minha bexiga.

Jiyoon bufou e se levantou, cruzando os braços. Hoseok a encarou e começou a rir.

— Você costumava ser bem mais carinhoso comigo. É por que eu cresci? – reclamou — E também não tem coragem de mijar na sua filha, Jung Hoseok.

O mais velho arqueou a sobrancelha.

— Tem certeza? Bota o joelho na minha barriga de manhã cedo pra você ver se eu não tenho coragem mesmo.

Jiyoon revirou os olhos e se levantou. Saiu do quarto batendo os pés e resmungando o quanto estava frio, fazendo drama e anunciando pra todos que seu pai era um desnaturado. Hoseok riu e também se levantou para ir ao banheiro.

No andar de baixo, Jiyoon procurava por Yoongi. Sabia que o mesmo já tinha acordado, pois o cheiro de café que estava na casa era o dele: forte. Mesmo com seu pijama de frio e um casaco de moletom, a garota sentia sua pele se arrepiar inteira. O frio estava extremo. Byul e Madison costumavam acordar mais tarde, teve a certeza de que ainda estavam dormindo porque até agora não viu nenhuma das duas.

Chegou na cozinha e viu a porta dos fundos aberta, mas não viu ninguém. Ia fechar a porta, mas viu Yoongi lá fora com uma caneca quente de café, distraído.

Rapidamente entendeu por que estava tão distraído. Com os flocos branquinhos caindo lentamente do céu. Seu sorriso foi gigante.

— Está nevando! – a garota quase gritou e o moreno olhou para trás, sorrindo — Que lindo! Está nevando muito!

— Sim. Deve ter começado pela madrugada – disse apontando para o chão.

A neve fofinha cobria o chão inteiro. A piscina estava com uma camada não tão fina de gelo. Os galhos das duas únicas árvores que continham ali carregavam uma nuvem dos flocos branquinhos em cima delas. Aparentava estar nevando há um tempo, levando em conta a altura da neve no chão.

Yoongi estava parecendo um pacote gigante de tão embrulhado. A única coisa que faltava em si eram as luvas e uma touca para proteger suas orelhas que estavam vermelhos, igual seu nariz. Jiyoon o achou adorável, mas o que fez foi correr para seu quarto.

Abriu seu guarda-roupas e procurou por duas toucas que sabia que tinha. Quando achou, colocou uma em si e correu com a outra em mãos, até onde o mais velho estava. O chamou e colocou a touca rosa em sua cabeça, o ajeitando de um jeito que protegesse suas orelhas do frio.

Yoongi riu.

— Eu tenho uma touca na minha mala, meu bem.

— Então por que não estava usando? Está muito frio para você não se agasalhar – disse fingindo uma repreensão. Após conferir se ele sentia frio em sua cabeça, o abraçou forte — Depois vamos ao parque.

— Sim, mas só depois que a nevasca passar. E depois que o Hoseok acordar.

— Ele já acordou, tanto que ameaçou mijar em mim – brigou e Yoongi começou a rir — Isso não tem graça.

— Se torna engraçado quando imagina esse ato acontecendo. Principalmente quando se trata de uma pessoa que com certeza faria isso.

Jiyoon levantou o rosto e o encarou incrédula.

— Não me diga que... – não terminou a frase, mas Yoongi entendeu o que ela quis dizer ao ver ela gesticulando com o indicador. Apontando para o mais velho e para mais alguém.

— Sim, ele já fez, mas não é louco da cabeça pra fazer de novo. Sabe que eu castro ele – disse e a garota riu. Esticou o pescoço como se quisesse ver alguém atrás de Jiyoon — É de você mesmo que estou falando, bonitão.

A garota olhou para trás, vendo Hoseok olhando para a neve encantado.

— Uma paisagem dessas e vocês discutindo sobre mim? – disse os envolvendo em seus braços. — Meu Deus, que frio... Vocês já tomaram café?

— Você já mijou no Yoon? – a garota perguntou perplexa.

Hoseok deu de ombros.

— Não. Eu marquei território enquanto tomávamos banho. É completamente diferente – respondeu sério.

Yoongi revirou os olhos por escutar o marido falando a mesma coisa que falou naquele dia.

— Eu vou arrancar uma das suas bolas pra marcar território também. Nunca mais vai esquecer de mim  e todos vão saber que você não tem a bola esquerda por minha causa – resmungou enquanto Hoseok e Jiyoon riam.

A garota olhou para a cabeça de seu pai e fechou a expressão.

— Cadê sua touca?

— Na mala.

— Mas não é lá que deve ficar! Será que eu tenho que cuidar de vocês? – brigou — Suba agora e só volte aqui com uma touca. Sem resmungar.

O mais alto dali forçou uma cara brava.

— Por que está falando desse jeito comigo? – questionou.

— Porque, Senhor Jung, você está debaixo do meu teto e aqui sou eu quem mando – retrucou orgulhosa.

Hoseok ia retrucar, mas Jiyoon arqueou uma sobrancelha e o moreno bufou e saiu resmungando alto, com um bico enorme nos lábios.

— O que você está resmungando?

— Estou dizendo que te amo, porra! – gritou de volta.

Jiyoon semicerrou os olhos. Segundos depois Hoseok volta correndo e beija sua testa.

— Desculpa pelo palavrão – disse e voltou para o quarto.

Quando Jiyoon contava que a cidade era bem movimentada e que não estava acostumada, Hoseok e Yoongi imaginavam que fosse isso mesmo, mas não tanto. Não se via as ruas paradas em momento algum, sempre tinham carros passando para todos os lados. Principalmente no centro da cidade.

O Central Park era bem maior do que imaginavam. Continham árvores sem folhas e cobertas de neve por todos os lados, dando uma imagem linda. Yoongi estava com uma máquina fotográfica tirando foto de qualquer coisinha, como uma criança visitando o zoológico pela primeira vez. Fotografava principalmente Jiyoon e Hoseok juntos conversando.

Neste momento, estavam olhando para o enorme lago. Yoongi tirou uma ultima foto deles e guardou a máquina na bolsinha. Se aproximou deles e olhou para o céu escuro. Não nevava mais, mas o frio absurdo continuava presente.

Yoongi cutucou as costas de Hoseok e o mesmo olhou pra trás.

— Sol, segure minha câmera pra mim, por favor? Já volto – disse e saiu.

Jiyoon roubou a atenção do pai.

— Desde quando estiveram planejando isso?

Hoseok deu de ombros.

— Não sei. Acho que decidimos de ultima hora. Coisa de uma semana praticamente – respondeu — Estava com muita saudade.

Jiyoon sorriu grande.

— Eu também estava. Vocês quase me mataram de susto – riram — O pior é que eu nem desconfiei de nadinha. Estava tão ocupada com as coisas da faculdade que não percebi a Byul aprontando.

— Pedi para que ela disfarçasse bem, mas ela parecia mais eufórica que nós dois – disse e puxou a garota para um banquinho próximo. O mesmo estava coberto de neve, então Hoseok segurou a manga de seu casaco e limpou o assento para eles — Yoon começou a chorar quando viu que eu comprei as passagens.

Jiyoon começou a rir.

— Bom, agora que vocês já estão aqui e não tem mais perigo de estragar a surpresa, eu estava planejando com o tio Seok para ir até vocês também, mas não agora. Seria quando eu conseguisse uma folga bem extensa do trabalho e da minha semana de prova. Iria demorar um pouco – suspirou e enfiou as mãos dentro do casaco quente para os aquecer. Mesmo com suas luvas, suas mãos estavam gélidas. Hoseok segurou suas mãos, beijou as duas e enfiou em seu próprio casaco. Jiyoon o encarou e sorriu — Independentemente do tempo que eu fosse levar para conseguir ver vocês, mesmo que só conseguisse dois dias, sei que valeria muito a pena. Basta tê-los ao meu lado.

Hoseok sorriu e a puxou para um abraço, beijando sua cabeça.

— Você vai ser meu bebê para sempre. Sabe disso, não sabe?

— Eu vou fazer 28 anos.

— Foda-se – disse sem pensar — Desculpa.

Jiyoon riu e o encarou incrédula.

— Desde quando ficou tão desbocado? Você não era assim antes!

Hoseok deu de ombros de novo e riu.

— Tem que entender que eu estava desde os meus 18 anos sem poder falar palavrões a vontade por causa de você – coçou a nuca — E o tempo desde que você foi embora deu para me acostumar a usar um tal vocabulário. Só tem eu e Yoongi em casa.

— A culpa é minha pela sua má educação, Jung Hoseok?! – cruzou os braços, o encarando — Eu sei muito bem que você falava. Principalmente em seus momentos as sós.

Hoseok arregalou os olhos e a encarou. Suas bochechas começaram a ficar vermelhas.

— O que? Mas... O Yoongi que te contou isso? Ele ultimamente está cheio de falar o que acontece entre nós dois! – se defendeu rápido.

Jiyoon se afastou e franziu o cenho, antes de cair em uma gargalhada. Exatamente igual a sua: escandalosa e alta. Hoseok continuou a encarando.

— Eu estava falando do trabalho! Quando você estava estressado com o trabalho e começava a xingar sozinho! – disse tentando controlar a risada. Hoseok não estava tendo mais problema com frio, pois seu rosto já estava pelando — Ele não me fala nada, quem se entrega é sempre você com o seu desespero de impedir que sua filha adulta descubra o que é sexo – limpou as lágrimas no canto dos olhos — Relaxe! Eu já sei de onde vem os bebês.

— Chega desse papo. Vamos falar dos seus desenhos – o outro cortou e Jiyoon voltou a rir, desta vez fazendo Hoseok rir junto — Eu senti tanta falta de ouvir isso.

Viram alguém se aproximar e ambos sorriram ao ver Yoongi se aproximar com um sorriso enorme que quase fechavam seus olhos. O jeitinho que andava estava parecendo um pinguim, pois vestia duas calças, uma blusa de gola alta com dois casacos por cima. Contando também com sua touca e luvas que a garota o forçou a usar.

Daquele jeito parecia tão pequenininho que Jiyoon e Hoseok sorriram e sentiram vontade de o apertar inteiro.

— Venham ver o que eu fiz – disse e os puxou pelo braço.

Chegaram próximo de uma árvore enorme e o mais velho apontou todo orgulhoso para seu trabalho. Havia um montinho de neve um pouco alto no pé da árvore, mas era quase escuro, pois tentou pegar uma grande quantidade e misturou neve com terra.

Em cima do monte, tinha três mini bonecos de neve juntos, todo desmantelado com olhos e boca de pedrinhas que encontrou no meio da terra. Os bonecos estavam com tamanhos diferentes, formando uma escadinha, do menor para o maior.

— Que fofinho! – a garota falou alto, sorrindo largo — Espere...

Jiyoon deu as costas correndo, procurando alguma coisa. Quando encontrou, voltou e colocou dois galhinhos pequenos em cada bonequinho para imitar os braços.

— Agora está completo! – disse sorrindo para o mais velho — O maior sou eu, né?

— Você tem meio metro, Yoon – o outro respondeu — O maior obviamente sou eu.

Jiyoon resmungou, deitando a cabeça no ombro.

— Isso não é justo! Você tem meio metro também! – argumentou e Yoongi cruzou os braços, negando com a cabeça — Vou escrever a altura deles aqui. Eu tenho um metro e oitenta.

Yoongi riu ironicamente, vendo a mesma escrever 'Jiyoon: 1.80' ao lado do bonequinho maior.

— Você tem dezoito centímetros, Jiyoon! Hoseok faça alguma coisa!

— Não é sobre ele, é sobre nós! – rebateu.

Hoseok estava um pouco afastado, segurando a câmera e fotografando os dois com um sorriso caloroso nos lábios. Naquele momento, o frio que sentia antes não o assustava mais, pois seu coração havia aquecido todo seu corpo.

Aquela imagem jamais seria esquecida e era exatamente isso que queria. Nunca esquecer como amava sua família.

— Tem certeza disso? – Yoongi falou mais uma vez.

Jiyoon cruzou os braços, uma expressão nervosa no rosto.

— Pare com isso, Yoon. Cair é normal. Nós precisamos errar para aprender.

— Errar é uma coisa, agora cair com a grande possibilidade de quebrar um pulso é completamente diferente – apontou — Eu uso muito o meu pulso.

— Usa mesmo – Hoseok completou, já de pé. Jiyoon e Yoongi o encararam, perplexos — Eu quis dizer por causa do trabalho dele!

Jiyoon revirou os olhos e o puxou pelo braço, para o levantar.

A tarde continuava gélida, mas as ruas estavam cheias, com pessoas apressadas em todo o canto como todo final de ano. A família continuava no Central Park, colocando a conversa em dia e matando a saudade que tinham um dos outros.

Jiyoon arrastou Hoseok e Yoongi para o grande lago congelado que atraía todos os turistas que vinham passar o Natal em Nova Iorque. A garota aprendeu a patinar com algumas colegas da faculdade. Mesmo depois de tantos tombos e motivos de risada, hoje era uma de suas coisas favoritas a se fazer quando chegava o inverno.

Por isso, resolveu levar as duas pessoas que mais amava no mundo para praticar consigo. Hoseok não estava com tanto medo de patinar. Se passasse alguma vergonha, não teria problema nenhum, pois não morava ali. Ninguém o conhecia. Já Yoongi estava um pouco receoso, tinha dignidade.

O céu estava um pouco escuro, tanto pelas nuvens pesadas quanto pela noite chegando. Tudo estava iluminado, aumentando as chances de todos notarem Yoongi caindo. Ninguém estaria nem aí, mas na cabeça dele, sim.

Jiyoon conseguiu fazer com que viesse para o gelo, puxando suas mãos e o explicando como se patinava. Hoseok estava numa distância considerável, aprendendo sozinho e com muita maestria.

— É como se fossem rodinhas, a única diferença é que é muito mais fácil de deslizar – disse, ainda o puxando pelas mãos enquanto patinava de costas.

— É bem mais fácil falar quando você já parece profissional – resmungou, andando como um pinguim pelo gelo.

Jiyoon riu do biquinho que o mais velho fez.

— Mas eu não sabia nadinha como se patinava. Aprendi na marra – disse antes de parar — Olhe para meus pés.

Yoongi assentiu e viu a garota tomar distância enquanto patinava para longe, o mostrando como se fazia. Sua habilidade e seu equilíbrio com os patins eram admiráveis, para uma garota que era tão desastrada enquanto pequena. O mais velho a via explicando enquanto patinava, as vezes se virando para patinar de costas. O objetivo era a encarar para aprender a fazer sozinho depois.

Mas Yoongi só conseguia reparar em como era linda e talentosa.

Hoseok veio em sua direção, patinando perfeitamente bem e parou ao seu lado. Sorriu orgulhoso e segurou em seu rosto para plantar um beijinho em seus lábios frios e emburrados por não saber patinar.

— Tenta, baby. É bem fácil – disse tentando o puxar pelo pulso.

— Você vai me derrubar – soltou um muxoxo.

— Tudo bem, vamos de novo – Jiyoon apareceu e segurou seu outro pulso.

Assim, os dois saíram puxando Yoongi até ele estar deslizando, completamente sem jeito. Não conseguia manter as pernas juntas, então conforme deslizava, suas pernas iam abrindo aos poucos até quase estar com a barriga no chão, ainda sendo segurado. Hoseok e Jiyoon riam do outro resmungando sem parar, os chamando de idiotas.

Após alguns minutos quase caindo, perdeu o medo e arriscou tentar patinar sozinho no cantinho do rinque.

Passou os olhos pelo local e encontrou Hoseok e Jiyoon juntinhos, patinando como se fossem dançarinos, de mãos dadas e com um sorriso no rosto. Pareciam tão fechados um no outro, como se nada mais importasse. Apenas eles existiam ali.

Jiyoon estava tão feliz por ter seus pais consigo novamente em uma data tão linda como o Natal. Pensar que planejaram uma viagem apenas para vê-la a deixava extremamente alegre. Yoongi via seu sorriso enquanto girava com seu pai e ria porque sabia que a qualquer momento eles cairiam. E ainda assim, era uma cena que não queria esquecer nunca.

Não queria esquecer como amava sua família.

Era extremamente grato a Jiyoon e Hoseok por terem lhe proporcionado os melhores anos de sua vida, por terem trazido a luz que precisava. Hoje tinha certeza de que era o homem mais feliz e realizado do mundo inteiro. Pensar em quem era hoje graças a eles, lhe dava uma vontade imensa de chorar.

Ali, parado, parecia assistir a um fenômeno. Não conseguia tirar seus olhos de seu marido e sua filha rindo juntos. Hoseok e Jiyoon brilhavam e transmitiam calor, como um dia ensolarado.

Tinha um número considerável de pessoas patinando também, mas nada mais importava além de seu mundo e seu sol juntos.

Já era final da tarde quando Jiyoon, Yoongi e Hoseok chegaram em casa. Cada um carregava duas sacolas enormes com enfeites para a árvore de Natal que Jiyoon deixou para montar todos juntos, alegando que não havia montado antes por estar sem tempo. Os três reclamavam de dor nos pés de tanto andar, pois a garota fez questão de mostrar todos os seus lugares favoritos, desde uma lojinha de bugigangas até um restaurante.

Mesmo com dores nas pernas, nos braços por carregar as sacolas e com frio, era ótima a sensação de estarem juntos novamente. Conversando até perderem a voz, rindo até começar a chorar e se abraçando até o frio passar.

— E pensar que você não gostava de andar – Hoseok resmungou colocando as sacolas no chão.

— Eu não gosto. Só quis andar porque vocês estão aqui – disse e ambos olharam para ela incrédulos — Deixem de ser velhos! Dizem que é bom idosos manterem a rotina da caminhada, exercícios fazem bem. Principalmente para vocês, que já estão beirando os setenta anos.

— Setenta é a tua cara – Yoongi brigou e cruzou os braços — Quem tem setenta anos é a múmia do teu pai.

— Vai se foder, Yoongi. Quando é pra fazer algo do teu agrado, nunca estou velho – Hoseok resmungou da cozinha. Dois segundos depois, rosnou consigo mesmo — Porra. Filha você não ouviu nada, certo?

— Ouvi o que? – a garota fingiu.

— Certo, obrigado.

Jiyoon negou com a cabeça e tirou sua bota suja para colocar outra bota que deixava próximo da porta. Esta era rosa todo aveludada, aparentava ser extremamente quentinha. Destacava-se completamente junto com suas roupas escuras. Yoongi parou para a encarar e sorriu a vendo tirar a touca para prender o cabelo longo no alto da cabeça por estar a incomodando ao tentar arrumar o calçado. Sempre soltava e a mesma resmungava sozinha.

Definitivamente não havia mudado nada.

Jiyoon reparou que estava sendo encarada e tentou levantar a cabeça, mas sem querer pisou no próprio cabelo e avançou pra frente.

— Às vezes eu penso na possibilidade de um corte de cabelo no ombro – resmungou de novo e levantou.

— Por que não corta? – Yoongi perguntou.

— Porque eu me acostumei com ele grande. Quem sou eu sem meu cabelo batendo nas minhas costas?

— Cabelo cresce, vida. Foi feito para mudar mesmo – Hoseok voltou da cozinha — Por que não muda?

Jiyoon o encarou sugestiva e assentiu.

— Vou pensar nisso amanhã. Vamos montar essa árvore antes das meninas chegarem – sorriu.

Algo que deveria ser fácil e rápido, se tornou estressante. Os três adultos esperavam que a cena clichê da família montar uma árvore de Natal juntos de uma maneira bonita e harmoniosa. Na verdade, o que tiveram foi Jiyoon brava porque os enfeites ficavam tortos, Hoseok brigando com algumas bolinhas vermelhas que caíam e saíam quicando pela sala inteira até se perder e Yoongi procurando a estrela pra colocar no topo.

Estava se tornando tarde, a árvore era gigante e finalmente estavam colocando os últimos enfeites restantes, ainda faltando a estrela do topo. Quando a porta se abriu e Madison passou por ela com uma caixa em mãos, Jiyoon fez um biquinho triste.

Seu objetivo era terminar antes de suas amigas chegarem, mas não calculou o tempo certinho que levaria pra montar a árvore de três metros de altura.

Nem haviam colocado as luzinhas pisca-pisca.

— Ei, o que houve? Que carinha é essa? A árvore está linda! – a garota americana deixou a caixa de lado e foi até Jiyoon, que estava de braços cruzados.

A mesma apontou para a árvore com raiva.

— Eu não lembrava que era tão difícil assim – resmungou — E também não sei onde está a estrela.

Madison riu tristonha.

— Oh, meu bebê, você esqueceu que ela está perdida desde o ano passado?

Yoongi arregalou os olhos.

— Eu estou procurando uma estrela perdida? – brigou indignado.

Hoseok riu e abraçou a filha.

— Você é a estrela mais brilhante desta casa. Ela ficou com tanta inveja do brilho da mulher da minha vida que resolveu sumir – disse a ela.

Jiyoon tentou esconder seu sorrisinho tímido e envergonhado, no entanto, satisfeito. Amava tanto ser mimada e paparicada, se sentia abraçada e quentinha.

Madison notou aquilo e sorriu.

— Eu posso aproveitar que meu corpo ainda está acostumado com o frio da rua e ir comprar uma – a garota sugeriu.

Jiyoon negou incessantemente.

— O que? Claro que não, Maddie! Vai sair no frio só por isso? Eu vou dar um jeito – disse e saiu correndo para seu quarto.

Foram poucos segundos até ela voltar com uma folha de papel, um estojo, cola branca, glitter e clipes de papel. Madison e Hoseok se olharam confusos, menos Yoongi. Era amigo da Jiyoon por tempo suficiente para entender como sua cabeça graciosa e criativa funcionava. Sabia exatamente o que ia fazer.

— Yoon você vai me ajudar – a garota apontou para o homem — O papai e a Maddie vão fazer o jantar.

— Mas quem foi que disse que eu quero cozinhar pra você? – o mais alto colocou as mãos na cintura.

— Estou com saudades de comer uma comida preparada pelo melhor pai do mundo – lançou o joguinho sujo.

Yoongi, que tinha acabado de se sentar no chão ao redor das coisinhas que Jiyoon havia jogado, a encarou indignado.

— Sua puxa-saco traíra! Eu que tinha o título de melhor pai do mundo! – brigou — Ele nem liga pra você!

Jiyoon o encarou rindo.

— Yoon isso foi no meu quarto ano da escola. Eu te dei o presente de melhor pai do mundo porque você estava me comprando com jujubas.

Yoongi levantou bravo e foi até a cozinha. Caçou a sacola que tinha trazido de uma loja pequena da cidade e escondeu nas costas. Voltou pra sala e ficou de frente pra Madison, ignorando o olhar curioso de Jiyoon.

Hoseok encarava tudo com graça.

— A partir de hoje você será minha filha – deu o pacote de jujubas que comprou para a garota. Jiyoon começou a resmungar alto o suficiente para o homem ouvir — Eu comprei isso para outra pessoa, mas ela revelou recentemente que eu não passo de uma mera bomboniere.

Jiyoon levantou rápido e agarrou a cintura de Yoongi, o puxando para trás para que não conseguisse entregar o pacote de doce para Madison, que ria junto de Hoseok.

A mais baixinha foi puxando Min para trás até sentir suas pernas no sofá. Caiu sentada ainda agarrada a cintura do mais velho, fazendo assim ele cair sentado em seu colo, rindo e ainda resmungando. Jiyoon tentou alcançar as jujubas ainda sendo esmagada pelo corpo mais alto e mais pesado que o seu.

O som do ambiente era bastante agradável. Baseava-se na risada de Madison, na torcida de Hoseok para a filha pegar a jujuba, no Yoongi resmungando falando que não era mais seu pai e em Jiyoon resmungando também, dizendo que não era mais sua filha.

Quem entrasse na casa e visse a cena, ia ficar completamente confuso. Na mesma medida que ia ficar muito alegre e confortável.

Dia 23 chegou bem mais rápido que esperava. Os dias se passaram corridos, contando com as vezes que tiveram que correr atrás dos preparativos da ceia, da decoração e dos presentes. Jiyoon não havia pensado em nada de muito extravagante e chamativo, já que ia passar o Natal sozinha em casa. Gostava da data, mas ao lembrar que Madison iria passar os dias com seus primos e que sua outra amiga voltaria para a Coreia e só voltaria em janeiro, não ficou muito animada. Iria ficar sozinha, não teria motivo para comemorar a data com a mesma alegria.

Agora via que estava totalmente enganada.

Tinha todas as pessoas que menos esperava consigo, principalmente seus pais. Madison planejava de ir para Seattle, ficar com seus primos e seu irmão mais novo até o Ano Novo. Byul iria para seu país de origem ficar com sua família também, mas refez suas contas e viu que não ia conseguir ir. Havia chamado Jiyoon para ir consigo, mas ela não tinha planejado nada e não gostava da ideia de decidir as coisas em cima da hora. Diferente de seu pai, que só sabia decidir as coisas nos vinte segundos de coragem.

Desde a manhã em que amanheceu nevando, até agora o chão se mostrava branco dos floquinhos brancos. Ontem a nevasca foi bem mais intensa que os dias anteriores durante a madrugada, então quando amanheceu o chão do quintal, que antes do inverno era coberto pelo gramado verde, estava sendo escondido por uma camada de aproximadamente dez centímetros de neve.

Fofa, gélida e encantadora. Perfeita para brincar de guerra de bolas de neve. Todos juntos, rindo e correndo, se escondendo para que não levasse uma bolada de gelo na cara.

Hoseok e Yoongi mostraram um lado que não viam há muito tempo. Brincaram e riram como nunca, matando a saudade que guardavam de boas risadas e brincadeiras que deixaram de fazer na ausência de uma criança entre eles. Todos eram adultos, mas quando juntos, rejuvenesciam pelo menos 10 anos.

Era uma sensação deliciosa que não sabia que sentiam saudade até vivenciar novamente.

O sol, que não esquentava absolutamente nada, ia embora e dava espaço para a noite vim trazendo um frio absurdo. Não nevava agora, mas a neve permanecia intacta e clara no solo. Escondendo o gramado e as flores que costumava deixar um ar fresco e gostoso de terra molhada.

Abraçados e tentando encontrar o calor em um gesto amoroso, Hoseok e Yoongi eram arrebatados pelo ar frio, o céu coberto por nuvens escuras denunciavam uma suposta nevasca em breve. Estavam sentados em um banco almofadado presente na varanda aberta, dependendo de suas roupas quentes e um cobertor que mal cabiam os dois.

Yoongi mantinha o olhar no céu escurecendo rapidamente com a ausência do sol, procurando a lua numa tentativa falha já que as nuvens a cobriam. Hoseok estava com a cabeça apoiada em seu ombro, os braços envolvendo sua cintura procurando o calor que só era existente na teoria, já que continuava com frio. Mesmo assim, não queriam sair dali. Era uma sensação confortável permanecer aproveitando a presença um do outro, fugindo um pouco da realidade monótona que ambos estavam acostumados.

Se pudessem, pausariam o tempo neste momento para que nunca pudessem voltar a realidade. Não os incomodava tanto, mas fugir da rotina de vez em quando parecia uma ideia maravilhosa.

Hoseok suspirou e apertou ainda mais o corpo menor em seus braços. Tremia levemente com o frio, mas o conforto sempre falava mais alto.

— Ei, quer entrar? – Yoongi perguntou. Hoseok negou — Você está tremendo. Pode ficar doente.

— Não me importo. Você vai cuidar de mim, não vai? – perguntou e levantou a cabeça para ficar com o queixo apoiado no ombro do outro, sorrindo.

Sorrindo até receber uma resposta negativa.

— Se você ficar doente o máximo que vou fazer por você é fazer uma sopa repleta de coisas verdes.

— E não vai dar nem na minha boca? – Yoongi negou — Nossa, como você ficou ruim do nada. Antes me dava as coisas na boca – fez um bico chateado.

Yoongi o encarou de lado, com a sobrancelha arqueada.

— Dava nada. Se for contar a última coisa que eu te dei na boca, não era alimentícia.

Hoseok sorriu com a lembrança, antes de dar de ombros como uma forma de dizer que tanto faz.

— Isso conta – se virou para voltar a encarar o céu — Apesar de que eu não me lembro muito bem disso. Já faz muito tempo. Deveríamos repetir para reforçar.

Yoongi revirou os olhos, rindo.

— Isso foi literalmente um dia antes de viajarmos, Hoseok – contou indignado — E eu já falei que não vamos fazer nada até chegarmos em casa. Lembre-se que estamos na casa da sua filha.

Hoseok bufou antes de abrir uma carranca. Até ter uma ideia.

— O que acha de darmos uma fuga e...

— Não – o interrompeu.

— Porra, desde quando ficou chato? – brigou.

— E desde quando ficou menos romântico? Estamos presenciando um ato lindo da natureza e você pensando em sexo!

Hoseok deu de ombros de novo.

— Mas sexo também é um ato lindo da natureza.

— Você está virando um velho muito safado. Você está com 47 anos, não 25. Eu estou preocupado com você – disse e Hoseok semicerrou os olhos para ele — Não acha que estamos velhos demais para ficar dando perdido para rapidinhas?

Hoseok endireitou a postura e virou para o homem ao seu lado. Seus braços estavam cruzados e as sobrancelhas juntas.

Yoongi sentiu vontade de o beijar inteiro.

— Rapidinhas é uma das coisas mais maravilhosas que inventaram. Não existe isso de "estamos velhos demais" – fez uma voz engraçada enquanto fazia uma caretinha, fazendo Yoongi rir de sua revolta — Enquanto tivermos disposição para dar perdidos para um sexo que surge do nada em lugares desprovidos de segurança, nós vamos dar. Eu só quero agir feito um adulto completamente irresponsável em alguns momentos, mas você fica me trazendo para a realidade, me lembrando que eu tenho que aceitar que estou ficando velho. Eu não quero ser um velho responsável!

— Você preparou um discurso inteiro apenas para defender a sua gula por fornicação, Jung Hoseok? – arqueou uma sobrancelha.

— Entenda como quiser.

— Eu vou te dar um soco no meio da cara – Yoongi ameaçou.

Logo o mais alto parou com as graças a contragosto. Com um bico chateado enorme nos lábios, voltou a encostar a cabeça no ombro do marido, que ria disfarçadamente.

Suas mãos estavam juntas em seu colo, então procurou pelas mãos de Hoseok ao redor de seu corpo e não demorou a entrelaçar deus dedos. Acarinhando as costas das mesmas com os polegares, fazendo pequenos círculos enquanto olhava para baixo. Onde as mãos se acariciavam por baixo do cobertor em um gesto carinhoso e surpreendentemente caloroso.

E após alguns minutos com seus pensamentos vagando pelas lembranças que vinham como flashbacks em sua cabeça, sorriu largo e apertou as mãos de seu amado. Hoseok sentiu o aperto e o encarou brevemente, antes de abaixar o olhar para o mesmo lugar que o outro encarava.

— Você sente falta? – perguntou, após segundos pensando.

Hoseok franziu o cenho, confuso.

— Sinto falta de quê? – perguntou.

— De tudo. De dedicar seu tempo a uma pessoa em específico, de acordar de manhã e pensar o que fará para agradar Jiyoon, de rir com bobeiras de apenas uma criança. De tudo, sabe? – pensou alto — Às vezes eu me pego pensando nisso. Eu lembro de como você cuidava da Jiyoon antes de nos casarmos, de como você dedicava a vida para ela, de como movia céus e terras para vê-la rir. Isso me marcou tanto que de vez em quando me sinto um egoísta em querer trazer tudo isso de novo. Teve dias que eu até pensei em conversar com você sobre... Sabe... Adotar uma criança... – abaixou o volume da voz. Hoseok, que dava toda atenção ao mais velho, retribuiu o aperto em suas mãos o encorajando a continuar falando — Mas eu não sabia o que poderia achar e... Eu... Eu não sei. Não sei o que poderia achar, como poderia reagir... – suspirou e resolveu não deixar uma abertura na fala para que não perdesse a coragem — Amo você mais do que ontem, amo Jiyoon desde que a conheço, amo nossa família hoje. Ao mesmo tempo que amo os tempos em que dávamos várias fugidinhas para termos um tempo a sós, que éramos obrigados a acordar mais cedo para que Jiyoon fosse para a escola bem... Eu me sinto patético e confuso... Talvez esteja velho demais para pensar nisso agora. Estou capengando – riu sem graça — Me desculpe. Um dia eu disse que não queria te falar nada disso para não estragar o que temos, mas senti que precisava dizer. Eu espero muito que você esteja dormindo e não tenha entendido nada do que eu falei.

— Eu já pensei isso – Hoseok respondeu.

Yoongi não queria ter escutado sua voz naquele momento.

— Ah – abaixou o olhar, constrangido.

— Baby somos casados a quase 20 anos. Não deveria se repreender para que não me diga o que pensa – falou baixo — A ideia de dedicarmos nossa vida a uma outra pessoa me parece uma coisa extraordinária. Eu admito que pensei nisso há muito tempo e não falei nada porque não sabia o que poderia pensar. Também pensei no fator da idade, mas não acho que estamos velhos demais para isso. Estamos velhos para ir em festinhas jovens, apenas. Apesar da ideia de dois homens beirando os 50 anos em uma boate não me pareça ruim – riram — Voltando ao assunto, se você já pensou em querer um filho deveria ter me falado antes, sabe que eu sou a última pessoa que te julgaria. Eu sei que estou sendo um pouco hipócrita, mas você poderia ter me falado.

Yoongi se sentiu um tolo. Queria fingir que não disse nada e sair dali. Era totalmente ridículo se sentir daquela forma perto de Hoseok, mesmo depois de todos esses anos juntos.

Suspirou pela quarta vez em vinte minutos.

— Eu sei disso – olhou para o chão.

— Olhe para mim – sorriu — Você quer?

Yoongi definitivamente não esperava que tivessem aquela conversa naquele momento, mas tiveram. Agora lidava com seu coração dando diversas piruetas, piorando ao ouvir a última frase que Hoseok havia dito.

Seu coração falou mais rápido que o resto de seu corpo, o levando a assentir diversas vezes.

O sorriso que teve em troca o fez pirar mais ainda.

— Então iremos nos planejar melhor, o mais rápido possível. Vai ser do seu jeito, anjo. Vamos chegar em casa e conversar com mais calma e nos planejar – o trouxe pra mais perto para que pudesse beijar seu nariz gelado. O abraçou para que pudesse o puxar para seu colo. Suas pernas permaneceram de lado, enquanto seu corpo ainda era apertado pelos braços de Hoseok. Sua bochecha era beijada várias vezes — Espero que não incentive mais seu coração a esconder as coisas de mim.

— Meu coração é seu, Hoseok – disse baixinho — Obrigado por ter proporcionado a melhor vida que eu poderia ter.

— E está prestes a melhorar. Não vou te deixar escapar dos meus braços assim tão fácil – brincou e virou seu rosto para lhe roubar um selinho — Eu te amo demais, baby. Você foi uma das melhores coisas que me aconteceram.

Yoongi sorriu e arqueou uma sobrancelha.

— E quais foram as outras coisas? – perguntou.

— O nascimento da Jiyoon e o dia que eu experimentei café pela primeira vez.

Seu colo rapidamente ficou vazio. Hoseok riu alto antes de puxar o mais baixo para um beijinho demorado.

— Vamos entrar. Está frio – disse e se levantou com o cobertor em mãos.

Puxou Yoongi para mais perto e jogou o cobertor quentinho sobre seus ombros para que pudessem entrar. Não estavam conseguindo andar juntos sem se esbarrar nos batentes, mas não queriam se desfazer da coberta e muito menos do abraço, então foram rindo até a sala enquanto batiam um no outro.

Jiyoon estava sentada em um dos degraus da escada vendo algo em seu celular e os viu entrando e se jogando no sofá. O sofá estava de costas para si, mas quando ouviu um baque de algo caindo no chão e a risada escandalosa de Hoseok, imaginou o que aconteceu.

E também imaginou o que aconteceria depois.

— Seu filho da puta! – Yoongi resmungou levantando e esmurrando o marido, que ainda gargalhava escandalosamente — Doeu, inferno! Eu fico viúvo, mas te mato ainda hoje.

Jiyoon começou a rir escondido. A situação era engraçada e a risada de seu pai era contagiosa, fazia qualquer um rir junto. O som dos tapas que Hoseok não conseguia impedir que Yoongi desse em si eram dolorosos, mas continuava sendo engraçado.

Sentiu uma mão ser apoiada em seus ombros e olhou para cima, vendo Madison sorrindo para si.

— Uau, que gritaria é essa? – perguntou descendo dois degraus e dando dois tapinhas na coxa da menor para que conseguisse se sentar entre elas. Jiyoon começou a mexer no cabelo da maior — Não estou acostumada a ter esse tipo de bagunça aqui em casa – comentou Jiyoon voltando a olhar para os pais, onde Hoseok tentava roubar um beijo de desculpas de Yoongi.

Madison olhou para onde a garota estava olhando e sorriu.

Foram poucos dias que passou com os pais de Jiyoon em casa, mas o pouco que viu foi algo que levaria de exemplo e inspiração para sua vida. Era muito nítido o relacionamento saudável que tinham e o quanto ainda se amavam.

Hoseok e Yoongi atraíam a atenção. Faziam qualquer pessoa perder tempo apenas olhando os dois se encarando.

A relação deles era magnética.

— Posso te fazer uma pergunta? – Madison perguntou.

— Claro.

— Como eles se conheceram?

Jiyoon sorriu com todas as lembranças vindo com força em sua mente. Nunca cansava de lembrar como sua família se desenvolveu e o que passaram para hoje estarem todos juntos e felizes.

— Yoongi foi meu professor de piano quando eu tinha 6 anos de idade. Meu pai ainda era casado com a Sohyun nessa época.

— Casado? Sohyun?

— Sim. Sohyun é a minha mãe.

Madison se virou e arregalou os olhos para a garota.

— Espere aí! Você não é adotada?

Jiyoon riu negando.

— Não! Hoseok é meu pai biológico. Minha mãe... Bom, é um pouco complicado, mas eu não a considero como mãe – deu de ombros — Foi um pouco difícil no começo, mas agora está tudo elas por elas. Hoje a Sohyun está casada e me liga de vez em quando para conversar sobre as coisas da vida.

Madison assentiu, compreendendo. O carinho que Jiyoon fazia em seu couro cabeludo era uma delícia e só dava mais vontade de puxar assunto para continuarem ali.

— Você nunca me falou isso? Pensei que fossemos amigas!

— Mas você nunca me perguntou, e eu também nunca vi uma oportunidade! – Jiyoon se defendeu rindo.

— Eu jurava que eles tivessem te adotado. Meu Deus, estou me sentindo idiota agora – disse e Jiyoon riu — E também se não me falasse que Hoseok é seu pai biológico, eu chutaria que seria o Yoongi. Vocês todos não parecem ser pais e filha, parecem mais melhores amigos, principalmente com o Yoon.

Jiyoon sentiu suas bochechas esquentarem. Se sentia tão envergonhada quando apontavam a naturalidade de sua convivência com seus pais.

— Meu pai vive falando que quando eu era pequena, meu apego ao Yoon foi como se fôssemos melhores amigos mesmo. Fui crescendo e tudo que acontecia na minha vida eu contava para ele por que sei que ele me aconselharia e me dava sermão como um pai, mas também puxava minha orelha como um amigo – sorriu — Meu pai um dia me disse que o que fez ele se apaixonar por Yoongi mais e mais foi justamente isso. O modo como ele me tratava.

— Você tinha comentado que seu pai já foi casado antes – relembrou e Jiyoon assentiu — Queria saber como ele saiu do casamento com a sua mãe e ficou com Yoon. Desculpe se estiver sendo muito intrometida, mas sabe como eu sou curiosa e cara de pau.

Jiyoon riu e jogou seus braços para apoiar nos ombros da garota que estava a sua frente e apoiou o queixo no topo de sua cabeça.

Hoseok e Yoongi agora aparentavam estar deitados juntos no sofá espaçoso. De vez enquanto riam, pareciam presos em sua própria bolha.

— Eu não lembro de muita coisa do casamento deles, eu era pequena demais e tenho a memória de uma pulga para essas coisas – as duas riram juntas — Mas o relacionamento deles era meio conturbado. Quando Sohyun engravidou eles eram bem novos e estavam no meio da faculdade. Quem mais aceitou a situação que teriam que dar conta de uma criança quando mal tinham saído da adolescência foi o meu pai. Sohyun não queria ter um filho, eu acho que nunca quis. Todos esses anos ela tentou formar algum tipo de laço comigo, mas ela não tinha tato nenhum como mãe e era compreensível – suspirou lembrando da conversa que tiveram quando Jiyoon tinha 12 anos — Com o tempo as coisas esfriam, e foi o que aconteceu com eles, então se separaram. Isso aconteceu na época em que Yoongi me dava aulas e via meu pai com frequência, quando ele ia me buscar. Foi algo natural e ninguém viu como tudo aconteceu. Basicamente meu pai pulou de um galho e foi pra outro – riu.

— Ele já tinha ficado com outros homens antes? – questionou — Nossa, parece bem perturbador perguntar isso pra filha dele.

Jiyoon negou dando uma risadinha.

— Não é, fique tranquila. Ele me conta as coisas – deu um sorrisinho orgulhoso — Meu pai só descobriu ser bissexual quando começou a se sentir atraído pelo Yoon. Acho que ele é o único homem que Hoseok já ficou em sua vida.

— Como ele aceitou toda essa situação? Digo, como ele lidou com o fato de estar atraído por outro homem?

— Isso eu não vou saber dizer.

— Eu digo.

As garotas se assustaram quando viram Hoseok em pé próximo delas, que ainda permaneciam sentadas no degrau. Não perceberam quando o homem se aproximou.

Madison rapidamente se encolheu, sentindo todo sangue ser drenado para seu rosto. Envergonhada por ter sido pega no flagra falando de sua vida e principalmente por não saber o quanto o homem conseguiu ouvir a conversa. Já Jiyoon não mostrou constrangimento, parecia já estar acostumada àquele tipo de situação.

Esqueceu-se completamente que o homem falava inglês.

— Ouvindo a conversa dos outros, Dr. Jung? – Jiyoon o alfinetou.

— Vocês estavam falando de mim, eu tinha o direito de me defender.

— Fofoqueiro – disse e Hoseok lhe deu a língua — Cadê o Yoon?

— Está lendo. Cansou de me bater – apontou para trás, onde da visão delas só dava para ver os pés cobertos por meias de Yoongi em cima do braço do sofá — Respondendo sua pergunta, Maddie: como todo ser humano, eu me questionei várias vezes se era aquilo mesmo que estava acontecendo. Ninguém aceita de bom grado que do nada você está vendo uma pessoa do mesmo sexo com outros olhos, certo? – riu — O negócio é dar-se paciência para que você consiga entender o que está acontecendo com você mesmo. Depois que você aceita, vê como é simples, mas não vou negar que no começo foi meio foda... Perdão.

As duas garotas riram de como Hoseok mudava completamente a expressão quando falava um palavrão. Dava pra ver que saía completamente sem querer.

— Você pode falar palavrão a vontade, Sr. Jung. A casa é sua – Madison falou piscando.

— Porra! Sr. Jung? Não me chame de senhor. Parece até que sou velho pra caralho – resmungou.

As duas arregalaram os olhos.

— Meu Deus... – Madison disse chocada — Dei liberdade demais. Trate de segurar sua língua, senhor.

Hoseok fechou a cara.

— Senhor é o caralho – resmungou de novo e saiu andando.

As duas garotas o acompanharam batendo o pé até a cozinha como uma criança malcriada. Madison olhou para Jiyoon e a mesma assentiu rindo.

— Pois eu lhe apresento Jung Hoseok.

A parte clichê de toda a família reunida se juntando para fazer a ceia é a parte mais gostosa do Natal. Cada um se divide para cada tarefa, determinam as receitas e entram em um acordo de o que cada pessoa gosta e não gosta. Uma união e harmonia que talvez não tenha existido durante o ano inteiro, mas é colocado em pauta quando chega a data.

Mas não para aquela família.

Yoongi já tinha gritado pelo menos vinte vezes com Hoseok, por ter saído da cozinha e deixado alguma receita queimar. Jiyoon estava sem falar com Byul porque, segundo ela, Madison tinha razão em tê-la chamado de chata nos últimos trinta minutos.

Apesar de tudo, estava tudo fluindo bem para cinco pessoas enfiadas em um mesmo ambiente.

Jiyoon era muito paciente quando o assunto era cozinhar. Teve duas pessoas maravilhosas a ensinando a se virar sozinha e aprendeu tudo muito bem. E mesmo com toda paciência que habitava dentro de si, estava quase botando todo mundo para fora de casa.

— Esperem aí! Deem um tempo! – chamou a atenção de todos e no mesmo minuto, todo mundo parou de falar — Isso daqui está parecendo um fim de feira!

— E a culpa é minha? – Yoongi começou — Seu pai não faz nada certo.

— Inclusive meu maior erro foi ter me casado contigo! – Hoseok rebateu.

Jiyoon tentou prender a risada para manter a postura séria.

— Está todo mundo errado aqui – disse.

Andou até Hoseok para pegá-lo pelos ombros e colocar em frente ao fogão.

— Se parar de mexer esse caldo, ele queima. Não saia daí.

— Quem manda em você sou eu. Quem pensa que é pra falar desse jeito comigo? – apontou, enchendo o peito.

Jiyoon arqueou uma sobrancelha para ele e colocou as duas mãos na cintura.

Hoseok se desarmou.

— Não vou sair daqui não, meu bebê. Eu estava brincando.

Yoongi riu da cara do marido, como se estivesse vendo uma das cenas mais engraçadas do mundo.

— E você também, Yoon – começou a garota, indo até Yoongi, que parou de rir na hora — Pode deixar que ele cuida do fogão. Você se concentra nas sobremesas. Se tentar focar em duas coisas ao mesmo tempo, vai acabar as duas dando errado. Se ele está lá, por que está se metendo?

— Porque é um intrometido – respondeu Hoseok de longe.

— Olha o caldo! – Jiyoon brigou.

— Mas que caralho, eu já estou olhando essa porra! – brigou e em menos de dois segundos abaixou a voz — Desculpa, meu bem. Esse foi muito sem querer.

Madison e Byul olhavam tudo de longe, com sorrisos bobos no rosto.

Antes dos dois homens chegarem, Jiyoon já era mandona. A única que conseguia manter a calma para resolver um conflito sem precisar gritar e xingar ninguém. Seja dentro de cada, na faculdade ou em seu trabalho.

Enquanto todos eram a guerra, Jiyoon era as flores.

Flores com espinhos, mas de qualquer forma era flores.

— E vocês duas – apontou para Byul e Madison, que foram se distanciando enquanto Jiyoon brigava — Arrumem a mesa. Eu não quero ter que falar de novo com nenhum de vocês quatro.

E assim, tudo seguiu em perfeita sincronia.

Em pouco mais de uma hora tudo estava pronto. Conversas com menos gritarias surgiram, as alfinetadas eram levadas na esportiva, mais risadas do que xingamentos. A paz reinou no cômodo e se prolongou até as dez horas da noite, quando todos já estavam arrumados ao redor da mesa, mais rindo do que comendo.

Hoseok e Yoongi se divertiam com Madison e sua falta de filtro na língua ao contar as coisas que as três jovens já fizeram.

— Maddie, chega, por favor – Jiyoon, vermelha até as orelhas, quase implorava para a amiga calar a boca — Enche essa sua boca de comida e para de falar.

— Sabe que mesmo com a boca cheia ela vai continuar falando, não é? – Byul falou, rindo — Eu prefiro que ela fale e depois coma. Os dois não vai dar certo.

Madison passou a chorar de rir ao engatar uma história na outra.

— Pior do que esse dia que ela caiu, só o dia que Jiyoon acordou no meio da cozinha! – disse e Hoseok encarou a filha, com os olhos lacrimejantes de tanto rir — Chegamos em casa de madrugada e ela estava dormindo no chão da cozinha com um copo de água na mão. Tentamos acordar ela e ela simplesmente não falou nada com nada! Fala pra eles, Ji.

Jiyoon negou com a cabeça.

— Estou comendo – disse e focou em seu prato.

Yoongi chamou sua atenção.

— Por que está com vergonha, minha rainha? Isso é de família. Seu pai já me fez passar tanta vergonha que eu nem sei como ainda estou com ele.

— Ei! – Hoseok parou de rir — Isso não é sobre mim, é sobre ela. Inclusive, pode continuar contando, Maddie.

Jiyoon largou o garfo e o encarou indignada.

— Que desnaturado! Ela está contando o que aconteceu quando eu ingeri bebidas alcoólicas, pai! – brigou, revoltada enquanto as duas garotas riam relembrando de alguns momentos.

Hoseok deu de ombros.

— É bom saber dessas coisas, porque eu vejo como é fraca para bebida e acaba não bebendo – piscou.

A garota revirou os olhos.

— Não se engane, Yoon – Yoongi disse sem encarar ninguém, se preocupando com o prato — Ele é igualzinho. Isso é até econômico, porque chamo ele para beber comigo e não saio no prejuízo. Uma mísera garrafa de cerveja e ele está pronto para ligar o roteador do celular para que um desconhecido possa ver um vídeo no YouTube.

Hoseok começou a rir, lembrando do dia que saiu com Yoongi. A parte de ter tomado apenas uma garrafa era um grande exagero, mas era verdade que naquele dia bebeu pouco. Ficou mal o suficiente para ligar o roteador para uma mulher que lhe disse que precisava prender o cabelo com um lápis, mas não sabia como. Então iria ver um tutorial no YouTube para que pudesse aprender.

A partir daquele assunto, Byul lembrou de quando Madison sumiu e apareceu no backstage de um show que tinham ido sem saber como foi parar lá. E com esse conto, Jiyoon passou a se divertir, pois não sabia daquela história.

Já era mais de onze horas quando Jiyoon saiu do banho, com uma roupa tão quentinha que ficava triste em pensar que terá que tirar ela no dia seguinte. Passou pelo quarto que seus pais dormiam, mas estava vazio.

Desceu as escadas e ouviu as vozes de Madison e Byul brigando com um filme de tema natalino, como sempre faziam. Não gostava de assistir filmes com elas, pois sempre apostavam uma com a outra qual seria o final do filme e acabava estragando a surpresa.

Mas nenhum sinal de seus pais.

Viu a porta da cozinha encostada e supôs que estivessem lá fora. Abriu-a e sentiu o frio vim diretamente em seu rosto, como um tapa. Seu corpo gelou no mesmo minuto.

Mas esquentou ao ver Hoseok e Yoongi ali, parados. Apenas olhando para o céu escuro.

Jiyoon se aproximou aos pouquinhos, abraçando seu próprio corpo, então jogou os braços ao redor do pescoço de cada um. Ambos a puxaram para que ficasse entre eles e beijaram o topo de sua cabeça.

— Por que estão aqui fora? Está frio demais – comentou.

— Vida, você consegue ver? – Hoseok apontou para o céu.

Jiyoon estreitou os olhos e tentou procurar por algo, mas não via nada.

— Não estou vendo nada.

— As nuvens se abrindo.

Então a garota notou a brecha que as nuvens abriram no céu. O suficiente para conseguir ver algumas estrelas ali.

— Não dá pra ver muita coisa – fez um biquinho chateado.

— Mas era o que estávamos esperando para que pudéssemos te entregar o seu presente.

Assim como a vinte anos atrás, Jiyoon ainda se encantava quando diziam que tinham um presente para dar a ela. Desta vez não fingiu que não tinha interesse. Fazia tanto tempo que não ouvia aquilo pessoalmente que não se importava nem se fosse chamada de interesseira.

Hoseok saiu dali e entrou rapidamente, para então lhe entregar uma caixa consideravelmente grande. Jiyoon arregalou os olhos.

— Uau! Compraram o Empire States para mim? – brincou e os dois adultos riram.

— Ele nem é tão legal assim – Yoongi deu de ombros e apontou para a caixa — O Empire States no caso.

Jiyoon foi sorridente até a mesma e foi tirando o embrulho com todo cuidado do mundo para não rasgar, mesmo que o papel não fosse tão importante. Ao notar a primeira palavra da caixa, seus olhos arregalaram novamente.

Só então ficou exasperada e todo o cuidado que tinha para tirar o embrulho sumiu. Rasgou o papel inteiro, apenas para ter certeza do que tinha bem na sua frente.

Sentiu vontade de chorar.

— É sério? – perguntou virando para seus pais, com um sorriso que quase rasgava seu rosto.

— Sim, meu amor. É seu – Hoseok sorriu — Feliz Natal.

Yoongi a ajudou a abrir a caixa do grande telescópio astronômico e o tirar dali para que pudesse montar o tripé. Ao perceber que fazia aquilo sozinho, parou e olhou para a garota.

Jiyoon chorava.

— Ei... – disse indo até ela e segurando seu rosto — Não era pra você chorar, bebê.

— Vocês são incríveis – fungou, cobrindo o rosto com as mãos — Eu sempre quis um telescópio.

— Nós sabemos disso – Yoongi disse e beijou a parte da testa que as mãos dela não cobriam. — Mas você tem que aproveitar que as nuvens escuras deram um tempo.

Ainda chorando, Jiyoon o ajeitou no chão de forma que não caísse. O apontou para o céu e então viu tudo.

Viu o achatamento polar do planeta com muita clareza, também encontrou um dos quatro principais satélites. Era tão diferente quando visto do quintal de sua casa, era mágico. Tudo era tão importante e deslumbrante para si.

A lua era minguante, ainda assim era a lua. Seu mundo Jiyoonseok bem ali, em detalhes.

Afastou-se e passou a encarar o objeto bem na sua frente e não acreditava que realmente havia ganhado um de seus maiores sonhos. Olhou para Hoseok e Yoongi, com um brilho nos olhos que não sabia se era uma das estrelas do céu preso em seu rosto.

— Eu não sei nem o que falar – disse baixinho — Vocês são as pessoas que eu mais amo nesse mundo, presente nenhum vai ser suficiente por tudo que já fizeram para mim – sorriu, ainda atordoada — E são nesses momentos que eu vejo a sorte que tenho, por poder presenciar algo que nem o telescópio Hubble consegue ver. Eu tenho um eclipse bem ao meu lado e somente eu posso contemplá-lo. Isso já é o suficiente para me tornar a pessoa mais sortuda do universo. Eu amo tanto vocês, que inferno! Desculpa o palavrão!

Começou a se enrolar nas palavras devido ao choro e voltou a cobrir o rosto com as mãos, logo sentindo o abraço de seus pais ao seu redor. Pedindo para que parasse de chorar, dizendo que estavam ali para si sempre.

Minutos se passaram, já era mais de meia noite do dia 25 de dezembro. Jiyoon olhou em seu relógio e pareceu lembrar de algo. Entrou em casa correndo e voltou correndo, carregando algo atrás das costas. Seus olhos estavam vermelhos e inchados do choro recente, mas o sorriso estampado em seu rosto era brilhante.

— Eu prometi a mim mesma que ia fazer isso acontecer um dia. – disse.

Tirou um gravetinho com um visco de Natal pendurado na ponta e esticou-o até estar em cima do casal. Yoongi e Hoseok olharam para cima e riram.

Sabiam o que tinham que fazer quando ficavam debaixo de um visco.

— Só te beijo se você aceitar casar comigo – Hoseok disse com um sorriso sugestivo, Yoongi riu com a cabeça para trás e sentiu ser levemente puxado pela cintura.

— Talvez eu possa te dar uma chance.

Hoseok sorriu e beijou seu nariz.

— Promete pra mim que nunca vai nos deixar?

— Eu já te falei que sem você, eu não sou nada. Você é o meu sol, eu sou sua lua. Esqueceu?

Disse e não o esperou responder. Segurou sua nuca e o puxou para um beijo. Hoseok sorriu e agarrou sua cintura, o puxando para cima até estar com os pés suspensos.

Jiyoon os assistia, completamente encantada. Com um sorriso bobo nos lábios, como se contemplasse um fenômeno raro.

Como o planeta Terra vendo um eclipse acontecer.

Naquela noite de Natal, perceberam que frio nenhum era capaz de congelar o amor que só crescia entre eles. Que apesar da distância, sempre estariam juntos, enquanto a lua existisse. Carregando consigo a prova de que o destino as vezes fazia coisas inimagináveis. Como criar um fenômeno tão especial que acontecia entre Hoseok, Yoongi e Jiyoon.

Um fenômeno que existirá enquanto os astros existirem, até o fim.

🎁

uma coisinha simples porque eu tava co sadadi deles e já tava doente por um momento da minha família juntinha novamente 😭

espero que tenham um feliz natal a todos e aproveitem bem o reveião ❤️❤️

tt: jhsgot

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