As semanas passaram rapidamente. A cada dia que o jovem milionário e o mais novo conversavam, Christian se sentia cada vez mais frustrado por Henrry não chamá-lo para sair de uma vez. Sigrid havia demorado muito menos para propor que se encontrassem. Talvez ele estivesse apenas mal acostumado por sua cadela ter sido mais emocionada? Talvez. Mas de qualquer maneira era frustrante.
— Au!! — Frank latiu de forma animada segurando uma corda diante do maior.
— Não estou no clima agora, garoto! — Explicou o loiro, pegando o brinquedo da boca do cachorro e pondo sobre o sofá, fazendo o mesmo resmungar em resposta.
— Au! Au!! Au!!! — Frank latiu novamente, tentando chamar a atenção de Christian, rolando no chão como se estivesse pedindo por carinho na barriga.
— Já disse que agora não Frank!
"Preciso ir agr, minhas aulas começam em 30 minutos!"
"Podemos sair para conversar qualquer dia desses."
"Talvez, se eu tiver tempo kk"
"Até a noite!"
Christian bufou irritado, eles já estavam nessa a quase um mês, já devia estar na hora de se encontrarem pessoalmente. Certo? O maior colocou o celular com a tela virada para baixo em seu colo, respirando fundo.
— Au, Au!! — O cachorro latiu mais uma vez, visto que agora seu dono havia soltado o telefone, significava que não estava mais ocupado.
— Já disse não, Frank! Não estou com ânimo!
— Au, au, au, au , au , au!!! — Frank latiu sem pausa então apoiou-se no estofamento do sofá ficando sobre "duas patas", e pegou o brinquedo com a boca.
— Frank. Não! — Christian avisou pausadamente, pegando de volta a corda e colocando ao seu lado novamente. Ele estava ficando visivelmente irritado agora.
Do outro lado da sala, Sigrid observava a cena com horror, a cadela segurava seu filhote perto de si o tempo todo de forma tensa. Silenciosamente rezando para que Frank parasse de provocar a ira de Christian.
— Grrr Au!! — Frank rosnou, frustrado por seu dono não estar dando a mínima para suas tentativas. Então uma ideia de repente surgiu em sua cabeça, e antes que Christian pudesse reagir, Frank se apoiou em seus joelhos, agarrou o celular com a boca e rapidamente engatinhou para fora do alcance do homem.
— FRANK!!
O cachorro engatinhou o mais rápido que podia enquanto Christian estava atrás dele, ele já era um especialista em correr naquela posição, visto que já faziam quase dois anos que vivia assim, desde que havia ido morar com Christian. As joelheiras que seu dono o havia dado também estavam ajudando, pois agora não os sentia mais ficando machucados.
— Frank!! Pare agora! Cachorro mau!!
Ele conseguiu engatinhar até a sala de jantar, quando seu dono o agarrou pela coleira, fazendo com que Frank se desequilibrasse e batesse contra uma das prateleiras, um vaso com algumas flores acabou caindo perto dps dois, quebrando-o e fazendo com que a terra úmida que havia no dentro se espalhasse pelo chão . Os olhos do cãozinho se arregalaram de terror ao perceber o que havia acontecido, o menor levantou seus olhos vagarosamente, observando o rosto irritado de Christian ficar ainda mais vermelho com a situação.
Na tentativa de evitar uma punição, Frank calmamente colocou o telefone diante dos pés de seu dono, e ao perceber que Christian o havia soltado, começou a se afastar devagar.
— PORRA!!! OLHA O QUE VOCÊ FEZ!!! — O homem gritou em fúria vendo a bagunça que havia se formado no piso branco. Então pegou seu celular do chão e procurou a sua volta tentando avistar o cachorro.
Frank agora havia chagado até a sala novamente, começando engatinhar para o quarto para tentar se esconder em algum lugar. Infelizmente, seu dono o alcançou mais rápido, segurando firmemente em sua perna , o arrastou de volta para a sala, enquanto Frank tentava se libertar de seu agarre chutando e se segurando nas paredes, soltando um grito choroso de desespero.
— Se você não parar de resistir, vou te arrastar pro celeiro! — A ameaça de ser levado novamente àquele lugar, foi o suficiente para que Frank, agora chorando muito, finalmente se rendesse e permitisse que seu dono o conduzisse para a sala de jantar.
Sigrid agarrou seu bebê pela gola da fantasia, o arrastando com sigo para o quarto, não querendo estar na mira da raiva de Christian quando o mesmo terminasse com o outro cachorro.
— Eu disse que era pra parar, eu disse muitas vezes! Agora olhe o que aconteceu por sua causa! — O homem repreendeu, segurando Frank pela parte de trás da coleira. — Você viu o que você fez? EIN? VOCÊ VIU O QUE VOCÊ FEZ???
O cachorro assentiu tristemente tremendo de medo pelos gritos, algum castigo viria a seguir, e seria horrível. Seu coração gelou quando Christian se abaixou ao seu lado, retirando sua máscara.
Foi a última coisa que Christian fez, antes de empurrar a cabeça de Frank em direção a lama, segurando firmemente os cabelos do cachorro enquanto esfregava o rosto do mesmo no chão sujo, melecando-o todo.
— Vou te ensinar a não me desobedecer de novo, menino mau! — Ouvindo os lamentos de seu cãozinho que soluçava enquanto era punido, o milionário puxou a coleira para cima, trazendo a cabeça do moreno junto. Fazendo Frank ganir ao se sentir sufocado.
Christian agarrou o rosto do outro, fazendo-o encará-lo nos olhos. O cachorro era uma bagunça completa de lágrimas, terra, saliva e ranho escorrendo por tudo. O maior abaixou novamente o rosto do cachorro para o chão, passando a aplicar fortes tapas no traseiro vulnerável do cachorro, que começou a chorar alto a cada contato que a palma da mão de seu dono fazia com sua pele, protegida apenas pelo tecido feupudo da fantasia.
Frank já estava gritando a plenos pulmões quando Christian decidiu que já era o suficiente, se levantando da posição ajoelhada em que estava. O homem agarrou a perna de Frank, começando a arrastá-lo para o celeiro, deixando o cãozinho desesperado assim que passaram pela porta.
— Você vai dormir aqui fora hoje! — O maior avisou, jogando Frank para dentro do celeiro, entrou em seguida, arrastando o cãozinho até o canto da parede onde uma corrente foi presa na coleira do menor o mantendo no lugar.
...
Christian entrou em casa novamente, observando quando Sigrid o encarou de forma apreensiva da porta do quarto, como se estivesse avaliando se era ou não seguro sair de seu esconderijo.
— Continue sendo uma boa menina e não vai precisar se preocupar!
Sigrid assentiu em resposta, mantendo o silêncio, seu bebê engatinhou ao seu lado, balbuciando alguma coisa.
— Fique quietinha, ok? Estou com dor de cabeça! — Avisou o homem, acariciando a cabeça de Sigrid, antes de caminhar até a cozinha para limpar a bagunça que Frank havia feito.
...
Christian olhou para o celular algumas vezes ao passar do dia, impaciente por não haver nenhuma mensagem. Quando Henrry ainda não estava estudando ele costumava mandar mensagens durante o dia, mas agora, dificilmente conversavam pela manhã, tendo apenas pequenas conversas vagas à noite.
O homem mudou o canal da TV, esperando encontrar algo descente para distrair a sua cabeça daquela situação. Mas tudo que aparecia na tela, só fazia seu humor piorar ainda mais, e sua cabeça latejar com o barulho. Ele então desistiu, desligando o aparelho e jogando o controle de lado, soldando um grunhido alto com uma mistura de raiva e frustração saindo de sua boca.
Plim!
O som da notificação chamou a atenção do rapaz, que largou o que estava fazendo para verificar seu celular.
" Está ocupado? "
" N, aconteceu alguma coisa? "
" Eu estive pensando na sua proposta mais cedo, verifiquei a minha agenda desta semana. "
" Não terei nenhum compromisso no sábado, se ainda quiser sair para conversarmos, esse seria um bom dia ".
" Isso seria perfeito! "
" Também estarei livre no sábado, é um bom dia para nos encontrarmos."
" Então..."
" Qnd me chamou p sair, tinha algum lugar em mente? "
" N conheço mts lugares "
" Eu conheço um ótimo restaurante que fica um pouco longe do centro da cidade. "
" O lugar não fica mt cheio durante o dia, e tbm é um pouco afastado ".
" Seria perfeito!"
" Nós saímos e ainda n corro o risco d ser pego por ngm q eu conheço."
" Nos encontramos as 14hrs?"
" Nos vemos lá! "
" É só me mandar o link da localização p eu sbr chegar lá 🤭"
" Kkk "
" Ok, amanhã d manhã msm eu t mando!"
"❤️"
Christian abriu um largo sorriso com a notícia.
Finalmente.
...
Algumas horas já haviam passado, Frank olhava fixamente para a porta do celeiro ainda soltando fungadas leves pelo que aconteceu.
Como ele pode ter estragado tudo assim? Ele havia se saído tão bem nos últimos dias, por que tinha que jogar tudo pelo ralo em uma manhã?
Ele não poderia apenas ter esperado um pouco para que seu dono brincasse com ele?
Ele poderia ter esperado, mas escolheu não fazer isso, agora por conta de sua teimosia, ele estava preso no celeiro com uma coleira apertada, com o rosto cheio de lama e com o traseiro dolorido.
Frank teria sorte se Christian o perdoasse e o deixasse voltar para dentro amanhã, ele esperava que não fosse preso em sua gaiola novamente.
Deus quisesse que ele não fosse preso naquela maldita gaiola novamente.
— Aaah! — Frank soltou um grito de surpresa quando o forte estrondo do trovão soou causando um clarão que cobriu o celeiro. Em seguida, o barulho da chuva pode ser ouvido.
É mesmo, a previsão do tempo, noite passada havia informado sobre a tempestade que ocorreria durante a noite. — Merda.... — O cachorro sussurrou para si mesmo em desgosto.
Não demorou muito para que ali dentro ficasse extremamente gelado, e as goteiras começassem a cair sobre ele através das lacunas das paredes pela falta da madeira.
Frank começou a soluçar de frustração de novo.
Ele poderia ter evitado tudo isso e ficar dentro de casa, onde estava quente e seco....
Por que ele tinha que ser tão estúpido???
De repente em meio aos seus lamentos, Frank ouviu a porta do celeiro ser aberta, e virando a atenção para onde veio o barulho, o cãozinho pôde ver Christian, olhando para ele com olhos sérios usando uma capa de chuva.
— Vamos! — O maior disse simplesmente, indo até o moreno para soltá-lo da corrente.
Frank se sentou com as pernas em forma de W, abaixando a cabeça com uma expressão arrependida, enquanto o maior se ajoelhava para ficar em seu nível.
— Você foi um cãozinho mau hoje, eu deveria te deixar de castigo aqui no frio pelo o que você fez.— Frank assentiu tristemente. — Mas escolhi não fazer isso. Então espero que se lembre do que estou fazendo e seja grato. — Frank assentiu novamente, aliviado por poder respirar normalmente de novo. Christian jogou o cachorro sobre o ombro, fazendo o menor gemer um pouco por conta da dor que ainda sentia. — Não se acostume, se essa situação se repetir, não vou te levar pra dentro de novo, nem mesmo de estiver nevando.
O homem loiro deu um leve tapinha no traseiro machucado de Frank, antes de caminhar em direção a casa.
...
— Fique quietinho, já estou terminando! — O loiro disse calmamente para o cachorro, enquanto secava as mechas castanhas de seu cabelo.
Frank estava completamente nu, sua fantasia teve que ser posta para lavar de novo por conta da lama que escorreu por todo o tecido, então ele provavelmente só teria um agasalho amanhã a noite.
Christian percebeu o desânimo de seu animap de estimação, então deixando a toalha de lado, o milionário carinhosamente posicionou ambas as mãos na lateral do rosto de Frank, passando a acariciar suas bochechas com os polegares, apenas sentindo agora as finas lágrimas escorrendo dos olhos do cachorro.
— Não fique assim amigão, não estou mais com raiva. E você aprendeu a lição não é?
Frank se aproximou, deitando a cabeça na coxa do loiro, que passou a acariciar sua cabeça com ternura.
— Vamos pra cama, ok? Teremos um dia longo amanhã!
Christian beijou suavemente o topo da cabeça de Frank, antes de se levantar e caminhar para o quarto acompanhado do cãozinho.