Ele é Como Rheya {jikook}

By nicolypachecos

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É o começo do primeiro dia de aula depois das férias de verão quando Jeon Jeongguk sente que o ano letivo de... More

♡ avisos ♡
[ PLAYLISTS ]
1. Ele é como uma Tangerina
2. Ele é como um Gêmeo
3. Ele é como Daphne Blake
4. Ele é como um invisível
5. Ele é como Yoongi
6. Ele é como uma Figura Sagrada
7. Ele é como Us And Them
8. Ele é como uma Criança
9. Ele é como Panqueca de Mirtilo
10. Ele é como uma Maçã do Amor
11. Ele é como Escutar uma Música Boa
12. Ele é como uma Florzinha
13. Ele é como o Sol
14. Ele é como um Filme cheio de cor
15. Ele é como um Gatinho
16. Ele é como uma Cereja
17. Ele é como Daisy
18. Ele é como um Anjinho da guarda
19. Ele é como o Amor Mais Puro
Especial de dia das mães: família de dois
20. Ele é como uma Viola Lilás
21. Ele é como um Sonho
22. Jimin é Como Rheya
23. Ele é como Meu Coração
24. Ele é como o Universo
25. Ele é como as Estrelas
26. Ele é como um Beijo
27. Ele é como um Coelhinho
28. Ele é como Chocolate
Ele é como o Livro físico de "Ele é como Rheya"
29. Ele é como um Presente
30. Ele é como o Amor da minha vida
31. Ele é como meu Porto Seguro
32. Ele é como uma Cenoura
Aviso sobre o livrinho de Ele é Como Rheya
33. Ele é como minha Vida
34. Ele é como um Conforto
35. Ele é como meu Refúgio
36. Ele é como um Arrepio
38. Ele é como uma Confusão
39. Ele é como o Amor

37. Ele é como meu Paraíso

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By nicolypachecos

JUNGKOOK

Eu sinto como se o universo estivesse me testando.

— O campus tem quatro prédios enormes com todo tipo de coisa! Tem duas piscinas, estúdio de dança, uma estação de rádio... assim que falaram desse detalhe, lembrei de você! Aposto que você ia gostar de comandar uma estação de rádio, hein?

Pisco um par de vezes, forçando um sorriso ao concordar com a cabeça.

— É-é...

Puxa... que difícil.

São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. É por isso que parece um teste. Um teste que serve para ver até onde eu aguento viver sem ter uma crise de choro e, puxa, me esconder embaixo da minha cama para tremer de nervosismo.

muito acontecendo agora.

Como se não bastasse a Juna e a minha reação estranha de ontem, tem mais uma coisa acontecendo agora para me atormentar e deixar minha cabeça cheia. Estou sentado à mesa com meu pai e minha mãe, é segunda-feira, está bem cedo, e meu pai viaja de volta para a capital muito em breve.

Ele vai me deixar na escola hoje e, quando eu voltar, já vai ter ido embora, o que me deixa muito triste; mas mal consigo pensar nisso no momento porque estou ocupado ficando apavorado por causa do assunto que tomou a mesa de café hoje:

O colégio Dallas.

Tudo começou essa manhã. Juna ainda estava dormindo quando o resto de nós saiu da cama — o que ajudou a manhã a começar agradável e leve — e descemos para comer juntos, do jeitinho que era antes do meu pai trabalhar na capital. Por um momento, senti que as coisas haviam voltado ao normal, e estava tudo bem. Mas só até o meu pai começar a falar, animado, sobre uma das instituições mais prestigiadas do país: o colégio Dallas.

O colégio que fica na capital, bem longe daqui, e que em breve, iniciará as provas de seleção para os alunos que querem ganhar uma bolsa de estudos para o ensino médio. O mesmo colégio que meu pai falou sobre há alguns meses, e que acaba de se tornar um assunto recorrente aqui em casa.

Puxa vida. Não é preciso muito para saber que meu pai quer muito que eu faça essa prova e estude lá, certo?

Puxa. Eu não consigo me imaginar estudando e vivendo em qualquer lugar que não seja aqui. Não consigo me imaginar na capital, longe dos meus amigos, longe do... Jimin.

É quase impossível conseguir disfarçar meu incômodo e desânimo conforme meu pai vai falando mais e mais sobre o colégio. Eu não quero que ele perceba que não quero tentar, porque ele está tão feliz com a ideia. Minha mãe parece muito animada também, o que só deixa tudo ainda mais difícil para mim...

Puxa... eu gosto muito de deixar meus pais felizes e orgulhosos. Odeio decepcioná-los e deixá-los desanimados. Apesar de saber que eles não me culpariam por não querer tentar, nem por não querer ir, eu ainda sinto que devo deixá-los satisfeitos e alegres a todo custo.

Eu sei que não é verdade. Sei que não preciso provar que eles fizeram a escolha certa ao me... adotar. Sei que eles me amam independente de tudo.

Mas às vezes, é tão... difícil.

Meu pai falou sobre esse colégio algumas vezes esse ano, principalmente por telefone. Ontem, durante o jantar, ele também fez um comentário breve sobre isso, mas nada que me fez ficar nervoso. Tudo ficou pior há cinco minutos atrás, quando meu pai sugeriu que eu fizesse a prova enquanto me servia uma xícara de café fresco.

A bebida parece mais amarga que o normal agora.

— Acho que podemos aproveitar a data da prova para visitar o seu pai e a Juna — mamãe diz, bebericando seu café, sorridente. — A prova é quando mesmo?

— Dia 28 de novembro — papai diz, bebendo seu chá. Eles estão tão animados com a ideia que nem parecem perceber que eu não estou. — Já vai estar bem frio, então podemos aproveitar e fazer algo em casa!

Eles sorriem mais, concordando alegremente. Enfio mais pão na boca, com o coração pesado.

— Sim, é uma ótima ideia! — mamãe diz, sorrindo quando olha para mim. — O que você acha, filhote?

Engulo em seco. Sinto seus olhares cheios de expectativas sobre mim, animados com a ideia, com tudo... e não consigo.

Eu simplesmente não consigo, puxa. Não agora.

Por isso, forço um sorriso e, desgostoso, digo:

— P-parece mesmo muito... legal — eu falo, engolindo com força. — Vou... vou escovar os dentes.

Me levanto da mesa, vendo eles sorrirem para mim. Minha mãe até acaricia meu braço quando passo por ela, o que me faz sentir ainda mais culpado. Puxa. Corro até a cozinha com minha louça na mão, trêmulo que só, e preciso de alguns segundos para respirar fundo antes de conseguir limpá-la e, de fato, ir escovar os meus dentes.

Subo os degraus com a mente cheia de um milhão de pensamentos, porque estou em um grande impasse agora. Ao mesmo tempo que sei que não preciso me forçar a agradá-los, ainda sinto uma grande culpa por não querer o fazer. Eu estava ficando tão bom em não me sentir mais assim... por que estou tão nervoso agora, puxa vida?

Estou tão sobrecarregado com meus pensamentos, que apenas noto Juna no começo da escada, com os braços cruzados e uma expressão de deboche, no último segundo.

Droga.

— Até parece que você tem capacidade pra esse colégio — ela diz, rispidamente.

Sinto um bolo no estômago. Puxa... então, ela estava ouvindo a conversa esse tempo todo? Será que ela chegou a ver como fiquei nervoso? Puxa, eu odeio quando isso acontece. Não quero que ela me veja vulnerável, porque é assim que ela encontra mais e mais coisas para me magoar. 

Como sempre faço, não olho para ela, muito menos respondo sua fala. Apenas passo direto, me esgueirando para evitar, de toda forma, esbarrar em seu corpo. Esse é o melhor jeito de lidar com ela, puxa...

— Mais uma decepção pra lista. — Eu ainda escuto ela dizer quando, cabisbaixo, entro em meu quarto.

Pisco um par de vezes quando fecho a porta. Sinto meu coração apertar, e sei, realmente sei, que Juna não deve ser levada a sério, e que ela só fala besteira... mas, ainda assim...

Eu me pergunto... será que eles vão mesmo se decepcionar quando eu disser que não quero ir?

***

— Você não pode ir! — Seokjin exclama.

Com um bico, eu concordo com a cabeça, olhando para meu melhor amigo indignado — e todo sujo de molho.

— Eu sei... mas eu não consegui falar isso pra eles ainda. Eles estavam tão animados com a ideia — murmuro, mordendo meu chocolate com força. — Meu pai quer muito que eu vá pra lá, porque é muito prestigiado e as bolsas estão com descontos ótimos esse ano e...

— E daí?! Que se dane as bolsas, você não pode ir embora! — Jin bate a mão na mesa do refeitório, irritado que só.

Estamos na escola, lanchando. Yoongi e Jimin não se juntaram a nós hoje, e acho que eles falaram que tinham que ver o Taehyung, ou algo parecido — admito que não prestei muita atenção nos detalhes. Além de estar completamente amuado com a ideia de me mudar, ainda estou me sentindo confuso e envergonhado de olhar para o Jimin depois... daquilo.

Ainda assim, a conversa que tive com meus pais hoje de manhã conseguiu ser tão intensa que nem tive mais tempo para remoer tanto o que aconteceu. São tantas coisas ao mesmo tempo... o beijo diferente, a Juna, Jimin saber que sou adotado, o desenho... e agora isso. Puxa, mal sei como sentir essas coisas, é tudo tão confuso e agitado. Parece que meu corpo inteiro está pesando uma tonelada e é horrível...

Apesar de saber que não quero e que posso negar fazer a prova — ou ir para lá — eu me sinto travado. É como se tivesse algo muito maior que minhas vontades me segurando, algo que não posso controlar. Desde que saí de casa, não paro de pensar em cada detalhe. Como o fato de que meus pais não perguntaram se eu queria ou não fazer a prova, e meio que apenas decidiram que seria bom, e como meu pai depois comentou que seria bom para estarmos perto um do outro de novo... tudo faz com que eu sinta que não devo contestá-los. Eu sei que eu posso! Mas... puxa, parece que eu não sou capaz, e não sei por que estou desse jeito. Eu estava ficando muito bom em me abrir com eles e de repente é como se todo o progresso que eu fiz tivesse desaparecido.

É muito ruim e angustiante, porque parece que eles vão ficar irritados comigo, mas eu sei que eles não vão. Eu sei mesmo! Mas algo está me deixando com muito medo. Não sei por que me sinto tão culpado...

Eu simplesmente não entendo... puxa, não sei se é porque são muitas coisas, se algo mudou; eu só não sei o que estou sentindo e isso é sufocante.

— Eu sei — digo, sentindo meus lábios tremerem de nervoso. — Eu não quero ir, não quero mesmo...

— Então você precisa falar pra eles! Eles não estão te forçando a ir não, né? — Jin questiona, tão nervoso quanto eu.

Eu não sei como me sinto com a reação do Jin. Ele está meio histérico e agitado desde que comecei a falar disso, e vê-lo sentir-se tão chateado e ansioso com a situação quanto eu, faz com que eu me sinta importante. É como se tudo que eu estivesse sentindo fosse válido e menos pesado, e tudo porque meu amigo também está se sentindo como eu.

Puxa, isso faz com que eu me sinta muito grato por Jin e sua amizade... o que só piora toda a ideia de ir embora. O que não vai acontecer se eu não quiser. E eu não quero.

Mas... ao mesmo tempo que me sinto importante para meu melhor amigo, também me sinto mal. É como se eu estivesse deixando Jin infeliz e não pudesse fazer nada para consertar isso, tudo porque não sei entender meus sentimentos.

Eu sei que ele não está brigando comigo, mas ele está tão chateado que eu me sinto mal. Quero me desculpar por deixá-lo assim, mas isso também está travado dentro de mim.

Puxa. É mesmo muito sufocante.

— Não, e-eles nunca me forçariam a nada... — gaguejo, suspirando. — Mas... puxa, eu meio que sinto que devo tentar... devo isso a eles... mas eu não vou — digo, completamente confuso. — Eu vou conseguir falar com eles, eu só não... eu não consegui hoje.

— Você sempre fala isso de dever, mas você não deve nada a ninguém — Jin fala, limpando-se com o guardanapo. Suspiro. — Se você for... como eu fico sem você? Você é a minha dupla.

Sinto uma pontada no meu coração, e nem consigo olhar nos olhos de Seokjin. Sinto que vou começar a chorar de nervoso. São tantas, tantas coisas.

— E-eu não... não vou.

É demais.

— Eu já estava com medo de ir pro ensino médio, e agora... — ele diz, extremamente frustrado, e eu sei que ele não está frustrado comigo, mas ainda me sinto mal. — Que droga.

Desculpa.

Meu coração aperta mais, e meu corpo fica ainda mais pesado. Puxa vida. Eu não deveria ter dito nada... eu apenas deixei mais alguém ansioso e irritado. Sinto que eu estraguei tudo.

— Ainda... ainda não foi decidido, então não precisa se preocupar, puxa — eu digo, e minha voz treme um pouco na última palavra. É como se eu estivesse perdendo o controle de mais uma coisa. — Eu vou falar com a minha mãe hoje, ela vai entender.

— Graças a Deus. — Jin bufa. Sua voz soa um pouco mais calma, mas ele ainda está claramente agitado. Posso ver em suas orelhas vermelhas.

Eu suspiro longamente, tentando encher meu pulmão de ar. Parece que meu coração triplicou de tamanho e não tem mais espaço em meu peito, puxa...

— Desculpa... — eu digo, sem nem pensar, ofegando. Eu só precisava dizer.

Após falar, sinto que estou começando a ficar ainda mais confuso com essa sensação pesada no meu peito. É culpa, mas não parece só culpa... mas é como isso também. Só que pior.

Me desculpar parece fazer mais ar chegar aos meus pulmões, mas ao mesmo tempo que me dá alívio, também me deixa ainda mais chateado. Não quero chorar, mas parece que vou a qualquer momento, puxa...

Seokjin pisca um par de vezes, olhando na minha direção. Seu rosto ainda está cheio de molho.

— Pelo quê? — Ergue uma das sobrancelhas. — Não me diga que você pretende ir e que tudo que você disse agora foi mentira?

— N-não! — eu respondo, rápido, nervoso. — Me desculpa por... por te deixar bravo e preocupado.

Jin me olha. Não consigo ler sua expressão facial, mas consigo sentir, e muito, o tapa pesado que ele dá na minha cabeça, tão rapidamente que sequer posso considerar tentar desviar.

Ai.

— Para com isso! — Sua mão ainda está na minha cabeça. Ele a levanta e bate mais uma vez. Au. — Quem tem que pedir desculpas é esse colégio estúpido!

— Eu não... — Antes que eu possa terminar, ele bate de novo. — Ai! Para, Seokjin!

De repente, sinto que meu corpo destrava, porque consigo me mexer para impedir seu próximo tabefe. Finalmente revido seu tapa, agarrando seu braço e estapeando também. Essa é a deixa para ele me bater de volta, e eu de volta, e brigarmos por pelo menos vinte segundos.

Apesar de tudo, é muito bom poder "brigar" assim com Seokjin. É como se minha cabeça esvaziasse por alguns segundos e eu finalmente pudesse ser eu de novo. Estou tão angustiado desde ontem à noite que sinto que esqueci como é não estar me sentindo mal. Como quando ficamos doentes por muito tempo e não lembramos mais como é estar bem... puxa, só quero me sentir calmo de novo. Quero parar de pensar nisso tudo, de sentir esse peso, só quero... parar.

Quando a orientadora nos lança um olhar lá do outro lado da cantina, prestes a se aproximar para nos dar uma bronca, nós finalmente paramos de nos bater.

— Só me prometa que vai falar com seus pais! — Jin diz, resmungão. — E que nunca mais vai me pedir desculpas desse jeito.

Eu solto um longo suspiro, meio ofegante depois de bater tanto nele. Apesar da pequena briga que tivemos, eu sei que Seokjin está chateado e estressado agora pela forma que ele se vira para frente e não me olha nos olhos. Mas, ainda assim... parece que estamos menos pesados.

Não sei se Seokjin me bateu para me deixar mais leve de propósito, mas meio que funcionou...

— Tá, eu prometo... — murmuro, bicudo, voltando para meu chocolate. — Minha mãe volta mais cedo do trabalho hoje, então vou conversar com ela...

Ele balança a cabeça, concordando. E essa é a nossa deixa para não dizer mais nada sobre o assunto pelos próximos minutos.

JIMIN

Jungkook está distante.

— Você roubou, né? Com certeza roubou!

De manhã, ele quase não olhou nos meus olhos. No começo, pensei que ele estivesse sonolento, e que estava tudo bem.

— Não roubei, não! Nem tem como roubar nesse jogo!

Mas aí, quando viemos para o clube de música, ele não fez aquela cara de tristeza quando percebeu que não passaríamos o intervalo juntos. Ele nem estava prestando atenção, na verdade...

— Tem como roubar em todos os jogos! Não é, Hoseokie?

— Não vou me meter nessa discussão!

E não é como se eu quisesse ver o Jungkookie triste só porque não vamos ficar juntos... eu jamais gostaria de vê-lo triste! Eu sempre fico com o coração apertado com as carinhas que ele faz, apesar do calor no estômago. Então não é exatamente um problema ele não ter ficado triste hoje.

— Jimin! Eu roubei alguma coisa?!

Eu até fico feliz se, tipo, ele não ficar mais triste com essas coisas. Nunca quero ver meu amor triste. Mas, o que me deixa preocupado é que foi tudo ao mesmo tempo...

Primeiro, ele não falou comigo pela manhã, e depois, ficou distante no intervalo. Acho que a junção dessas duas coisas é que me incomoda. Não que ele não possa querer um tempo sozinho às vezes, é claro, e...

Taehyung estala os dedos na frente dos meus olhos.

— Jiminnie? — ele chama, e finalmente o olho.

Pisco um par de vezes, meio confuso ao ver que não apenas ele, mas todos na sala estão olhando para mim.

Ai, meu Deus. Acho que perdi alguma coisa.

Tae, Yoon, Hobi e eu estamos no clube de música. Taehyung queria apresentar a sala para o Yoongi, e contar a história do clube para ele pessoalmente — para ser sincero, acho que ele só queria assegurar que Yoongi não soltasse a principal razão para a criação do clube de música para a Namsoon. Foi bem rápido e assim que terminamos de lanchar, iniciamos um jogo de cartas, o qual eu fui o primeiro a ser eliminado.

Agora, os três estão olhando para mim com curiosidade e confusão, e tenho quase certeza de que perdi alguma coisa por estar pensando no meu namorado.

— Eu? — Arregalo levemente os olhos, dando um sorriso sem graça.

Yoongi revira os olhos, se esticando para dar um tapa no meu joelho. Estamos todos sentados no chão da sala, em meio as carteiras espalhadas.

— Eu estou roubando? Taehyung disse que eu roubei só porque meu jogo é infinitamente melhor do que o dele!

— Vai se lascar, infinitamente é uma ova!

Apesar de estarem discutindo, a atmosfera está leve e muito confortável. É muito fofo como Yoongi se solta e fica agitado e estridente perto de Taehyung. Normalmente, é muito difícil eu vê-lo tão falante e gritante assim... Taehyung também parece feliz por alguém estar discutindo de volta com ele com tanta determinação.

Não posso evitar dar um sorriso ao vê-los interagindo tão amigavelmente... poxa, é muito bom eles terem feito as pazes! Tenho certeza que Hobi se sente assim também, porque está sorrindo da mesma forma que eu.

— Tem como roubar nesse jogo? — pergunto, porque me parece impossível.

Pelo jeito, dei a vitória ao Yoongi, pois ele levanta os braços como se tivesse toda a glória do mundo, enquanto Tae contorce o rosto de desgosto.

— Toma! — Yoongi dá um gritinho tão engraçado que faz todos rirem. Até Taehyung.

— Isso ainda não acabou! — Tae diz, um pouco risonho enquanto joga outra carta. — Jimin, fica de olho nele!

Rindo, eu concordo com um aceno, mas, infelizmente, não consigo prestar atenção em Yoongi como ele queria. Jungkook ainda está tomando minha mente, e sinto que vai ser assim pelo resto do dia...

Para ser sincero, acho que estou um pouco chateado hoje, e por isso estou tão pensativo com o ocorrido. Me pergunto se fiz algo de errado ou o chateei, e ao mesmo tempo, penso se isso já não aconteceu antes e eu estou apenas criando coisas na minha cabeça. Afinal, não foi grande coisa... talvez isso já tenha acontecido e eu nem me liguei.

Solto um suspiro. Ou Jungkook está distante, ou eu estou sensível demais. Ou os dois. Não seria estranho se Jungkook ainda estivesse chateado por causa da sua irmã, ou se ele ficasse tímido depois de tudo que aconteceu lá em casa. Afinal, ele me contou muitas coisas íntimas, coisas que ele nunca contou para ninguém antes, e chorou muito. Eu tinha certeza de que estava tudo bem porque nos abraçamos e ficamos de chamego pelo resto da noite, e ainda teve a cartinha que ele me deixou. Talvez eu tenha me enganado...

Porém, há grandes chances de eu estar mais chateado do que eu pensava, e por isso estou crescendo as coisas e sendo sensível. Desde que a Jihyo me falou sobre o tio Euntak, tenho me sentido desanimado e ficando triste com facilidade. Hoje de manhã, quando mamãe disse que estava meio enjoada, fiquei muito triste. Tenho certeza de que é por causa da gravidez, já que ela dificilmente fica doente, mas ela não compartilhou isso comigo, então não posso ajudar.

Eu quero ser útil, quero conversar e comemorar com ela, mas ela não sabe que eu sei. Leonor simplesmente escondeu isso de mim, assim como seu namorado, como se... como se nem me conhecesse.

Eu já estava chateado com isso antes, e agora parece que estou ainda mais. Sei lá... hoje acordei angustiado, e acho que tive um sonho ruim com o tio Euntak. Não sei, só estou tendo um dia meio ruim. É, eu provavelmente estou sensível.

Solto um longo suspiro, vendo no relógio pregado na parede que falta apenas alguns minutos para o fim do intervalo. Eu meio que esperava que Jungkookie aparecesse com Seokjin... deixamos o convite em aberto mais cedo, mas eles não apareceram. Talvez Jungkook só queira um tempo com seu amigo e eu realmente esteja sensível e querendo um tempo com meu namorado.

Meu namorado...

Hm. É isso... eu estou sensível... e acho que quero abraços. E beijos. E elogios.

Poxa...

Pisco mais um par de vezes, olhando em direção ao relógio. Ainda falta alguns minutos para o fim do intervalo.

Hm. Talvez eu possa... pedir atenção para o Jungkookie...?

Ou não. Não. Seria muito exigente da minha parte. Ele sempre me dá toda a atenção. Hoje ele não deu e eu quero pedir? Poxa, isso é muito chato...

— Eu vi o que você fez!

Mas, também... eu não peço nunca. Eu sei que ele me dá atenção porque gosta, assim como eu gosto. Mas hoje eu estou sentindo que preciso desse carinho seu, e do seu conforto. Porque estou tendo um dia ruim, e ele sempre me ajuda nesses dias ruins... ele sempre sabe como melhorar tudo, só sendo ele.

Ai, que difícil...

Mas, pensando bem... ele é meu namorado. Ou melhor... eu sou o namorado dele. É.

É!

— Jimin, você viu eu fazendo alguma coisa?! Eu não fiz nada!

Eu acho que posso pedir um pouco de carinho e atenção, sim. Eu posso, né?

Será?

— É... — Os meninos me olham. — Eu não estou conseguindo acompanhar esse jogo de vocês... vou chamar o Jin.

É. Eu posso!

— Isso! Chama ele, ele adora bancar o juiz! — Tae diz, animado que só.

— Ele e eu jogamos bastante esse jogo, ele vai saber monitorar. — Hobi joga uma carta. Yoongi apenas dá de ombros, concentrado em seu jogo.

Dando um sorriso pequeno, eu balanço a cabeça e me levanto do chão, dando batidinhas na minha calça.

— Tá bom, eu já volto com ele! — Caminho em direção à porta da sala.

Sinto meu peito ficar mais quente assim que saio do clube. Quero muito ver a cara que Jungkookie vai fazer quando eu pedir carinho para ele! Eu acho que nunca pedi desse jeito, então ele pode ficar com as bochechas vermelhas... isso seria tão fofo e bom. É justamente o que meu coraçãozinho está precisando hoje...

Ando calmamente pelos corredores e vejo Jin e Jungkookie saindo juntos do refeitório quase que imediatamente. Jin me nota e para no lugar, enquanto apresso meus passos em direção aos dois.

Jungkook parece distraído, olhando para o lado, e só me percebe quando paro na frente dele.

Nossos olhos se encontram.

— Jin! E Jungkookie. — Assim que olho para o Jin, Jungkookie desvia os olhos para os próprios sapatos. Isso faz meu coração apertar um pouco. — Solicitamos a presença de vocês no clube de música. Você tem uma tarefa, Jin. — Dou um sorriso, brincalhão, apesar do nervosismo.

Seokjin ergue as sobrancelhas, colocando a mão sobre o peito de um jeito forçadamente lisonjeado.

— Nossa! Isso soa muito sério e chique — ele fala, piscando lentamente, e consegue me fazer rir. — Qual é a situação?

— Eles estão brigando por causa do jogo de cartas e te querem como mediador — digo, olhando para Jungkook novamente.

Ele ainda está olhando para o chão. Poxa...

— Eu amo ser o mediador! Vamos lá! — Taehyung estava certo sobre o quanto Jin gosta disso, já que ele mal espera eu e Jungkook antes de sair em disparada em direção ao clube.

Jungkook e eu imediatamente nos apressamos para segui-lo, um pouco afastados — não de propósito, Jin tem pernas longas e está andando muito rápido. Mas, mesmo não sendo proposital, aproveito a distância de Seokjin para me aproximar mais do meu amor.

Quando estamos lado a lado, eu viro meu rosto para ele.

— Guk. — Dou dois passos para o lado. Vejo seus ombros tremelicarem, mas ele não levanta os olhos. — Ei... tudo bem? — começo. — É... aconteceu alguma coisa?

Apesar de ter vindo pedir carinho, agora que vi meu amor assim, não consigo segurar minha preocupação. Quero abraçar e cuidar dele. Ele está mesmo cabisbaixo...

Eu estava certo ao pensar que Jungkook está diferente hoje, ele está claramente atordoado e eu odeio ver meu amor assim.

— Eu... sim... eu só... — Ele levanta a mão, coçando os cabelinhos da nuca. — É que...

Antes que Jungkook termine, chegamos ao clube de música. Seokjin abre a porta com tudo, e assim que entra na sala, os meninos gritam, comemorando sua chegada com aplausos.

— Seokjin, vem agora vigiar o Yoongi! — Escuto Tae gritar.

Eles estão distraídos e barulhentos o bastante para que eu saiba que não vão questionar se Jungkook e eu não nos juntarmos a eles agora. Por isso, no meio da bagunça, eu seguro a maçaneta cuidadosamente. Sem chamar atenção, puxo a porta e a fecho, ficando para fora da sala junto com Jungkook.

Agora, estamos a sós no corredor, em frente à porta do clube de música.

Alguns segundos se passam, e Guk continua cabisbaixo e muito quieto. Sinto meu coração bater mais forte, e mordisco meus lábios quando não consigo segurar minhas preocupações, acabando por dizer:

— Senti você distante hoje de manhã, e agora. Queria saber se eu fiz alguma coisa que te chateou... ou se você precisa ficar um pouco sozinho... — murmuro, e isso parece assustar Jungkook, porque ele imediatamente levanta a cabeça, arregalando seus olhos. — Ou se não é nada, e você só está cansado... ou chateado por causa das besteiras que sua irmã disse... — adiciono, dando um sorriso nervoso.

Jeongguk olha nos meus olhos, finalmente. Pisco um par de vezes, um pouco ansioso pela sua resposta.

— Não... — começa, engolindo em seco. Podemos ouvir a baderna vindo do clube de música. — Não é nada com você ou que você fez, Jiminnie... — Volta a abaixar os olhos, mas agora, para a minha camiseta. — É que hoje aconteceu uma coisa lá em casa... e eu estou meio distraído com isso.

Lambo meus lábios mais uma vez. Quero perguntar o que é, mas não o faço. Não quero sufocá-lo... e também estou me sentindo mal por ter feito ele se explicar assim. Poxa, eu deveria ter esperado ele compartilhar isso comigo, mas... não me aguentei. Se bem que eu sempre posso perguntar o que está acontecendo se estiver me sentindo mal com algo, é algo que sempre fazemos. Céus, por que eu estou paranoico com isso?

Dou um suspiro, e olho em volta brevemente, checando se há mais alguém no corredor. Quando confirmo que estamos sozinhos, desço minha mão até a sua, tocando-a cuidadosamente.

— Se você quiser, pode falar comigo, você sabe... — eu digo, baixinho. Sinto Jungkook segurar minha mão de volta e é tudo que meu coração precisa. — Eu... eu percebi que você estava meio chateado, mas não queria te encher de perguntas ou te incomodar.

Mais uma vez, Jungkookie levanta seus olhos, encarando os meus. Ele nega com a cabeça.

— Jiminnie, você não me incomoda nunca... — ele diz, e parece tão genuíno que meu corpo todo fica mole.  — Eu não me sinto pressionado, nem nada, e não me incomoda que você me pergunte... — ele diz, e sua mão aperta a minha. Percebo que ele também olha um pouco ao redor, sem parar de apertar meus dedos entre os seus. — E-eu... puxa, eu até gosto que você perceba tão rápido quando estou triste...

Isso faz meu coração palpitar. E eu não posso segurar quando, apertando mais seus dedos, acabo confessando:

— Eu sempre percebo... e fico pensando em você. — O olho profundamente. — Eu... hoje também me senti um pouco mal por causa de algumas coisas. E eu queria muito ficar com você... e também queria que... — Que você me desse atenção. Me beijasse. Me abraçasse. — Eu queria... queria que...

Sinto meu rosto ficar estranhamente quente. Caramba. Não consigo falar!

Mordisco a boca, com vergonha do que acabou de acontecer. Não estou envergonhado pelo que eu disse, mas por ter travado tão de repente. Droga. Normalmente sou tão bom com essas coisas! Por que será que estou assim hoje? É porque estou sensível?

Estou tão perdido na minha vergonha que demoro para perceber Jungkookie me olhando com curiosidade. Quando meus olhos reconhecem sua expressão, me dou conta de que não terminei a frase.

Ai, meu Deus.

— O quê? — Jungkook murmura, e agora, nossos dedos estão se movendo entre nossas mãos, em um carinho delicado. Sempre fazemos isso quando estamos de mãos dadas, é quase automático, e tão romântico.

Fico em silêncio por mais alguns segundos, sentindo-me tímido e perdido. Acho que, normalmente, eu não falaria nada disso que acabei de dizer. Eu apenas seria calmo e faria de tudo para deixar Jungkookie menos preocupado. Caramba, eu nem citaria que também estou me sentindo mal — pelo menos, não agora. Eu esperaria ele se sentir um pouquinho melhor, e só então confidenciaria minhas preocupações e dores... para ele pode sentir as suas primeiro, e...

Jeongguk aperta minha mão com carinho. Meus olhos desfocados voltam aos seus.

Pare de pensar demais. É apenas ele. É o Jungkookie.

— Queria pedir... — Minhas bochechas ardem. — Eu queria que você me desse atenção, me abraçasse e me beijasse, e me elogiasse... quero- quero seu carinho, quero... você.

Sinto minha cabeça girar um pouco de pura vergonha. Nossa, isso soou bem melhor na minha cabeça. Devo estar mesmo sensível, porque estou até sentindo vergonha. Isso é meio raro com Jungkookie... ainda mais depois da nossa última noite juntos... ai, que mancada.

Apesar de ter dito algo meio vergonhoso, sinto que meu coração fica mais leve por admitir. Acho que precisava colocar isso para fora também...

Mas ao mesmo tempo, sinto uma vozinha no fundo da minha mente que se pergunta se isso não foi demais. Afinal... Jungkook já estava preocupado, e então, eu chego com perguntas, e além delas, ainda digo que também estou triste, e pior, peço algo a ele.

Ai, não. Talvez eu tenha sido meio insensível e egoísta agora...

Sinto meu estômago gelar e estou pronto para pedir desculpas quando volto a atenção para o rosto de Jungkook.

Oh.

Ergo as sobrancelhas, surpreso. Minha barriga esquenta, assim como meu peito e bochechas, tudo porque encontro Jungkook corado, sorrindo tão grande que seus olhos fecham daquele jeitinho que ruguinhas aparecem no canto dos seus olhos, e sua pele se enche de covinhas. As covinhas que eu tanto amo tocar e olhar...

— Jiminnie... — ele sussurra, meio ofegante e risonho. Ele está sorrindo tanto que é como se suas palavras também estivessem sorrindo. — P-puxa, isso foi muito fofo... — Jungkook completa, soltando uma risada nasalada tão adorável que eu fico perplexo.

Meu Deus. Ele... ele está assim por que achou muito fofo?

Pisco um par de vezes, e tenho certeza que estou tão vermelho quanto ele. Talvez mais. Com certeza mais.

— É-é? — pergunto, começando a sorrir também.

— É, muito, muito mesmo... você ficou muito fofo — ele diz, e dá risadinhas fofas entre as palavras. Vou ter um treco. — Você tá todo vermelho, Jiminnie...

Minhas bochechas pinicam mais. Ai...

— Ai, Jungkookie... você adora quando eu fico vermelho, não é? — eu digo, e apesar de tentar soar bravo, tudo que pareço agora é dengoso.

— Sim... — ele admite rapidamente. — Eu... sim. E a resposta é... sim — ele responde, depois de um tempo, e também parece tímido com isso. — Podemos ir para...

— Sim — falo, rapidamente, já sabendo qual é a sua ideia.

Embaixo das escadas.

— Sim? — Jungkook segura mais forte minha mão.

— Sim... — Eu aperto ele de volta.

E é desta forma que, sorrindo, Jungkookie e eu vamos juntos para o nosso lugar especial na escola.

No fim, pedir atenção para o meu namorado deu muito certo.

***

Eu acho que estou no paraíso.

Só isso explica como meu corpo parece estar flutuando em uma nuvem macia e confortável agora.

Jungkook e eu estamos embaixo da escada, sentados no chão. Meu amor está encostado na parede, com as pernas abertas, e estou deitado entre elas, com minhas costas descansando em seu peito quente e meu rosto aconchegado ao lado de seu pescoço cheiroso.

Suas mãos estão fazendo um carinho delicioso no meu couro cabeludo e tudo que eu estou fazendo nos últimos cinco minutos é suspirar, me arrepiar e soltar risadinhas involuntárias — que fazem ele rir também.

É bom demais.

— Você tá... — ele murmura, e só pelo tom baixo e tímido da sua voz, já sei que ele vai me elogiar. — Você tá muito cheiroso, Jiminnie...

Ai. Eu vou morrer.

— Ai, Jungkookie — eu sussurro, só porque estou muito balançado para conseguir proferir qualquer frase apropriadamente. Ainda mais quando Jungkook se inclina para deixar um beijo macio na minha cabeça.

— É que seu cabelo tá muito cheiroso hoje — ele fala baixinho, e seu nariz funga minha cabeça, sem se afastar após o beijinho.

— Não acredito que você está mesmo fazendo tudo que eu pedi... Me sinto no paraíso.

Afinal, ele está me dando atenção, carinho, abraços, beijos e elogios. É bom demais ser mimado assim...

— Sim. — Tenho certeza de que Jungkook está todo vermelho agora. Ele sempre fica quando é mais confiante. — Jiminnie... eu também queria dizer que... se você quiser falar sobre o que te fez se sentir mal hoje... — Sinto meu coração apertar quando ele começa a dizer. — Eu estou aqui para ouvir...

A forma que a sua fala soa, tão cuidadosa e hesitante, faz meu peito ficar ainda mais quente. Jungkook é tão doce e delicado... não sei como é possível existir alguém assim, como ele. Ele deve ser um milagre.

Soltando um suspiro melodioso, me encolho mais em seus braços, pegando sua mão que não está no meu cabelo; apertando seus dedos com carinho quando começo a desabafar:

— Tem acontecido algumas coisas lá em casa. A minha mãe não se abre comigo sobre assuntos importantes, e isso me deixa muito confuso. Às vezes eu sinto que ela não confia em mim, sabe? — falo, um pouco amuado, mas ainda é reconfortante ser acolhido assim. — E pra piorar, minha prima disse que meu tio vem pra cidade no aniversário dele. É óbvio que eu não quero ver ele, eu nunca quero, só que... não sei.

Jungkook escuta pacientemente, fazendo carinho em minha mão com todo apreço do mundo.

— Puxa... não acredito que ele vai aparecer de novo — ele diz, tão naturalmente que eu fico um pouco balançado. Jungkook ainda se lembra do que eu disse sobre o meu tio. Ele sempre presta atenção em tudo que eu conto para ele. — Eu sei que você sabe, mas... queria lembrar que você pode contar comigo pra fugir dele, se precisar. Assim como nas férias, quando a gente fugiu da minha irmã... podemos fugir dele juntos também...

— Sim. — Solto uma risada melodiosa, porque assim que ele para de falar, beija minha cabeça de novo. Que gostoso. — Eu acho que a gente deveria voltar lá no nosso lugar antes que o clima fique mais frio.

— Uhum... — ele murmura, e me deixa todo arrepiado ao deixar um beijo, agora, em minha bochecha. Tão quentinho e macio. — Sobre a sua mãe... puxa, será que ela não está com medo de como você vai reagir? Não sei o que é que ela está escondendo, mas... ela parece confiar muito em você.

— Pois é! Ela é sempre tão aberta sobre tudo comigo. Não entendo como ela pode só... simplesmente... — Suspiro de frustração.

— Você acha que ela pode estar com medo de se abrir? Ou... algo assim? — ele pergunta cuidadosamente. Seu carinho está tão lento em minha mão que quase faz cócegas.

— Não sei... — murmuro, pensando um pouco sobre isso.

Leonor pode estar grávida agora, assim como pode ter um namorado, mas não me falou nada sobre isso. Acho que faria sentido ela ficar um pouco receosa em me contar, já que eu sou filho único, e ela nunca namorou depois que meu pai morreu — não que eu saiba. Eu realmente não estou acostumado com nenhuma dessas situações... então é realmente possível que ela esteja com medo da minha reação.

No entanto... eu sou uma pessoa muito compreensiva, e Leonor sempre elogia isso em mim. Então por que ela acharia que com essas duas situações, seria diferente? Ela não acha que eu posso aceitar e ficar feliz por ela estar com alguém e por eu ter um possível irmãozinho?

Poxa... são muitas possibilidades. Queria que ela pudesse falar sobre isso comigo para eu saber o que fazer e como me sentir.

— Acho que você pode estar certo... — eu falo, virando a cabeça para esconder meu nariz em seu pescoço, sentindo o cheiro gostoso da sua pele.

Sinto Jungkook ficar um pouco tenso pela forma que seus braços travam em volta de mim, assim como suas pernas. Sua pele se arrepia onde meu nariz toca. Ele gosta tanto de beijinhos aqui... é tão adorável.

— E-eu... acho que faz sentido — ele diz, tão baixinho que me faz sorrir em sua pele.

— Sim... — Me afasto um pouco quando sinto que seu corpo continua tenso demais. É quando ele finalmente relaxa, soltando um suspiro tão alto que é como se tivesse prendido a respiração.

Eu adoro deixar meu amor arrepiado, mas não quero deixá-lo tenso agora... só quero que possamos ficar relaxados e juntinhos um do outro. Acho que precisamos disso hoje, mais do que nunca.

Me afasto um pouco, desencostando-me dele para me virar, porque quero estar olhando para ele ao dizer:

— Guk... se você quiser me falar o que aconteceu... você também pode — eu lembro, olhando em seus olhos. Noto como suas bochechas estão coradas e quase não consigo terminar a frase de tanto que quero beijá-lo. — Mas também... se você não quiser, não tem problema. Podemos só ficar em silêncio e... de chamego.

Jungkook fica em silêncio, olhando em meus olhos por longos segundos — e é apenas por isso que não volto a me deitar sobre ele. Mantenho o contato visual e sinto meu coração bater intensamente quando vejo sua mão vindo na direção do meu rosto. Pisco lentamente ao que, delicadamente, Jungkook passeia a ponta dos dedos macios em minha bochecha, contornando minha mandíbula e queixo, fazendo meu pescoço arrepiar e minha barriga se remexer como se eu nunca houvesse sido tocado assim antes.

Apesar de estar feliz, não consigo sorrir agora, apenas umedecer levemente meus lábios. É quando Jungkook finalmente se inclina em minha direção e, seguindo meu coração, faço o mesmo, fechando os olhos quando nossos lábios finalmente se encontram.

Jungkook e eu nos beijamos lentamente. É macio e doce como cada um dos beijos que compartilhamos. Posso sentir sua respiração em meu rosto, e levo minha mão até o seu pulso, segurando com carinho para que ele não pare de me tocar assim. É tão gostoso senti-lo dessa forma que não posso evitar segurá-lo perto...

Nos afastamos brevemente, e logo retomamos o beijo, curvando nossos lábios lentamente. Me separo de Jungkookie por um segundo, apenas para dar um beijo macio em seu arco do cupido, sentindo quando ele sorri nos meus lábios por causa disso. Isso faz com que eu sorria também, acarinhando seu pulso cuidadosamente antes de deixar um beijo lento no canto da sua boca também.

— Jiminnie... — sussurra, tão pertinho que nem precisa elevar a voz. — Eu quero te dizer o que aconteceu, mas... — Morde os lábios. Ele ainda não abriu os olhos. — Não quero que você fique triste e bravo...

Pisco um par de vezes, me afastando só um pouquinho de seu rosto. Jungkook abre os olhos.

— Não tem problema se eu ficar triste... — sussurro, tocando sua bochecha. — E acho muito difícil eu ficar bravo. — Sorrio.

Jungkook sorri também, suspirando baixinho. Ele segura minha mão que está o tocando no rosto, entrelaçando nossos dedos tão naturalmente que eu fico bobo.

— O meu pai quer que eu faça uma prova... — ele começa, mordendo o lábio inferior.

Consigo perceber como sua expressão muda sutilmente, a tensão se instalando em seu rosto.

— Certo. — Finjo não perceber como ele parece nervoso.

— É... para um colégio na capital super prestigiado e tudo mais, e... — murmura, desviando os olhos para baixo. — E se eu fosse, eu... teria que me mudar e morar com meu pai lá no próximo ano.

Se... mudar?

Espera. O colégio é... na capital?

Jungkook teria que se mudar para lá? 

Prendo a respiração. Sinto meus braços repentinamente gelados, e não consigo disfarçar a forma que engulo em seco de nervoso com a informação, porque, meu Deus. Jungkook pode ir embora.

Posso não ver ele todos os dias.

Talvez eu não o veja por meses...

Minha mente se enche destes pensamentos, e a angústia da saudade que eu sei que vou sentir, toma meu coração. Estou tão preso pensando na minha vida sem Jungkookie, e em como essa notícia parte meu coração, que mal percebo quando Jungkook volta a me olhar. Não dá tempo de disfarçar a expressão dolorida em meu rosto. Céus.

Vejo seus olhos dobrarem de tamanho e sinto quando sua mão aperta a minha com mais força.

— M-mas eu não quero! Eu não... não quero mesmo. Eu nem quero fazer a prova! Se eu morasse lá, veria minha irmã com mais frequência, e não tenho ninguém lá... e também, nunca tive interesse naquela escola. Eu realmente não pretendo ir — Jungkook se explica rapidamente, seus dedos me apertando cada vez mais.

Ele me olha com tanta preocupação que sou forçado a engolir em seco, empurrando goela a baixo a tristeza que sinto em todo meu corpo com a ideia de tê-lo tão longe de mim. Sei que ele está sendo sincero, e que eu não deveria me sentir triste porque, mesmo se ele fosse, seria uma coisa... boa. É um colégio prestigiado! Eu deveria ficar feliz por ele, e também... apoiá-lo por ser algo difícil.

É a segunda vez hoje que não consigo agir da maneira certa com meu amor, e isso me faz sentir chateado comigo mesmo. É por isso que não demoro nem mais um segundo para dizer:

— Meu amor... isso... seria incrível! — digo, e minha voz sai toda desafinada e quebrada. — Quer dizer... se você não quer, eu fico feliz porque quero estar sempre com você. Eu quero que você faça o que te faz feliz...

Sinto seus olhos sobre mim, ainda preocupados, mas um pouco menos desesperados que antes.

— Eu só... eu me sinto muito nervoso porque meus pais estão falando disso com muita animação, parece que já está decidido que devo tentar, e... eu me sinto mal por decepcionar eles — ele fala, olhando para nossas mãos juntas. Agora, elas estão sobre o seu colo, com ele acariciando as minhas cuidadosamente. — Eu sei que eu posso negar, mas... puxa. É difícil e me deixou meio nervoso a manhã toda.

Balanço a cabeça, concordando, e engulo mais uma vez a tristeza que a possibilidade está me fazendo sentir. É tão arrebatadora e estranha que eu mal sei como me sentir sobre ela.

— Eu entendo você, meu amor... — digo, baixinho. — Mas você sabe que deveria ser sincero com eles. Eles te amam muito, e tenho certeza que não vão te forçar a fazer nada que você não queira.

— É, eu... eu também tenho.

— Então, você não precisa ficar tão nervoso — eu falo. Jungkook olha para mim e parece culpado. Meu coração aperta. — E não se preocupe comigo... eu sempre vou te apoiar, Jungkookie. Eu te amo e sempre quero ver você bem. Você pode falar comigo sempre que precisar...

Seus olhos finalmente suavizam com o que eu digo, e isso me acalma um pouco. Não tanto quanto eu queria... mas decido pensar sobre como me sinto mais tarde, porque não quero deixar Jungkook mais nervoso do que ele já está.

— Puxa... — Jungkook sussurra, inclinando-se para deitar a testa em meu ombro. Imediatamente o abraço, afagando sua nuca com carinho. — Eu estou me sentindo tão nervoso desde que eles começaram a falar disso. Eu estava ficando melhor em não me sentir culpado com coisas assim, mas agora... sinto que não progredi nada.

— Você com certeza progrediu, Jungkookie — digo, acarinhando meu amor. — É normal se sentir assim... ainda mais depois do que aconteceu com a sua irmã. Aquelas coisas que ela disse foram muito pesadas, então é normal você se sentir menos forte para lidar com isso agora...

Jungkook fica em silêncio por longos segundos, relaxando ainda mais sob meu toque. É tão bom tê-lo molinho em meus braços, assim. Sinto que aqui, posso garantir que meu amor nunca mais vai se sentir sozinho.

Meu coração dói. Eu o quero aqui. Em meus braços...

— Puxa... é mesmo... — Suspira. — Eu nem tinha pensado por esse lado. Quando eu falei para o Jin, ele ficou bravo e chateado, e eu sei que não era comigo, mas fiquei ainda mais nervoso por não saber por que estava me sentindo tão culpado e nervoso de falar com eles. — Ele aninha seu rosto ainda mais em minha pele. Tão amoroso. — Isso faz tanto sentido...

Eu balanço a cabeça, concordando e intensificando o meu carinho em seu cabelo.

— Eu imagino como deve ser, meu amor... — digo, e quando afago perto da sua nuca, Jungkook coloca as mãos no centro das minhas costas e me abraça mais forte. — Mas antes de tudo, essa é uma coisa sua. Então quando conversar com os seus pais, lembra de falar sobre os seus sentimentos... e pensar só neles antes de tomar qualquer decisão. — Sinto meu coração pesar porque, apesar de estar dizendo isso, não é o que eu sinto lá no fundo.

Estou com uma sensação estranha na boca do estômago, e um bolo na garganta que não quer sumir. É como se algo muito ruim estivesse prestes a acontecer e... eu me sinto ansioso por isso. Porque sei que isso é medo. Medo de perder Jungkook...

Quero apoiá-lo e fazê-lo bem, mas ao mesmo tempo quero chorar e pedir para ele não ir embora de jeito nenhum. Mesmo ele dizendo que não quer, ainda sinto medo. Meu coração, meu corpo, minha alma; tudo em mim se acostumou, e ama tudo em Jungkook. Eu não sei como seria não tê-lo por perto sempre.

É muito doloroso pensar nisso.

— Sim... eu não quero mesmo. Eu acho que vai ficar tudo bem assim que eu falar com eles — ele sussurra, e é como se cada palavra, respiração, e toque de Jungkook fosse extremamente especial agora... especial, raro, importante. — Obrigado por sempre ser tão bom pra mim, Jiminnie...

Por algum motivo, isso me faz sentir pior sobre os meus sentimentos doloridos de saudades. É como se eu não merecesse o que ele está dizendo, porque, na verdade, não quero que ele vá. Mas isso também é tão humano e normal. Não posso me sentir mal por me sentir triste. O que importa é como eu ajo... e eu agi da forma certa, agora.

Não é?

— Você não precisa agradecer... — Beijo a lateral do seu rosto. — Me liga quando conversar com a sua mãe hoje? Para me dizer como foi? — Peço, porque sinto que não vou conseguir dormir se não souber.

Jungkookie se afasta do nosso abraço, e concorda com um aceno. Seus olhos estão inchadinhos, e o cabelo bagunçado de tanto que mexi nele. É a coisa mais linda do universo.

— Você vai ser o primeiro a saber... — Jungkook diz, e faz uma pausa. Conheço-o tão bem que sei que ele ainda vai falar algo. — Minha vida...

Meu Deus.

Acho que nunca vou me acostumar com Jungkookie me chamando assim.

Não consigo segurar o sorriso enorme em meu rosto, e meus olhos se fecham de tão intenso que é. Sinto meu coração ficar mais calmo, e seguro a gola do casaco de Jungkookie para puxá-lo para mais um beijo apaixonado.

— Eu te amo muito, Jungkookie... — murmuro em seus lábios, e sinto minhas bochechas pinicarem quando Jungkook toca elas ao me dar mais um beijo.

O sinal do fim do intervalo toca e, beijando meu amor, eu sinto que, independente de qualquer coisa, vai ficar tudo bem.

Sempre fica.

🧡

Dessa vez eu voltei ainda mais rápido, hihi!

O que vocês acharam desse capítulo? Meu coração doeu de escrever, porque me dói ver meus meninos crescendo e lidando com cada vez mais sentimentos. Crescer é muito doloroso, mas sempre ficamos bem. Estou animada pra essa nova fase! Espero que vocês estejam gostando! 🥺

Ontem foi meu aniversário e eu queria muito trazer uma coisinha especial para vocês! Fico feliz de ter conseguido... amanhã ainda tem atualização de Meu amigo não tão imaginário, então vejo mais alguns de vocês amanhã também hihi

Obrigada pela leitura, e vejo vocês na próxima! Beijinhos! 🧡

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