1985

By sammymsofc

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Sinopse: Lara é uma jovem de 22 anos que cursa cinema em uma das melhores faculdades particulares do Rio de J... More

Dedicatória
Apresentação dos personagens
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo

Capítulo 6

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By sammymsofc

Em 1985 Max entrava na locadora e não via a linda imagem que já tinha se acostumado nesses três últimos dias, no lugar de Lara estava Felipe.

- E aí irmão, tudo beleza? - Max cumprimentou-o.

- Tudo certo e contigo? - Cumprimentou-o sem tirar os olhos do computador.

- Onde está Lara? - Perguntou enquanto vestia o colete e deixava sua bolsa atrás do balcão.

- Foi visitar a vó em outra cidade, está doente. - Olhou-o - Ela é uma boa moça.

- Ela é... - Sentou-se em uma das banquetas que ficavam atrás do balcão - Também é muito divertida.

- Muito bonita também.

- Oh se é! - Max riu inclinando-se para frente apoiando-se - Você não tá pensando em chamar ela pra sair, está?

- Você está? - Olhou-o curioso.

O rapaz mais novo coçou a cabeça desviando do assunto.

- Eu fiz a pergunta primeiro.

- Mas eu sou teu chefe.

Felipe usava essa tática toda vez que queria conseguir algo e sempre funcionava.

- Que droga Felipe. - Deitou a cabeça na mesa.

- Você quer chamar ela pra sair! - Deduziu enquanto gargalhava.

- Você também quer! - Max levantou a cabeça enquanto apontava para Felipe.

- Não te interessa. - Fez o rapaz abaixar o dedo.

- Cara, por favor, contra você eu não tenho chance.

Fe riu enquanto negava com a cabeça, deixou alguns tapinhas nas costas do garoto que o olhava.

- Fique tranquilo, eu não vou chamar ela pra sair.

- Que bom porque... - Foi interrompido.

- Se você não tomar a atitude de chamar ela pra sair logo, eu vou passar na sua frente então tome juízo Max e se não quer deixar essa mulher linda passar chame-a para sair assim que ela voltar.

Felipe não iria chamar Lara pra sair ou algo do tipo, falou aquilo só para Max acordar para vida e não ser lerdo da maneira que sempre era com mulheres.

***

Lara estava sentada em uma cadeira em um restaurante de frente para o mar junto de sua melhor amiga Sofia, seu irmão Bruno e o melhor amigo dele, Hugo.

- Lala, está avoada, o que aconteceu? - Sofia perguntou olhando-a.

- Ainda está pensando sobre a suposta viagem do tempo que fez? - Provocou a irmã que mostrou-o a língua.

- Não é suposta!

- Viagem no tempo? - Hugo riu - Me conte mais.

- Eu recebi uma fita essa semana, coloquei no meu walkman e fechei meus olhos, quando eu abri me deparei com o ano de 1985! - Lara inclinou-se na mesa para chegar mais perto do rapaz trazendo mais seriedade para a conversa - Passei quase três dias lá.

O homem inclinou-se igual a ela, estavam centímetros um do outro. Ele assentiu com a cabeça e sussurrou:

- Eu acredito em você.

- Você é uma piaga Hugo.

Bruno disse gargalhando dando um tapa nas costas do amigo fazendo-o arquear de dor, com certeza ficaria marca.

- Larga de ser cuzão Bruno! - Lara repreendeu o irmão e olhou para a melhor amiga - Ele acredita em mim, por que você não acredita?

-Desculpa Lala, mas é meio absurdo eu acreditar em viagem no tempo, não acha?

Sofia estava certa, era um absurdo acreditar em viagem no tempo, mas Hugo acreditava em Lara de verdade não era papo de quem queria transar ou conquistar, ele realmente acreditava em viagens no tempo.

- Tem razão, vamos mudar de assunto? - Ela sorriu tímida enquanto olhava para o mar.

Sentiu sua mão sendo segurada enquanto escutava Sofia e Bruno discutirem quem era maior, o Vasco ou o Flamengo. Sofi como boa vascaína defendia o seu time com unhas e dentes enquanto Bruno como todo flamenguista mostrava em títulos e em rebaixamentos que o seu time era gigante.

Lara olhou para a sua mão, era Hugo quem a segurava.

- Quer que eu te leve para casa? - Sussurrou.

- Quero.

Rapidamente Hugo se levantou e estendeu a mão para ela, como todas as vezes que Larinha não queria ficar em um lugar ele se voluntariava para levá-la para casa.

- Vou levar a Lara para casa, depois me passa a nossa parte para eu pagar.

- Ah não Lala, fica mais um pouco! - Sofi sorriu segunda do a mão da amiga.

- Preciso ir pra casa descansar, estou com uma dor de cabeça, nos falamos mais tarde ok? - Disse enquanto segurava a mão de Hugo - Bruno, leva essa maluca pra casa por favor.

- Sempre Laricota. - Piscou para a irmã e voltou a olhar para Sofia.

Sentia que o irmão tinha uma pequena queda pela melhor amiga mas não seria ela que empurraria Sofia para aquela burrada.

Abraçada no braços de Hugo os dois caminharam até o carro do rapaz do outro lado da avenida. Assim que entraram Lara pode finalmente suspirar.

- Você realmente acredita em mim? - Olhou-o esperançosa.

- Com toda certeza Larinha, sempre acreditei em coisas assim e sempre irei acreditar!

- Isso me deixa tão aliviada, porque você viu, meu irmão e minha melhor amiga não acreditam em mim. - Arrumou os óculos.

- Me conta tudo o que você descobriu.

- Toda vez que eu vou para 1985 o tempo aqui não passa, quando eu volto para 2023 eu estou exatamente no mesmo minuto em que saí.

- Interessante. - Falou enquanto parava em um sinal vermelho.

- Quando eu volto para 1985 um dia se passa, então todas as vezes que eu volto para 2023 e novamente vou para anos 80 é o dia seguinte as sete da manhã.

Hugo olhou-a totalmente interessado no que ela falava isso a deixava confortável.

- Então você não controla as datas?

- Não.

- Faz sentido já que é apenas uma fita, não faz?

Lara sorriu, estava finalmente conversando sobre isso com alguém, não era mais um segredo ou vergonha. Conversaram todo o caminho pra casa até ela o chamar para subir, não tinha segundas intenções, queria apenas mostrá-lo o assunto que conversaram no carro.

- Então essa é a fita? - Perguntou enquanto pegava o walkman.

- Exatamente, eu coloco os fones, fecho os olhos e dou play.

- Vamos fazer um teste? Igual De Volta para o Futuro!

- Vamos. - Ela riu.

Hugo configurou os dois apple watches que usavam para o mesmo horário, mesmo segundos e os mesmos milésimos de segundo.

- Volte no tempo, espere três minutos e venha para o presente novamente.

Ele era um nerd total, isso era divertido.

Lara fez o procedimento de todas as vezes, colocou os fones, fechou os olhos e apertou o play, quando os abriu novamente estava no quarto do apartamento das meninas. Olhou para seu relógio e esperou dar três minutos, foi uma das esperas mais longas de sua vida.

Assim que seu relógio apitou, voltou para 2023 fazendo o rapaz olhá-la confuso.

- Foi em um piscar de olhos! - Pegou o braço dela e viu que seu relógio estava três minutos adiantados - É verdade mesmo.

- Eu disse que era verdade!

Hugo estava encantado pelo o que estava presenciando, sentou-se na cama da moça e passou as mãos entre os fios de cabeça. Lara deixou seu walkman encima da mesa e sentou-se ao lado do rapaz.

- E agora? O que vai fazer com isso?

- Essa noite vou voltar para 1985. - Olhou-o.

- Não se perca lá, tenha uma data fixa para voltar. - Olhou-a preocupado.

- Sentiria minha falta? - Riu.

- Tu não tem noção Larinha.

***

Sentados na mesa de jantar como se fossem uma família feliz, a família Almeida jantava em silêncio até que Lara decide falar.

- Papai, onde estava em 1985?

Sérgio deixou os talheres no prato e olhou para a filha de maneira nostálgica.

- Eu tinha vinte anos, estava no meu terceiro ano de medicina. - Riu - Eu era o rei das festas.

- Sério? E você mamãe? - Olhou para Carolina que ria lembrando onde estava em 1985.

- Eu tinha nove anos de idade querida, estava preocupada em brincar de boneca com as minhas amigas. - Respondeu com um sorriso ladino sem tirar os olhos do prato.

Ela era sempre assim, nunca respondia olhando nos olhos dos filhos. Era distante, não fazia questão de ser presente emocionalmente para Lara e Bruno.

- Onde você morava papi? - A menina voltou o foco para o pai que apesar de não ser tão presente se importava mais com os filhos.

- Eu morava em Ipanema, meu pai tinha acabado de alugar um apartamento para mim já que era mais perto da faculdade. - Ele riu apoiando seus cotovelos na mesa - Era de frente para o mar, no final da rua tinha uma locadora.

- Blockbuster? - Lara perguntou.

Sérgio olhou-a com os olhos brilhando enquanto assentia com a cabeça tentando entender como a filha sabia disso.

- Ia quase toda sexta-feira pra alugar um filme diferente.

- Você se lembra do nome dos funcionários?

- Por que está fazendo todas essas perguntas Lara? - Carol olhou-a irritada.

- Só gostaria de saber, não posso?

- Pode, mas podemos pelo menos uma noite jantar sem você ficar tagarelando sobre uma época onde você não viveu como se tivesse?! - Aumentou seu tom de voz enquanto deixava seus talheres no prato.

- Mamãe... - Bruno tentou acalma-la.

- Você também fica apoiando sua irmã nessas ideias malucas de fazer cinema e está deixando a Lara doida.

- Eu não sou doida. - Sussurrou.

- Não sussurre Lara Almeida!

- Eu não sou doida mãe! - Levantou-se.

- Então por que age como se fosse? - Manteve-se sentada.

- Eu só queria que você gostasse do que eu faço, que sentisse orgulho de mim igual sente do Bruno. - Seus olhos estavam cheios de lágrimas - Você nunca perguntou se eu estou bem, como vai a minha faculdade, quais são os meus planos! Mãe você é tão distante de mim e do Bruno...

- Eu não sou distante.

- Você é, eu não aguento mais escutar que eu sou maluca, escutar suspiros desapontados toda vez que alguém fala sobre a minha faculdade.

- Então por que você não larga essa porra da faculdade de cinema e faça medicina? Eu pago pra você! - Ela apoiou os cotovelos na mesa enquanto olhava para a mesa.

- Porque eu sou a porra de uma artista! - Empurrou a cadeira - No dia em que eu ganhar a porra de um Oscar ou o caralho de um Emmy você vai se arrepender de cada suspiro que você deu.

Lara deu as costas para a mãe e foi em direção ao seu quarto.

- Volte aqui mocinha!

Assim que Carolina ia levantar Sérgio segurou seu pulso fazendo-a permanecer sentada.

- Você passou dos limites hoje.

- Como assim Sérgio? - Perguntou indignada.

- Passou dos limites, termine de jantar e deixe a minha filha em paz. - Voltou a comer ser olhar para a esposa.

Bruno olhava para o corredor onde a irmã tinha ido, não gostava quando a mãe a atacava dessa maneira. Ele só queria entender o motivo.

Lara chorava, havia aprendido a lidar com as provocações da mãe e parado de chorar por elas a alguns anos, mas naquela noite Carol havia a machucado de uma forma muito mais profunda do que antes. Ela deitou em sua cama e chorava de soluçar, sentia seu coração despedaçado.

- Laricota? - Bruno chamou-a enquanto abria a porta devagar.

- Que foi? - Perguntou tentando limpar as lágrimas que encharcaram seu rosto.

- Posso falar com você?

- Fecha a porta.

Assim que entrou no quarto ele fechou a porta atrás dele, caminhou devagar até a irmã e deitou ao seu lado enquanto abraçava-a. Sem falar uma palavra.

Os irmãos Almeida não precisavam de palavras para se expressarem, com aquele simples abraço Lara se sentiu segura para chorar.

- Eu te amo Laricota. - Beijou-a na cabeça - Mesmo você roubando meu carregador.

Ele a fez rir. Como amava ver sua irmãzinha sorrindo.

- Você que rouba o meu. - Respondeu-o limpando as lágrimas enquanto riam - Posso te pedir uma coisa?

- Estava demorando. - Riu enquanto deixava um carinho no cabelo da caçula - Tudo o que você quiser.

- Canta a música do Sheldon pra mim?

- Aquela do gatinho macio? - Viu-a assentir com a cabeça.

A primeira série que Lara assistiu foi The BigBang Theory junto com seu irmão quando ela tinha quinze anos em 2016, desde então todos os domingos eles sentavam no sofá da sala para assistirem os episódios inéditos que eram lançados até o fim da série em 2019.

- Gatinho macio, gatinho fofinho, bolinha de pelo. Gatinho quentinho, gatinho dorminhoco. Miau, miau, miau.

Bruno cantou repetidas vezes até perceber que a caçula havia dormido em seus braços como se fosse um bebê, ele sorriu. Por mais que tivesse apenas quatro anos de diferença, Lara era a sua bebezinha e por mais que implicasse com ela sempre a amou e sempre faria de tudo para protegê-la.

Devagar, levantou-se após dar um beijo em sua cabeça e saiu do quarto deixando-a descansar, ela merecia.

Bruno precisava ser perfeito. Bruno precisava sorrir. Bruno precisava ser bom em tudo. Bruno não queria ter toda a atenção de mamãe e papai. Bruno só fazia de tudo para receber um sorriso de sua irmã e quando recebia sentia que tinha tudo. Ao fazê-la dormir em seu peito ele percebia que realmente, Bruno tem tudo.

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