Um Descaso

By AlineCaetanoLvs

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Ambientado em Berlim, aos 18 anos, Aurora descobre estar grávida de Ethan Jones Siren, um multimilionário des... More

🦊
Capítulo 1 - Orfanato.
Capítulo 3 - Posse Repassada.
• Os Personagens •
Capítulo 4 - Reencontro.
Capítulo 5 - Atrevimento.
Capítulo 6 - Abigail Surpresa.
Capítulo 7 - E-mail.
Capítulo 8 - Acordo Doloroso.
Capítulo 9 - Na Monocrom.
Capítulo 10 - A Invasão.
Capítulo 11 - Problemas dos Siren's.
Capítulo 12 - Siren sendo Siren.
Capítulo 13 - Tudo nos Eixos.
Capítulo 14 - O Almoço •
Capítulo 15 - Pobre Mavie •
Capítulo 16 - Grades do Colégio •
Capítulo 17 - EnciumadA •
Capítulo 18 - Ligação ao Passado •
Capítulo 19 - Minhas Condolências •
Capítulo 20 - Ao Trabalho Com a MAvie •
Capítulo 21 - Niall •
Capítulo 22 - De Volta À Mansão •
Capítulo 23 - O Beijo •
Capítulo 24 - Sunshine •
Capítulo 25 - EnciumadO •
Capítulo 26 - Olhos Abertos, Ethan.
Capítulo 27 - A Declaração.
Capítulo 28 - Stereo Love
Capítulo 29 - Átrio Opulente.
Capítulo 30 - Palácio Siren..
Capítulo 31 - Imprima Para Mim?
Capítulo 32 - Quinze Milhões de Euros..
Capítulo 33 - Mudança..
Capítulo 34 - Discurso do Taos.
Capítulo 35 - Interrompendo a Reunião
Capítulo 36 - Vermelho.
Capítulo 37 - O Encontro.
Capítulo 38 - A Vovó.
Capítulo 39 - Dia Importante.
Leitores!! 🦊
Capítulo 40 - Menos Frio.
Capítulo 41 - Jessia vs TPM.
Capítulo 42 - O Incidente.
Capítulo 43 - Consequências?
Capítulo 44 - Fotos da Mavie.
Capítulo 45 - Aniversário da Mavie.
Capítulo 46 - Convidados se Entrosando.
Capítulo 47 - Ethan e Eu.
Capítulo 48 - Caminhos Entrelaçados.
Capítulo 49 - Pedido da Mavie.
Capítulo 50 - Berlin Metropolitan School.
Capítulo 51 - E-Parla.
Capítulo 52 - Diagnósticos.
Capítulo 53 - Hannah, Hannah...
Capítulo 54 - Encontro de Títulos ou Não.
Capítulo 55 - Vai Começar o Leilão.
Capítulo 56 - Rumores e Pedido.
Capítulo 57 - Marquesas.
Capítulo 58 - O Negativo.
Capítulo 59 - Os Meus Sobrinhos.
Capítulo 60 - Acessora de Casamentos e Hannah.
Capítulo 61 - Cama Fria?
Capítulo 62 - Duas Silver's Brook
Capítulo 63 - Leal
Capítulo 64 - Conspiração Sucedida.
Reflexões.
Capítulo 65 - Era Uma Vez; A Nossa Família.
Capítulo 66 - Confronto de Quartos.
Capítulo 67 - As Tentativas.
Capítulo 68 - Outra Casa.
Capítulo 69 - Phoenix Siren.
Capítulo 70 - Opioides.
Capítulo 71 - Eu na IP Siren.
Capítulo 72 - O Dia do Nosso Casamento.
Capítulo 73 - Foi Melhor Assim.
Capítulo 74 - Amor? (Penúltimo Cap.)
Capítulo 75 - O Meu Bebê (Último Cap.)
Raposas?
Capítulo Bônus.
🦊

Capítulo 2 - Passado Terrível.

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By AlineCaetanoLvs

Aurora narrando:

Explicando melhor como tudo isso aconteceu, após minha vinda há Alemanha aos 18 anos, como mencionei.
Mia e eu conseguimos duas oportunidades imperdíveis de emprego, com ricos e que pagavam muito bem.

Mia foi contratada como babá dos gêmeos, mas não eram qualquer gêmeos, ela foi babá da família Wisbech, mesmo que só por seis meses, uma família sem títulos, mas que administravam uma marca de biscoitos mundialmente conhecida.

Na mesma época, eu me inscrevi em um site e fui indicada em 3° lugar para ser aprendiz dos cozinheiros de Ethan Jones Siren.

Um Alemão, descendente da Monarquia, com um título ainda aceso nos dias de hoje, como o marquês da Europa. Além disso, fundador da maior e mais conhecida universidade, Instituto IP Siren.

Hoje em dia para por os pés nessa universidade como um simples funcionário da limpeza, é necessário umas dez avaliações, um farto currículo profissional e conhecer pelo menos três idiomas mencionados na universidade. Sem contar a postura exemplar em cada segundo de trabalho. Imagine para os alunos entrarem nessa universidade de elite?

Sem chance para mim, nunca criei expectativas tão grandes há esse ponto, até porque eu não havia nem completado o ensino médio.

Sua universidade sempre foi muito reconhecida, admirada e desejada pelos pais dos estudantes e pelos mesmos, mas pelo que leio nos jornais sobre esse homem ridículo, sua universidade está ainda mais ampla hoje em dia.

Enfim, o Ethan sempre foi cercado por seus seguranças e governantes, para chegar perto dele é necessário um motivo de extrema importância que deve ser avaliado antes. Qualquer um, que não fosse da própria família Siren, ousasse ultrapassar os limites de proximidade poderia ser acusado de desacato e visto como ameaça aos seus guardas reais... Mas foi diferente comigo.

Apesar de ser conhecido por ser um dos Alemães mais rigorosos e estúpidos, ele não deixa de ser desejado por qualquer mulher de alta e baixa classe.

E eu... Bem... Eu tinha 18 anos na época que eu conheci sua mansão como funcionária. Nenhum homem havia me tocado antes e nem tomado conta dos meus pensamentos.

Ethan foi o primeiro, e considerando que ele tinha fama de não permitir proximidades, me senti única e atraída quando abriu uma excessão comigo.

Com seu jeito atencioso e observador, rapidamente conseguiu me deixar encantada.

Minha vida sempre foi muito bagunçada e angustiante, com isso a minha imaturidade fez com que eu sonhasse coisas que obviamente nunca aconteceriam.

Enquanto eu trabalhava em sua grandiosa e assegurada mansão blindada, notei seus poucos sinais de interesse. Raramente ele aparecia em sua farta residência, mas quando apareceu, notou minha presença como um cachorro faminto.

Eu notava seus olhares em mim, seu interesse maior em ir pessoalmente até a cozinha de sua casa e também em provar tudo que eu cozinhava.
Algo que deixava os outros funcionários incrédulos.

Na época Ethan tinha seus 27 anos apenas, mas seu rosto era robusto, seu maxilar quadrado, seu corpo forte e seus cabelos bem, bem negros.

Passei a sonhar com seus majestosos olhos cinzas e a torcer todos os dias para que ele me recebesse pessoalmente em sua mansão mais vezes.

Nem sempre minhas expectativas eram atendidas, porque ele era e até hoje é muito ocupado, mas seu interesse começou a ser mais indiscreto.
Ethan me fez acreditar em muitas coisas, como: Perguntar se eu gostaria de ser sua companhia nas festas de títulos um dia; Citar que deseja de casar um dia; mencionar histórias sobre seus pais e afirmar que eles iriam gostar de mim.

Enfim, tudo não passou de... "Um dia."

Uma vez, ele aproveitou um momento a sós; apenas seus guardas estavam espalhados pelo bosque da mansão. No final do meu expediente, ele me pediu gentilmente para ficar e me envolveu em um jantar para dois, feito por uma das governantas da mansão.

Ele me presenteou com rosas e perguntou sobre minha família, sem julgamentos ou olhares desaprovadores... Tudo culminou comigo nua em seus aposentos.

Elogiava meus cabelos ruivos, dizendo que eram o vermelho mais vibrante que já viu, apreciava meu corpo e afirmava que em breve todos saberiam sobre nós dois. Isso se repetiu duas vezes, três e até quatro vezes.

Fui demitida logo após um jantar beneficente envolvendo duas famílias distintas: os Siren, renomados pela aristocracia como marqueses e marquesas, e os Cartier, cuja fortuna era construída apenas por empreendimentos empresariais.

Era uma união entre eles, um noivado. Eu estava vestida como garçonete e, cumprindo meu trabalho, servindo-os.

Lá estava ela, a prometida de Ethan, Jasmine Cartier, e o jantar tinha o objetivo de concretizar o compromisso arranjado, marcando o que era considerado o casamento mais próspero da Europa. Ela parecia feliz e pronta para assumir seu título como marquesa consorte.

Jasmine é alta, o oposto de mim, com cabelos naturalmente loiros como seda e uma pele suave que combinava perfeitamente com a cor azul de seus olhos... assim como os meus.

No dia seguinte, Ethan e eu discutimos. Não nos importamos com a presença dos seus funcionários nem com o que pudessem dizer. Afinal, todos já haviam percebido há tempos.

Ethan agiu como se nunca tivesse me prometido nada, afirmou que eu queria tanto quanto ele e depois solicitou minha demissão através de uma governanta. Seu nome era... Amélia? Não me lembro bem nos dias de hoje.

Sei que fui muito ingênua em acreditar em tudo isso, sinto até vergonha, mas isso geral uma demissão e também uma responsabilidade muito maior, apenas para mim.

Só o procurei quando já estava no primeiro mês de gravidez, e lembro-me até hoje desse momento...

Retro on:

- Vou repetir... Quem é você e o que quer com o Sr. Siren?! - Um dos guardas grita, aproximando-se bruscamente de mim, enquanto os outros ativam seus rádios de comunicação e preparam suas armas de choque.

- Eu já disse... Trabalhei na casa do Ethan e preciso urgentemente conversar com ele. - Insisto.

- Não nos lembramos de você. - Afirma o outro guarda.
- Dê seu nome. - Pede.

- Aurora Fran... - Sou interrompida com a chegada de Ethan.

Além da Universidade IP Siren, ele e seu pai, Harry Siren, administram juntos a empresa líder mundial na produção de carros, o nome é Monocrom. Fundada na década de 1915 pelos antepassados marqueses da família, originalmente serviu para fins militares em épocas de guerras.

Vejo-o se aproximando, passando pelos degraus da sede Monocrom e direcionando sua atenção para mim.

Como de costume, sem barba ou com ela por fazer, ele aproxima vestindo um de seus ternos pretos, luvas de veludo da mesma cor com emblemas, e uma gravata combinando, tudo em sintonia com a atmosfera sombria que estava prestes a se desenrolar.

Outros guardas se aproximam, acompanhando seus passos sem que fossem solicitados. Ethan para diante de mim, com seus impressionantes 1,95 metros de altura, possui um corpo robusto e másculo que se destaca mesmo sob o terno.

- Diga. - Ele ordena estupidamente.
Ergo meu rosto para encará-lo, sentindo-me pequena diante de sua imponência e segurança, mal alcançando seus ombros com a testa.

Observo seus guardas fardados e, em seguida, volto meus olhos para ele. Aguardo alguns segundos, esperando que Ethan dispense seus guarda-costas para uma conversa pessoal, mas ele permanece ali, aguardando minha resposta com uma expressão de desprezo.

- Está bem. - Sussurro, aceitando finalmente falar.
- Eu sei que você está noivo agora, mas eu estou grávida. - Disparo finalmente.

Ethan engole em seco e seus guardas desviam o olhar.
- Não pode ser meu. - Afirma, prestes a se virar e sair.

- É seu! - Exclamo, impedindo sua partida.
- Você sabe que foi o único, tirou minha virgindade e não me relacionei com mais ninguém depois disso. - Acrescento, consciente do desconforto que o assunto causava diante de todos os seus guardas.

- Essa é só a sua palavra, e quem é você? - Ethan responde sarcasticamente, da forma mais cruel possível.

Travo minhas pernas e engulo em seco.

Pisco repetidamente quando ele se aproxima dos meus ouvidos, me retraindo e sentindo meu coração acelerar.

- Ouça, pelo seu bem... Aborte esse erro, eu te mando quanto for preciso para realizar isso, só não me procure mais. - Sussurra. Se afasta lentamente e deixa seu último olhar cinzento sobre mim.

Retro off.

Mia perdeu o emprego logo depois. Os Wisbech tiveram que se ausentar do continente por um período e nunca mais a chamaram.

Tudo piorou depois, e eu carreguei minha filha, uma menina, no meio de tudo isso. Meu nome está completamente manchado, afinal, precisei dar à luz e não tinha nenhum plano de saúde. Estou endividada até hoje, o que é mais um motivo pelo qual não consigo um bom emprego.

Desço do ônibus e vejo o pôr do sol em direção ao orfanato. Sorrio e me aproximo tranquilamente. Aos poucos, vou notando seus cabelos como fios de fogo, brilhando como os próprios raios do sol. Ela me aguardava entre as grades da instituição.

Mavie abre um sorriso encantador e se levanta para me receber. Ela estava acompanhada por Marie, sua única amiga, e pela zeladora do orfanato.

- Tia, Aurora! - Exclama sua doce voz.

"Tia". Essa palavra aperta meu coração.
Eu sei que não há nada que eu possa fazer para mudar essa situação, mas no fundo, eu ainda desejo intensamente que eu possa um dia contar para a Mavie sobre quem eu sou, e que possamos ter uma ligação verdadeira, como deveria ser...

A zeladora abre os portões e a Mavie corre em minha direção, pulando em meu colo. Estou exausta, meus pés e braços doem, mas venho todos os dias e não trocaria isso por nada.

- Minha princesa! - Sustentando-a em meus braços, ajoelho-me e a abraço fortemente.
- Morri de saudades. - Beijo suas duas bochechas.

Seus cabelos estão penteados e presos em duas trancinhas. Suas bochechas estão mais coradas do que já são, por ontem termos feito um piquenique sob o suave por do sol.

- Eu também, tia Aurora. - Mavie responde acariciando o meu rosto.
Beijo suas mãos e sorrio.
- Eu faltei a escola hoje. - Compartilha comigo.

- É mesmo? - Arregalo os olhos e ela rir.
- Posso saber o porquê, mocinha? - Questiono enquanto encho sua barriga de cócegas.

- Ela acordou um pouco indisposta. - A zeladora responde por ela.
- Uma gripe. - Acrescenta.

Isso me preocupa, mas me mantenho sorrindo. - Aliás, Aurora... A diretora Abigail gostaria de conversar com você. - Avisa a zeladora logo em seguida.

- Certo. - Respondo tentando transparecer calmaria para a minha filha.
- E depois nós vamos brincar. - Adiciono voltando meus olhos à Mavie, e ela sorrir com seus brilhantes olhos cinzas.

Me levanto, cumprimento Marie e sigo para dentro do Orfanato.
Estou nervosa, muito nervosa.

A última vez que Abigail me chamou em sua sala foi na semana retrasada, com a intenção de discutir uma possível adoção. Essa conversa tirou várias noites de sono e resultou em muitos atrasos no trabalho. No entanto, o casal acabou desistindo e optou por adotar um bebê. Embora eu devesse ter me sentido aliviado após a desistência deles, ainda assim continuava triste. Tudo o que quero é que minha filha esteja longe daqui.

Após a segunda entrada no orfanato, fui recebida por uma enorme e rústica sala de estar. Três sofás espaçosos ocupavam o ambiente, enquanto um tapete infantil decorava o centro, ladeado por duas poltronas pequenas. O chão de carvalho proporcionava um toque acolhedor, e as paredes revestidas de painéis modernos adicionavam um ar contemporâneo ao espaço. Embora a lareira estivesse apagada, meus olhos logo encontraram outra criança diante dela, sentada sobre o tapete e entretida com alguns brinquedos.

No mesmo cômodo, há uma escada larga, que poderia nos levar para dois lados do segundo andar, quartos das meninas mais especificamente e do outro lado o quarto dos meninos.

Já na sala da diretora, eu me acomodo em uma cadeira e aguardo sua chegada. Abigail estava na cozinha e logo viria.

Até os meus oito meses de gravidez, estive morando de favor com a Mia na casa de uma desconhecida. Literalmente não tínhamos emprego pela falta de estudos e de ajuda familiar.

Não tínhamos como pagar um aluguel e não conhecíamos ninguém, simplesmente engolimos nossa dignidade e paramos uma mulher na rua para pedir ajuda. Eu me envergonho só de pensar nessa fase. A mulher se retraiu e estava pronta para recusar, era duas jovens desconhecidas que não se vestiam bem e uma delas estava grávida, foi uma situação bem constrangedora.

Mia insistiu, disse que seria por pouco tempo e que trabalhariamos para ela. Acho que por pena, ela aceitou, mesmo não querendo. A senhora morava sozinha, mas começou a nos expulsar indiretamente após uma semana.

Conseguimos um emprego em uma lavanderia que eu fazia questão de ir mesmo grávida, tendo direito apenas há uns trocados. Entregavamos em suas mãos sempre, e por isso ela nos permitiu ficar por mais tempo.

Uma semana antes de dar a luz à Mavie, novamente fui atrás de Ethan... Só pelo prazer de ser humilhada de novo, porque ele é o cara mais escroto que alguém poderia conhecer e eu só não queria acreditar.
Ou, na verdade, eu estava desesperada e precisava mesmo de sua ajuda. Eu não podia sozinha. Não tinha para onde ir e nem como cuidar da minha filha.

Só para ter uma ideia, eu até entrei em contato com a minha mãe que provavelmente estava se drogando na Irlanda. Quem atendeu foi o meu padrasto, seu "Alô" me congelou e eu desliguei. Ela não iria me aceitar de volta de qualquer forma. Por ele, minha mãe fazia de tudo.

O resultado disso me colocou em frente à mansão de Ethan. Um dos primeiros portões na verdade, após todas as outras entradas que possui pelo seu bosque privado. Eu me lembro como se fosse hoje...

Retro on:

Sua governanta veio até mim acompanhada pelos guardas e me ouviu atentamente enquanto sustentava um guarda-chuva.

Ela entendeu minha situação e até me visualizou com certa pena... Solicitou a presença de Ethan, insistiu e ele saiu de uma reunião para saber do que se tratava, mesmo contra sua vontade.

Seus olhos encontraram os meus enquanto se aproximava, sua expressão tornando-se mais séria a cada passo. Seu olhar desceu para minha barriga de nove meses, e um suspiro carregado de irritação escapou de seus lábios antes que finalmente parasse diante de mim.

Seus olhos cinzentos irradiavam raiva intensa, sem nenhum traço de ressentimento. Era como se neles não houvesse vestígios de humanidade.

- Podem se retirar. - Ele ordenou aos seus guardas, que partiram obedientemente, embora carregassem uma ponta de desconfiança em mim.

Sua governanta também se retirou, lançando-me outro olhar significativo. Ela sim faria algo por mim se tivesse tanto poder.

Ficamos sozinhos e Ethan não parava de observar a escuridão da noite atrás de mim, procurando por algum sinal de paparazzi.

- Você não abortou. - Afirma com desdém.

- Não consegui. - Respondo, firme.
- Marquei a consulta, mas não tive coragem de ir. - Acrescento.

- Eu sou casado. - Ethan afirma.

- Eu não quero mais você, já sei que nunca me amou, eu só quero que me ajude. Você conhece a minha realidade, eu não posso fazer isso sozinha. - Retruco, com determinação. Eu não tinha literalmente ninguém, exceto Mia.

- Não conheço nada de você. - Ressalta friamente.
- Só fodemos algumas vezes e você está usando esse acidente para conseguir poder. - Finaliza.

Engulo seco.

- Nesse caso, eu poderia te expor se eu de fato quisesse tudo isso. - Retruco.
- Coisa que eu já deveria ter feito. - Finalizo com tom de ameaça.

- Você não fará isso. - Ethan afirma com um sorriso malicioso brilhando em seus olhos.
- Você está com medo. - Acrescenta expressando divertimento na crueldade.

Tremo ao ouvir suas palavras. Quem acreditaria em mim? E se ele ordenasse algo terrível envolvendo minha filha? E eu?

- Sabe o que é pior? Não tem mais volta, você não abortou. Esse garoto já está para nascer. - Ethan lamenta.

- É uma menina. - Corrijo com a voz trêmula.

- Escute, pelo bem do seu futuro... Você é jovem, não deveria carregar esse fardo. - Ethan ignora completamente minha correção anterior e prossegue.
- Esse orfanato pertence ao meu irmão mais novo, Aaron Siren. Deixe sua bebê lá e ela será bem cuidada. Aposto que logo encontrará uma família adotiva, e você poderá seguir sua vida sem esse peso. - Finaliza, entregando-me um cartão do Instituto Gold Mission.

Com as mãos tremendo, eu seguro o panfleto de capa dura e leio o nome do orfanato. Meus olhos lacrimejam. Como alguém por qual me apaixonei poderia ser assim?

- Não diga nada quando for lá, apenas deixe e vá embora. Volte para Irlanda, ou sei lá de onde você veio. - Coloca um ponto final na conversa, como se não se lembrasse nem das coisas que contei do meu passado.

Retro off.

Eu era jovem, burra e tinha medo de tudo. Ethan é e sempre foi um cara de muito poder, mas sua frieza era o que mais me assustava. A sensação era semelhante ao que eu tenho sobre o meu padrasto, mesmo que tenha sido uma situação diferente.

Após ter sido expulsa pela dona que nos permitiu viver lá por um tempo, dei a luz à Mavie e à trouxe para cá.

- Aurora? - Abigail me chama e eu saio dos meus devaneios.

Ela fecha a porta de sua sala e se acomoda em sua cadeira, diante de mim.
- Sim? - Ajeito minha postura, focando no que realmente importa hoje.

- Eu tenho duas notícias para te dar, e um conselho. - Ela começa à falar.
- Como mãe biológica da nossa menina é importante que você saiba de qualquer mudança, ao meu ver. - Acrescenta.

- E eu agradeço muito pela sua compaixão, Abigail. Não sei o que seria de mim se eu não pudesse continuar vendo a minha filha. - Digo com meu peito apertado.

Ela sorrir amigavelmente e relembra...
- Quando você chegou aqui tão nova e desamparada com um bebê, eu não podia ser cruel e recusar seu pedido de visitas.
- No entanto, Aurora... A Mavie está crescendo e as coisas estão mudando. - Ressalta.
- Para começar, mais um casal se interessou por ela. Eles não deram certeza, mas retornarão daqui duas semanas, são escoceses. - Finaliza.

Engulo seco, sentindo a forte bagunça que meu coração está fazendo aqui dentro.

- Mave é uma criança adorável, conversa muito, é educada... Além de ser muito bonita. - Abigail acrescenta.
- Logo essa adoção vai acontecer e você tem que está pronta para isso. - Finaliza.

Cerro meus punhos com a intenção de machucar as palmas das minhas mãos com minhas próprias unhas. Engulo em seco e faço um esforço tremendo para não chorar.

Balanço a cabeça em concordância.

- Outra coisa... o orfanato Gold Mission será repassado para marquês Ethan Jones Siren, já que seu irmão mais novo faleceu. - Ela anuncia. Minhas pernas travam e, finalmente, o choque me faz perfurar minha pele com as unhas.

Abigail não sabe que Ethan também é responsável por Mavie estar aqui, mas essa mudança de posse pode significar que eu não possa mais ver minha filha, nem mesmo nas últimas semanas dela aqui.

- Não sei se continuarei como diretora, nem sei se a próxima permitirá um contato tão íntimo entre vocês duas. - Abigail explica.

Bufo de frustração e baixo minha cabeça sobre sua mesa. Fecho os olhos e permito-me chorar.

- Você ainda não conseguiu uma casa própria, não é, meu bem? - Ouço sua voz preocupada. Balanço a cabeça em negativo em resposta.

- Você deixou a Mavie aqui com a promessa de buscá-la em breve, mas perante a lei, não posso permitir que ela seja adotada por você nessa situação, entende? - Se explica.
- Se ao menos você tivesse um lugar estável para Mavie crescer, eu poderia contornar as outras exigências. - Acrescenta avaliando as opções.

Eu não deveria tê-la deixado aqui... Agora só consigo tirá-la com uma avaliação rigorosa. Mas eu não tinha escolha.

- Você conseguiu estudar nesse período? Tem um emprego fixo? - Abigail questiona em seguida.

- Não. - Respondo, levantando meu rosto encharcado.
- Os empregos que consegui não me permitiam tempo para retornar aos estudos e nem me davam recursos para pagar uma faculdade. - Acrescento, com tristeza na voz.

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