Blue | Matt Smith

By SenhoritaFernandes_

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Blue Hemmings era uma jovem de 18 anos sonhadora e doce, como toda garota romântica, ela imaginava um casamen... More

𝙰𝚟𝚒𝚜𝚘𝚜 𝚍𝚊 𝚊𝚞𝚝𝚘𝚛𝚊
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟷
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟸
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟹
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟺
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟻
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟼
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟾
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟿
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟶

𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟽

82 9 2
By SenhoritaFernandes_

𝚀𝚞𝚊𝚗𝚝𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎 𝚍𝚎 𝚙𝚊𝚕𝚊𝚟𝚛𝚊𝚜: 𝟺.𝟷𝟽𝟹
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟽


Eles estão indo a um jantar. Um jantar de aniversário para ser mais exato. Blue não consegue sequer imaginar o porquê de está indo junto, mas acredita que David está incluso nesta história e tenha gentilmente, para não falar outra coisa, pedido ao seu filho que a levasse também. Blue sente vontade de negar o convite, mas desiste da ideia ao lembrar que ela não tem muita escolha, após Matt lhe agraciar com seu costumeiro bom humor a loira se retira, retornando para o seu quarto emburrada.

Em seu quarto Blue prende o cabelo em um rabo de cavalo, se despe e segue até o banheiro, ela toma um banho quente, passando seu xampu com cheiro de flores e ao terminar e se enrolar em sua toalha, ela passa um hidratante em todo o corpo e por fim sai do banheiro, olhando para as roupas distribuídas pelo closet. Ela não tem nenhuma roupa adequada para a ocasião, na verdade nunca precisou ter. Blue nunca havia ido a festas importantes, o máximo que ia era em alguma festa da escola ou em alguma festa que Amélia ou algum outro aluno organizasse, naquelas ocasiões ela podia se limitar a usar um jeans ou até mesmo um short, mas um jantar de aniversário e principalmente com Matt com certeza era um evento e ela precisava estar vestida como tal, por alguns instantes se xingou por não ter feito uso do cartão que ganhou.

Blue, por fim, acaba escolhendo sua roupa, faz uma maquiagem leve nos olhos e passa um batom vermelho. Deixa o cabelo solto e pega um vestido vermelho de manga longa com a saia solta e os ombros nu, completa o visual com algumas joias e calça uma sandália prateada de salto alto. Ela se olha no espelho por alguns instantes e sai, levando consigo uma bolsa pequena que contém seu batom para retocar e seu celular. Ela atravessa todo o corredor sozinha até chegar na entrada da casa onde os seguranças estão e Matt também. Matt está escorado em um carro de cor azul, ele usa um terno quadriculado cinza com uma camisa azul por dentro. O cabelo perfeitamente penteado para o lado.

Blue caminha até ele enquanto Matt ergue o olhar até ela e arqueia uma de suas sobrancelhas.

— Algo errado?

— Não.

Mas o olhar dele continua sobre ela e aquilo, surpreendentemente, não a incomoda.

— Vamos? — Matt pergunta e abre a porta do carro,

Blue entra, senta-se no banco da frente e Matt entra em seguida no banco do motorista, ele olha uma última vez para ela antes de ligar o carro e sair. Por alguns instantes Blue tem vontade de perguntar pelos seguranças, mas o reflexo do espelho responde sua pergunta ao ver duas motos e um carro os seguindo.

— Por que tantos seguranças?

— Você deveria aproveitar da sua inocência quanto a esse assunto.

E é tudo o que ele diz e o que faz a mente da garota imaginar mil motivos diferentes do porquê deles precisarem de tantos seguranças.

— E se eu precisar me proteger?

Matt arqueia uma sobrancelha e a olha rindo.

— Eu não acho que você consiga se defender sozinha.

— Você deveria se ocupar em me conhecer melhor então.

Ele não responde e fica calado durante todo o restante do percurso.

Após quase uma hora eles chegam ao destino. O local da festa é um hotel, Blue já esteve ali em algumas ocasiões com seu pai já que o homem trabalhava ali quando estava com vontade. Ela sente um mal estar só de pensar em se reencontrar com ele novamente.

O hotel é majestoso e espetacular, quando criança Blue gostava de pensar que aqui era um castelo e sonhava em morar ali um dia. A construção é imponente, com poucos andares porém com luxo em cada quarto. As paredes de cor bege e esculturas de anjos na entrada que contém uma pequena escada que leva até a luxuosa e tecnológica recepção; cerca de quatro colunas em cor marfim enfeitam a entrada e o prédio possui uma fachada com varandas em ferro preto que contrastam com a cor clara. Ele também tem duas torres com telhado preto e a suíte master fica ali, e da janela é possível ver toda a cidade. Blue sempre entrava escondida ali a noite quando seu pai estava trabalhando e sonhava acordada, imaginando como seria poder acordar ali todos os dias.

Quando Matt estaciona em frente ao hotel, Blue desce após abrirem a porta. Ela nunca imaginou que entraria ali como uma convidada, que alguma vez na vida estaria fazendo o outro papel e ela se sente bem com aquilo. Blue já havia atingido um ponto extremo de exaustão por todos os anos que havia ficado se humilhando graças ao seu pai e agora que sua ficha está começando a cair ela não irá mais precisar se humilhar daquela forma novamente, não precisará se humilhar diante de tantas pessoas para que seu pai retorne para casa, ou que o dono do mercado perdoe o atraso no pagamento de novo. Blue nem lembrava mais quantas vezes precisou fazer um extra em algum local, limpar casas, ser babá, vender bolos, brigadeiros e tantos outros tipos de coisas para conseguir simplesmente sobreviver.

Matt aparece ao seu lado arrumando o terno, o cabelo caindo um pouco por sua testa. Ele entrega a chave do carro ao valet para ele estacionar o veículo.

Eles entram no hotel e caminham pela recepção, Blue percebe os olhares dos funcionários e de outras pessoas virando até eles, observando cada passo que os dois dão

— Porque estão todos nos olhando? — Blue sussurra.

Ele ri.

— Porque, querida, você e eu somos as pessoas mais ricas do local — ele diz.

Blue quis acreditar que ele estava mentindo e brincando com ela, quis falar alguma coisa, mas resolve ficar calada pois as pessoas continuam olhando e algumas cochichando entre si. A loira se sente desconfortável com aquilo pois lhe lembra o tempo em que ela precisava arrastar seu pai bêbado por algum lugar, as lembranças a fazem parar de andar e ela esbarra em Matt sem querer se sentindo tonta. Matt, à sua frente, revira os olhos impaciente.

— O que foi dessa vez?

Blue sente seu coração bater mais forte e um aperto em seu estômago. A cena atrai mais olhares para si e ela até consegue ouvir os cochichos das pessoas ao redor, tudo o que ela menos queria naquele momento era chamar tanta atenção, mas as lembranças dos dias em que precisou arrastar seu pai bêbado pelas ruas enquanto ele xingava, lhe deixavam tonta e enjoada. A loira se agacha no chão, colocando as mãos na cabeça e fechando os olhos, tentando se acalmar e colocar seus pensamentos em ordem, tentando respirar, tentando não desmaiar enquanto o pânico toma conta de si.

— O que vocês estão olhando? — Matt grita. — Vão caçar algo para fazer, seus inúteis.

Blue ainda está agachada, a respiração acelerada e o coração batendo tão forte que ela consegue ouvi-lo bater. Matt se agacha ficando da sua altura, cruzando as mãos na frente do seu corpo.

— Eu quero saber?

Blue nega com a cabeça, tentando respirar devagar, vendo as pessoas saírem e sumirem pelos corredores do hotel. Matt fica de pé e estende a mão, Blue aceita e fica de pé também, sentindo suas pernas fracas, um segurança lhe oferece uma taça com água e Blue aceita ainda está tremendo.

— Obrigada! — ela diz a Matt.

— Tanto faz, não quero que achem que eu casei com uma doida.

E dito isso ele se vira e sai, colocando as mãos no bolso e deixando Blue incrédula atrás de si. Como ele consegue ser tão idiota? Tão estúpido?

Blue vira e some por um outro corredor, resolvendo não acompanhar ele, ela pode até ter sido obrigada a casar, mas não será obrigada a ficar ao lado dele quando ele mesmo faz questão de não mantê-la ali. Aquela morena com certeza estaria naquela festa, então ele que fizesse bom proveito.

A loira caminha pelo corredor até chegar ao salão de jogos do hotel. Trata apenas de uma enorme sala com mesas e cadeiras onde os hóspedes podem jogar diversos jogos de tabuleiro ou cartas, duas sinuca ficam ao fundo, uma lareira imensa ilumina o local e há sofás encostados na parede com vista para o jardim onde a festa acontece. Dali ela vê o idiota do seu marido e a morena dançando, como ele pode ser tão cafajeste? Será que algum dia ele lhe daria algum valor? Ou aquilo só iria piorar? E então ela volta à estaca zero, se sentindo inútil.

Blue senta no sofá, o segurança pelo menos havia entendido que ela queria ficar sozinha e ficou fora, e enquanto Blue apenas observava a festa ocorrer lá embaixo e pensando seriamente em voltar para casa para se afundar em sua cama e dormir, mas observando Matt lá embaixo se esfregando naquela morena, ela resolve que irá aproveitar a festa também, afinal ela é uma convidada. Blue sai do salão sendo acompanhada por um segurança negro, e retorna para o jardim servindo-se de uma bebida vermelha e cremosa e indo até a mesa onde estava o nome SMITH. Ela senta ali tomando sua bebida, evitando prestar atenção no fato que outras pessoas olham para ela, não queria ter outro ataque ali.

Ela fica na mesa sozinha, aproveitando a comida e a bebida, focando em si própria para conseguir controlar sua respiração e seus batimentos cardíacos enquanto os outros convidados a observam, até quando percebe que seu marido e a morena haviam sumido. Se ele fazia tanta questão em estar sempre na companhia daquela mulher, por que não casou com ela? Não é possível que David não levou em consideração a escolha do filho, não existe nenhuma explicação plausível para Blue ter sido escolhida. Se David acredita que Blue teria algum poder de influenciar a cabeça do próprio filho, certamente aquela altura ele já havia se arrependido de sua escolha. Obviamente Blue poderia contar tudo ao seu sogro, fazer com que Matt recebesse mais reclamações, mas aquilo com certeza depois iria se virar contra ela e no momento ela só quer ter paz, só quer viver sua vida sem ter muitos problemas, está decidida daquilo. Ela já é maior de idade, desde muito cedo não dependia financeiramente de mais ninguém e agora principalmente, ela tem seu sogro ao seu lado, um cartão sem limite e um mundo inteiro à sua frente. Por que se preocupar se Matt está se esfregando em outra mulher?

Ela nem sabia exatamente quanto tempo estava sentada ali sozinha, servindo-se de refrigerantes e comida quando um homem sentou-se à sua frente. Ele é loiro e tem uma barba que o deixava extremamente bonito, usando uma roupa menos social e trazia consigo um copo com um líquido dourado.

— Você é Blue Smith, certo?

— Hemmings — ela o corrige.

— Blue Hemmings, muito mais bonito, com certeza — ele fala. — Eu vi que você está aqui sozinha a muito tempo, o que me diz de me acompanhar em uma dança?

Ele estende a mão para ela. Blue observa as pessoas dançarem ao som de um DJ qualquer no centro no pátio, há uma grande diversidade de pessoas ali, algumas dançam em casais, outras em trio, alguns se beijam e outros passam suas mãos em locais íntimos demais para o gosto da loira. Ela observa ao redor a procura de seu marido, mas ele ainda está ocupado com a aniversariante, já que a mesma também não podia ser vista em lugar nenhum. Blue dá de ombros e aceita o convite do homem, caminha até o centro do pátio e se mistura com as demais pessoas.

E eles dançam e dançam por tanto tempo que Blue fica com os pés doloridos e precisa tirar suas sandálias, após o que parecem horas ela retorna para a sua mesa rindo com o loiro ao seu lado, ela já tinha rido tanto que seu maxilar está dolorido, nem parece que havia passado os últimos dias triste e chorando. Quando o cansaço a vence, ela e o loiro se despedem e Blue retorna para a sua mesa, o cabelo com alguns fios fora do lugar e a bochecha corada. Ela vê Matt sentado, fumando e observando ela sentar.

— Onde você estava?

— Não é da sua conta. — Blue responde pegando a jarra de água e enchendo sua taça. — Onde você estava?

Matt solta a fumaça do cigarro para cima e ri.

— Eu gostava mais de você quando você não sabia falar — o moreno diz.

— Que pena!

Blue dá de ombros para ele o fazendo rir novamente. Ele pode ser um idiota, cafajeste e metido, mas que sorriso magnífico ele dava, aquele sorriso com certeza lhe abria muitas portas com as mulheres.

Matt apaga o cigarro em um cinzeiro e fica de pé, estendendo a mão para a loira que arqueia uma de suas sobrancelhas, confusa com o gesto.

— Vamos dançar — ele diz.

Blue sabe que aquilo não é convite, é uma ordem, e prontamente fica de pé, sendo guiada pelo moreno até o centro do jardim novamente onde outras pessoas ainda dançam. A música que toca é uma música animada, porém calma o suficiente para as pessoas dançarem bem próximas uma das outras. Blue antes mesmo de sentir a mão do loiro em suas costas ela já estava sentindo o coração bater furioso em seu peito.

Eles se movem devagar de acordo com o ritmo da música, a mão do loiro na curva de sua cintura e a outra segurando sua mão, Blue mantém a sua mão livre sob o ombro dele. Matt é bem mais alto, apesar do salto, Blue ainda bate no queixo do mais velho.

Sua vida seria para sempre resumida a isso? A uma farsa? Enquanto Matt a movia pelo salão é somente naquilo que ela pensa Quando a música encerra, eles se soltam e voltam para a mesa, Matt não sai mais em nenhum momento, até mesmo quando a morena passa tocando seu braço e Blue sente, mesmo que seja humilhante, o seu ego inflar um pouco.

Já passava das dez quando Blue resolve ir ao banheiro, ela caminha sozinha para dentro do hotel e segue pelo corredor onde fica os banheiros, no meio do percurso alguém lhe puxa pelo braço, apertando os dedos com força. Blue sente seu coração quase parar com o susto e fica ainda mais sem reação quando ver que o alguém na verdade é seu pai.

Anthony Allen. Anthony é loiro e possui olhos azuis, todos falam como Blue é uma cópia sua, mas com o tempo as semelhanças desapareceram. O cabelo loiro se transformou em um cabelo ralo e cor de palha seca, os olhos azuis eram sem brilho são rodeados por olheiras escuras em um rosto cheio de rugas. Ele está mais magro e tem uma aparência feia, esquelética, Blue temia que ele se desmontasse na sua frente, mas mesmo assim ele mantinha a mão firme no braço da garota.

O homem está com a barba feita e o cabelo cortado, ele sorri exibindo os dentes, a loira consegue sentir o cheiro de álcool denunciando que ele estava bebendo mais uma vez. Em todo momento Blue imaginou que lhe entregar aos Smith havia causado algum tipo de remorso que o fizesse parar de beber, de apostar e tomar um rumo em sua vida, mas vendo o homem ali, ela conclui que nada mudou, e provavelmente ele já estava adquirindo mais uma dívida com a família.

— Eu vi você e seu marido dançando — ele fala, a voz arrastada. — Você está rica agora!

Blue tenta se soltar mas o aperto em seu braço aumenta e começa a doer.

— Você está me machucando.

— Cale a boca, garota inútil!

Blue está acostumada aos insultos, aquela não seria a primeira e nem a última vez que seu pai a chamaria daquela forma.

— Agora seja uma boa garota e chame o seu marido aqui, o papai precisa de dinheiro.

Blue sente vontade de rir.

— Você acha mesmo que ele irá bancar seus vícios? Foi para isso que me deu a ele?

O aperto em seu braço aumenta e Blue faz uma careta de dor, obviamente seu pai não estava normal. Apesar de tudo ele nunca havia encostado um dedo nela.

— Faça o que eu estou lhe dizendo, você irá me dar o dinheiro.

Ele aperta mais a mão em torno do braço da garota a fazendo soltar um gemido de dor, som que seu pai ignora totalmente. Ele a arrasta para fora do quarto e a empurra pelo corredor, arrastando ela até chegarem próximo a porta que levava até o jardim

— Agora vá e só volte com um cheque bem generoso, você me deve isso!

Quando ele a solta, a empurrando, Blue cai no chão sentindo seu braço doer, seu pai com certeza havia bebido e Blue só conseguia sentir pena dele. Queria poder acalmá-lo, mas seus pensamentos foram interrompidos ao ver um segurança passar por ela, derrubando seu pai no chão como se ele fosse apenas um pedaço de plástico.

Matt aparece logo em seguida, ele tem um cigarro novamente nos lábios e uma de suas mãos no bolso da sua calça.

— Como que vocês deixaram ele entrar? Seus idiotas!

Matt fica de pé ao lado dos dois, ele parece analisar o que vê e faz um gesto com a cabeça e segue pelo corredor, retornando para o mesmo quarto de onde eles haviam saído, que era o salão de jogos. Matt entra primeiro e o segurança arrasta o pai de Blue pelo chão e o joga em uma das mesas de sinuca. Blue entra observando a cena. Talvez se Matt desse um susto seu pai, ele a deixaria em paz, seria melhor ele sair com um olho roxo.

— Eu pensei que tivéssemos deixado bem claro o nosso trato — Matt diz, ele coloca suas mãos no bolso da calça enquanto fala. — Você entregava a garota, sua dívida era perdoada e você sumia, qual parte você não conseguiu entender para que eu possa traduzir novamente?

O pai da loira não parecia mais tão grande diante do moreno e ficou calado, Blue observava tudo aquilo em silêncio. Não é que desejasse o mal dele, mas também não iria sustentar seu vício, na verdade ela o queria bem longe de sua vida e se para isso Matt precisasse lhe dá uma surra, então ela infelizmente teria que apoiar o idiota do marido daquela vez.

— Perdeu a voz?

Matt avança em direção a sinuca, segurando seu pai pela gola da camisa e o imobilizado ali, Blue observa a cena assustada com o movimento rápido e brusco do moreno. Seu pai continua calado, os olhos sem vida fixo nos olhos verdes do moreno acima dele que brilham. Matt tinha um olhar alucinado e Blue corre em direção aos dois quando Matt coloca uma arma prateada na cabeça do seu pai. Ela não fazia a menor ideia de onde aquela arma havia saído ou o que ele iria fazer, mas simplesmente não podia deixar que ele matasse seu pai, por mais cruel que ele fosse ela não iria se igualar a ele.

Blue não consegue nem chegar perto dos dois pois o segurança a segura no percurso, a tirando do chão enquanto a segura pela cintura.

— Tira ela daqui.

O segurança a leva para fora do quarto e a arrasta até a habitual Mercedes preta, fechando a porta enquanto o motorista acelera saindo do estacionamento. Blue o ordena diversas vezes que ele volte, mas aparentemente sua palavra não surte nenhum efeito e ele continua dirigindo enquanto a mente da loira cria um milhão de possibilidades diferentes do que Matt havia feito com seu pai. Ela não deveria ter dito nada, deveria apenas ter conseguido o dinheiro, Matt e nem David nem perceberiam, talvez nem olhassem a fatura no final do mês, afinal de contas é o seu pai e ele só tinha ela, mesmo que ele tivesse sido babaca o suficiente para a trocar por dinheiro, que a tivesse maltratado durante todos aqueles anos, ela não queria que ele morresse, no final das contas ela apenas queria que ele tornasse um rumo em sua vida, pois afinal ele é seu pai e sua mãe sempre lhe ensinou a honrá-los.

Quando o carro estaciona em frente a mansão, Blue desce e procura por Sebastian apenas para ser informada que o rapaz estava de folga naquele dia. Blue sente seu coração bater forte e nem mesmo consegue ouvir nada, nem pensar corretamente, seus pensamentos estão apressados e ela tem medo de descobrir o que Matt fez com seu pai. A imagem dele montado em seu pai e com uma arma em sua testa não iria sair de sua mente facilmente, Blue não sabia se seria capaz de perdoar Matt caso ele o matasse.

Blue corre para dentro da mansão, indo até o escritório do David, o mais velho com certeza iria resolver aquilo, mas ele também não estava e aquilo só fazia Blue se sentir cada vez mais perdida, cada vez mais agitada. Sem saber o que fazer, ela tenta se acalmar e senta na poltrona ao lado da porta da entrada, Matt teria que voltar para casa em algum momento naquela noite e ele não iria escapar de suas perguntas e também não iria escapar de um tapa que com certeza Blue lhe daria.

A loira nem soube quanto tempo ficou naquela poltrona inquieta, mas ao ouvir o som dos carros chegando ela fica de pé em um pulo e abre a porta vendo Matt saindo do carro. Ela avança em cima dele sendo impedida de alcançá-lo por um de seus seguranças, a sua frente Matt está igual, apenas o cabelo bagunçado mas nenhum machucado, nenhum sangue e nenhuma arma.

— Onde está o meu pai?

— Se ele souber usar a inteligência dele, bem longe daqui.

Aquilo faz Blue ficar com mais raiva ainda.

— Você não achou que eu ia dar dinheiro a ele, certo?

— Mas também não achei que você ia surtar e apontar uma arma na cabeça dele.

Matt ri daquilo e se aproxima dela, o segurança se afasta dos dois.

— Eu não recebo ameaças de ninguém, Blue!

E ele passa por ela, ignorando totalmente o fato de que ela tremia igual a uma vara verde, que sua respiração estava acelerada e seus olhos lacrimejando.

— Você é a pessoa mais idiota que eu já conheci em toda a minha vida — Blue diz se virando, vendo Matt parar e virar para ela também.

— O que você falou?

— Eu te chamei de idiota, mas você é muito além disso, eu nem sei do que lhe chamar.

Matt caminha até ela, parando a sua frente e bem próximo, ele se abaixa um pouco ficando próximo ao seu ouvido, causando um arrepio no corpo da loira ao falar:

— Eu acho melhor você aprender a falar direito comigo.

E tomada por uma repentina coragem ou burrice, Blue nunca saberia dizer qual dos dois com certeza, ela ergue sua mão e leva até o rosto do mais velho, dando uma tapa em sua bochecha que o faz virar o rosto.

— Sua maluca!

Matt se vira e a encara, a mão em sua bochecha e os olhos arregalados, naquele instante Blue queria simplesmente evaporar diante do olhar dele. A loira já havia reparado que Matt não gostava de ser contrariado e depois de ter visto o que ele fez com seu pai e de ver seu olhar, ela tinha absoluta certeza que ele também seria capaz de fazer loucuras caso alguém o desafiasse, naquele momento em especial ela temia por sua vida.

— Vocês dois, parem com essa palhaçada! — A voz alta fez ambos olharem em direção aos carros, David estava ali parado olhando para os dois com um olhar decepcionado. — Os dois para o meu escrito imediatamente.

Matt obedece o pai imediatamente e Blue o acompanha, os dois entram no escritório em silêncio, Matt com o cabelo ainda mais bagunçado e cinco dedos vermelhos desenhados na bochecha. Blue de repente se sente mal por ter batido nele, ela não era daquele jeito, nunca eleva a voz para ninguém e, se em algum momento naqueles dias ela teve alguma minúscula chance de um convívio pacífico com o seu marido, aquela chance havia sido totalmente destruída e ele com certeza não deixará passar batido aquele tapa.

David entra no escritório sozinho e senta em sua poltrona à frente dos dois. Ele havia tirado sua gravata e, em seguida, enche um copo com whisky bebendo um gole e olhando para os dois. Blue sabe que o decepcionou e mesmo ainda sentindo o corpo tremer ela se sente mal por aquilo, David com certeza lhe daria uma bronca e Blue lhe daria toda razão, menos pelo tapa, nada a faria se sentir mal por aquele tapa em Matt.

— Eu não quero ouvir nem um pio de nenhum dos dois, certo?

Matt revira os olhos e Blue se encolhe na poltrona, se sentindo pequena, preocupada e assustada. David bebe mais um gole da bebida e observa os dois, suspirando antes de iniciar seu sermão.


𝙾𝚕𝚊 𝚖𝚎𝚞𝚜 𝚊𝚖𝚘𝚛𝚎𝚜, 𝚌𝚘𝚖𝚘 𝚎𝚜𝚝𝚊𝚘?
𝙻𝚎𝚖𝚋𝚛𝚎𝚖 𝚍𝚎 𝚌𝚘𝚖𝚎𝚗𝚝𝚊𝚛 𝚎 𝚟𝚘𝚝𝚊𝚛! :)

𝙲𝚛𝚎𝚍𝚒𝚝𝚘𝚜:
𝙱𝚎𝚝𝚊𝚐𝚎𝚖: 𝙿𝚊𝚝𝚑 𝚍𝚘 𝚆𝚘𝚗𝚍𝚎𝚛𝚏𝚞𝚕 𝙳𝚎𝚜𝚒𝚐𝚗
𝙰𝚜𝚜𝚒𝚗𝚊𝚝𝚞𝚛𝚊: 𝙻𝚊𝚍𝚢 𝙲𝚑𝚊𝚗𝚐 𝚍𝚘 𝚆𝚘𝚗𝚍𝚎𝚛𝚏𝚞𝚕 𝙳𝚎𝚜𝚒𝚐𝚗

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