𝐂𝐀𝐓𝐂𝐇 𝐌𝐄 • 𝐏𝐄𝐄𝐓𝐀...

By rely-h

4.1K 513 135

Áster Snow era uma das vencedoras dos Jogos Vorazes. Filha do presidente Snow, foi treinada para a 73° edição... More

prólogo
1
3
4
5
6
7
8
9

2

505 57 39
By rely-h




— Não é permitido mentores ficarem aqui. — Haymitch apareceu ao lado de Áster, que observava o treino dos tributos do mezanino onde ficavam os patrocinadores.

A espécie de sala era grande. Pessoas lutavam, atiravam flechas, resolviam problemas, aprendiam sobre sobrevivência na natureza. Nada de novo para Áster.

— É sério? — a menina se virou para o mais velho e riu.

— Por quê está aqui?

— Observando. — ela respirou fundo. — Acha que eles têm alguma chance?

— Eu não sei.

— Acho que Peeta pode vencer. Espero que ele não tenha que matar muitas pessoas pra isso.

— Nem todos vão ter a sorte que nós tivemos e nem privilégios.

— Peeta e Katniss vão ter todos os privilégios que eu tive.

Áster desceu as escadas quando percebeu que Abernathy não responderia. Quando abriu a porta da sala, Snow pôde ver os carreiristas rindo de Peeta, que havia caído de uma rede. Um garoto loiro e alto, uma menina muito magra e com cabelos pretos ao lado de outro garoto com cabelos castanhos. Snow pensou que eles seriam os mais difíceis de derrotar na arena.

— Joga aquilo lá. — ela ouviu Katniss dizer. A garota parecia tão indignada quanto Áster.

— Haymitch disse para não mostrarmos nossas habilidades.

— Não importa o que ele disse.

— Eles estão te olhando como se fosse a janta deles. — Snow chamou a atenção dos dois. — Jogue.

Mellark se levantou e encarou Áster por alguns segundos antes de pegar um peso circular de uma prateleira, atirando perto de Cato e os outros. Eles arquearam as sobrancelhas, mas claramente não estavam esperando aquilo, e riram antes de encarar Snow.

— Não sabia que tínhamos um novo tributo da capital. — Cato se aproximou de Snow e Everdeen. — Veio treinar? — debochou. — Ou podemos te matar agora?

— Saia de perto. — ela encarou o menino que estava cada vez mais perto.

— Sabe que tudo isso acontece por causa do seu papai. — ele ficou sério. — Podemos morrer porque seu pai acha um bom entretenimento. Será que ele vai achar um bom entretenimento se matarmos a filha dele aqui?

O rapaz estava prestes a pegar o pulso de Áster e a sensação de medo e impotência a lembrou de quando estava na maldita arena, prestes a ser morta por um garoto do distrito 7. Cato estava bem perto, quando Peeta a puxou para trás dele.

— Ela já esteve nos jogos. A quase morte dela já foi entretenimento pro pai dela. Deixem ela em paz.

Por sorte, Cato não se importou muito. Ela não iria para os Jogos e antes que pudesse enforca-la, atirariam na cabeça dele. — Tem sorte de não ir pra aquela arena, Snow. — disse o sobrenome com desdém e se afastou com os outros.

— Obrigada. — ela piscou devagar e sentiu o estômago revirar. Áster ficou pálida e Mellark soube que tinha algo errado.

"— Ninguém aqui está comprando o discurso do seu pai. — o garoto alto e ruivo riu em escárnio. O rosto dele estava ensanguentado e Áster sequer conseguiu identificar se era sangue dele ou de outra pessoa. — Você só veio aqui pra que os jogos continuem. — As grandes marcas de queimadura nos braços dele também chamavam atenção.

A arena era ambientada em um tipo de deserto e muitas árvores secas. Haviam cavernas e labirintos subterrâneos que Áster ouviu diversas vezes o pai dizer que ela não deveria ir até lá.

— E-eu — Áster tentou falar, mas sabia que era inútil.

Ela estava encurralada entre grandes pedras quentes e árvores sem folhas. À sua frente estava o menino do 7. Ele estava com raiva e talvez pensasse que a menina não tivesse culpa de tudo que o pai fazia, mas era a única forma de atingir o presidente. Ele queria que ela morresse nas mãos dele.

A garota estava com um grande corte no braço, causado por uma flecha de raspão mas já não sentia a ardência por causa da adrenalina. Ela estava com fome, desidratada e com sono.  Sentia a pedra quente em suas costas como uma panela sobre o fogo e ela era a refeição. Ainda haviam 12 pessoas na arena com Snow e ela sabia que sua hora estava chegando.

Antes que o rapaz fizesse algo, uma lança foi cravada nas costas dele, que caiu no chão segundos depois. Áster não viu quem era, já que a pessoa correu para o lado oposto. As mãos da menina tremiam e ela voltou a correr a procura de algum esconderijo."

Por fim, Áster descobriu que seu pai havia enviado uma pessoa para dentro da arena para que ela não fosse assassinada pelo garoto do 7. As cenas não foram ao ar e ninguém soube daquilo.

— Áster. — ela ouviu a voz de Katniss, que colocou uma mão sobre o ombro dela. — Está bem?

Tanto Peeta quanto Katniss perceberam que tinha algo de errado com a menina.

— S-sim. — ela forçou um sorriso. — Preciso sair daqui.

Ela não deu tempo para que nenhum dos dois falasse algo. Áster queria ajudar Katniss e Peeta contando o que sabia sobre habilidades de defesa e ataque, mas ver aquelas pessoas, as armas, ouvir ameaças não estava ajudando. Tudo remetia ao ano anterior.

A garota abriu a porta do quarto com dificuldade e procurou pelas pílulas em uma bolsa. Desde a volta dos jogos ela precisava carregar remédios para todos os lugares. Remédios para dormir, para amenizar suas crises de pânico e ansiedade, as crises de labirintite emocional, para não acabar dissociando com lembranças da arena. Ela tinha sorte de ter dinheiro para bancar tudo. Remédios eram caros. Afinal, a sorte estava sempre ao favor dela. Snow podia não ter morrido fisicamente nos Jogos, mas parte de si foi assasinada e deixada para trás.

As mãos tremiam, o ouvido apitava, a ânsia de vômito chegava. Ela encontrou um dos frascos para ajudar na crise de labirintite e tomou um comprimido com o resto d'água de uma pequena garrafa na cabeceira da cama. Como sempre, tomou outros três comprimidos para que os sintomas não evoluíssem para outras crises.

Snow se sentou na cama e fechou os olhos, colocando as mãos nos ouvidos, sentindo ódio de cada minuto de tudo que foi obrigada a passar. Ela se assustou quando sentiu mãos em seus braços minutos depois e arregalou os olhos com medo.

— Sou eu, Áster. — Peeta. — Sou eu. — os olhos da menina se encheram de lágrimas e o peso de tudo que viveu parecia cada vez maior. Mellark sentiu pena da situação em que ela se encontrava e temeu por si mesmo, pensando se teria tantos traumas se saísse vivo dos Jogos. — Está tudo bem, você não está sozinha. — o garoto se sentou ao lado dela e reparou no nariz vermelho, o corpo tremendo e a abraçou.

O braço direito de Peeta rodeou os ombros da menina, que estava com a cabeça no peito dele. A mão direita parada no ombro dela e a esquerda na curva do pescoço. A garota apoiou as duas mãos no braço de Mellark e fechou os olhos, chorando um pouco enquanto ouvia as batidas do coração do menino.

— Foram cinco. — Áster começou a falar. — Uma garota do 8, que acertei uma lança no peito antes que ela acertasse em mim. — ela conseguia ver a cena se repetindo em sua mente. — Um garoto do 10, com uma flecha; e os outros na explosão que causei na cornucópia. Eram os últimos 3. Estavam me caçando antes de lutarem entre si. Parecia que todos queriam me matar antes de qualquer outro tributo. Eu me aproveitei dos carreiristas, me escondendo em grande parte dos Jogos, deixando que eles matassem as pessoas. Quando faltavam apenas eles, eu explodi a cornucópia onde eles planejavam me matar com um saco de granadas. Fiquei algumas horas com o ouvido apitando e não me queimei por pouco. — ela respirou fundo e se afastou um pouco do menino.

— Você não teve escolha.

— Não tive, mas meu pai me criou pra isso.  Eu fui destinada aos Jogos e meu pai deve se corroer porque eu não saí matando todos a sangue frio como fui ensinada. Eu devia ter morrido e acabado com esse sofrimento. Aquelas pessoas vão estar na minha mente pra sempre, assim como o sangue delas vão estar pra sempre em minhas mãos.

— O sangue de todos está nas mãos do seu pai.  Você foi destinada a ser você, Áster. Você não é definida por ser a filha do presidente, por ser uma vencedora dos Jogos ou por ser a querida da Capital. Você tem seus gostos e traumas. Sua vida não foi traçada pra ser de um jeito que você não queira. Você tem novas oportunidades agora.

— Eu não tenho propósito algum, Peeta. Eu não posso fazer muita coisa sobre o que acho errado. — ela respirou fundo.

— A padaria tem uma TV porque acaba atraindo pessoas por não ser comum no 12. Eu sempre te vi nos pronunciamentos do presidente Snow, nas entrevistas, falando com as pessoas pela capital. — ele a encarou nos olhos. — Você não é uma extensão do seu pai. Você é diferente com as pessoas. E a cada dia eu tenho visto com os próprios olhos que você não é uma pessoa má.

— Obrigada, Peeta. — Mellark sorriu e enxugou as lágrimas da menina. — Eu sinto muito que você vá passar pelo que eu passei na arena. Eu espero que você não fique com tantas sequelas. — Áster disse com toda a honestidade possível.

— Eu não devo sair vivo de lá. — o garoto acabou rindo e Snow negou com a cabeça.

— Você vai ganhar os Jogos, eu tenho certeza.

— Obrigado por acreditar em mim mesmo que eu esteja ciente da minha morte. — Áster sorriu, sabendo que faria de tudo para que Mellark sobrevivesse.

— Vá, você tem que se apresentar aos patrocinadores hoje a noite. Eu vou ficar bem.  — ela o abraçou uma última vez. — Obrigada.






Peeta e Katniss se apresentaram aos patrocinadores e obtiveram boa pontuação. Era a noite da entrevista com Caesar e Katniss estava muito mais apreensiva do que Peeta por não lidar bem com pessoas. Áster estava receosa, pois sabia que a opinião do público era importante para os dois.

Katniss se saiu bem na entrevista, apesar do medo, e Áster a abraçou quando a menina saiu do palco. Everdeen respirou aliviada e abraçou Snow de volta. Katniss sabia que Áster a entendia em certo ponto, mesmo que tivesse passado pelos Jogos com muitos privilégios.

— Se saiu muito bem. — Everdeen agradeceu e foi para o lado de Haymitch na sala onde esperavam por Peeta.

Snow se virou para a televisão e viu Caesar cheirando Peeta enquanto a plateia ria.

— Cheira a rosas. — o apresentador disse.

— Mas seu cheiro é bem melhor que o meu.

— Eu moro aqui há mais tempo. — todos riram.

Áster ficou feliz por Peeta estar tranquilo na frente das pessoas e se perguntou que estratégia para atrair a atenção do público ele usaria.

— Mas, me diga, Peeta. Um garoto bonito como você deve ter deixado alguém esperando em algum lugar.

Mellark riu sem graça. — Não.

— Ah, por favor! Me diga! — as pessoas incentivaram.

— Bom, tem uma garota... — ele pensou no que falar.

— Nós sabemos. — a plateia riu.

— Eu sou apaixonado por ela há muitos anos, mas eu nunca conseguiria chamar a atenção dela.

— Bom, eu vou dizer o que você vai fazer: você vai ganhar os Jogos e quando voltar pra casa ela vai estar te esperando! Não é, pessoal?

Todos gritaram e aplaudiram enquanto Peeta negou com a cabeça.

— Vencer os jogos não vai me ajudar muito com isso.

— Por que? — Caesar o encarava curioso, como todos na plateia e que assistiam pela televisão.

— Porque... — o garoto estava com a feição extremamente receosa, mas decidiu falar. — porque ela é filha do presidente Snow.

Continue Reading

You'll Also Like

819K 62.7K 53
Daniel e Gabriel era o sonho de qualquer mulher com idealizações românticos. Ambos eram educados, bem financeiramente e extremamente bonitos, qualque...
80.5K 9.1K 20
⚠️ Essa obra contém HARÉM REVERSO, incluindo gatilhos. ⛸️ Aurora Delaney sempre foi uma garota invisível para a sociedade. Vinda de mais uma das milh...
48.5K 2.8K 48
• Onde Luíza Wiser acaba se envolvendo com os jogadores do seu time do coração. • Onde Richard Ríos se apaixona pela menina que acabou esbarrando e...
870K 93.6K 52
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.