ROULETTE | BUCKY BARNES

By tomcruisre

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1940. Os Estados Unidos se prepara para entrar em guerra e James Buchanan Barnes está a espera de ser convoca... More

+ * . .    | 𝘳𝘰𝘶𝘭𝘦𝘵𝘵𝘦
+ * . .    | 𝘱𝘭𝘢𝘺𝘭𝘪𝘴𝘵
01 | Proposta irrecusavel
03| Cine drive-in
04| A visita
05 | Pequeno reparo
06 | Casa de apostas
07 | A fuga
08 | Decisões ruins

02 | Primeiro encontro

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By tomcruisre

O horário do seu ponto havia terminado há vinte minutos mas Bucky não quis deixar o garoto novato descarregando as caixas sozinho. Ele era tão magricelo que era capaz de quebrar os braços ao erguer os caixotes mais pesados.

— Obrigada por me ajudar. — Teddy soltou um longo suspiro cansado. — Me deixa te pagar uma cerveja.

— Não precisa. — Bucky limpava a graxa das mãos com uma flanela suja. — Diz ao Sr. Marshall que eu venho buscar o meu pagamento amanhã.

— Para onde você vai? — Perguntou o rapaz curioso.

— Eu desenrolei um trabalho novo. — Bucky tentou conter seu sorriso. — Meio período mas paga bem.

— Me desenrola um trabalho assim? — Teddy se animou puxando as calças que caiam sem um cinto que as mantivessem no lugar. — A Marissa está grávida de novo e eu preciso encontrar outro emprego rápido.

— Vocês sabiam que existe uma coisa chamada camisinha, não é? — Bucky perguntou dando uma risada abafada mas o homem logo ficou sério.

— Nossa religião não permite usar isso.

— Claro, tem razão. — Bucky balançou a cabeça. Ele não sabia que Teddy e Marissa eram fanáticos religiosos que queimariam qualquer pecador na fogueira. — Eu vou dar seu nome na empresa.

— Uma empresa? — Lewis assobiou. — Está trabalhando com o Howard Stark?

— Quem dera. — Bucky riu. — Seria uma honra um dia conhece-lo pessoalmente.

Bucky jogou a flanela suja em cima do balcão encarando o relógio que indicava que ele estava atrasado.

— Eu preciso ir. — Bucky apressou os passos descendo as escadas e pulando o corrimão dos últimos degraus.

Ele precisava correr se não quisesse perder o bonde que o deixaria praticamente na esquina de sua casa.

Geralmente ele faria todo aquele percurso andando, seguindo pela rua de ladrilhos, descendo uma escadaria e seguindo pela rua principal onde ficava a lanchonete onde Penelope trabalhava.

E foi então que a ficha caiu.

Droga Penelope.

Ele havia prometido que iria encontrar a mulher naquela noite mas seu novo "trabalho" tinha atrapalhado seus planos e a única coisa que lhe restava era inventar uma desculpa bem cabeluda para que a mulher o perdoasse.

— Bucky!

A mulher de cabelos vermelhos em um penteado impecável acenou para ele animada se aproximando com seu vestido floral fazendo a saia balançar conforme ela corria em direção a ele.

— Merda. — Bucky tentou se esconder atrás de uma senhora que segurava um jornal.

— Bucky, oi. — Nicole cutucou o ombro dele.

— Ah, oi! — Bucky se virou para a mulher fingindo surpresa. — Nicole!

Por sorte ele havia se lembrado do nome da mulher.

— Te procurei por todo lugar. — Nicole tinha um sorriso meigo no rosto e por um segundo Bucky até havia se arrependido do que havia acontecido há algumas semanas no parque de diversões. — Pensei que trabalhasse na fábrica, eu fui até lá mas ninguém soube me dizer onde estava.

— Só os meus amigos me chamam de Bucky. — O sorriso de Nicole se iluminou. — Foi muito bom te ver mas eu preciso ir pra casa e não posso perder o bonde.

— Eu vou com você. — Nicole deu um passo em direção a Bucky que parou de andar fazendo ela tombar em seu corpo.

— Você vai pra sua casa?

— Não, eu vou com você pra sua casa. — Nicole sorriu deixando Bucky em estado de choque ao ouvir aquilo.

— Desculpe, eu não estou entendendo...

— Não vai me apresentar a sua família? — Nicole perguntou deixando Bucky ainda mais confuso. — Nós estamos namorando, não é?

— Olha, a gente conversa outro dia. — Bucky deu as costas para continuar seu caminho.

— Não pode dar as costas para mim. — Nicole o puxou pelo ombros. — Pensei que o que vivemos naquele parque tivesse sido especial.

Bucky viu o olhar de julgamento da senhora que estava sentada no banco esperando o transporte e para evitar um escândalo ou até mesmo para poupar a integridade de Nicole, Bucky a puxou para um lugar mais reservado.

— O que aconteceu naquele parque foi especial sim. — Bucky segurou as duas mãos de Nicole. — Mas eu não posso me comprometer com você agora. Minha família precisa de mim e eu posso ser convocado pelo exercito a qualquer momento e eu jamais faria isso com você. Te deixar sozinha e desamparada esperando por mim.

— Mas... — Nicole engoliu seco. — Nós transamos.

— Claro que não. — Bucky deu uma risadinha nervosa. — Aquilo que fizemos no parque não contou como sexo.

Nicole parecia confusa e ao vê-la tombar a cabeça para o lado tentando processar a informação, Bucky continuou.

— Você ainda é virgem, se é essa a sua preocupação. Eu só coloquei isso aqui... — Bucky gesticulou com a mão. — Nem entrou tudo.

— Mas você disse... — Nicole engoliu o nó em sua garganta. — Disse que tinha sido a sua primeira vez.

— Eu não queria te deixar nervosa. — Bucky segurou o rosto de Nicole levantando o queixo dela. — Você é muito especial e vai encontrar alguém que te faça feliz.

— Então eu ainda sou virgem?

— Com toda certeza. — Bucky balançou a cabeça. — Mas eu posso conferir qualquer dia desses se você quiser.

— Você é muito gentil.

Nicole parecia aliviada e Bucky por outro lado conseguiu se livrar de um problemão já ela era filha de um fazendeiro local com muita grana.

O som do bonde se aproximando chamou a atenção dos dois.

— Essa é a minha deixa. — Bucky deu alguns passos para trás. — Te vejo por ai, Elizabeth.

— Nicole. — A mulher corrigiu fazendo Bucky xingar baixinho por ter cometido aquele erro tão grotesco.

Quem era Elizabeth?

De repente a resposta surgiu em sua mente. Era a enfermeira que trabalhava no quartel atendendo aos soldados e ele havia visto a mulher algumas vezes quando estava contrabandeando seus produtos mas ela era velha demais para ele.

[...]

— Nossa, para onde você vai vestido assim? — Winnfred surgiu na porta do seu quarto vendo-o tentar dar um nó na gravata borboleta.

— Essa coisa não funciona. — Bucky puxou a gravata sem paciência.

— Me deixe ajuda-lo.

Victor Forbes havia lhe dado toda a informação que precisava sobre sua filha e sobre toda a sua família e além de conquista-la, ele teria que passar pela aprovação de Lilian Forbes e esse seria um trabalho difícil se ele aparecesse usando camiseta e jeans surrado.

Sua unica opção era uma camiseta social branca que pertencia ao seu pai, um cardigã bege por cima e uma gravata borboleta que era tão ridicula que ele se sentia um palhaço usando aquilo.

— Não respondeu a minha pergunta. — Winnfred insistiu vendo Bucky pegar um pente para tentar alinhar seus cabelos naquele monte de cera de cabelo.

— Eu tenho uma reunião na casa do Tenente Forbes. — Bucky resmungou baixinho quando um pedaço seu cabelo saiu do lugar.

— Tenente? — Winnfred perguntou preocupada. — Você foi convocado novamente e não me avisou?

— Não, é apenas um trabalho extra. — Bucky passou a mão pela lateral do cabelo conferindo se estava tudo no lugar. — E ele vai me pagar bem.

— Você não recebe o suficiente na fabrica? — Winnfred perguntou chamando a atenção de Bucky. — Para que você precisa de outro trabalho, querido?

— Esse paga muito melhor do que todos os outros. — Bucky sorriu indo até a sua mãe. — Se tudo der certo podemos até mesmo nos mudar de vez.

Os olhos de Winnfred brilharam ao ouvir aquilo.

— Nada de aluguel.

— E quem você vai matar para conseguir tanto dinheiro? — Winnfred viu o sorriso de Bucky sumir de seu rosto. — Há coisas no mundo que o dinheiro não pode comprar, James.

— É um trabalho honesto se é isso que quer saber. — Bucky respondeu. — Não estou fazendo nada ilegal.

Tecnicamente seu trabalho contrabandeando álcool, tabaco e preservativos não era ilegal pelas as leis americanas. Aquilo só violava as regras do quartel general e agora que ele foi pego, seria difícil retomar ao negocio.

Ele teria que passar um tempo na encolha e nada melhor do que descolar uma renda extra sendo o namorado de mentira de uma garota que nem era feia.

Talvez ele conseguisse tirar uma casquinha durante o processo e ainda seria pago por isso.

— Eu me preocupo com você. — Winnfred segurou o rosto de Bucky com as duas mãos. — Não quero que se machuque lá fora.

— Eu estou bem, mãe. — Bucky deu um beijo no topo da cabeça da mulher. — É só um jantar na casa da família dele.

— Por isso está vestido como um professor de matemática? — Winnfred riu e Bucky bufou em completa frustração.

— Isso é ridículo — Bucky arrancou a gravata borboleta que estava lhe sufocando.

— Querido, a gravata borboleta é muito antiquada. — Winnfred riu dando as costas e saindo do quarto.

Bucky estava prestes a desistir e ir com sua camiseta branca que sempre usava para sair e uma calça social por baixo.

Assim pelo menos ele estaria meio apresentável.

— O que é isso? — Bucky perguntou ao ver sua mãe com um blazer no braço e uma gravata comum nas mãos.

— Você precisa ir arrumado para o seu jantar de negócios. — Winnfred envolveu o pescoço dele com a gravata e começou dar o nó. — Como quer ser levado a sério desse jeito?

Bucky riu.

— Isso era do seu pai. — Winnfred passou as mãos pelo ombros de Bucky. — Ficou ótimo em você.

Winnfred não conteve a emoção levando sua mão até o rosto para tentar contar as lágrimas. Mesmo depois de tanto tempo ela ainda sentia falta do marido, principalmente por Bucky parecer tanto com ele.

— Não chore. — Bucky a abraçou tentando conforta-la. — O pai não iria querer ver a senhora desse jeito. Lembra o que ele sempre dizia?

Winnfred limpou o rosto com suas mãos.

— Dias difíceis são duros, mas necessários para te tornar mais forte e assim alcançar a felicidade.

— Obrigada, querido. — Winnfred sorriu fazendo carinho na bochecha de Bucky.

— Eu preciso ir ou vou me atrasar. — Bucky se adiantou pegando um envelope com todas as instruções de Victor.

Ele havia memorizado tudo mas queria ter certeza que não tinha esquecido nada.

— Não quero causar uma má impressão.

Becca estava sentada na mesa terminando o seu jantar quando viu o irmão e a mãe se aproximarem.

— Pra onde você vai vestido que nem um bocó? — Becca perguntou de boca cheia.

— Você vai deixar ela falar palavrão? — Bucky perguntou olhando para a mãe que se segurava para não rir dos dois se alfinetando.

— Bocó não é palavrão.

— Olha a língua. — Bucky a fuzilou com os olhos. — Sabe o que acontece com garotinhas levadas, não é?

— Você ainda não me disse para onde vai vestido que nem um bocó. — Becca insistiu em perguntar.

— Deixe o seu irmão em paz. — Winnfred guiou Bucky até a porta vendo os dois filhos dando a língua um para o outro. — Não ligue para ela, você está ótimo. Você está longe de parecer um bocó.

— Obrigada?! — Bucky perguntou com uma ruga na testa.

— Não chegue muito tarde. — Winnfred apoiou a mão na porta. — Está tendo uma onda de assaltos na cidade e eu não quero você no meio do fogo cruzado.

— Pode deixar.

Bucky seguiu o caminho inteiro repassando todos os itens daquela lista, a maioria era sobre os gostos pessoais de Abigail, sua comida preferida, seu cantor favorito, coisas que ela gostava de fazer e havia até mesmo uma lista de assuntos ao qual evitar durante o jantar e um deles era sobre estudos e faculdade.

Mas algo dentro dele dizia que aquele assunto uma hora iria surgir e seria inevitável fugir dele.

Ao parar em frente ao endereço, Bucky travou ao ver ao ver o quão bonita era aquela casa com o gramado cortado e a cerca branca. Era a típica casa americana e havia até mesmo uma bandeira do país pendurada do lado de fora do terraço.

Apertando a campainha, Bucky se afastou dando uma última olhada ao redor.

Seu sonho era ter uma casa assim, confortável e aconchegante mas ele jamais poderia pagar por aquele luxo trabalhando em uma fábrica ou contrabandeando para dentro de um quartel.

— Pode entrar. — Victor deu espaço para Bucky que ainda estava boquiaberto com aquele jardim tão bem cuidado.

Ao entrar dentro daquela casa, Bucky não escondeu sua surpresa. Sua boca estava escancarada.

A casa era muito maior do que ele jamais poderia imaginar.

— Decorou tudo o que precisava?

— Sim, senhor. — Bucky confirmou com a cabeça.

— Pare de me chamar de senhor. — Victor forçou um sorriso para tentar disfarçar ao ver sua esposa se aproximar. — Lilian, esse é o rapaz que te falei.

— É um prazer te conhecer, James. — Lilian abraçou Victor. — O que faz da vida? Onde mora? E quais suas intenções com minha filha?

Bucky recebeu aquelas perguntas como se tivesse recebido um soco no estomago o deixando sem ar.

Mesmo tendo decorado todo aquele roteiro ele foi pego de surpresa naquele momento.

— Querida, você está assustando o rapaz.

— Ora, se você não vai perguntar. — Lilian deu um tapa no ombro do marido. — Pergunto eu.

— Está fazendo uma cena... — Victor a repreendeu.

— Você sempre foi muito exigente com a nossa filha e agora quer colocar um estranho na nossa casa? — Lilian perguntou irritada olhando para Victor. — Não quero parecer chata mas você está estranho.

— Senhora, se me permite. — Bucky chamou a atenção dela. — Eu gostaria de responder a sua pergunta e entendo sua preocupação.

— Prossiga.

— Antes de tudo, gostaria de lhe entregar isso. — Bucky estendeu para a mulher um pequeno ramalhete de rosas.

Foi tudo o que o seu dinheiro lhe permitiu comprar.

— Eu trabalho na fabrica do Sr. Marshall. — Bucky respondeu com um sorriso orgulhoso no rosto. — Eu sou um faz tudo.

— Então você não estuda? — Lilian perguntou desconfiada segurando as flores nas mãos.

— Ele serviu no exército. — Victor apertou o ombro de Bucky. — E está prestes a conseguir uma vaga no meu quartel.

— Os alemães não vão ter para onde correr. — Bucky sentiu um pedaço de si morrer ao fazer aquela piada sem graça.

— Um sargento? — Lilian finalmente parecia impressionada. — E depois disso? O que almeja para o futuro?

— Me tornar Tenente e depois Coronel, senhora.

— Nossa filha casada com um coronel? — Lilian parecia ter desarmado ao ouvir aquilo. — Seja bem vindo, James.

— Obrigado, senhora. — Bucky sorriu. — Isso é purê de milho? Está cheirando muito bem.

— É uma receita de família. — Lilian entrelaçou seu braço ao de Bucky. — Passa de geração para geração.

— Pare de bajular o garoto! Por que não vai chamar a Abigail para jantar? — Victor perguntou e Lilian deu as costas para ir até o quarto da filha.

— Com licença. — Lilian seguiu subindo as escadas deixando os rapazes sozinhos.

— Essa foi por pouco. — Victor soltou um longo suspiro.

— Você não me disse nada sobre a sua mulher me interrogar como se eu fosse um criminoso.

— Estou tão surpreso quanto você, garoto. — Victor pigarreou. — Geralmente sou eu quem faço o interrogatório.

O barulho das duas mulheres discutindo no andar de cima chamou a atenção de Bucky, parecia que Abigail não estava de acordo com aquele encontro arranjado.

— Ela está terminando de se arrumar. — Lilian apareceu no topo da escada para tranquiliza-los.

— Eu não vou descer! — Abigail gritou batendo a porta do quarto fazendo Lilian dar meia volta e começar a gritar de volta.

— Abigail Forbes, se você não sair desse quarto eu vou te mandar para o interior do Arkansas morar com suas tias por tempo indeterminado! — Lilian gritou de volta esmurrando a porta. — É isso que quer?

— Elas são fazendeiras que trabalham com conservas. — Victor respondeu ao ver a cara confusa de Bucky. — É um pesadelo.

O silêncio significava que Lilian havia colocado um pouco de juízo na cabeça da filha.

— Ela já está descendo. — Lilian dessa vez desceu com calma as escadas e com um sorriso no rosto.

— Lembre de tudo o que te falei. — Victor apertou o ombro de Bucky que pela primeira vez sentiu um arrepio e um mal pressentimento.

— Eu já falei que não estou com fome e não quero descer.

Abigail usava um vestido azul claro de botões, marcando sua cintura fina deixando suas curvas bem acentuadas, a saia ia até abaixo do joelho o que tornava aquele vestido muito bem comportado.

Seus cabelos estavam soltos mas muito bem arrumado, não havia se quer um fio de cabelo fora do lugar.

Os olhos de Bucky se encontraram com os de Abigail por alguns segundos e ele soltou um suspiro pesado.

Ela era ainda mais bonita pessoalmente e conquista-la seria fácil, difícil seria partir o coração dela.

— Seu pai trouxe visita. — Lilian fez sinal para que a filha se aproximasse. — Esse é o Sargento James Barnes.

— Encantado. — Bucky segurou a mão de Abby dando um beijo suave. — Ouvi muitas histórias sobre você.

— Histórias entediantes imagino eu. — Abby respondeu com desdém.

— Para uma garota bonita como você nada seria entediante. — Bucky flertou esperando qualquer reação de Abby mas ao contrário do que ele imaginava ela apenas deu as costas e seguiu para a cozinha.

— Você foi bem. — Victor cochichou. — Mas lembre que isso tudo é uma farsa e se você desvirtuar a minha filhinha...

— Não se preocupe senhor.

— Só um lembrete que eu mato você. — Victor ameaçou forçando um sorriso tão assustador que Bucky engoliu seco.

— Podem se sentar, eu já vou servir o jantar. — Lilian correu para tirar o assado do forno.

Quando Abby estava prestes a puxar a cadeira para se sentar, Bucky se apressou a puxando para que ela se acomodasse.

Abby não agradeceu, apenas se sentou olhando bem para o rosto do pai que sorria em aprovação para Bucky.

O jantar seguiu com todos na mesa batendo papo, exceto Abby que continuava fazendo sua refeição em silêncio respondendo apenas quando ela necessário. Parecia que todos estavam encantados com a presença do convidado, exceto ela.

— Pode me passar o molho, por favor? — Abby esticou a mão e Bucky lhe entregou o vidro.

— Você tem uma voz muito bonita, não deveria ser tão tímida. — Bucky sorriu para Abby.

— Seja gentil com o nosso convidado. — Victor exclamou assim que viu Abby abrir a boca para alfinetar Bucky.

— James, porque não me conta mais sobre você? — Lilian serviu o purê de milho fazendo-o sobressaltar ao ver aquela gororoba em seu prato.

Abby abaixou a cabeça dando uma risadinha.

— Eu moro no Brooklyn com minha mãe e minha irmã e estou trabalhando meio período na fábrica do Sr. Marshall.

— E você pretende sustentar uma família com um emprego meio período? — Abby perguntou sem rodeios deixando todos na mesa chocados. — O que foi? Não foi pra isso que ele veio?

— Na verdade estou abrindo o meu próprio negócio. — Bucky respondeu engolindo aquele purê sem fazer careta. — Uma empresa.

— Uma empresa? — Lilian perguntou chocada.

— Distribuindo suprimentos. — Bucky respondeu vendo Victor segurar filme os talheres em sua mão. — O Forbes está me ajudando a monta-la.

— Poxa, querido... Por que não disse antes?

— O garoto tem uma visão excelente para negócios. — Victor sentiu que tinha apunhalado seu orgulho dizendo aquilo. — Só é muito desleixado.

— Espero aprender muito com o senhor ainda. — Bucky podia ver o homem tremer de raiva mas ao menos ele sabia que estava conquistando as mulheres da casa. — E você?

— Eu? — Abby perguntou surpresa por ter sido incluída.

— O que pretende fazer no futuro? — Bucky sabia que já tinha metido os pés pelas mãos durante todo o jantar por isso resolveu improvisar e ignorar a lista estupida que o Tenente havia lhe passado.

— Quero fazer faculdade. — Abby respondeu virando o rosto para encarar Bucky. — Medicina ou Matemática. Isso é um problema para você?

— Abigail já falamos sobre isso. — Lilian a cortou.

— Nem um pouco. — Bucky ergueu a mão para pegar a taça com o suco de uva. — Vou precisar de alguém para cuidar de mim quando eu voltar da guerra.

— Você está pressupondo que nosso país vai entrar em guerra.

— É esse seu questionamento? Então significa que tenho chances de ter você cuidando de mim? — Bucky perguntou deixando Abby sem palavras pela primeira vez.

Abigail abriu e fechou a boca várias vezes mas ela não conseguia formular nenhuma frase.

— Aceita mais um pouco? — Lilian ergueu o purê de milho e antes que Bucky pudesse negar, Abby tomou a frente.

— Ele adorou o purê, mamãe. — Abby segurou a travessa pegando uma porção generosa e jogando no prato de Bucky.

O cheiro do milho fez o estômago de Bucky embrulhar mas com um sorriso no rosto ele deu mais uma garfada.

— Está delicioso, Senhora Forbes. — Bucky fez um joinha fingindo desfrutar daquele prato.

— A faculdade não é uma opção, Abigail. — Victor disse em seu tom sério de sempre. — Espero que esse assunto morra aqui.

— Onde pretende cursar? — Bucky perguntou ignorando a ameaça de Victor e aquilo fez Abby sorrir em aprovação.

Ela estava começando a gostar de Bucky.

— Em Cambridge.

— Pretende cursar o nível superior em outro país? Não é muita ingenuidade da sua parte querer estudar na Inglaterra? Eles estão sendo atacados quase diariamente pelos nazistas. — Bucky franziu o senho. — Estão a um passo de declararem guerra.

— Você mesmo disse que é questão de tempo até os Estados Unidos entrar de cabeça também. — Abby descansou os talheres ao lado do prato. — Então qual a diferença?

— Largaria sua família aqui sem remorso? Isso é tolice. — Bucky estava incrédulo ouvindo aquilo.

— Está me chamando de idiota na minha própria casa? — Abby cerrou os dentes e se virou para Victor que degustava sua taça de vinho sem se importar com aquela discussão. — Papai!

— Eu acho que o jantar acabou. — Lilian levantou para recolher os pratos e Bucky deu um suspiro aliviado ao ver aquele purê de milho longe dele. — A louça é sua querida.

Victor fez sinal com a cabeça para que Bucky o acompanhasse e de longe Abigail o fuzilava como se pudesse mata-lo.

— Está tentando estragar as coisas? — Victor perguntou baixinho. — Quer conquistar a minha Abigail a insultando? E que ideia foi aquela de falar sobre a faculdade? Eu pensei que tivesse sido claro.

— Desculpe, acabei perdendo um pouco a cabeça.

— Então a coloque no lugar imediatamente. — Victor respondeu bravo.

Bucky afrouxou um pouco a gola da sua camiseta social antes de voltar para a cozinha.

Abigail estava em frente a pia lavando a louça. A manga do seu vestido estava arregaçada até acima dos cotovelos e ela passava as costas da mão na testa para tirar os cabelos que caiam em seus olhos.

— Precisa de ajuda? — Bucky se aproximou de forma cautelosa.

— Estou bem. — Abby respondeu sem dar atenção a Bucky. — Você pode voltar a bajular o meu pai. Imagino que foi assim que conseguiu estar aqui porque você não pode ser um empresário se vestindo assim.

— Assim como?

— Com roupas de caipira.

— Esse blazer era do meu pai. — Bucky passou a mão pelo dorso. — Pensei que seria perfeito para a noite.

— Então diga a seu pai para comprar roupas novas. — Abby alfinetou implorando mentalmente para que ele a deixasse em paz.

— Meu pai morreu servindo durante a primeira guerra. — Bucky respondeu sentindo um aperto no peito ao falar sobre isso.

Ele nunca tocava nesse assunto.

— Desculpe, eu não sabia. Eu sinto muito. — Abigail abaixou o olhar envergonhada. — Você não é tão ruim assim.

— O que?

— Não se intimidou quando eu disse que queria fazer faculdade e nem se intimidou com as ameaças do meu pai. — Abby deu de ombros puxando um pano para enxugar as mãos. — A maioria dos rapazes só faltam cuspir na minha cara quando eu digo isso.

— Você iria se dar bem com a minha irmã. — Bucky ousou dar um passo em direção a ela. — A Becca também quer ser médica. Estou trabalhando dobrado para realizar esse sonho dela.

— Isso é muito fofo. — Abby sorriu. — Queria que alguém apoiasse meus sonhos como você apoia o da sua irmã.

— Eu acho que começamos com o pé esquerdo nesse jantar. — Bucky sorriu de forma galanteadora. — Posso ter extrapolado um pouco fazendo todas aquelas perguntas.

— Sou eu quem tenho que me desculpar pela minha má educação. — Abby respondeu sem graça. — Estou cansada de ouvir os mesmos discursos dos pretendentes que meu pai arruma para mim.

— Eu devo me preocupar com a concorrência? — Bucky perguntou e Abby deu uma risadinha.

— Não existe uma concorrência.

— Esse jantar foi um desastre e eu gostaria de recompensa-la. — Bucky se apoiou no balcão ao lado de onde Abby enxugava os pratos. — Podemos ir ao cine drive-in e depois tomar um refrigerante, o que acha?

— Boa sorte tentando convencer o Tenente a me deixar sair de casa depois das cinco da tarde.

— Então se ele deixar você me dá uma chance e saí comigo? — Bucky perguntou animado.

Abigail deu uma olhada de relance para o seu pai que estava sentado na poltrona com um charuto fumando em frente a televisão.

Seu pai era o maior carrasco que conhecia e até mesmo os pretendentes que ele havia arrumado para ela morria de medo dele. Nenhum jamais ousou toca-la com medo de acabar com um buraco de bala no meio da testa.

— Se convence-lo a me deixar sair de casa depois das cinco... — Abby sorriu. — Eu vou a qualquer lugar com você.

Um sorriso brotou no canto dos lábios de Bucky que se afastou seguindo até o homem mais velho.

Abigail ficou alerta esperando que seu pai expulsasse Bucky a ponta pés de sua casa com gritos e xingamentos como fez com Emil Zeggler depois que o rapaz sugeriu leva-la para dançar em uma sexta-feira a noite.

Mas para sua surpresa não houve gritaria e nem xingamentos.

— Te pego ás cinco. — Bucky se aproximou dando um beijo em sua bochecha. — Use um vestido bonito.

NOTAS!!!'

E ai? O que acharam? Eu estava doida para vocês conhecerem um pouquinho da Abby e preciso falar que vocês vao se surpreender muuuuuito com ela no futuro. A mulher é determinada e vai dar muita dor de cabeça pro Bucky kkkkkkkkkk

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