INOCENTE ANYA

By Sicilu

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CONTO DARK 🔞 🖤 Anya, é resgatada dos abismos da dor pela improvável benevolência de John, um assassino bru... More

Avisos / Personagens
Prólogo
01 | Entre Sombras e Pecados
02 | Despertar em Pesadelos
03 | Diálogos Silêncios e Fé
04 | Fios de Ódio e Repugnância
05 | Dilemas do Passado
06 | Memorias Amargas e Caminhos Cruzados
08 | Chegada Inesperada
09 | O Toque da Desobediência
10 | Anjo ou Demônio?
11 | Espinhos da Verdade
12 | Refúgio na Cabana
13 | Verdades Turvas a Beira do Lago
14 | Um crucifixo e fantasmas do passado

07 | Ressurreição das Memórias

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By Sicilu


No fundo da minha memória, um eco familiar parece ressoar, no instante em que eu o vejo. E quase posso sentir uma espécie de dor física. O homem de andar firme irrompe através da porta de entrada da cafeteria adquirindo toda a minha atenção.

__ O que porra está fazendo? Vamos embora agora! __ A voz dele, fria e cautelosa reverbera imponente e dominante no espaço.

É como se sua voz, sua aparência ressuscitasse uma parte adormecida em mim, fazendo minhas lembranças, as únicas do passado, pulsarem como memórias primárias em pequenos e dolorosos fleches.

Sua voz...

" Vai ficar tudo bem, inocente Anya "

Meus olhos acompanham cada movimento dele de forma compenetrada.

Meus olhos tornam-se incapazes de observar qualquer outra coisa, que não ele. Tento vê-lo com o máximo de clareza. A forma como ele se contrapõe ao homem que me apavorou com seu comportamento imoral.

__ A muda desgraçada teve a porra da audácia de jogar café quente em mim, e eu vou matar ela. __ A ameaça que soa muito verdadeira e o insulto são horríveis. Me sinto encolher atrás do Sr. Józef que veio me proteger, mas também ainda sinto muita raiva.

Eu não gosto de ser insultada, desrespeitada por um homem, aliás por ninguém.

Eu joguei mesmo café nesse asqueroso. Eu reajo impulsivamente quando estou sob pressão.

__ Saim já do meu estabelecimento, agora! Ou vou chamar a polícia. __ O Sr. Józef se impõe, e os meus olhos permanecem no homem bonito de cabelos castanhos e olhos que eu desejo de forma absurda ver a cor.

Seu rosto vira parcialmente em nossa direção, e quase posso ver seus olhos, mas tudo que eu posso observar é o ângulo do seu queixo, seu maxilar firme e o nariz assimétrico, porém porém elegantemente retilíneo na ponta.

Eu quero ver seus olhos. Eu preciso.

__ Você vai se foder, junto com essa vadiazinha... __ Sinto um aperto no meu peito e um temor terrível pela ameaça, mas ela não é o bastante para nublar um outro sentimento, uma outra sensação que parece estar se sobrepujando a tudo.

__ Chega! __ O homem do qual ainda não consegui desviar o olhar fala. __ Senhor nós estamos de saída, não há necessidade... __ Finalmente posso contemplar o tom dos seus olhos. Verdes, eles são verdes, exatamente como o desenho guardado na minha memória. Eles se fixam em mim como duas flechas acertando o meu coração, as expressões do homem mudam, eu vejo, é um instante, mas eu vejo os traços do reconhecimento. __ De chamar a polícia. __ Não ouço suas últimas palavras, apenas faço um paralelo rápido como um fleche, do tom dos olhos do meu anjo salvador e desse homem.

Eu me agarro ao tom intenso dos olhos verdes dele, à cadência única de sua voz emanando a ordem para o nojento que me insultou. Meus dedos tremem ao segurar o meu crusifixo. Incerta do que fazer. Observo cautelosamente, confirmando cada traço que a memória insiste em reafirmar.

Estou certa. Ele é real, não uma ilusão criada pela minha mente. A intensidade do momento me atinge ao ponto de me deixar inerte.

Sinto-me tão atordoada que minha respiração fica irregular. Sinto um turbilhão tão forte de emoções que quero chorar. Observo-o, enquanto a tensão entre minha certeza de ser ele o meu anjo salvador e a incerteza do que fazer, se misturam.

Ele é minha única esperança, um elo vital entre mim e as lembranças perdidas do meu passado, aqueles fragmentos que anseio recuperar desesperadamente.

__ Anya, às vezes, a memória nos prega peças, minha querida. Pode ser uma coincidência. __ A voz do padre Tadeusz soa com compaixão, seus olhos refletindo uma mistura de preocupação e piedade.

Ele segura minhas mãos, como se buscasse me dar apoio.

De certa forma, ele parece tão impressionado quanto eu.

Meu coração bate descompassado, e a minha respiração é ofegante. O eco do último olhar do homem de olhos verdes reverbera em minha mente. Ele foi em direção a saída, levando consigo o ser nojento e agressivo, que me insultou, e aquela troca de olhares, aquele último olhar dele em minha direção foi a confirmação que eu precisava. Tudo se alinhou em minhas lembranças, o reconhecimento em seus olhos, uma confirmação inegável.

Em questão de segundos após a porta se fechar, a compreensão me atingiu com força. Eu precisava segui-lo. Não podia deixá-lo partir sem fazer todas as perguntas que fervilham em minha mente desde sempre, clamando por respostas.

Desvencilhei-me do Sr. Józef, que expressava preocupação, e corri. No entanto, era tarde demais. Apenas pude vislumbrar o carro acelerando ao virar a esquina da praça. Em vez de retornar ao café, continuei correndo em direção à casa paroquial, meu lar. Precisava contar tudo imediatamente ao padre Tadeusz.

- Padre, eu o vi. Tenho certeza que era ele. Ele é real. - Me desvencilho do seu toque e minhas mãos ágeis e expressivas na linguagem silenciosa revelam o que eu sei, desafia a lógica.

__ Anya, minha criança, já passamos por isso antes. __ Ele suspira.

Não! Ele vai mais uma vez trazer de volta o que eu fiz há pouco mais de dois anos.

__ Por favor! Não é justo que traga esse acontecimento para me fazer desistir. __ Sinto certa mágoa. __ Para me por em dúvida, e assim dizer o contrário do que eu sinto... Sei ser real.

__ Anya, eu não quero que passe por aquilo novamente. As pessoas da comunidade que conhecem você, interpretaram aquilo muito mal. __ Ele que é sempre tão ponderado, fala de forma mais incisiva.

Era o início de mais um ano da tradição local da feira. É celebrada uma missa na Kazimierz Dolny para abençoar o início de mais um ano de prosperidade com os comerciantes locais e a população em geral. Eu estava em um momento sensível, e achei ter visto o homem que por vezes eu tanto procurei ver nos lugares. Seguindo os meus instintos falhos, naquele momento fui até o homem. Eu fui insistente, na minha mente tinha que ser ele. Ele tinha que ter as respostas que eu tanto busco. Mas foi um equívoco, e a esposa do homem interpretou tudo muito mal.

__ Mais uma vez eu tive que agir de uma maneira que eu sei que o senhor não aprova, eu não aprovo. Mentindo para todos, para não acharem que você era uma moça de comportamento libidinoso, ao se aproximar de um homem casado daquela forma. __ Sua voz por final parece tornar-se ainda mais alterada.

É claramente uma atribuição de culpa. Ele me culpa porque mentiu e agiu com cinismo mais uma vez, por mim.

A verdade é que eu não pedi que ele fizesse nada disso. Eu sabia que todos com um pouco mais de tempo perceberiam que eu não sou nenhuma Maria Madalena antes de conhecer Cristo. Eu poderia argumentar agora mesmo, mas sei que a sua intenção foi me resguardar, garantir o meu bem estar.

__ Não é justo. Não está sendo justo comigo. __ Argumento. __ Quero saber quem eu sou. De onde eu vim. Por que fizeram isso comigo? __ Eu sei que meus olhos, as minhas expressões e até mesmo o meu próprio dedo apontado para a minha própria boca, evidênciam toda a minha dor.

Eu vivo no escuro quanto há uma parte da minha vida que é tão essencial. A minha própria origem.

Algo fundamental para qualquer ser humano.

__ Eu sei que quer. __ Seu olhar torna-se repleto de ternura novamente. __ É natural, e eu a compreendo, porque isso é importante. Mas você não pode esquecer, do que eu já repeti pra você, várias e várias vezes. __ Ele passa a sussurrar.

Ele se refere ao que homem que me salvou, lhe disse. Segundo o padre Tadeusz, foram suas únicas palavras.

" Diga a ela que nunca deve retornar ao passado, não há nada pra ela lá. Apenas a morte. Estão todos mortos, todos... "

Toco o crucifixo, que um dia foi dele do meu anjo salvador, me recordando das palavras que o padre repetiu para mim ano após ano, ideia após ideia que eu tive, como um mantra em nossa conversas.

O medo me deteve por muito tempo. Sempre que eu pensava em tomar alguma medida, para saber a minha origem, padre Tadeusz vetava. Depois eu passei a temer, essa descoberta e o que ela trará, mas ultimamente, o desejo de me desvendar, resurgiu, e agora isso.

Ele é o meu anjo salvador de olhos verdes. Ele surgiu, bem diante de mim.

A polícia vai ajudar. É a minha chance, agora eu tenho uma noção clara do homem que me trouxe até aqui, a Lublin, até o padre Tadeusz. Eu tenho provas da sua existência.

__ Vou pedir o arquivo de imagens ao Sr. Józef. Tem câmeras na cafeteria. __ Digo em movimteos lentos. __ Está na hora de pedir a ajuda da polícia. Essa decisão é minha.

__ Não. Anya eu já lhe disse. Não pode se por em risco. Quantas vezes terei de repetir o que aquele homem me disse. __ A voz dele adquire um tom exaltado repentinamente.

__ E se ele mentiu? Essa é a minha chance. Eu vi nos olhos dele, ele me reconheceu. Eu não estou enganada e não posso viver nesse eterno tormento. Por favor, compreenda? Eu quero assumir os riscos.

__ Não! Você ainda é uma menina, e está sendo precipitada.

__ A decisão é minha. __ Decidida a não discutir mais, me movo para sair e voltar a cafeteria. Eu tenho certeza que o Sr. Józef me dará as filmagens de bom grado.

__ Eu disse não, Anya! __ Sinto as mãos do padre Tadeusz firmes nos meus ombros, e com uma força assustadora ele me puxa.

Capítulo concluído ✅

O que acharam da atitude do padre Tadeusz? Suspeita, ou apenas cautelosa com a segurança da Anya?

Mores, votem e comentem 💖

Beijos e até o próximo. 🥰😘

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