Grávida do Bilionário Petulan...

By ManuhCosta_Official

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SEM REVISÃO - DEGUSTAÇÃO Por onde passava, Aquiles Theodoro Braga e Fonseca deixava algumas impressões sobre... More

Classificação e Informações 🖤➕1️⃣8️⃣
O Garoto
A Festa
Namorado Inesperado
Diálogos
Liberdade
Proposta Aceita
O Jantar
Outras Conversas
Aqui e Agora
Outro Jantar
Mais que Beijos
DISPONÍVEL NA AMAZON

Rotina

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By ManuhCosta_Official




— Peça que coloquem mais luzes porque essas parecem poucas.

Depois que falo, Alícia faz anotações em seu Ipad, fico observando todo o pessoal da empresa que presta serviço para mim enquanto eles arrumam as mesas e colocam as decorações em cada pequeno canto do salão de festas.

Este casamento será amanhã, então a noiva virá com a mãe para dar uma última checada e preciso que tudo esteja perfeito até no máximo às 19:30 que é a hora em que elas chegarão.

Obvio que elas já têm uma imagem em três dê de tudo isso num projeto, contudo, como é desejo da noiva não cabe a mim discordar.

Me aproximo de uma das mesas redondas e toco o tecido, gosto da textura, ela escolheu toalhas de mesa de linho de cor branca com rendas extras nos protetores, as flores escolhidas foram rosas amarelas dentro de vasos de cristal com água.

Ela quis algo muito enxuto, será uma cerimônia para duzentas pessoas, a jovem em questão se chama Lia Max, é uma empresária empreendera do ramo de marketing, a outra noiva é uma fotógrafa bastante conhecida entre os famosos.

Eu gostei muito de todo o caráter mais tradicional, sei que ambas as noivas são mulheres que lutam avidamente por seus direitos e bem influentes no meio de pautas voltadas as causas lésbicas e gays.

— Vai manter as velas? — Alícia questiona.

— Só se elas quiserem um incêndio! — falo olhando para os pequenos copinhos de cristal com velas redondas de cor palha. — Por que não aquelas que acendem na bateria?

— Não achamos elas que caibam nos copos — Alícia justifica.

Acho que qualquer coisa que envolva fogo não é muito segura, ainda mais porque haverá crianças e idosos, é uma das coisas que eu evito indicar nos trabalhos dos quais me comprometo a fazer.

Mas ela havia pedido para acrescentar esses copos com aquelas velhas redondas pequenas, comprei só porque foi pedido da noiva, a outra noiva já não parece tão preocupada com os pequenos detalhes, na prova do buffet tudo o que ela comia era bom, na prova do bolo também, então a noiva que é mais exigente é a Lia.

— Vou fazer com que ela assine um termo se responsabilizando em caso de qualquer incêndio ou queimaduras causadas pelas velas. — digo e Alícia anota. — Prepare isso e deixe tudo pronto até as 19:30.

— Combinado.

Alícia trabalha comigo há sete anos quase oito, é uma mulher na faixa dos trinta e poucos também, ruiva, olhos azuis, mais alta e atlética, sei que seus treinos rendem bons resultados porque ela é impecavelmente vaidosa e ao que tudo indica será minha cliente até o ano que vem, ficou noiva recentemente. Vejo nela muito potencial, imagino que agora será melhor para mim em diversos sentidos para que eu consiga tirar mais férias e dias de folga.

— Uau! — exclama ela do nada e se endireita.

— Ei, patroa! — Juarez me chama pendurado numa escada à direita de uma das portas que dão para o jardim da casa.

Comprei essa casa para celebrar casamentos há cerca de cinco anos, é uma casa que fica muito bem localizada e próxima a saída da cidade, queria poder dar a oportunidade dos futuros clientes que se casam na cidade de escolher. A maioria escolhe se casar em fazendas na região ou em qualquer outro salão de festas, mas ultimamente tenho tido muitas reservas para casamentos aqui.

Chamei-a de Amélie's House, porque eu amo aquele filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Me aproximo dele e o vejo descendo a escada todo paciente.

— O que foi?

— Tem uma rachadura na parede e preciso que dê uma olhada para me dizer se eu preciso ou não passar uma argamassa. Não quero estragar a pintura ou o reboco.

— Rachadura?

Começo a subir a escada segurando nas pontas de apoio, mesmo que eu esteja usando uma saia e saltos é uma daquelas habilidades que eu desenvolvi na base do sufoco, já fiz tanta coisa de salto durante evento que até Deus duvida.

Como naquela vez em que uma noiva desmaiou na salinha da igreja e eu tive que carregar a mulher até o lado de fora e acordar ela com cheiro de álcool, de salto.

Toco a parede e analiso a pequena rachadura na parede, de início não acho que passar uma argamassa vá dar tempo de secar, mas se ele furar aqui para colocar o tecido de véu que tem que colocar, vai estragar mais a pintura e fazer um estrago maior.

A casa é antiga, fiz uma pequena reforma quando a comprei porque tenho usado com frequência apenas o salão, minha escolha seu deu porque temos um lago nos fundos da propriedade e os jardins são maravilhosos.

Mas sei que daqui no máximo um ano precisarei dar uma boa reforma no salão mais uma vez.

Olho para Juarez e sorrio, ele segura a escada usando seu capacete e macacão azul, a caixa de ferramentas no chão e os tecidos e véu com as luzinhas dobradas em um saco enorme, ele é um dos meus ajudantes faz tudo, nessa área é um dos melhores e mais rápidos.

— Vamos usar uma fita dupla face neste caso — digo. — Acha que consegue fita de cetim beje para combinar com os véus?

— Eu prometo que vou tentar, patroa.

— Vou entrar em contato com a Enid e pedir que ela envie uns sete rolos, acho que conseguimos em até uma hora.

Começo a descer a escada, alguém está mexendo no som, escuto o barulho do reajuste do microfone próximo ao lugar onde a banda irá tocar, elas escolheram algo mais soft então contratei cantores que fazem parceria comigo, vão cantar mais músicas acústicas.

— Eu não sei como a senhora consegue! — Juarez diz com um sorriso enorme. — Minha mulher é inimiga do salto.

— Ela sim tem sorte.

Coloco o pé no chão e depois me afasto até o palco ouvindo as meninas que montam a mesa tagarelando sobre algum homem, é uma coisa da qual não me importo. Fábio o rapaz que monta o som e a aparelhagem está arrumando todos os equipamentos todo cuidadoso.

— Quer ajuda aí, Fábio?

— Só testando o microfone e a fiação.

— Tá, me deixa ver aqui o microfone.

Pego o microfone e ligo, dou três batidinhas e o som ecoa pelo salão, aproximo o microfone dos meus lábios, Fábio sorri sentado no chão enquanto vai mexendo na caixa de som.

— Vai, solta a sua voz! — ele pede cheio de veneno.

Começo a cantar Cry Baby de Janis Joplin, aponto para ele e Fábio ri negando com a cabeça, eu acho que ele sabe muito bem que eu canto maravilhosamente bem, por mais que meu timbre seja um pouco mais forte.

Ouço várias risadas do pessoal e uma gargalhada de Juarez, coloco a mão na cintura sem hesitar, todas as pequenas palavras da música sendo ditas para Fábio. Ele pega a guitarra do apoio e coloca e a conecta a caixa de som, então me acompanha deixando as notas fluírem pelo lugar.

Eu gosto de manter uma boa relação com os funcionários, gosto de sentir que sou parte de tudo assim como cada um deles bem como sua importância para mim, acredito que por isso não tenho demissões há bons anos.

Se teve algo que aprendi nesse ramo é que ser uma chefe dura e esnobe é uma coisa que não funciona bem com o pessoal mais trabalhador, é claro que ainda tem uma parte de mim que é controladora o suficiente para separar os dois lados, mas não crucifico ninguém por erros.

Eu sei o que eu sofri quando entrei nesse ramo, todas as humilhações, palavras ruins e algumas vezes até xingamentos. Nunca submeteria nenhuma pessoa a um terço do que passei na vida por um salário.

Acho que todos são bem estimulados e nosso ambiente de trabalho é bastante saudável.

Finalizo a música ouvindo berros e aplausos dos funcionários, alguns assovios, sorrio me curvando para frente, mas não demoro muito sorrindo porque vejo bem diante de mim há poucos metros de distância o meu filho.

Ele carrega algumas sacolas de papel e mantém um sorriso pequeno nos lábios, está sozinho, usa uma calça jeans e uma camiseta polo azul marinho, tênis All Star, os cabelos estão penteados para o lado e ele mantém uma mochila nas costas.

Mais adiante perto da mesa onde Alícia está vejo outro homem em pé conversando com ela, esse também eu conheço, mas não gosto muito de saber que ele veio também, diferente do rapaz que conheci quando tinha apenas quatorze anos, é o pai do meu filho.

Eu sei que a maioria das pessoas aqui sabem que eu tenho um filho, mas nunca cheguei a compartilhar com ninguém além da Enid e da Alícia sobre a idade do meu filho e algumas coisas da minha vida, isso é uma das coisas que mantenho inviolável, não misturo minha vida pessoal com o trabalho.

— Eu estava passando aqui perto, pensei sobre nós três almoçarmos juntos! — Luís fala se aproximando. — Podemos? O pai saiu mais cedo do trabalho.

— Tá, podemos ir lá para fora, tem umas mesinhas com cadeiras no jardim — digo a força.

Ah, eu odeio esse tipo de coisa, mas até imagino o que ele quer com isso, talvez queira combinar comigo e com o pai sobre a celebração de noivado. Acho que de certa forma a Abby deve tê-lo obrigado a fazer isso, não é muito a cara do Luís aparecer no meu trabalho trazendo comida para mim.

Ele nunca faria isso se não houvesse um pedido de algo em troca.

— Eu tinha me esquecido que você canta super bem — Luís fala com um pequeno sorriso.

Não estou constrangida, mas não deixa de ser incomodo.

— Olá, Éden! — Tate se aproxima todo tranquilo.

— Tate!

Vou tratar isso como uma formalidade, ser o mais impessoal possível, não quero que o Luís se sinta no direito de dizer qualquer coisa idiota para me irritar.

— Vamos? — indico a porta lateral. — Alícia, eu vou tirar meu horário de almoço, você pode ir até lá e me chamar quando precisar, ok? Ah, e pede a Enid 7 rolos de fita de cetim beje número 4, fita dupla face transparente, preciso disso dentro de uma hora no máximo.

— Pode deixar — Alícia checa o celular e vai digitando rapidamente.

Vou caminhando enquanto atravesso o salão de festas em silêncio, sentindo como se cada passo meu fosse robótico o suficiente para que as minhas juntas fiquem mais rangentes.

É que eu não tenho mesmo paciência para lidar com o Tate.

Todas as vezes que eu tentei ter conversas amigáveis com ele isso se resumiu em discussões e brigas, acusações da minha parte e da parte dele, bom, ele mais parecia um advogado de defesa.

Sua tática sempre se resume em "eu não estava pronto para ser pai" e depois em "ah, me poupe!".

Eu ainda me lembro da primeira vez em que nos encontramos depois que eu tive o Luís, ele tinha quatro anos de idade, ainda era pequeno demais, foi em sua primeira visita a casa dos avós para que ele visse o pai.

A visita não durou pouco mais de vinte minutos, eu estava estressada olhando para aquela mansão enorme com jardins auto irrigáveis e todo o luxo do mundo e dizendo a mim mesma que era injusto que o Tate houvesse me colocado em situação delicada e desse ao filho uma pensão que não era compatível com o estilo de vida dele.

Ele não havia vindo para o parto do Luís, não havia vindo ao batizado, ele não participava de nada referente ao nosso filhos, até que os anos foram se passando e quando o Luís fez nove anos ele decidiu que queria ser algo além de um genitor fantasma.

Tate se casou com a Dee um pouco antes disso, se tornou um empresário de sucesso e começou a ganhar muito dinheiro em sua área de atuação.

Nos sentamos nas cadeiras da primeira mesa que eu vejo pela frente, me acomodo cruzando as pernas, eu gostaria de poder almoçar com a Alícia como sempre é e compartilhar com ela uma boa conversa, ao invés disso estou sentada aqui vendo o pai do meu filho todo desconfortável sentado a minha esquerda enquanto o meu filho se senta de frente para nós dois.

— Eu comprei KFC — Luís avisa e vai abrindo as sacolas. — O casamento será hoje?

— Não, amanhã! É que a noiva quer dar uma olhada em toda a decoração hoje à noite — respondo sincera.

— Você se deu muito bem nesse ramo — Tate fala bem tranquilo.

Ele tem cabelos castanhos, olhos castanhos e um porte mais magro também, ele tem alguns fios brancos espalhados pelos cabelos finos e lisos, mas algo bem sutil, ainda é jovem, sei que qualquer pessoa que olhe para nós três nunca dirá que somos mãe, pai e filho respectivamente.

— Tem dado certo — respondo.

— Eu vi que saiu numa coluna social ontem — Luís fala deixando os recipientes de plástico sobre a mesa. — Eu não pude ficar naquele dia, tinha alguns trabalhos da universidade para fazer.

— Fique tranquilo — eu sei que não é por isso.

É porque o Luís sabe que me irritou, antes ele ficava no quarto trancado e só saía para comer, hoje quando isso acontece ele sai e vai para a casa do pai dele ou da Abby, como estuda numa universidade local ele optou por não ficar no campus e sim continuar a morar com o pai.

Luís faz que sim com a cabeça e noto que as mãos dele tremem um pouco, ele coloca as sacolas de papel no chão e começa a abrir as embalagens. Tate pega as três latinhas de suco de uva e as distribui.

Eles dois trocam um rápido olhar e sei que estão me escondendo alguma coisa, Luís abre os potes maiores de frango frito e já sei que esse almoço não foi só uma passadinha por acaso dele aqui.

Algo está acontecendo e ele veio para me contar.

Será que ele ficou zangado com a minha reação a seu noivado e veio me pedir que não vá? Eu não duvido, nunca poderia duvidar de nada que partisse do meu filho, o conheço o suficiente para saber que se não me quiser por perto ele me dirá.

Ele fez isso várias vezes no passado, hoje não seria diferente.

— Mãe, aconteceu uma coisa e eu gostaria de te contar.

Pego a minha latinha de suco e a abro, Tate pega uma coxinha de frango e começa a comer até calmo, sei que isso não se trata dele porque se fosse assim, ele arrumaria qualquer desculpa para começar a conversa.

— Pode falar.

— Bem, já faz um tempo que eu e a Abby estamos juntos, você sabe, nós já íamos nos casar mesmo depois da formatura...

Ah não, não, não, NÃO, NÃOOOOO!

— Essas coisas acontecem, aconteceu conosco, não é? — Tate pergunta com naturalidade.

Olho para ele e Tate se encolhe na cadeira olhando para o lado, enfiando a coxa de frango na boca e mordendo. Fico calada segurando a lata de suco de uva na mão e apertando o alumínio com força, rangendo os dentes.

Eu não acredito que ele fez isso! NÃO ACREDITO!

Lanço um olhar para o Luís, ele está com as mãos sobre a mesa e elas tremem, está suando e nervoso, eu imagino porque, porque ele sabe que eu reagiria assim, fico dizendo a mim mesma que posso sair rolando daqui até a China de tanto ódio, que posso espernear e gritar e agir como uma completa louca de saber disso.

— Eu sou adulto, serei pai e você não tem o direito de me julgar — ele fala ligeiro.

Estou a ponto de explodir.

Me esqueço de respirar e mal consigo me mover.

Eu sei que as minhas mãos não tremem, mas as minhas pernas sim, meu coração está saltando feito louco no peito e não consigo exprimir sequer um som.

— Você não vai falar nada? — Luís questiona inquieto.

— Nós sinceramente ficamos muito felizes com a notícia — Tate diz bastante calmo. — A Abby descobriu há alguns dias, é claro que nos pegou de surpresa, mas nós daremos todo o suporte a ambos.

— Eu vou terminar a faculdade e ela também, mãe, apenas...

— Aconteceu, é, eu sei — consigo dizer.

Eu ainda não sei o que pensar, mas não vou normalizar isso, nem naturalizar a decisão dele ter feito isso sem pensar direito, porque quer dizer, ele não tem emprego, é sustentado pelo pai e por mim, Abby também mora com os pais e é outra sustentada, de onde eles acham que vão conseguir administrar a vida de uma criança? Como eles farão isso? Será que ele não aprendeu a lição me vendo trabalhando feito uma vagabunda para sustentar ele?

Devo falar alguma coisa, devo falar, mas não vou!

O Tate está agindo como pai legal, o pai que aceita e que é super descolado, se eu falar alguma coisa agora ele provavelmente irá me recriminar e dizer que só o pai o apoia.

E isso eu não vou fazer mesmo!

— É o sonho da Abby ser mãe, ela tem uma família enorme e ela se sente pronta e eu sinceramente também quero formar logo uma família.

— Eu estou segura de que você está pronto para ser pai — falo a força.

Não serei eu a pessoa que irá dizer toda a verdade por trás da sua decisão estúpida, a mim sempre restou o consolo de saber que era ingênua, que meus pais nunca conversaram sobre sexo comigo e que eu não sabia como as coisas eram, mas ele vive nesse mundo cheio de informação onde em qualquer lugar pode pegar camisinhas de graça e a namorada dele tomar anticoncepcional.

Eu não sei porque dizem a esses jovens que eles podem ser o que quiserem e ao invés deles decidirem ser algo muito melhor do que nossa geração, eles escolhem colocar crianças no mundo para brincar de ser pais.

Só que conheço o meu filho os suficiente para saber que se eu avisar, serei a pessimista, a mãe que mata seus sonhos, a chata que nunca construiu nada e que vive pegando no pé dele.

Com o Luís tudo sempre funcionou da forma contrária.

Ele precisa bater de frente com o muro, quebrar a cara e se machucar em todo o processo para aprender.

Eu nunca precisei de mais do que um aviso.

— Eu e a Dee já conversamos com os pais da Abby, fique tranquila, isso não te afetará em nada — Tate garante e pega alguns anéis de cebola. — Estamos muito felizes com o noivado e com a chegada do novo bebê, estamos pensando em construir uma casa para ele no nosso condomínio.

— Ainda não decidimos por tudo, mas eu gostaria muito de contar com o seu apoio, a Abby ficou com medo da sua reação. — Luís fala incerto. — Sei que deveríamos ter falado antes.

— Fique tranquilo, o que decidir sei que será o melhor para si mesmo — estou robótica.

Bebo um gole do suco de uva.

— Você está mesmo bem? — Tate faz uma careta. — Porque a Éden que eu conheço ficaria furiosa e daria um chilique.

Olho para ele e depois para o meu filho, sei que é isso o que esperam de mim.

Mas esse gostinho não darei a nenhum dos dois nunca mais.

— Eu não farei isso, nosso filho já é um homem adulto e sabe as melhores decisões para si mesmo — aviso. — Se precisarem de qualquer ajuda financeira estou à disposição.

— Mãe, eu não quero seu dinheiro, eu já disse! — Luís fala um bocado sério. — Por que você sempre fica falando isso?

Não vou começar a falar sobre isso agora.

— Bem, só quero me certificar de que vocês terão auxílio de todas as partes — falo. — Já contou para os seus avós e seu tio?

— Sim, todos ficaram superfelizes com a novidade — ele garante e um sorriso pequeno surge em seus lábios. — A vovó disse que irá bordar o enxoval.

É tão a cara dela fazer isso agora, suas toalhas eram todas usadas porque ela achava que se você precisasse de algo, como eu havia te parido sozinha, eu quem deveria comprar.

— Nós gostaríamos que você soubesse no dia, mas não era algo que se dissesse assim de uma hora para a outra — Tate diz e sorri. — Eles dois fizeram uma vídeo chamada com o grupo da família e mostraram o exame de gravidez.

— Deve ter sido muito legal — digo a contragosto.

— Mãe, eu não queria que fosse assim — Luís se adianta todo constrangido. —, sei que você é magoada pelas nossas brigas da minha adolescência, não fui um garoto tão fácil de lidar, mas isso é passado, não é?

Não tenho resposta para dar.

Eu simplesmente não posso dizer que sim e fingir que está tudo bem porque agora ele cresceu e acha que o que me disse deve ser jogado ao vento.

— Esse bebê precisará de todos nós juntos, Éden, temos que abandonar as desavenças e nos unirmos. — Tate fala mais sério. — Você não acha que é hora de mudar isso? Quer dizer, você implica por tudo sempre!

— Pai! — Luís chama meio nervoso.

— Não, filho, sua mãe precisa entender, ela já se ausentou demais das responsabilidades dela por causa dessa rixa contra mim.

Ah, eu deveria saber.

Odeio quando ele começa a falar essas coisas, a me culpar por tudo para diminuir a culpa que sente ou que tem pelas coisas que provocou na minha vida no passado.

Me levanto nada disposta a falar sobre o que quer que seja com o Tate ou com o Luís, para mim por hoje já deu.

— Mãe, o papai só está tentando dizer...

— Vou poupar vocês de qualquer tipo de conversa desagradável sobre isso. Eu preciso voltar ao trabalho.

— Nós devemos esta conversa a ele! — Tate insiste todo firme.

Eu não vou aguentar, não vou!

— Você está fugindo da nossa conversa sobre isso, está fazendo como sempre faz, o garoto precisa do seu apoio e você irá virar as costas para ele justo agora?

— Está me dizendo que eu estou virando as costas para o Luís mesmo que eu o tenha criado sozinha por basicamente dezesseis anos? — indago e ele abre a boca para responder, mas se cala. — Foi bem o que eu pensei, Tate, foi exatamente isso porque se tem uma coisa que você e nem o Luís ou ninguém da minha família podem falar de mim é que fui uma péssima mãe.

— Só estou dizendo que...

— Eu sei o que estão tentando fazer aqui e a minha resposta é não, vocês podem continuar com a família perfeita de vocês, fazendo tudo pelas minhas costas e me excluindo. Me deixando ser a última a saber que o meu próprio filho será pai..., não, melhor, que o filho da Dee será pai! — respondo magoada.

— Mãe não faz isso, não seja medíocre ao ponto de pensar essas coisas!

— Luís! — Tate exclama horrorizado.

São sempre as mesmas reações, eu ainda não sei porque as pessoas se surpreendem com o jeito como o Luís se dirige a mim.

Olho bem nos olhos dele e noto essa raiva velada mais uma vez.

— Eu lamento que Deus tenha te dado a infelicidade de me ter como mãe, Antônio Luís, mas eu te garanto que não vou mais chegar perto do ar que você respira.

— Mãe eu não quis dizer isso...

— Você quis dizer muito bem, só basta que me esqueça e me deixe em paz e faça o favor, não volte mais no meu apartamento. Eu não quero mais te ver.

— Mãe eu só quis dizer que está exagerando sobre a Dee — ele retruca com voz abafada. — Não pode simplesmente me banir da sua vida de novo, as coisas não são assim.

— Você me causa um mal-estar tão grande que me sinto sufocada de estar perto de você, Luís. Me custa muito falar isso para você, como mãe e como pessoa. As coisas que você me disse me feriram profundamente.

Ele fica em silêncio e começa a chorar, Tate se levanta todo inquieto, coloca as mãos na cintura nervoso.

— Também não precisa dizer isso ao garoto...

— E você me roubou a minha infância e inocência, você me condenou e me sentenciou a uma adolescência triste e cansativa. Me abandonou grávida e abandonou seu próprio filho por anos, você não merece que eu o perdoe Tate. — limpo as faces com raiva e ele faz cara de choro. —, mas se tem uma coisa que eu aprendi com vocês dois é que não importa o quanto tentem me destruir, eu sempre serei mais forte e mais corajosa do que vocês dois diante de qualquer adversidade. Vai viver a sua vida, Luís, vai ser feliz bem longe de mim e me esqueça porque eu não vou mais tolerar que me trate como se eu fosse uma nada.

— Mamãe...

Não espero que ele continue a dizer nada.

Me afasto pisando forte na grama, limpando meu rosto com força, tão zangada que dói por dentro, dói ter dito, mas sei que doeria mais se eu houvesse mais uma vez ficado calada.

Eu não vou mais recuar, não irei mais tolerar ser tratada assim por ninguém.

Para mim isso tem um fim hoje e ponto final.



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